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terça-feira, 29 de abril de 2014

DO INFINDÁVEL INSULAMENTO CHINÊS AO CRISTIANISMO “AMARELO” DO PORVIR (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br


Para determinados teóricos do ocidente, a religião é a chave para decifrar a civilização humana. No oriente, o atual governo chinês ainda tem uma visão totalmente diferente de religião. Depois que o PCC-Partido Comunista Chinês ganhou o poder, empregou um regime extremamente rígido de controle e monitoramento das religiões. Após 1949, todas as atividades cristãs foram proibidas na China e estudos religiosos foram catapultados. A perspectiva histórica sobre a religião ensinada lá é baseada na teoria marxista de que “o Cristianismo é o ópio do povo”.
Todas, rigorosamente todas, as entidades políticas que abraçam o comunismo instituem ditaduras bárbaras. Os ditadores almejam ampliar seu controle não somente sobre o mundo físico e a mente humana, mas também no mundo do “espírito”, oferecendo uma explicação derradeira para tudo. Portanto, eles consideram todas as religiões como teorias malignas que ameaçam seu poder. Aliás, eles avaliam todos e quaisquer grupos organizados como ameaças a seu regime.
Num dos atos históricos mais extravagantes advindo do desprezível totalitarismo comunista, acredite se puder ou quiser!... A China, em 2008, aprovou uma proibição a todos os monges budistas tibetanos de “reencarnarem” sem autorização prévia do PCC-Partido Comunista Chinês. O pretexto de tamanha estupidez é cortar a influência do Dalai Lama, líder espiritual e político do Tibete (exilado na Índia) numa tentativa de sufocar o estabelecimento religioso budista meio século depois de invadirem o pequeno país dos Himalaias.
Ao excluir a hipótese de qualquer budista reencarnar em território chinês o PCC passa a “controlar” a reencarnação do Dalai Lama, e a lei efetivamente dá o direito às autoridades chinesas de elegerem a “reencarnação” do próximo Dalai Lama. Naturalmente não vamos perder tempo para comentar tal sandice.
Apesar dos pesares, durante a maior parte da história chinesa, propagar o budismo e o taoismo era permitido. Acreditamos que os confrontos entre política e religião na China se tornarão a breve tempo a principal questão na sociedade chinesa. Não obstante a China ser um país ateu, esse cenário está mudando rapidamente. Muitos dos seus 1,3 bilhão de cidadãos estão buscando conforto espiritual, o qual é algo que nem o comunismo nem o capitalismo parece poder oferecer a nenhum deles.
Sobre essa milenar civilização, Emmanuel lembra em “A Caminho da Luz” que no advento dos capelinos para a Terra, em épocas antiguíssimas, a existência chinesa já contava com uma organização regular, oferecendo os tipos mais homogêneos e mais selecionados do planeta, em face dos remanescentes humanos primitivos. Portanto as raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre os chineses já se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de soberano interesse para a direção e solução de todos os problemas da vida.
Nos milênios recuados brilhou a luz de Fo-Hi, compilador de ciências religiosas da China; em seguida surgiu Lao-Tsé,sob cujos ensinamentos Confúcio fez questão de formar a base dos seus princípios. Confúcio viveu cinco séculos antes da vinda do Cristo e auxiliou a preparar os caminhos do Evangelho no mundo. Nesse mesmo período reencarnaram outros emissários do Mestre na Grécia, Roma e noutros centros adiantados do planeta. Todos eles eram elevados Espíritos da ciência, da religião e da filosofia, legítimos precursores do Evangelho, a fim de que a Humanidade estivesse preparada para a aceitação das instruções de Jesus há dos mil anos.
Em 1938, Emmanuel examinou o estado de estagnação da alma chinesa nos últimos séculos e concluiu sobre a necessidade imperiosa da raça amarela comungar no banquete de fraternidade dos outros povos. A cristalização das ideias chinesas advinha do isolamento voluntário. Em face disso, o mentor de Chico Xavier explicou que a existência é uma longa escada, na qual todas as almas devem dar-se as mãos, na subida para o conhecimento e para Deus. A China devia ser também convocada, pelas transformações do século, à grande lição do entrelaçamento da comunidade planetária, a fim de ensinar as suas virtudes (espirituais) e aprender as virtudes dos outros povos.
O autor espiritual de “Há dois mil anos” observou que a palavra direta do Cristo, consubstanciada no seu Evangelho, ainda não tinha chegado ao povo chinês de um modo geral, a fim de iluminar o caminho de todos os corações. Porém, de forma instigante, Emmanuel profetizou que um sopro de vida (Boa Nova?) romperá as sombras milenárias que caíram sobre a república chinesa. Vaticinou que mãos valorosas erguerão o monumento evangélico naquele mundo de dolorosas antiguidades, e um novo dia raiará (Espiritismo?) para a grande nação que se tornou historicamente o símbolo de paciência e de perseverança para os outros povos. (1)
Decorridos esses anos após a previsão de Emmanuel, estudos atuais afirmam que a China pode estar prestes a se tornar não apenas a economia número um do mundo, mas também a nação com o maior número de cristãos do planeta segundo Fung Yang, professor de sociologia da Universidade de Purdue e autor do livro “Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista”. (2) Pelas estatísticas a panorâmica é concreta! Observemos: Não obstante toda força do PCC, paradoxalmente em 2010 havia na China mais de 58 milhões de cristãos (considerados aqui apenas os evangélicos/protestantes) em comparação com os 40 milhões no Brasil e os 36 milhões na África do Sul, segundo pesquisa do Centro de Pesquisa Pew. E esse número poderá aumentar para cerca de 160 milhões até 2025. Isso poderá superar o número de protestantes nos EUA que é de cerca de 159 milhões, comprovados em pesquisa de 2010. (3)
Desde o século XIX o Espiritismo tem confirmado pelos fatos as relações entre o mundo material e o além-túmulo. Nova luz tem despertado consciências humanas. A Fé e a Razão são as duas asas pelas quais o coração se ergue para enxergar da verdade. O Criador  assentou no coração do homem o anseio de conhecer a verdade e de compreendê-Lo, para que admitindo-O e amando-O alcance aproximar-se da verdade plena sobre si próprio. A fé precisa da razão tanto quanto esta necessita da fé, a fim de que  o materialismo seja definitivamente debelado. Mas nisso, como em tudo, há aqueles ateus fanáticos que ficam atrás, até serem arrastados pelo movimento geral, que os abate se tentam resistir-lhe, em vez de o acompanharem.
É toda uma revolução que neste momento se opera e trabalha os espíritos. Após uma elaboração que durou mais de dezenove séculos, chega ela à sua plena realização e vai marcar uma nova era na vida da Humanidade. Fáceis são de prever as consequências: acarretará para as relações sociais inevitáveis modificações, às quais ninguém terá força para se opor, porque elas estão nos desígnios de Deus e derivam da lei do progresso, que é lei de Deus. (4)


Notas e referências bibliográficas:

(1)            Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1974.
(2)            Fung Yang , professor de sociologia da Universidade de Purdue e autor do livro “Religião na China: Sobrevivência e Reavivamento sob regime comunista”

E se os espíritas estiverem com a razão?


Advogam que são inúmeras as evidências científicas sugestivas de imortalidade e reencarnação e que devemos estudá-las para não sermos considerados indigentes culturais, diante dos alunos de graduação da universidade de Colúmbia ou da Geórgia.

 Problemas éticos podem ser resolvidos pela estatística, como a questão da adesividade de bactérias às células do hospedeiro? Ou, será a ética de ordem qualitativa? A base da legislação para todos os cidadãos é a ética? Estado é apenas o centro legislador para todos os cidadãos? O aborto situa-se no campo ético que é competência do Estado?

 Se uma pessoa em potencial (feto) ainda não é uma pessoa podemos recomendar o aborto? uma pessoa sem potencial (“paciente terminal”) não é mais uma pessoa, então podemos pensar em eutanásia ?

 Texto elaborado para discussão com alunos do Curso de Pós-graduação em Microbiologia da Faculdade de Ciências Médica da UERJ, em maio de 1998 e publicado no Boletim - Sociedade Brasileira de Microbiologia - Notícias, 21: 3-4, julho, 1998.)

 Completo em:
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/ensino-pesquisa.html

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Presidentes da Federação Espírita Brasileira



Atual Presidente - Antonio Cesar Perri de Carvalho

Eleito Presidente da FEB, pelo Conselho Superior da Entidade, no dia 16/3/2013. Já exercia a Presidência Interina da FEB desde 30/5/2012, face a licença para tratamento de saúde do ex-presidente. Foi diretor, Vice-Presidente da FEB e Secretário Geral do Conselho Federativo Nacional da FEB. Membro da Redação de “Reformador” e membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional. Foi diretor, Vice-Presidente e Presidente da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo. Iniciou suas atividades espíritas em Mocidade, Centro Espírita e Órgãos da USE-SP na cidade de Araçatuba (SP).


21º Presidente - Nestor João Masotti, 2001-2013 Simultaneamente ao cargo de Presidente da FEB exerceu também o cargo de secretário-geral do Conselho Espírita Internacional. No início de seu mandato procedeu a reforma e atualização da gráfica da FEB e iniciou processo de modernização das capas e formato dos livros da Editora FEB. Foram realizados dois Congressos Espíritas Brasileiros e foram implementados: comemorações do Bicecentenário de nascimento de Allan Kardec, Sequicentenário de “O Livro dos Espíritos” e o “Projeto Centenário de Chico Xavier”. A FEB apoiou o filme “Nosso Lar” e houve grande ampliação da divulgação do Espiritismo. Na área federativa houve intensificação de várias ações, atualização de “Orientação ao Centro Espírita”, lançamento “Orientação aos Órgãos de Unificação” e aprovação e implementação do “Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2007-2012)”. No final de sua atuação houve desativação da gráfica e a substituição das impressões dos livros pelo sistema de terceirização. Esteve licenciado da presidência da FEB, para tratamento de saúde, desde o final de maio de 2012.



20º Presidente - Juvanir Borges de Souza, 1990-2001 Contribui para o entusiasmo edificador da FEB. Além de aprofundar os grandes esforços na área de infância e juventude, intensificou os estudos do esperanto, assim como a produção e distribuição editorial, e progrediu a compreensão de deveres na fraternidade.



19º Presidente - Francisco Thiesen, 1975-1990 Francisco Thiesen tinha em sua personalidade a marca da objetividade e a luta constante pela causa Espírita. Seu amor era direcionado principalmente para a evangelização infanto-juvenil que tinha como meta aperfeiçoar cada vez mais, seu carinho fluía intensamente pelo Departamento Editorial, do qual foi diretor por muitos anos. Fazia meticulosas anotações e observações para destinar à FEB e ao Movimento Espírita em geral uma excelente progressão.


18º Presidente - Armando de Oliveira Assis, 1970-1975 Além de presidente, Armando de Oliveira foi também diretor da revista “Reformador” e serviu durante 25 anos sucessivos os serviços espíritas. Era conhecido pelo seu caráter integro e culto e integrou várias Comissões, Delegações, Representações e Consultorias de trabalhos sociais. Na época de seu mandato como presidente da FEB um fato memorável ocorreu, a inauguração da sede da FEB em Brasília, foi um acontecimento de grande destaque na história da instituição e do Movimento Espírita Brasileiro.



17º Presidente - Farm. Antônio Wantuil de Freitas, 1943-1970 Quando se instalou no Rio de Janeiro passou parcialmente a responsabilidade de seu laboratório de farmácia para os filhos com o intuito de se dedicar totalmente ao ensinamento Espírita. Ascendeu à presidência da FEB logo após a desencarnação de Guillon Ribeiro, e só parou quando realmente não se sentia mais saudável para realizar as tarefas. Até a chegada de sua desencarnação, a vontade de conhecimento moldava sua evolução como homem.



14º Presidente - Francisco Vieira Paim Pamplona, 1927-1928 Francisco Vieira Paim Pamplona não media esforços para prestar serviços. Considerava sagrado todos os deveres e os fazia com sutileza e simplicidade. Tornou-se Presidente da FEB em 1927 e 1928, porém já exercitava outras vocações na casa como, membro do Conselho Fiscal, e do Conselho Superior. Além de atuar de forma significativa na FEB, foi presidente e membro da administração do asilo de órfãos Anália Franco, e membro do conselho da “Casa da Mãe Pobre”. Sua nobreza o seguiu durante todas sua vida, e refletiu em todos os trabalhos exercidos.


13º Presidente - Cel. Luiz Barreto Alves Ferreira, 1925-1926Era caracterizado principalmente pelo amor ao próximo. O trabalho assistencial era uma de suas marcas, afinal, sempre abria sua casa para socorrer os mais necessitados, e tratava as crianças com amor e devoção, se tornando um dos mais notáveis e generosos trabalhadores da FEB.


11º e 16º Presidente - L. O. Guillon Ribeiro, 1920-1921 e 1930-1943 Guillon Ribeiro teve uma vida cheia de episódios comoventes. Sua mãe era uma batalhadora, e nela existia a maior inspiração dele. Quando ela veio a falecer, a tristeza assolou a vida do então presidente da casa, porém isso nunca desestabilizou sua credibilidade, afinal, era um mestre da oratória e da escrita, falava com imponência e sua paciência refletia nas palavras e na paixão


8º, 10º e 15º Presidente - Manoel Justiniano de Freitas Quintão 1915, 1918-1919 e 1929Na FEB, Manoel Quintão exerceu cargos de relevo por diversos períodos, como o de presidente, vice-presidente, diretor do Grupo Ismael, da Livraria e do “Reformador”. Orador admirável, fazia-se ouvir onde quer que fosse solicitado. Deixou bela bagagem literária em prosa e verso; foi musicista e tocava piano e flauta. Foi ele o responsável pela publicação de “Parnaso de Além-Túmulo”, psicografado por Francisco Cândido Xavier, iniciando a abençoada missão que nos propiciou mais de 400 outras obras. Manoel Quintão sempre despertou profunda admiração e respeito pela grande contribuição na divulgação do Espiritismo no Brasil e mesmo em outros países.




7º, 9º e 12º Presidente - Aristides de Souza Spínola, 1914, 1916-1917 e 1922-1924 Aristides Spínola dedicou à FEB 21 anos seguidos de sua existência (seis anos como presidente e onze anos e meio como vice-presidente). Estudioso, sempre procurava ampliar seu conhecimento tanto para as coisas simples da vida quanto para sua vocação.


6º Presidente - Leopoldo Cirne, 1900-1913 Cabia a Leopoldo Cirne continuar com o grande trabalho. realizado por seu antecessor, Bezerra de Menezes. E foi o que ele fez. Além de eficiente administrador, era um ótimo condutor dos trabalhos evangélicos e doutrinários. A sede da FEB na Avenida Passos foi um esforço vindo de sua fé e dedicação, se tornando um marco na história do Espiritismo no Brasil.




4º Presidente - Dr. Júlio Cesar Leal, 1895Julio César Leal foi eleito presidente da FEB no início de 1895. Comandou a casa por sete meses com total dedicação e esforço. Advogado, professor de humanidades, publicitário, jornalista, poeta, romancista. Além de todas essas profissões, Julio César Leal também era um dos maiores divulgadores do Espiritismo no Brasil.




3º Presidente - Dr. Francisco de Menezes Dias da Cruz, 1890-1894Homem de distinta cultura e grande expansão literária, era identificado por sua forte ligação com o exercício da caridade. No seu mandato como Presidente da FEB, iniciou trabalhos de socorro material e espiritual da Assistência aos Necessitados, ajudando muitos pobres, além de escrever inúmeros artigos doutrinários para o “Reformador”.





2º e 5º Presidente - Dr. Bezerra de Menezes, 1889 e 1895- 1900 Adolpho Bezerra de Menezes foi eleito para o cargo de Presidente da Federação Espírita Brasileira (cargo que exercera em 1889, passando para a vice-presidência nos anos de 1890 e 1891) na reunião da assembleia geral do dia 3 de agosto de 1895. Figura marcante na divulgação e prática da Doutrina Espírita, com brilhantes atitudes em prol dos mais necessitados.





1º Presidente - Mar. Francisco Raimundo Ewerton Quadros 1884-1888
Primeiro presidente da FEB. Era doutor em engenharia e figura de prestigio na sociedade e no Exército. Escreveu inúmeros trabalhos de caráter filosófico, e foi atraído pelo Espiritismo se tornando um de seus membros mais inteligentes. Foi firme em suas decisões e tinha uma virtude cristã estampada em suas obras.






domingo, 27 de abril de 2014

ESPIRITISMO E ECUMENISMO


Por Leonardo Paixão
 
Por que escrever sobre o tema do ecumenismo em relação ao Espiritismo? Justifica-se tal fato devido à ignorância de muitos sobre o tema. Ao falarmos de ecumenismo e Espiritismo, temos de saber primeiramente o que este tem a ver com aquele. Em primeiro lugar e para espanto de muitos adeptos apressados, o Ecumenismo não tem nada a ver com o Espiritismo nem este com aquele.
 
O Ecumenismo proposto pela Igreja Católica Apostólica Romana tem por objetivo unir os chamados por ela de "irmãos separados" como os Luteranos, Calvinistas, Anglicanos e os Ortodoxos russos e gregos. Para que se dê esta união (teologicamente se chama "uniata"), é preciso que estes "irmãos separados" aceitem certos dogmas de fé, como o da infalibilidade papal, o que deixa claro a intenção da Igreja em restaurar o poder perdido sobre os diversos grupos da cristandade. Quanto às demais religiões como o Judaísmo, o Islamismo, o Budismo, o Hinduísmo e o aspecto religioso do Espiritismo o que há não é ecumenismo e sim diálogo inter-religioso, e a bem da verdade, em se falando de Espiritismo não há nada, nem ecumenismo nem diálogo inter-religioso, pois não considerando o Espiritismo uma religião cristã o ecumenismo não é para ele, em relação ao diálogo inter-religioso, segundo os parágrafos 2116 e 2117 do Catecismo da Igreja Católica (1), há a condenação explícita do Espiritismo e com um desconhecimento (será proposital?) profundo deste ao ombreá-lo com as diversas correntes da "New Age" que vem enriquecendo muitos espertalhões tanto quanto com práticas de magia ou feitiçaria que nada tem a ver com a Filosofia Espírita.
 
Não nos iludamos, o Espiritismo é ainda na visão tacanha dos líderes religiosos, especialmente dos líderes cristãos (ao menos se dizem), visto como obra demoníaca e ficam a citar textos da Bíblia isolados de seus contextos, quando a Bíblia é uma reunião de livros repletos de fatos mediúnicos desde a manifestação de Iavé no Sinai à materialização de Elias e Moisés no Monte Tabor (cf. Êxodo 19,20:19; Números 11, 29; Mateus 17, 1-9; Lucas 9, 28-36; Atos 2, 1-6; I Coríntios 12 - onde Paulo fala sobre os dons (vários tipos de mediunidade) à Igreja de Corinto).
 
O Espiritismo, disse Léon Denis na Introdução de "No Invisível", "é o futuro das religiões e não a religião do futuro", porém, para aí chegar há uma estrada longa a percorrer, pois a ignorância do que é o Espiritismo pelas religiões e até por adeptos mesmo da Doutrina Espírita atrasa a sua marcha, aqui repetimos Léon Denis (obra citada): "O Espiritismo o que o fizerem os homens". E os homens e mulheres que estamos nos Centros Espíritas necessitamos de estudar o Espiritismo em suas bases: a Codificação e a Revista Espírita, bem como as obras subsidiárias de Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Alexander Aksakof, Paul Gibier, Alfred Erny, Gustave Geley, Friedrich Zöllner, William Crookes, Adolfo Bezerra de Menezes, Carlos Imbasshay, Deaolindo Amorim, Hermínio Miranda, José Herculano Pires, etc, e obras mediúnicas de Zilda Gama, Chico Xavier e Yvonne Pereira. O estudo destas obras nos faz conhecer o que é o Espiritismo, que permanece sendo o grande desconhecido, mas em sua marcha progressiva ele há de se fazer a Luz da Humanidade.
 
24/04/2014 - Campos dos Goytacazes, RJ.
 
Nota: (1) - Do Catecismo da Igreja Católica:
2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demónios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro (45). A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenómenos de vidência, o recurso aos "médiuns", tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele.
 
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia.
Do site:
 
/index_new/p3s2cap1_2083-2195_po.html - Acesso em 24/04/2014.

AMA, TRABALHA, ESPERA, PERDOA! - (ABIGAIL IN PAULO E ESTÊVÃO)

Jorge Hessen
O moço tarsense notou que Estevão, nesse ínterim, se despedia, endereçando-lhe um olhar fraterno.
Abigail, por sua vez, apertava-lhe as mãos com imensa ternura. O ex-rabino desejaria prolongar a deli­ciosa visão para o resto da vida, manter-se junto dela para sempre; contudo, a entidade querida esboçava um gesto de amoroso adeus. Esforçou-se, então, por catalo­gar apressadamente suas necessidades espirituais, dese­joso de ouvi-la relativamente aos problemas que o de­frontavam. Ansioso de aproveitar as mínimas parcelas daquele glorioso, fugaz minuto, Saulo alinhava mental­mente grande número de perguntas.
Que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo?
— Ama! — respondeu Abigail espontaneamente.
Mas, como proceder de modo a enriquecermos na virtude divina? Jesus aconselha o amor aos próprios inimigos. Entretanto, considerava quão difícil devia ser semelhante realização. Penoso testemunhar dedicação, sem o real entendimento dos outros.
 Como fazer para que a alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus-Cristo?
— Trabalha! — esclareceu a noiva amada, sorrindo bondosamente.
Abigail tinha razão. Era necessário realizar a obra de aperfeiçoamento interior. Desejava ardentemente fa­zê-lo. Para isso insulara-se no deserto, por mais de mil dias consecutivos.
Todavia, voltando ao ambiente do esforço coletivo, em cooperação com antigos companhei­ros, acalentava sadias esperanças que se converteram em dolorosas perplexidades.
Que providências adotar contra o desânimo destruidor?
— Espera! — disse ela ainda, num gesto de terna solicitude, como quem desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.
Ouvindo-a, Saulo considerou que a esperança fora sempre a companheira dos seus dias mais ásperos. Sa­beria aguardar o porvir com as bênçãos do Altíssimo. Confiaria na sua misericórdia. Não desdenharia as opor­tunidades do serviço redentor. Mas... os homens? Em toda parte medrava a confusão nos espíritos. Reconhecia que, de fato, a concordância geral em torno dos ensina­mentos do Mestre Divino representava uma das realiza­ções mais difíceis, no desdobramento do Evangelho; mas, além disso, as criaturas pareciam igualmente desinteressadas da verdade e da luz. Os israelitas agarravam-se à Lei de Moisés, intensificando o regime das hipocrisias farisaicas; os seguidores do “Caminho” aproximavam-se novamente das sinagogas, fugiam dos gentios, subme­tiam-se, rigorosamente, aos processos da circuncisão. Onde a liberdade do Cristo? Onde as vastas esperanças que o seu amor trouxera à Humanidade inteira, sem exclusão dos filhos de outras raças? Concordavam em que se fazia indispensável a mar, trabalhar, esperar; entre­tanto, como agir no âmbito de forças tão heterogêneas?
Como conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens?
Abigail apertou-lhe as mãos com mais ternura, a indicar as despedidas, e acentuou docemente:
— Perdoa!...
Em seguida, seu vulto luminoso pareceu diluir-se como se fosse feito de fragmentos de aurora.
Autor: Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Paulo e Estevão

quinta-feira, 24 de abril de 2014

ETAPAS (Evaldo)

Grupo Meimei - Evaldo 


Amigos imaginem as seguintes analogias, comparações: 

Três agricultores receberam a tarefa de fazer dum solo pedregoso nascer e florescer a mais bela árvore. O primeiro teve que lidar com o chão extremamente árido, infértil. Precisou de todo vigor para arar o terreno. Foi um trabalho exaustivo, pois a brita impunha enorme resistência. 

Depois o segundo trabalhador plantou a semente e dela nasceu uma imensa, bela e frondosa árvore. Foi também um trabalho extremamente árduo, mas a árvore em si, era de uma beleza impressionante. Só que com o transcorrer do tempo, alguns galhos se sobrepuseram a outros. Com as raízes ocorreu o mesmo. Insetos, bichos a atacaram. E a bela árvore enfeou-se. 

Surgiu o terceiro trabalhador rural e podou galhos, espaçou as raízes, adubou e molhou a terra, injetou fertilizante e assim, fez que a árvore readquirisse o fulgor de outrora. 


Três pedreiros foram incumbidos de construir uma casa num lugar inóspito. O primeiro rompeu a rocha extremamente rígida. E depois de tamanha tarefa, fez um piso uniforme e fincou, fixou dez colunas. O que veio depois edificou a casa, a edificação, em si, sobre as dez vigas. A casa ficou grande e maravilhosa, mas com o tempo, teias de aranhas, rachaduras, mofos, excessivos adornos, e, sobretudo, um total breu interior, empalideceu a beleza da construção. 

Tempo depois, o terceiro pedreiro surgiu e cobriu buracos, limpou a morada, dedetizou-a, e acima de tudo, encheu-a de luz e tirou todos os objetos puramente decorativos, fazendo assim, com que o fluxo de ar, luz e pessoas ficasse bem mais fácil. 



Um filho de cinco anos pergunta ao pai como nasceu. O solicito genitor, responde a indagação, mas de maneira lúdica não desce a detalhes bioquímicos, os quais mais confundiam que esclareceriam o filho. 

Passa-se oito anos e a pergunta volta. Dessa vez, o pai já fala de hormônios e de gametas. Já elenca, sem aprofundar, as diferenças entre os gêneros e a vital importância de se respeitar as escolhas sexuais de cada um. 

Agora, o filho já é maior de idade e, naturalmente, já sabe o processo de procriação. Mas os pais fazem questão de esclarecer a suma necessidade de não se brincar com os sentimentos próprios, e sobretudo, com os alheios. 




Companheiros! É muito interessante notar e se admirar o estilo de cada orador que recebemos. Uns focam aos nossos corações, outros priorizam a razão. E nos dias de hoje, de tanta futilidade, é extremamente bom, ouvirmos, um erudito e profundo conhecedor do espiritismo e da Bíblia como Jorge Hessen, que brindou-nos com considerações sobre o Capítulo I - NÃO VIM DESTRUIR A LEI – do Evangelho Segundo o Espiritismo. 

Iniciando sobre o Decálogo Mosaico destacou importantes e despercebidas observações. Depois traçou um perfil muito detalhado sobre o Cristo e Sua tarefa. Disse, por exemplo, que ELE jamais revogou OS DEZ MANDAMENTOS, mas simplificou sobremaneira a nossa marcha evolutiva reduzindo as mais de 600 ordenações da Lei Mosaica, meramente civis, para dois preceitos. Esses dois, sim, divinos: "AMARÁS O TEU DEUS ACIMA DE TODAS AS COISAS E AO PRÓXIMO COMO A TI MESMO". E tão concentrado orador expôs raciocínio dizendo que Kardec não contradisse e muito menos revogou Moisés e/ou Jesus, e sim ampliou enormemente a nossa compreensão sobre o mundo espiritual e sobre a interação deste com o mundo material. 

Kardec, melhor dizendo, os Espíritos, lembraram conceitos, adicionaram outros e diluíram mitos, inclusive e, sobretudo, da danação eterna. Trouxeram de volta, noutro exemplo, o conceito já milenar da REENCARNAÇÃO, o qual foi escamoteado e escondido por erros de tradução, por deliberações de Concílios, falta de apuro no estudar das línguas da época, etc. 

Num noutro capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo - OS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA - diz-nos que não importa quando aderimos a Boa Nova, a nossa recompensa é garantida, pois cada um a seu tempo evoluirá. Nada ocorre abruptamente, menos ainda a obra de DEUS. Tudo tem sua hora. A luz excessiva cega ao invés de iluminar. Os hebreus do tempo de Moisés, de modo algum, estavam apto para receber o Advento do Cristo e tampouco os contemporâneos de Jesus compreenderiam a obra codificada por Kardec. Aliás, tais suposições são até ridículas. Mesmo porque, até hoje não compreendemos a da profundidade e beleza das mensagens de tão destacadas figuras. 

O Projeto Divino para a nossa humanidade é paulatino, gradual. É um terreno pedregoso que muitos laboraram, labutam e ainda labutarão (Moisés, Jesus, Kardec, os profetas, os líderes de outras correntes religiosas, os sábios gregos, os renascentistas, os cientistas, e por que não, todos nós) para transformá-lo numa paragem extremamente fértil. Ou, dizendo de outra forma, é parecido com quem recebe a difícil tarefa de erigir tijolo a tijolo uma casa num lugar ermo; ou quem assume a nobre tarefa de educar, intelectual e, sobretudo, moralmente alguém, tarefa que dura nada, nada, dois decênios. 

É enfim, algo feito em etapas, de acordo com as nossas necessidades e nossa capacidade de entendimento, pois quem nos educa, em última instância, é o PAI, o dono do tempo e o qual tem todo tempo e paciência do universo, tempo que para nós ainda é uma necessidade, dizemos necessidade, de ainda medir a sucessão dos fatos, porque para Deus não existe nem passado e futuro, apenas o presente, como nos esclarece a codificação em a Gênese, nesse ensinamento profundo que nos custa esforço grande para aprimorá-lo. 

Dessa maneira, interessa a nós acelerarmos tal processo. 

Fiquem com Deus.

Grupo Meimei - Evaldo 


A EQUIPE DO GEM

No Terceiro Milênio. A Prioridade

Luiz Carlos Formiga
Alkindar de Oliveira, palestrante, Consultor de Empresas. é autor do livro “Aprimoramento Espírita”, Editora Truffa/2007. Nele comenta a força do rádio e da televisão na divulgação da Doutrina dos Espíritos. Cita Kardec, no Projeto 1868, Obras Póstumas. “dois elementos devem concorrer para o progresso do Espiritismo; estes são: o estabelecimento teórico da Doutrina e os meios para popularizá-la. Uma publicidade, numa larga escala feita nos jornais mais divulgados, levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das idéias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião”.
Oliveira diz que certamente popularizar a Doutrina não é ter Centros Espíritas apenas para alguns poucos escolhidos. Deixa  perguntas.
Você já leu alguma publicidade espírita nos jornais “Folha de São Paulo”, “Estadão”, “O Globo”, que são os jornais mais divulgados do país?
Estamos sendo espíritas “fazedores” ou espíritas “faladores”?
Se na época em que viveu Allan Kardec houvesse televisão será que ele não teria dito “uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados e nos canais de televisão de maior audiência”?
Você já viu alguma publicidade de dois minutos por semana nos intervalos do Jornal Nacional explicando, de forma didática e criativa, o que é o Espiritismo?
Mas isto é caríssimo. Certo. Mas nada além do que a criatividade e a união de todas as associações espíritas representativas não pudessem resolver. A solução é união e criatividade.
Oliveira chega aos dias de hoje com a psicografia de Divaldo. No livro Reflexões Espíritas (Editora Leal), disse o espírito Vianna de Carvalho: “Na hora da informática com os seus valiosos recursos, o espírita não se pode marginalizar, sob pretextos pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à causa ou a indiferença pela divulgação, porquanto o único antídoto à má Imprensa, na sua vária expressão, é a aplicação dos postulados espíritas”.
A Doutrina Espírita, divulgada pelo Fórum Espírita, com o artigo EFECTO INTELIGENTE, já está com quase 10.000 acessos (23/abril/2014 – Salve Jorge!). A internet permite deixar o texto disponível, por muitos anos. Permite também ao leitor recomendá-lo através de seu link ou endereço eletrônico. Poderá dissecá-lo, fazer reflexões e produzir críticas, como acontece no fórum.
Todo efecto tiene una causa. Todo efecto inteligente tiene una causa inteligente.  El poder de la causa inteligente está en razón de la grandeza del efecto.
Veja e comprove.

Poderá ainda indicar a versão portuguesa em dois links.


Se desejar ampliar a divulgação através das redes sociais ficará bem fácil. Nisso difere do Radio ou da Televisão.
Os três recursos podem e devem ser utilizados, já que Bezerra, pelo médium Divaldo Franco, afirma que devemos “divulgar o Espiritismo por todos os meios e modos dignos ao alcance e isso é tarefa prioritária.”
Façamos a nossa parte.
Como explicar um efeito inteligente?
Também deixo questões.
Quais são os nossos melhores argumentos, principalmente quando estamos diante dos que não pensam nas evidências científicas sugestivas de imortalidade da alma e da reencarnação?
O que fazer diante do desinteresse/indiferença dos espíritas pela divulgação?


  


terça-feira, 22 de abril de 2014

O ARTIFÍCIO DA MEDITAÇÃO NÃO PODE ENGESSAR NOSSAS MÃOS (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br

Uma singular prática de reeducação de presos tem sido adotada na Índia. O Complexo Penitenciário de Tihar, em Nova Délhi, conquanto abrigue o dobro de sua capacidade oficial de encarcerados, conseguiu implantar o exercício do vipassana (“visão interior"), ideário adotado por Sidarta Gautama, o popular Buda. A técnica consiste em exercícios de meditação bem complexos. Os presos (voluntários) devem ficar algumas vezes por mês completamente em silêncio e meditar por 8 horas diárias - inteiramente inertes, sem mover nenhum músculo do corpo em busca de paz e “ascensão espiritual”.
Na concepção de Satya Narayan Goenka, idealizador da prática no presídio, a meditação ajuda a maior compreensão da realidade. Por essa razão, auxilia os presos a distinguir a clausura como uma etapa, uma jornada para se tornarem pessoas melhores e verdadeiramente livres. Segundo Goenka, os presos praticantes se tornaram mais “equilibrados”, motivo pelo qual a penitenciária passou a registrar menos incidentes violentos, a reincidência criminal dos praticantes que são libertados igualmente diminuiu. (1) A proposta de Satya Narayan é desafiadora sem dúvida, considerando o ambiente hostil de um presídio. Não deve ser nada simples a disciplina do corpo e da mente  para introspecções (meditações) nas atmosferas de uma penitenciária.
A rigor, ao exercitarmos uma oração experimentamos alguma forma de meditação. Obviamente, com o exercício disciplinado dos pensamentos se pode chegar aos melhores resultados de uma prece. É quando se consubstanciam energias harmônicas em níveis de autoconsciência. Mas o domínio dos pensamentos, considerando a cultura ocidental, é de extraordinária dificuldade. Quase sempre nós ocidentais lançamos ideias vagas, pueris, sensuais, projetamos censuras, mantemos anseios utilitaristas, entulhamos as descargas neurológicas que geram amplo consumo de energia física e mental. Seguramente a concentração (meditação) no ambiente adequado pode aliviar a tensão emocional e patrocinar um nível de estabilização e alívio psíquico que tende a refletir no bem-estar físico e espiritual.
Obviamente, a prática meditativa aplicada por Narayan Goenka no presídio de Tihar não contém vínculos diretos com as finalidades espíritas. Não constam nos cânones das Obras Básicas as técnicas para meditação esotérica, embora não haja rigorosa incompatibilidade com os mandamentos doutrinários, até porque todo e qualquer exercício que favoreça o equilíbrio espiritual, deve ou pode ser estimulado. Entretanto, nesse caso específico, urge muita cautela; lembremos que não se deve confundir as irradiações mentais através da prece com a meditação mística, mormente aplicada pelo budismo. Em razão disso, a Doutrina dos Espíritos recomenda que não se instale nos centros espíritas salas específicas para meditações esotéricas.
Há instituições espíritas que promovem cursos para técnicas de meditação com base na cultura oriental, todavia é necessário ajuizar a inoportunidade de tais práticas. É preciso ter cuidado para que esses métodos não descaracterizem a proposta dos Benfeitores Espirituais, até porque as doutrinas vinculadas às práticas de meditações místicas têm suas próprias instituições destinadas ao exercício de meditação, e certamente nada impede que os “espíritas” ajustados com essas propostas busquem os núcleos não espíritas adequados e aí meditem quando, como e quanto desejarem.
Seja como for, é de bom alvitre que os “meditadores” não se esqueçam que qualquer exercício de meditação não deve ser inoperante, pois o ideal de concentração mais nobre, sem trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba prática improdutiva. Conservar, pois, a meditação transcendente no coração, sem nenhuma atividade nas obras de ampliação da caridade, da sabedoria e do amor, consubstanciados no emprego do amor e da fraternidade, consistirá em manter na terra viva do sentimento um ídolo morto, enterrado entre as flores agrestes nos jardins da ilusão.
Jamais olvidemos que enquanto diferentes doutrinas ensinavam a meditação (recolhimento contemplativo), o insulamento social completo, na busca do EU “profundo”, o Cristo elegeu peregrinar por entre a multidão, confortando uns, auxiliando outros, situando sua doutrina não através de vocábulos vazios ou artifícios místicos, todavia fundamentando-a no exercício da ação do amor, a exemplo da metáfora do samaritano que socorreu seu próximo na estrada de Jericó.
O Codificador, confessando Jesus, igualmente não se isolou numa atitude meditativa (contemplativa); sua meditação foi o exercício do Espiritismo através da caridade, na medida em que confortou numerosos necessitados, estimulou doações a desabrigados por meio da Revista Espírita, e junto de sua amada Amélie Gabrielle Boudet fez visitas a diversas famílias carentes. Justamente por sentir essa necessidade, Kardec lançou O Evangelho Segundo o Espiritismo, para mim  a Carta Magna da Codificação, que se tornou imprescindível ao entendimento da angústia humana, assim como do desígnio da existência terrena, ensinando que a beneficência é o mais perfeito caminho a dar sentido e significado à nossa vida social. Aliás, Chico Xavier percebeu bem essa dimensão de Jesus e Kardec, uma vez que poderia ter ficado embevecido, em meditações e êxtases, deslumbrado ou arrebatado com as interligações diretas com mundo espiritual; contudo, praticando o EVANGELHO se consagrou a amar o próximo incondicionalmente.
Em suma, cremos que meditar é importante, desde que não paralise nossas mãos, nem nos faça abdicar dos convites dos Benfeitores Espirituais, uma vez que eles apontam a rota segura de uma meditação produtiva, que não nos hipnotiza com técnicas que centram atenções exclusivas em nós mesmos, até por que O Meigo Rabi nos conclamou a amar o próximo como a nós mesmos e não o oposto, ou seja, todo o amor, júbilo, contentamento que ansiamos para nós, devemos em condição de equidade aos nossos iguais.


Referência:

(1)            Disponível em http://super.abr   il.com.br/cultura/presidio-meditacao-535964.shtml?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super acesso 19/04/2014


A parábola dos talentos e nós

A parábola dos talentos e nós


Anos atrás veio falar em nossa região um renomado orador espírita radicado na Capital de São Paulo. Numa das cidades em que ele proferiu vibrante palestra o público presente fora bem pequeno; não havia na plateia mais do que dez pessoas.
Finda a palestra, um amigo, que havia transportado o orador até àquela localidade, tocou no assunto e lamentou o fato. Afinal o visitante viera de longe, deixara seus afazeres e o conforto do próprio lar e, no entanto, as pessoas da cidade não valorizaram, como deviam, sua presença.
Assim que ouviu tais palavras, o orador virou-se para o amigo e lhe disse: “Você sabe para quantas pessoas o Cairbar Schutel palestrava no início de suas tarefas na seara espírita? E o Chico Xavier? Quantas vezes leu e comentou o Evangelho para um salão vazio! Ora, se Cairbar e Chico passaram por isso, quem somos nós para lamentar tais coisas?!”
Esse assunto foi suscitado devido a um fato muito comum que ocorre nas lides espíritas, em que trabalhadores diversos – palestrantes, coordenadores de estudo, evangelizadores e cooperadores em geral – desistem de determinada tarefa devido ao número diminuto de pessoas ou de crianças que comparecem à atividade que realizam.
O voluntário da tarefa espírita começa muitas vezes com todo o entusiasmo, mas em seguida desanima, entendendo que não vale a pena deslocar-se do seu lar para participar de uma atividade que considera desimportante...
Na conhecida parábola dos talentos, anotada por Mateus no cap. 25, vv. 14 a 30 do seu Evangelho, há uma passagem que deveríamos ter sempre à vista. Referimo-nos à frase que foi dita pelo Senhor ao seu servo: “Servidor bom e fiel; pois que foste fiel em pouca coisa, confiar-te-ei muitas outras; compartilha da alegria do teu senhor”.
Quando somos convidados a trabalhar na seara cristã, não importa quantos adultos ou quantas crianças iremos atender. O que importa é a nossa participação, é o nosso empenho, é a boa vontade com que realizamos a tarefa, porque todo trabalho feito com amor e abnegação tem igual peso, seja numa grande instituição localizada na Capital da República, seja numa singela casa espírita situada na periferia de qualquer uma das cidades do Brasil ou do exterior.
Sendo fiéis no cumprimento da tarefa que supomos humilde ou desimportante, estaremos nos preparando para tarefas mais complexas ou de maior responsabilidade que um dia certamente nos serão delegadas.

​Fonte: Do Blog Espiritismo Século XXI de 14-4-14.​

terça-feira, 15 de abril de 2014

O Chico Responde



O Chico Responde

Oferecemos à comunidade leitora desse Blog, passagens e respostas de Chico Xavier a indagações feitas por personalidades, e também em alguns livros, a respeito de temas diversos.


Com sabedoria adquirida à luz do Evangelho, das obras de Kardec e dos espíritos benfeitores, Chico nos brinda com palavras que são um verdadeiro banquete espiritual.


Entrevista de Chico/Emmanuel sobre Ramatís. Clique no link abaixo para fazer download:






Haverá maior frio na alma que a indiferença dos nossos semelhantes? 


Chico Xavier:


- Pode haver indiferença dos nossos semelhantes para conosco, entretanto de nós para com os outros isso não deveria acontecer.


Cremos que se Jesus houvesse levado em conta nossa incapacidade para assimilar-lhe de pronto o desvelado e intenso amor, o Cristianismo não estaria brilhando, e brilhando cada vez mais na Terra.


(Do livro Lições de Sabedoria) 
Que lhe ocorre dizer às pessoas que, embora se esforcem, não conseguem se espiritualizar, porque se sentem cativas de remanescentes paixões ou fortes algemas emocionais? 


Chico Xavier:


- Ainda que nos sintamos encarcerados em idéias negativas que, às vezes, nos colocam em sintonia com inteligências encarnadas ou desencarnadas, ainda presas a certos complexos de culpa, conseguiremos a própria liberação desses estados, claramente infelizes, se nos dispusermos com sinceridade a varar a concha do nosso próprio egoísmo, esquecendo, quanto ao aspecto inarmônico de nossa vida mental, para servir aos outros, especialmente àqueles que atravessam provações e problemas muito maiores que os nossos.


(Jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977) 
Conta-se que, certa feita, perguntaram ao Chico, como ficaria o Espiritismo no Brasil quando cessassem as suas atividades mediúnicas, ao que ele respondeu: 


Chico Xavier:


- “Meu filho, médium é como grama, quanto mais se arranca, mais ela brota”.


(Busca e Acharás – Junho de 2000) 
Dentro da Doutrina Espírita, como se explicam as mortes, assim aos milhares, em guerras, enchentes, em toda espécie de catástrofe? 


Chico Xavier:


- São essas provações, que coletivamente adquirimos do ponto de vista de débitos cármicos. As vezes empreendemos determinados movimentos destrutivos, em desfavor da comunidade ou do indivíduo, às vezes operamos em grupo, às vezes, em vastíssimos grupos e, no tempo devido, os princípios cármicos amadurecem, e nós resgatamos as nossas dívidas, reunindo-nos uns com os outros, quando estamos acumpliciados nas mesmas culpas, porque a Lei de Deus é a Lei de Deus, formada de justiça e de misericórdia.


(Livro Chico Xavier – Dos Hippies aos problemas do mundo) 
Estimaríamos colher a sua opinião a respeito dos últimos conflitos que colocaram em perigo a Paz Mundial… 


Chico Xavier:


- Atentos aos nossos deveres de ordem doutrinária, já que o Espiritismo é a religião de Jesus, endereçada ao burilamento e confraternização dos homens, não seria cabível viéssemos a analisar os conflitos atuais do mundo, sob o ponto de vista político. Essa tarefa, na opinião de Emmanuel, o dedicado orientador espiritual que nos dirige as atividades, compete aos mentores encarnados da vida internacional.


Todos nós, os religiosos de todos os climas, nos reconhecemos atualmente defrontados por crises de insatisfação em quase todos os domínios da Humanidade, e, por isso mesmo, segundo as instruções que recebemos dos benfeitores espirituais, a nossa melhor atitude é a da prece, em favor dos líderes das nações, rogando a Deus os ilumine e guie, a fim de que todos eles se unam, no respeito às leis que o progresso já nos confiou, evitando nova grande guerra, cujos efeitos calamitosos, não conseguimos prever, nem calcular.


(Do livro No Mundo de Chico Xavier, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, SP) 
A Doutrina Espírita é acusada de, ao se preocupar somente com a vida no além, ajudar a manter o sistema político vigente, por não se preocupar com o progresso material e político do homem na Terra. O que acha? 


Chico Xavier:


- É muito interessante isso, mas não desejamos abusar, desprestigiar, desprimorar mesmo a figura de Jesus Cristo. É importante considerar que Jesus cogitou muito da melhora da criatura em si.


Auxiliou cada companheiro no caminho a ter mais fé, a amar os seus semelhantes, ensinou os companheiros a se entre-ajudarem, de modo que nós vimos Jesus sempre preocupado com o homem, com a alma.


Não nos consta que ele tivesse aberto qualquer processo de subversão com o Império Romano, nem mesmo contra a Palestina ocupada.


Então, o espírita não é propriamente uma pessoa conformada do ponto de vista negativo. Conformismo em Doutrina Espírita tem o sinônimo de paciência operosa. Paciência que trabalha sempre para melhorar as situações e cooperar com aqueles que recebem a responsabilidade da administração de nossos interesses públicos.


Em nada nos adiantaria dilapidar o trabalho de um homem público, quando nosso dever é prestigiá-lo e respeitá-lo tanto quanto possível e também colaborar com ele para que a missão dele seja cumprida. Porque é sempre mais fácil subverter as situações e estabelecer críticas violentas ou não em torno de pessoas.


Nós precisamos é da construtividade.


Não que estejamos batendo palmas para esse ou aquele, mas porque devemos reverenciar o princípio da autoridade, porque sem disciplina não sei se pode haver trabalho, progresso, felicidade, paz ou alegria para alguém. Veja a natureza: se o sol começasse a pedir privilégios e se a Terra exigisse determinadas vantagens, o que seria de nós com a luz e o pão de cada dia?


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira) 
De vez em quando aparece alguém que, em virtude de algum problema social mais grave – a violência, por exemplo, – pede a pena de morte. O senhor concorda? 


Chico Xavier:


- A pena deveria ser de educação. A pessoa deveria ser condenada mas é a ler livros, a se educar, a se internar em colégios ainda que seja, vamos dizer, por ordem policial.


Mas que as nossas casas punitivas, hoje chamadas de casas de reeducação, sejam escolas de trabalho e instrução.


Isto porque toda criatura está sentenciada à morte pelas leis de Deus, porque a morte tem o seu curso natural.


Por isso, acho que a pena de morte é desumana, porque ao invés de estabelecê-la devíamos coletivamente criar organismos que incentivassem a cultura, a responsabilidade de viver, o amor ao trabalho. O problema da periculosidade da criatura, quando ela é exagerada, esse problema deve ser corrigido com educação e isso há de se dar no futuro.


Porque nós não podemos corrigir um crime com outro, um crime individual com um crime coletivo.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira) 
Chico, estamos diante de uma onda crescente de violência em todo o mundo. A que os espíritos atribuem essa ocorrência? Gostaria que você se detivesse também no problema dessa corrida da população às armas, para a defesa pessoal. Como você vê tudo isso? 


Chico Xavier:


- Temos debatido esse problema com diversos amigos, inclusive com nossos benfeitores espirituais e eles são unânimes em afirmar que a solidão gera o egocentrismo e esse egocentrismo exagerado reclama um espírito de autodefesa muito avançado em que as criaturas, às vezes, se perdem em verdadeiras alucinações.


Então a violência é uma conseqüência do desamor que temos vivido em nossos tempos, conforto talvez excessivo que a era tecnológica nos proporciona. A criatura vai se apaixonando por facilidades materiais e se esquece de que nós precisamos de amor, paciência, compreensão e carinho. A ausência desses valores espirituais vai criando essa agressividade exagerada no relacionamento entre as pessoas ou entre muitas das pessoas no nosso tempo.


De modo que precisaríamos mesmo de uma campanha de evangelização, de retorno ao Cristianismo em sua feição mais simples para que venhamos a compreender que não podemos pedir assistência espiritual a um trator de esteira, não podemos pedir socorro a determinados engenhos que hoje nos servem como recursos de pesquisas em pleno firmamento, nós precisamos desses valores de uns para com os outros.


Quando nos voltarmos para o sentimento, para o coração, acreditamos que tanto a violência, como a corrida às armas para defesa pessoal decrescerão ao ponto mínimo e vamos extinguindo isso, pouco a pouco, à medida que crescemos em manifestações de amor, reciprocamente.


(Transcrito no livro de sua autoria “Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
Suas palavras de solidariedade sempre giram em torno da missão que cada ser humano tem. Qual é a sua missão? 


Chico Xavier:


- Um capim tem uma missão, alimentar o boi. Minha missão é como a do capim ou de qualquer outra plantinha sem nome que exista por aí. Precisamos viver honradamente e fazer tudo o que pudermos para ajudar o próximo a superar suas dificuldades.


(publicado na revista Contigo/Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO ESPÍRITA 1985) 
É verdade que a homeopatia age no perispírito (corpo espiritual)? 


Chico Xavier:


- O medicamento homeopático atua energeticamente e não quimicamente, ou seja, sua ação terapêutica vai se dar no plano dinâmico ou energético do corpo humano, que se localiza do perispírito.


A medicação estimula energeticamente o perispírito, que por ressonância vibratória equilibra as disfunções existentes, isto é, o remédio exerce duas funções enquanto atua. Por isso a homeopatia além de tratar doenças físicas, atua também no tratamento dos desequilíbrios emocionais e mentais, promovendo, então, o reequilíbrio físico-espiritual.


A explicação dada por Francisco Cândido Xavier, na verdade, confirma mensagem trazida pelo próprio Samuel Hahnemann (1755-1843), criador da homeopatia, através da médium Costel, que nenhum estudo possuía sobre a nova ciência. O texto foi psicografado na Sociedade Espírita de Paris, em 13 de março de 1863, e está inserido na “Revista Espírita”, de Allan Kardec, de agosto do mesmo ano. Acompanhemos o trecho inicial:


“Minha filha, venho dar um ensinamento médico aos espíritas. Aqui a Astronomia e a Filosofia têm eloqüentes intérpretes; a moral conta tanto escritores quanto médicos. Por que a medicina, em seu lado prático e fisiológico, seria negligenciada?


Fui o criador da renovação médica, que hoje penetra nas fileiras dos sectários da medicina antiga; ligados contra a homeopatia, em vão lhe criaram diques sem número, em vão lhe gritaram: ‘Não irás mais longe!’…


A jovem medicina, triunfante, transpôs todos os obstáculos. O Espiritismo lhe será poderoso auxiliar; graças a ele, ela abandonará a tradição materialista, que por tanto tempo lhe retardou o desenvolvimento. O estudo médico está inteiramente ligado à pesquisa das causas e efeitos espiritualistas; ela disseca os corpos e deve, também, analisar a alma.


(Extraído do Boletim Semanal editado pelo Lar Fabiano de Cristo – SEI – Serviço Espírita de Informações, de Sábado, 26/7/2003, n. 1843) 
Qual o mecanismo ideal para atingir a paz e a segurança entre os familiaresvinculados à mesma casa e ao mesmo nome? 


Chico Xavier:


- Cremos que este problema será perfeitamente solucionado quando esquecermos a afeição possessiva, a idéia de que somos pertences uns dos outros, quando nos respeitarmos profundamente, cada qual procurando trabalhar e servir, mostrando sua própria habilitação, o rendimento de serviço dentro da vocação com a qual nasceu, dentro do lar, respeitando-se uns aos outros.


Desse modo, com o respeito recíproco e o amor que liberta, o amor que não escraviza, o problema da paz em família estará perfeitamente assegurado na solução devida.


(Extraído do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier ) 
Chico, como é que você vê a onda de violência que aumenta a cada dia? 


Chico Xavier:


- A violência é qual se fosse a nossa agressividade exagerada trazida ao nosso consciente, quando estamos em carência de amor. Ela lava, por isso, o desamor coletivo da atualidade.


Se doarmos mais um tanto, se repartirmos um tanto mais, se houver um entendimento maior, estaremos contribuindo para a diminuição desta onda crescente de agressividade.


À medida que a riqueza material aumenta, o conforto e a aquisição de bens também cresce, com isso retornaremos à autodefesa exagerada, isolando-nos das criaturas humanas. A vacina é o amor de uns pelos outros, programa que Jesus nos deixou há dois mil anos.


Numa entrevista coletiva perante as câmeras da Rede Globo, comandada por Augusto César Vanucci, em julho de 1980.


(Consta do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
Qual o melhor antídoto contra a falta de confiança em nós mesmos? 


Chico Xavier:


- Os amigos da Vida Maior nos ensinam que na prática da humildade, na prestação de serviços aos nossos irmãos da Humanidade, adquiriremos esse antídoto contra a falta de confiança em nós próprios, de vez que aprenderemos, na humildade, que o bem verdadeiro, de que possamos ser intérprete, em favor de nossos semelhantes, procede de Deus e não de nós.


(Em entrevista publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, fevereiro/abril de 1977). 
Certa feita uma senhora, ás voltas com complicada família, marido e filhos agressivos que infernizavam sua vida, reclamava com Chico Xavier. Não suportava mais, estava prestes a explodir. 


- Minha filha – dizia o abnegado médium -, Jesus recomendou que perdoemos não sete vezes, mas setenta vezes sete.


- Olhe, Chico, tenho feito as contas. Perdoei meus familiares bem mais que quatrocentos e noventa vezes. Já fiz o suficiente…


Chico Xavier:


- Bem, minha filha, Emmanuel está ao meu lado e manda dizer-lhe que é para perdoar setenta vezes sete cada tipo de ofensa. Ainda há muito a perdoar.


Perdoar os inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar os amigos é uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se tornou melhor.


(BIS – Boletim Informativo Seara – Ano II Nº 20) 
Disse você que sentia fenômenos mediúnicos desde criança. Poderia especificá-los? 


Chico Xavier:


- Sim. No quintal da casa em que eu morava, via freqüentemente minha mãe desencarnada em 1915 e outros Espíritos, mas as pessoas que me cercavam então não conseguiam compreender minhas visões e notícias, e acreditavam francamente que eu estivesse mentindo ou que estivesse sob perturbação mental.


Corno experimentasse muita incompreensão, cresci debaixo de muitos conflitos íntimos, porque de um lado estavam as pessoas grandes que me repreendiam ou castigavam, supondo que eu criava mentiras e do outro lado estavam as entidades espirituais que perseveravam comigo sempre.


Disso resultou muita dificuldade mental para mim, porque eu amava os espíritos que me apareciam, mas não queria vê-los para não sofrer punições por parte das pessoas encarnadas com quem eu precisava viver.


(Em entrevista dada em 1977 à Revista Informação, publicada pelo Grupo Espírita “Casa do Caminho”, de São Paulo, Capital). 
Na sua opinião, para onde caminha a Humanidade? Haverá responsabilidade de, em breve, atingirmos um grau de igualdade e fraternidade entre os homens? 


Chico Xavier:


- Creio que mesmo que isto nos custe muitos sofrimentos coletivos, nós chegaremos até a confraternização mundial.


As circunstâncias da vida na Terra nos induzirão a isso e nos conduzirão para essa vitória de solidariedade humana.


Não é para outra coisa que o Cristianismo, nas suas diversas interpretações, dentro das quais está a nossa faixa de doutrina espírita militante, terá nascido, não é? Eu creio que acima de nossas governanças, todas elas veneráveis, temos o Governo de poderes maiores que nos inspira e que, naturalmente, nos enviará recursos para que essa vitória da fraternidade universal se verifique.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira ) 
Qual a posição do Espiritismo, hoje, quando a Igreja amplia a evangelização, com a visita do Papa a várias regiões do mundo? 


Chico Xavier:


- Nós, brasileiros, temos para com a Igreja Católica uma dívida irresgatável, porque por mais de 400 anos nós fomos e somos tutelados por ela na formação do nosso caráter cristão.


Quando nos lembramos que os primeiros missionários entraram pela terra brasileira adentro, não com laminas ou objetos de guerra, mas com a cruz de Cristo, nós nos enternecemos profundamente e compreendemos que a nossa dívida é imensa.


Se o nosso povo está tributando as homenagens merecidas e justas ao Papa, que nos visita em missão de Deus, nós devemos estar satisfeitos e rejubilar-nos com essas manifestações, porque isso mostra que nosso povo é reconhecido a uma instituição que nos deu e dá tanto.


Hoje, podemos ser livres pensadores espíritas, espiritualistas, evangélicos, podemos matricular nossos corações nas diversas escolas que são derivadas do próprio Cristianismo, mas não podemos esquecer aquele trabalho heróico dos primeiros tempos, dos primeiros séculos.


A Igreja até hoje tutela a comunidade brasileira, com muito amor.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira) 
“Perguntamos a Chico Xavier, em Uberaba, qual seria a explicação para o problema do nanismo”. 


Chico Xavier:


Ele afirmou que a pessoa encarna sob essa condição, basicamente por duas razões: a primeira delas, a mais freqüente, porque praticou o suicídio em outra existência e a segunda por ter abusado da beleza física, causando a infelicidade de outras pessoas.


O nanismo está particularmente ligado ao suicídio por precipitação de grandes alturas. O anão revoltado, segundo explicou-nos Chico, em geral é o suicida de outra existência que não se conforma de não ter morrido, porque constatou que a vida é uma fatalidade e, mesmo desejando, não conseguiu extingui-la.


Chico afirmou que o corpo espiritual sofre, com esse tipo de morte, lesões que vão interferir no próximo corpo, prejudicando particularmente a produção de hormônios, daí a formação do corpo anão, e as diversas formas de nanismo, mais ou menos graves, segundo o comprometimento do espírito.


Ele disse ainda que conhece mães e pais maravilhosos que têm aceitado a prova com coragem e amparado os filhos anões com muito carinho e dedicação. Reconhece que a explicação espírita através da lei de causa e efeito e das encarnações sucessivas contribui bastante para a resignação perante a prova. Suas palavras são de estímulo e encorajamento aos pais e portadores de nanismo para que não se revoltem e aceitem essa estágio na Terra como um valioso aprendizado para o espírito imortal.


(Texto extraído do livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier ) 
Mesmo sem quase nunca sair de Uberaba, o senhor vem acompanhando a situação do mundo atual e, particularmente, os muitos problemas brasileiros. Como analisaria tudo isso? 


Chico Xavier:


- O mundo que hoje se nos apresenta parece totalmente desorientado. As pessoas perderam o interesse por tudo. Até pela própria existência!


Os jovens não sabem que caminho seguir. Além disso são perseguidos pelas drogas. Quanto ao Brasil, pode parecer estranho o que vou dizer, mas, à medida que nossa comunidade se enriqueceu materialmente, uma nuvem de incompreensão nos cobriu a todos. Quando o País era paupérrimo, principalmente na região que nasci, centro-sertão de Minas Gerais, nós éramos obrigados a trabalhar muito dos 10 anos em diante. A escola era algo de sacrifício, de privilégio. Estudávamos quando e se tivéssemos tempo, após colher feijão, socar arroz e milho, carpir a terra, alimentar os animais.


Dávamos um valor especial àquilo que conseguíamos através de nosso suor, de nosso esforço. A medida que fomos nos desenvolvendo, nos industrializando, e as coisas foram ficando mais fáceis, fomos também perdendo a noção do valor delas.


Nós enriquecemos materialmente e perdemos nossa riqueza espiritual. Mas acredito que isso seja uma coisa transitória, pois sei que ao final teremos todo o amparo da fé cristã que nos livrará das ameaças. Creio na vitória de Jesus Cristo.


(Em entrevista publicada na revista Contigo/Superstar, São Paulo, SP, n. 443, 19/3/1984, transcrita no ANUÁRIO ESPÍRITA 1985) 
Por que motivo os casais que noivavam apaixonadamente experimentam a diminuição do interesse afetivo nas relações recíprocas, após o nascimento dos filhos? 


Chico Xavier:


- Grande número dos enlaces na Terra obedecem a determinação de resgate escolhidas pelos próprios cônjuges, antes do renascimento no berço físico e aqueles amigos que serão filhos do casal, muitas vezes transformam, ou melhor, omitem as dificuldades prováveis do casamento para que os cônjuges se aproximem segundo os preceitos das leis divinas e formem o lar, transformando determinadas dificuldades em motivos de maior amor, de compreensão maior.


O namoro, o noivado, muitas vezes, estão presididos pelos espíritos familiares que serão os filhos do casal. Quando esses mesmos espíritos se transformam em nossos filhos parece que há diminuição de amor, mas isso não acontece. Existe, sim, a poda da paixão, no capítulo das afeições possessivas que nós devemos evitar.


(Extraído do livro “Lições de Sabedoria -Chico Xavier ) 
Diga-nos o que deve fazer, dentro de suas capacidades, um médium, a fim de poder ser completo e útil para o Plano Espiritual? 


Chico Xavier:


- Devotamento ao bem do próximo, sem a preocupação de vantagens pessoais, eis o primeiro requisito para que o medianeiro se torne sempre mais útil ao Plano Espiritual. Em seguida, quanto mais o médium se aprimore através do estudo e do dever nobremente cumprido, mais valioso se torna para a execução de tarefas com os instrutores da Vida Maior.


(Em entrevista concedida em junho de 1990. Consta do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
Qual é a verdade desta vida? 


Chico Xavier:


- Há algum tempo, um espírito amigo, aliás, um trovador de renome, ao referir-se à Verdade, me disse que ela se parece a um espelho do Céu que se quebrou ao tocar na Terra, em inúmeros fragmentos. Cada um de nós possui um pequeno pedaço desse espelho simbólico, com o qual pode observar a própria imagem, aperfeiçoando-a sempre.


(Do livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
“De outra vez, escutamos o Chico respondendo a alguém que o interpelara quanto ao dinheiro dos livros, ponderando que as editoras deveriam conceder-lhe parte de suas rendas” 


Chico Xavier:


- Não é nada, mas, o dia que eu aceitar pelo menos um tostão do produto da venda de qualquer livro desses, deixarei de ser Chico Xavier, ou seja: menos do que nada!


(Jornal O Ideal – Nº 56 – Janeiro de 2000 – Chico no Lápis de Baccelli) 
Resposta de Chico Xavier a uma pessoa que, ao observar os necessitados tomando sopa, lhe perguntou: o senhor acha que um prato de sopa vai resolver o problema da fome no mundo? Chico, sem titubear responde: 


Chico Xavier:


- O banho também não resolve o problema da higiene no mundo, mas nem por isso podemos dispensá-lo.


(Busca e Acharás – Junho de 2000) 
Por que pessoas que fazem tanto bem para a Humanidade, como a Irmã Dulce, tem uma morte tão sofrida? 


Chico Xavier:


- Lembrando com muito respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos: E por que o sofrimento de Jesus no lenho? ! Ele era o guia da Humanidade e, a bem dizer, um anjo protetor da comunidade humana. É que nós necessitamos de uma interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário. Creio que todos nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência dos bens que desfrutamos. E nesse particular, se é possível, eu peço licença para recordar o meu próprio caso.


Eu sempre tive uma vida normal, como a de tantos seres humanos. Entretanto, com uma labirintite que me apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, porque tenho as minhas pernas constantemente doloridas e inúteis. Mas reconheço que estou com 82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de viver e tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me priva da vida natural de intercâmbio com os próprios familiares.


Um paraplégico que se habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou:


” Chico Xavier, eu sou um leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido… Indago a você por que é que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico de altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora devotada da infância e da mocidade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais elevado gabarito e que é seu amigo – por que é que eles não curam você?


” Eu disse assim:


” Meu amigo, graças a Deus, eu não me sinto com privilégio algum…


A mediunidade não me exime das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos nossos grupos sociais”. Penso que essa moléstia tão longa e tão difícil é um ensinamento de que eu necessito, porque, quando chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e algum Instrutor me perguntar: “Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave que durasse longo tempo?…”


Eu vou dizer:


“Sim, fiz 80 anos e, depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo físico…”


Mas isto é muito natural em qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa. É uma crucificação gradual e que eu necessito, para não ficar envergonhado no Além, quando eu chegar à convivência dos nossos irmãos já desencarnados…


Eu quero não sentir vergonha de nunca ter sofrido…


Mas para mim isto não é sofrimento. Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano, gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo…


Se Jesus permitir, os médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe?, alguma melhora ou, se a doença continuar, eu devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio Divino que nos deu a felicidade da vida…


Então, eu estou aqui com vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa, porque estou muito bem. Não me falta alimentação, não me falta alimentação, não me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita atenção, me proporcionando as melhoras possíveis…


E eu continuo há 2 anos na condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver libertada do corpo doente. Se ela puder – eu compreendo -, e, sendo possível, ela nos auxiliará.


(Transcrição Parcial da entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba, Minas, em 11 de maio de 1992 – Anuário Espírita – 1995) 
Então o senhor não acredita no Apocalipse previsto por Nostradamus e outros videntes para o ano 2.000? 


Chico Xavier:


- Respeito os estudos sobre o Apocalipse mas não tenho ainda largueza de pensamento para interpretar o Apocalipse como determinados técnicos o interpretam e situam.


Mas, acima do próprio Apocalipse, eu creio na bondade eterna do Criador que nos insuflou a vida imortal.


Então, acima de todos os apocalipses, eu creio em Deus e na imortalidade humana e essa duas realidades preponderarão em qualquer tempo da Humanidade.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira) 
Nota-se de uns tempos para cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo. Como o senhor vê essa situação? 


Chico Xavier:


- Eu creio que o número de adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis, desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes sociais e tudo isso tem induzido a comunidade a procurar uma resposta espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do nosso tempo.


Eu creio que, por isso mesmo, a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho cada vez mais amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e responsabilidade para aqueles que são os companheiros da seara espírita e evangélica.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,editado pela União Espírita Mineira.) 
“No dia 23 de janeiro de 1981, conversávamos com Chico Xavier, em sua residência, sobre mediunidade, tema que sempre nos fascinou. Na ocasião, adentraram a casa dois visitantes dos Estado Unidos da América, acompanhados de Eurípedes Tahan Vieira, seu médico particular e amigo de longa data”. Donald, um dos visitantes, pergunta-lhe: na sua opinião a que veioJesus Cristo? E quanto à sua morte na cruz?. 


Chico Xavier:


- Jesus nos ofereceu um sistema de vida. Aprendemos com ele o perdão. Não me consta que sábios ilustres, como Sócrates e Platão, tenham atendido algum mendigo, embora, com o devido respeito que merecem, tenham sido criaturas que forneceram vôos ao pensamento humano.


Também quanto ao bem do próximo, tivemos no ensino do Samaritano uma aula sobre a caridade. Jesus veio até nós para ensinar que o amor é o caminho para uma vida abundante.


Foi sua assinatura – concluiu o médium – como se ele estivesse assinando uma escritura, para lhe dar a maior autenticidade.


(Testemunha ocular, descrevemos o fato para estudo e meditação…”


Do livro “Aprendendo com Chico Xavier – Um exemplo de vida”) 
Os avanços da medicina mostram o caminho da manipulação genética para acabar com as doenças. O Espiritismo afirma que os desequilíbrios do Espírito e, conseqüentemente, do perispírito, levam às moléstias. Como ficamos? 


Chico Xavier:


- A medicina, quando expressa uma afirmativa, é verdadeira. Pode o assunto estar entrosado às necessidades da vida mental ou espiritual. Não podemos desprestigiar a medicina, porque, quando ela fala, está baseada em fatos e experiências.


(Entrevista publicada na Folha Espírita, São Paulo, SP, em Fevereiro de 1993.) 
Juarez Soares – Um outro assunto que causa muita polêmica, muita discussão, é o problema da liberação do sexo. Eu gostaria que o senhor nos dissesse o que pensa a respeito desse assunto. 


Chico Xavier:


- A liberação do sexo é um problema muito difícil de se apoiar, porque o homem tem deveres para sua companheira e a companheira dele tem também os seus compromissos para com ele. A liberação do sexo é mais um motivo para que a irresponsabilidade alastre no mundo e crie a infelicidade de muitos lares, aumentando quase que pavorosamente o número dos desquites nos tribunais.


(Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa “Terceira Visão”, da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao ar na noite de 25/12/1987.) 
No início de sua missão mediúnica, o senhor foi muitas vezes incompreendido e até caluniado. Como faria uma análise disso, já que hoje sua imagem tem uma outra aceitação? 


Chico Xavier:


- Minha atitude perante a opinião pública foi sempre a mesma, de muito respeito ao pensamento dos outros. Porque nós não podemos esperar que os outros estejam ideando situações e problemas de acordo com nossas convicções mais íntimas.


De modo que não posso dizer que sofri essa ou aquela agressão, porque isso nunca aconteceu em minha vida. Sempre encontrei muita gente boa. Vamos procurar um símbolo: dizem que os índios gostam muito de simbologia por falta de termos adequados para se expressar.


Como me sinto uma pessoa bastante inculta, eu gosto muito de recorrer a essas imagens. Vamos pensar que eu seja uma pedra que foi aproveitada no calçamento de uma avenida. Colocada a pedra no piso da avenida, naturalmente que essa pedra vai se sentir muito honrada de estar ali a serviço dos transeuntes e, naturalmente, que essa pedra não poderá se queixar dos martelos que lhe tenham quebrado as arestas.


Todos eles foram benfeitores.


(“O Espírita Mineiro”, número 182, maio/agosto de 1980 – Páginas 256/257 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira) 
Chico, qual o mais importante aspecto da Doutrina Espírita, o de religião, o de filosofia ou o de ciência? 


Chico Xavier:


- O espírito de Emmanuel costuma nos dizer que a coisa mais importante que cada um de nós poderá fazer na vida é seguir o mandamento cristão que nos aconselha “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.


Segundo Emmanuel, tudo o mais é mera interpretação da verdade. Desta forma, não temos dúvida ao crermos ser o aspecto religioso da Doutrina Espírita o seu ângulo fundamental.


Muito nobre a filosofia, mas em verdade a filosofia nada mais faz do que muita conversa.


Muito nobre o esforço científico, mas em verdade a mesma ciência que inventou a vacina, construiu a bomba atômica. Então, devemos reconhecer que todos nós, os seres humanos, trazemos dentro de nós um alto grau de periculosidade e, até hoje, a única força no mundo capaz de frear estes impulsos de periculosidade humana é, sem sombra de dúvida, a religião.


(Pergunta extraída do livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
Um grupo de amigos conversava perto de Chico sobre o difícil problema dorelacionamento humano e de como acertar nos serviços de assistência social, quando ele saiu-se com esta: 


Chico Xavier:


- Ser bonzinho é fácil, difícil é ser justo.


(Jornal Busca e Acharás – Junho de 2000). 
Nota-se de uns tempos para cá um interesse maior nas pessoas em conhecer alguma coisa do Espiritismo. Como o senhor vê essa situação? 


Chico Xavier:


- Eu creio que o número de adeptos da Doutrina Espírita tem crescido em função das provas coletivas com que temos sido defrontados, acidentes dolorosos, provações muito difíceis, desvinculações familiares tremendas, transformações muito rápidas nos costumes sociais e tudo isso tem induzido a comunidade a procurar uma resposta espiritual a estes problemas que vão sendo suscitados pela própria renovação do nosso tempo.


Eu creio que, por isso mesmo, a Doutrina Espírita tenha alcançado este campo de trabalho cada vez mais amplo, que considero também não como êxito, mas como amplitude e responsabilidade para aqueles que são os companheiros da seara espírita e evangélica.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira). 
O filme Kramer x Kramer questiona o problema da paternidade e da maternidade a partir da separação de um casal e da educação resultante dessa união. Você acha que a Jurisprudência deveria introduzir novos critérios nas questões da família e permitir ao pai, em maior número de casos, ficar com a guarda do filho? 


Chico Xavier:


- Nós que lidamos com o assunto de reencarnação, somos compelidos a entender que no espírito feminino ou da criatura que atravessou larga faixa de séculos no campo da feminilidade, o amor está plasmado para a criatividade perante a vida.


Por enquanto, eu não posso conceber que no espírito de masculinidade haja recursos suficientes para que a criação dos filhos ou a condução da criança, em si, encontre um campo bastante fortalecido para que a criatura se desenvolva em nosso meio terrestre. Creio que seja uma inversão de valores.


Não posso entender muito bem esta parte, pelo menos para os próximos anos, porque então teríamos de educar a mulher para ter as atividades do homem e educar o homem para ter as atividades da mulher o que seria um contra-senso, sobretudo se fôssemos exigir isso de um momento para outro.


(Do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
Moacyr Franco – A ciência cada vez mais se dedica à inseminação artificial. Eu queria saber do senhor qual é ponto de vista da espiritualidade sobre os filhos de laboratório? 


Chico Xavier:


- Em diversos países, notadamente da Europa, a inseminação artificial se tornou algo de comum, mas cremos que é um assunto que se deve atribuir àqueles que se encontram descompromissados e sem nenhum vínculo para com deveres que eles não tenham.


Sabemos de senhoras de determinado país da Europa, que tendo altos vencimentos, porque são donas de uma inteligência invulgar, essas senhoras, que não se casaram, podendo pagar várias empregadas para tomar conta de um filho, acharam de bom alvitre escolherem o material que lhes pareceu mais adequado à vida delas. De modo que ficamos na expectativa sobre o assunto, num país como o nosso, em que estamos interessados em limitar os números crescentes do fator demográfico.


(Momentos principais do Especial com Chico Xavier do Programa “Terceira Visão”, da Rede Bandeirantes, São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987.) 
O casal tem o direito de programar o número de filhos em sua própria casa? 


Chico Xavier:


- Diz Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos” que o homem deve corrigir tudo aquilo que possa ser contrário à natureza. Hoje, dividem-se as opiniões, mas à frente da problemática da nossa civilização, à frente dos impositivos da educação e da assistência à família, nós, pessoalmente, acreditamos que o casal tem direito de pedir a Deus inspiração, de rogar a Jesus as sugestões necessárias para que não venha a cair em compromissos nos quais os cônjuges permaneçam frustrados.


Somos filho de família numerosa. Pessoalmente sou descendente de uma família de 15 irmãos, mas, de 20 anos para cá, a vida no planeta tem sofrido muitas alterações e devemos estudar o planejamento com muito respeito à vida e conseqüentemente a Deus, em nossos deveres uns pra com os outros, e não cairmos em qualquer calamidade por omissão ou deserção dos nossos deveres.


(Extraído do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier ) 
Como ficará a Doutrina Espírita após a sua morte? O senhor acha que ela ficará abalada? Quem poderá substituí-lo na liderança? 


Chico Xavier:


- A Doutrina Espírita estará tão bem depois da minha desencarnação quanto estava antes, porque eu não sou pessoa com qualidades especiais para servi-la. Eu sou um médium tão comum, tão falível como qualquer outro. Não me sinto uma pessoa necessária e muito menos indispensável. Outros médiuns estarão aí interpretando o pensamento e a mensagem dos nossos amigos espirituais, e eu peço a Deus apenas que não me deixe dar “mancadas” em minha tarefa.


(“O Espírita Mineiro”, número 182, maio/agosto de 1980 – Páginas 256/257 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira, 1992) 
A que atribui o fato de grande parte da população brasileira seguir duas religiões. Nas grandes capitais, a maioria das pessoas declara-se tradicionalmente pertencente a essa ou aquela igreja, mas na hora da dor e da adversidade, muitos vão em busca do pai-de-santo ou do caboclo incorporado que lhes afirma: ‘Vou dar um jeito no seu problema”. 


Chico Xavier:


- Ante os problemas do imediatismo na Terra ser-nos-á realmente difícil pensar em nossos irmãos da coletividade humana por pessoas capazes de aguardar uma solução mais segura às questões que as preocupam quando algum ingrediente de facilidade possa surgir de perto, quase que exigindo a adesão da criatura necessitada, para que a tranqüilidade transitória venha a favorecê-la. Isso é claramente humano. Aliás, não será de desprezar o concurso que alguém nos oferte em benefício de nossa paz, quando a aflição muitas vezes dramatizada ou exagerada nos colha de assalto. Entretanto, as leias da vida não se alteram para ninguém. Uma ferida em nós pode talvez encontrar um paliativo que a obscureça, dando-nos a impressão de cura, mas chega sempre o momento em que verificamos, às vezes tardiamente, que essa ferida, supostamente um mal, era justamente o bem que necessitávamos para evitar sofrimento maior.


(Do livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita) 
Dentro da Doutrina Espírita, como se explicam as mortes, assim aos milhares, em guerras, enchentes, em toda espécie de catástrofe? 


Chico Xavier:


- São essas provações, que coletivamente adquirimos do ponto de vista de débitos cármicos. As vezes empreendemos determinados movimentos destrutivos, em desfavor da comunidade ou do indivíduo, às vezes operamos em grupo, às vezes, em vastíssimos grupos e, no tempo devido, os princípios cármicos amadurecem, e nós resgatamos as nossas dívidas, reunindo-nos uns com os outros, quando estamos acumpliciados nas mesmas culpas, porque a Lei de Deus é a Lei de Deus, formada de justiça e de misericórdia.


(Do livro: “Chico Xavier – Dos Hippies aos problemas do mundo) 
O que essa convivência estreita com os Espíritos lhe tem ensinado de mais importante? 


Chico Xavier:


- “Creio que a matéria mais importante que recolhi da convivência diária com os Amigos Espirituais, durante 60 anos, é a que julgo seja o meu relacionamento com os meus semelhantes.


“Tendo saído de um curso primário que não me proporcionava naturalmente qualquer diretriz psicológica para compreender as outras pessoas, o tato e a caridade que os Espíritos Amigos me ensinaram para guardar o respeito que devo ao próximo e que preciso manter para a minha paz íntima, na essência, foram e ainda são os melhores recursos que recebi da convivência com eles, para me relacionar com os irmãos da caminhada humana. Isso porque me cabe aceitá-los como são, dosando a verdade em qualquer diálogo que se faça necessário, sem feri-los e sem prejudicá-los.


Dizem os Amigos Espirituais que as atitudes de apreço e tolerância construtiva para com as criaturas, sejam como sejam, nos fazem ver que precisamos da cooperação delas, em nosso próprio benefício.”


(Revista Espírita -Nº 1) 
Existem pessoas que têm acorrido a todos os recursos terrenos e espirituais na esperança de uma cura para sua enfermidade, e não tendo resolvido seu problema, acabam chegando à descrença. Mesmo sem fé, muitas vezes ainda procuram você como um recurso. Essas pessoas podem chegar a receber uma cura? 


Chico Xavier:


- Acredito que, se a pessoa está no merecimento natural da cura, tenha ela fé ou não tenha fé, a misericórdia divina permite que essa criatura encontre a restauração de suas forças.


Isso em qualquer religião, ou em qualquer tempo; agora, os espíritos nos aconselham um espírito de aceitação. Primeiramente, em qualquer caso de doença que possa ocorrer em nós, em nosso mundo orgânico, o espírito de aceitação, torna mais fácil ao médico deste mundo ou para os benfeitores espirituais do outro, atuarem em nosso favor.


Agora, a nossa aflição ou a nossa inquietação, apenas perturbam os médicos deste mundo ou do outro, dificultando a cura. E podemos ainda acrescentar: que muitas vezes temos conosco determinados tipos de moléstias, que nós mesmo pedimos, antes de nossa reencarnação, para que nossos impulsos negativos ou destrutivos sejam amainados.


Muitas frustrações que sofremos neste mundo são pedidas por nós mesmos, para que não venhamos a cair em falhas mais graves do que aquelas que já caímos em outras vidas. Mas, como estamos num regime de esquecimento – como uma pessoa anestesiada para sofrer uma operação – então demandamos em rebeldia, em aflição desnecessária, exigindo uma cura, que se tivermos, será para nossa ruína, não para o nosso benefício.


(De uma entrevista dada à Revista Destaque, em Outubro de 1977. Consta do livro Chico Xavier – O Homem, o Médium e o Missionário, ) 
O mal nunca vencerá o bem? 


Chico Xavier:


- O bem sanará o mal, porque este não existe: é o bem, mal interpretado. Muitas vezes aquilo que julgamos como mal, daqui a dois, quatro, seis anos, é um bem. Um bem cuja extensão não conseguimos avaliar. Portanto, o mal está muito mais na nossa impaciência, no nosso desequilíbrio quando exigimos determinadas concessões, sem condições de obtê-las. De modo que o mal é como se fosse o frio. Este existe porque o calor ainda não chegou. Mas chegando o aquecimento, o frio deixa de existir.


Se a treva aparece é porque a luz está demorando, mas quando acendemos a luz ninguém pensa mais nas trevas. Não creio na existência do mal em substância. Isso é uma ficção.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira.) 
Deve-se aceitar a lei do carma passivamente ou temos condições de modificá-la, talvez, para uma condição melhor? 


Chico Xavier:


- Aquilo que ficou estabelecido como sendo nossa dívida é uma determinação que devemos pagar. Se comprei e assumi a dívida, devo pagar.


É o que consideramos destinação, é o carma.


Mas isso não impede a lei da criatividade com a qual nós podemos atuar todos os dias para o bem, anulando o carma, chamado de sofrimento.


Vamos supor que uma criatura está doente e precisa de uma intervenção cirúrgica. É o caso de perguntarmos: ela deve ou não se submeter à intervenção cirúrgica, o que tem todas as possibilidades de êxito?


Ela deve sim, deve preservar o seu próprio corpo, é um dever procurar a medicina e se valer do socorro médico para a reabilitação do seu próprio organismo. Então, aí está uma resposta a esta questão.


A misericórdia de Deus sempre nos proporciona recursos para pagar ou reformar os nossos títulos de débito, assim como uma organização bancária permite que determinadas promissórias sejam pagas com grandes adiantamentos, conforme o merecimento do devedor. Assim como temos grande número de amigos avalistas a nos tutelar nos Bancos, temos também os espíritos extraordinários que são os santos, os anjos, os nossos amigos espirituais que pedem por nós, que auxiliam, que nos dão mais oportunidade para que a gente tenha mais tempo. Por isso que a pessoa deve cuidar bem de seu corpo, porque ele é a enxada com a qual a criatura está semeando e lavrando o terreno do tempo e das boas ações.


De modo que existe o carma, mas existe também o pensamento livre, porque nós somos livres por dentro da cabeça.


(Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor, editado pela União Espírita Mineira.) 
Como devemos entender a expressão “almas gêmeas” dentro da conceituação de que os espíritos não têm sexo? 


Chico Xavier:


- Diz “O Livro dos Espíritos” que os espíritos não possuem sexo como entendemos na Terra, mas percebamos “como entendemos”, de vez que, do ponto de vista da comunhão das criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo tem o magnetismo que se lhe faz peculiar.


A saudade de alguém é a fome do magnetismo desse alguém, razão pela qual o amor é uma lei para nós todos, das pessoas umas com as outras no curso do tempo e na construção dos ideais que lhes são comuns.


(Do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier) 
O que lhe ocorre dizer às pessoas que pedem a Deus para morrer por não encontrarem significado para viver, por terem perdido as esperanças de auto-realização? 


Chico Xavier:


- Cremos sinceramente que devemos pedir a Deus, conforme o ensinamento de nossos instrutores, não o afastamento de nossas provas, mas sim a força necessária para suportá-las proveitosamente. Não nos adianta solicitar a morte prematura, a pretexto de sermos fracos para carregar os benefícios do sofrimento, porque deixar o trabalho, antes de completá-lo, nada mais seria que agravar os nossos problemas próprios, porquanto, chegaremos sempre e inevitavelmente à convicção de que a morte não existe como sendo o fim de nossas preocupações e responsabilidade.


(Extraído do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier ) 
Estávamos com um amigo em Belo Horizonte e esse amigo queria conhecer as belas mansões de Pampulha. Chico Xavier, esse amigo e eu tomamos um automóvel e começamos a contornar o famoso e lindo lago da capital mineira, contemplando as formosas casas residenciais. 


O amigo perguntou ao médium:


— Chico, você não tem inveja dos moradores desses lindos palácios?


Chico Xavier:


— Naturalmente que os moradores dessas mansões são todos excelentes amigos, gente muito boa de nossa terra, mas não tenho inveja deles, porque se todos nós temos que desencarnar um dia e largar tudo o que temos neste mundo, por que havemos de sentir inveja uns outros?


Penso que cada um de nós está no lugar onde está o trabalho que Deus nos manda fazer.


(Depoimento de Nena e Francisco Galves à Marlene Nobre


em pequena História de Uma Grande vida”, 1977)


Informativo do GEAL – Boletim mensal – Dezembro 1995 Ano v – No 6 
Era uma agradável tarde de sábado e estávamos na ecumênica área da casa do Chico, quando alguém lhe disse: 


- Chico, fale-nos sobre Meimei.


Sua fala mansa e agradável começou a penetrar-nos os ouvidos:


Chico Xavier:


-É um Espírito que tem trabalhado muito. lembro-me quando ela precisou encaminhar seu ex-esposo, que andava muito triste para o segundo matrimônio. Quando a data do casamento estava próxima, ela começou a sentir um pouco de ciúmes e desejou voltar para junto dele.


“Como esposa, não dá mais tempo. Mas, como filha, ainda posso” – pensou ela.


- Fez a solicitação, mas por sorte ou azar dela, seu requerimento foi parar nas mãos de nosso caro Emmanuel. Ele a chamou e disse:


“ Suas horas de trabalho falam alto a seu favor. A senhora tem méritos suficientes para nascer como filha de sue ex-esposo, mas por que, então, a senhora sensibilizou tantos corações com suas mensagens, levantando creches e lares para crianças ?


Deseja deixar o trabalho sobre os ombros dos companheiros e volta à Terra por uma simples questão de ciúmes ?


Posso encaminhar seu requerimento às Autoridades Superiores, mas quero que a senhora fique bem certa de que ele vai sair daqui com o primeiro não, que é o meu.”


- Desde então Meimei desistiu da idéia e continua no Mundo Espiritual, graças a Deus.


Do Livro Chico, de Francisco Autor Adelino da Silva – Ed. Céu 
Pode-se afirmar que todos os homens que habitam hoje a Terra já tiveram uma experiência anterior de vida? 


Chico Xavier:


- Todos os que estão acima da inteligência sub-mediana são espíritos reencarnados. Agora, os espíritos nos explicam que aquelas criaturas demasiadamente primitivas, que às vezes nem mesmo se deslocam para o serviço de auto-alimentação, essas criaturas estarão talvez na primeira experiência de existência humana. Mas, desde que a criatura já nasça com determinadas tendências, essas revelam que as pessoas já viveram em outras fases, em outras instâncias.


Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,


editado pela União Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais. 
A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até quando? 


Chico Xavier:


- O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório perispirítico, o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo correspondente ao tempo que o hábito perdurou na existência física do fumante. Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige quotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo.


Resposta de Emmanuel, através do Chico Xavier,


dada a entrevista feita pelo jornalista Fernando Worm,


em agosto de 1978, inserida no livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier


nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre. 
Você tem medo da morte? 


Chico Xavier:


- Não tenho medo, pois creio que essa convivência com entidades espirituais me deu um desligamento dos interesses imediatos da vida física.


Prefiro viver no padrão que fui criado. Assim eu quero que seja até o dia de partir.


Não sou atormentado pela dor.


Sou muito feliz porque os espíritos me escolheram para realizar esta tarefa de, durante algum tempo, na forma de livros e mensagens, poder estender suas opiniões e manifestações. Comecei este trabalho em 1927 e trabalhei regularmente com eles até 1994.


De uma entrevista dada a Gugu Liberato, em novembro de 1995, publicada na Revista Isto É. 
Qual a melhor atitude da mulher que trabalha fora e, por questão de formação ou oportunidade, se sobressai mais que o marido? 


Chico Xavier:


- A mulher precisa de muito tato, humildade e necessita ser fiel cooperadora e necessita ser fiel cooperadora no progresso do esposo, abstendo-se de falar em casa ou em público com relação à sua superioridade ante o companheiro, às vezes ansioso por encontrar uma promoção digna no trabalho a que se vincula por dever de família.


Jornal Busca e Acharás – Agosto de 2000 
Ante as lutas que surgiram ao longo do tempo, algumas vez chegou a pensar em viver a sua própria vida, deixando a mediunidade? 


Chico Xavier:


- “No princípio das tarefas, estranhei a disciplina a que devia submeter-me. Fiquei triste ao imaginar que eu era uma pessoa rebelde e, nesse estado de quase depressão, certa feita me vi, fora do corpo, observando um burro teimoso puxando uma carroça que transportava muitos documentos.


Notei que o animal, embora trabalhando, fitava com inveja os companheiros da sua espécie que corriam livremente no pasto, mas viu igualmente que muitos deles entravam em conflitos, dos quais se retiravam com pisaduras sanguinolentas.


O burro começou a refletir que a vida livre não era tão desejada como supusera, de começo. A viagem da carroça seguia regularmente, quando ele se reconheceu amparado por diversas pessoas que lhe ofereciam alfafa e água potável.


Finda a visão-ensinamento, coloquei-me na posição do animal e compreendi que, para mim, era muito melhor estar sob freios disciplinares, do que ser livre no pasto da vida, para escoicear companheiros ou ser por eles escoiceado”.


Anuário Espírita (1988) 
Como descreveria a ação dos componentes do cigarro no perispírito de quem fuma? 


Chico Xavier:


- As sensações do fumante inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da angustiosa sede de recursos tóxicos a que se habituou no Plano Físico, de tal modo obsecante que as melhores lições e surpresas da Vida Maior lhe passam quase que inteiramente desapercebidas, até que se lhe normalizem as percepções.


O assunto, no entanto, no capítulo da saúde corpórea, deveria ser estudado na Terra mais atenciosamente, de vez que a resistência orgânica decresce consideravelmente com o hábito de fumar, favorecendo a instalação de moléstias que poderão ser claramente evitáveis.


A necropsia do corpo cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa sem esse hábito estabelece clara diferença.


Entrevista feita pelo jornalista Fernando Worm, em outubro de 1978,


inserida no livro Lições de Sabedoria – Chico Xavier


nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre. 
Por que, na maioria dos casos, após a morte, a fisionomia dos desencarnados adquire uma expressão de suave paz? 


Chico Xavier:


- A maioria das criaturas, em se desencarnando, de maneira pacífica, isto é, com a paz de consciência, quase sempre reencontra entes queridos que a antecederam na viagem da chamada morte física e deixa no próprio semblante as derradeiras impressões de paz e alegria que o corpo consegue estampar.


Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 241 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira – Belo Horizonte, 1992 
Gostaria de saber como uma pessoa pode notar que é dotada de mediunidade, quais as vantagens espirituais oferecidas pela mesma, e como essa pessoa deve proceder? 


Chico Xavier:


- Vamos dizer, a mediunidade é peculiar a toda criatura humana; todas as pessoas são portadoras de valores mediúnicos que podem ser cultivados ao máximo, desde que a criatura se dedique a esse gênero de trabalho espiritual. De modo que. muitas vezes, encontramos uma certa dificuldade no problema mediúnico dentro da Doutrina Espírita.


De modo geral, a pessoa só se diz médium quando se sente vinculada a um processo obsessivo; quando sente arrepios, muita perturbação., muito assediado, médium doente. A mediunidade está enferma. Mas a pessoa sã, em plenitude dos seus valores tísicos, pode perfeitamente estudar a própria mediunidade e ver qual o caminho que suas faculdades mediúnicas podem tomar.


Uma criatura que desenvolva a sua própria mediunidade, desenvolve-a educando-se, procurando aprimorar a sua capacidade cultural, os seus valores, vamos dizer, os seus valores de experiência humana, os seus contatos no campo da humanidade, o seu dom de servir; essa criatura encontra na mediunidade um campo vastíssimo de trabalho e de felicidade, porque a felicidade verdadeira vem do trabalho bem aplicado, daquele trabalho que se constitui um serviço pelo bem de todos.


E o médium, dentro da Doutrina Espírita. é uma criatura não considerada fora de série de criaturas humanas 0 médium é um ser humano, com as fraquezas e as perfeições potenciais de toda a criatura terrestre.


Então, a Doutrina Espírita é Mãe Generosa porque acolhe a criatura humana e faz dela um médium, mesmo que tenha muitos erros e muitos acertos, mas, depois, no Curso do tempo, os acertos vão abafando os erros e a criatura pode terminar a existência com grande merecimento porque pelo trabalho na mediunidade , trabalho pelo bem comum, ela vence esse peso, que é o mais importante no mundo.


Vencer a nós mesmos do ponto de vista das tendências inferiores que estejamos carregando. Falo isso a meu respeito, porque não creio que ninguém carregue tanta imperfeição como eu…


Evangelho e Ação – Fevereiro e Março de 2000 
Certa senhora, presidente de uma grande instituição de caridade, desencarnara e o amigo que ficou em seu lugar pediu-me perguntar ao Chico se ele estava preparado para assumir aquela tarefa. 


Eis a resposta:


Chico Xavier:


-Nenhum de nós está preparado para realizar a Obra do Cristo. Mas isso não é motivo para fugirmos do trabalho e permanecermos na inércia, e sim trabalhar, oferecendo ao Senhor o que temos de melhor. Isto porque ainda não somos anjos e sim criaturas humanas, que precisam trabalhar na Obra de Jesus, à qual devemos oferecer o que tenhamos de melhor.


Jornal Busca e Acharás – Outubro de 2000 
Que pensar da situação do doador de órgãos, no momento da morte, uma vez que seu instrumento físico se viu despojado de parte importante? 


Chico Xavier:


– É o mesmo que sucede com uma criatura que cede seus recursos orgânicos a um estudo anatômico, sem qualquer repercussão no espírito que se afasta – vamos dizer, de sua cápsula material.


O nosso André Luiz considera, excetuando-se determinados casos por mortes em acidentes e outros casos excepcionais, em que a criatura necessita daquela provação, ou seja, sofrimento intenso no momento da morte, esta de um modo geral não traz dor alguma porque a demasiada concentração do dióxido de carbono no organismo determina anestesia do sistema nervoso central, diz ele.


Estou falando como médium, que ouve esses amigos espirituais: não que eu tenha competência médica para estar aqui, pronunciando-me em termos difíceis.


Eles explicam que o fenômeno da concentração do gás carbônico no organismo alteia o Ter da anestesia do sistema nervoso central provocando um fenômeno que eles chamam de acidose. Com a acidose vem a insensibilidade e a criatura não tem estes fenômenos de sofrimento que nós imaginamos.


O doador, naturalmente, não tem, em absoluto, sofrimento algum.


Jornal Evangelho e Ação – Janeiro de 2001. 
Solicitado a opinar sobre o sexo, Francisco Cândido Xavier ensejou-nos nova e amorável mensagem: 


Chico Xavier:


- Acreditamos que o compromisso sexual entre duas pessoas deve ser profundamente respeitado. Uma terceira pessoa em qualquer compromisso sexual é uma dificuldade a superar, porque não podemos esquecer que a lesão sentimental é, talvez, mais importante do que uma lesão física.


E alguém que prometeu amor a alguém deve se desincumbir deste compromisso com grandeza de pensamento e sem qualquer insegurança.


Não compreendemos a promiscuidade. Mas entendemos perfeitamente o relacionamento de alma para alma, com respeito que nós todos devemos uns aos outros.”


Fonte: “O Espírita Mineiro”. número 179, julho/agosto/setembro de 1979.


Publicado no livro CHICO XAVIER – MANDATO DE AMOR, editado abril/1993


pela União Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais 
Atualmente, fala-se muito nos contatos de seres extraterrenos. 


O senhor acredita na existência de discos voadores?


Chico Xavier:


- Eu acredito que existem naves interplanetárias. Mas o assunto é um tanto quanto difícil, porque pertence ao campo da ciência.


Nós não podemos ignorar que, depois da Segunda Guerra Mundial, as superpotências experimentaram determinadas máquinas, mormente máquinas voadoras, naturalmente com segredos de Estado que são compreensíveis. Possivelmente, teremos máquinas de formas esféricas para voar e concorrer com nossos aviões, com nossos “Concordes” e talvez estejam esperando a hora certa para surgir.


Se entrarmos aí numa contenta sobre discos voadores, que dependem de outros mundos, de outras regiões de nossa galáxia, e se as sedes desses engenhos não permitirem que eles venham visitar a Terra durante muito tempo e aparecerem as máquinas esféricas das superpotências, então com que rosto vamos aparecer?


Vamos deixar que a ciência resolva este problema.


Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,


editado pela União Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais. 
Nair Belo, no programa da Hebe, em janeiro de 1986, lamentou a existência de grande quantidade de jovens que estão fazendo uso de drogas, e perguntou ao médium o porquê desse desastre. 


Chico Xavier:


- O tóxico é o irmão mais sofisticado da cachaça, através da qual também nós temos perdido muita gente.


A fascinação pelo tóxico é a necessidade de amor que o jovem tem. Mesadas grandes que não são acompanhadas de carinho e de calor humano paterno geram conflitos muito grandes.


Muitas vezes a privação do dinheiro, o trabalho digno e o afeto vão construir uma vida feliz.


Extraído do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier


nos 23 anos da Folha Espírita, escrito por Marlene R. S. Nobre. 
Sempre me pareceu que nós, a maioria das pessoas, desconhecemos a imensa força do pensamento na formulação da existência. 


O pensamento pode reformular a vida de uma pessoa?


Chico Xavier:


- Sem dúvida. Os benfeitores espirituais são unânimes em asseverar que toda renovação do espírito, em qualquer circunstância, começa na força mental. O pensamento é a força criadora nas menores manifestações.


Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 241 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira – Belo Horizonte, 1992 
Ignora você a popularidade que os livros mediúnicos lhe trouxeram? 


Chico Xavier:


- Sei que eles me trouxeram muita responsabilidade. Quanto ao caso da popularidade, sei que cada amigo faz de nós um retrato para uso próprio e cada inimigo faz outro. Mas diante do Mundo Espiritual não somos aquilo que os outros imaginam e sim o que somos verdadeiramente. Desse modo, sei que sou um espírito imperfeito e muito endividado, com necessidade constante de aprender, trabalhar, dominar-me e burilar-me perante as leis de Deus.


Numa de suas raras entrevistas, Chico Xavier recebeu em sua casa, nas comemorações dos 40 anos de suas manifestações mediúnicas, o escritor Elias Barbosa, autor de “No mundo de Chico Xavier” e respondeu as perguntas do autor. Nelas, Chico expõe fatos e episódios que são pouco conhecidos e dizem de seus primeiros anos de vida na senda do espiritismo. 
Um grande amigo tinha recebido uma considerável indenização e não sabia como aplicar o dinheiro. 


Estávamos em Uberaba e eu lhe disse:


-Por que você não pergunta ao Chico?


Ele assim o fez. Vejamos a resposta:


Chico Xavier:


- O Espírito Emmanuel ensina que há um provérbio espanhol que diz:


“Não carregues o teu tesouro numa só nau”.


Meu amigo diversificou o investimento e, pelo que sei, está bem até hoje.


Jornal Busca e Acharás – Outubro de 2000 
O que poderá acontecer ao mundo se continuarem as atuais agressões à natureza? 


Chico Xavier:


- Acontece que estamos agredindo, não a natureza, mas a nós próprios e responderemos pelos nossos desmandos.


É importante pensar que se criou a Ecologia para prevenir estes abusos.


Aqueles que acreditarem na Ecologia acima de seus próprios interesses nos auxiliarão nessa defesa do nosso mundo natural, da nossa vida simples na Terra, que poderia ser uma vida de muito mais saúde e de muito mais tranqüilidade se nós respeitássemos coletivamente todos os dons da natureza.


Mas, se continuarmos agredindo-a demasiadamente, o preço será pago por nós próprios, porque depois voltaremos em novas gerações, plantando árvores, acalentando sementes, modificando o curso dos rios, despoluindo as águas, drenando os pântanos e criando filtros que nos libertem da poluição.


O problema será sempre do homem.


Teremos que refazer tudo, porque estamos agindo contra nós mesmos.


Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,


editado pela União Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais. 
Se o senhor tivesse que dar uma mensagem a uma criança, ou mesmo a um filho, para que ele pudesse vencer espiritualmente na vida, o que diria? 


Chico Xavier:


- Se eu tivesse um filho (tive na minha vida algumas crianças que cresceram sob a minha responsabilidade), ensinaria nos primeiros dias de vida desse filho o respeito à existência de Deus e o respeito à justiça e amor ao trabalho. E, em seguida, ensinaria que ele não seria, e não será, melhor do que os filhos dos outros.


Reportagem dos jornalistas Airton Guimarães e José de Paula Cotta,


do jornal “Estado de Minas”,


publicado nas edições de 8, 9, 10 e 12 de julho de 1980.


Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,


editado pela União Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais. 
Como encontrar motivação e despertar em nosso íntimo novas e insuspeitadas fontes de energia na reedificação da nossa felicidade? 


Em outras palavras: qual o caminho para nos sintonizarmos com os inesgotáveis mananciais de energia do Universo?


Chico Xavier:


- Dizem os amigos espirituais que a iniciação da verdadeira felicidade está em fazer os outros felizes. Ao doar alegria e paz, bom ânimo e segurança ao próximo, encontramos a fonte de energia que nos fará constantemente motivados para a sustentação da felicidade para nós mesmos.


Resposta dada em entrevista feira pelo jornalista Fernando Worm, publicada no jornal “O Espírita Mineiro”, de Belo Horizonte, MG, número 171, fevereiro/abril de 1977. Página 241 do livro “Chico Xavier – mandato de amor”/União Espírita Mineira – Belo Horizonte, 1992 
Chico, o homem pode voltar na condição de mulher na reencarnação imediata e vice-versa? 


Chico Xavier:


- É perfeitamente possível. Kardec deixou o assunto para interpretação a nosso bel-prazer. O homem, por vezes, precisará voltar na posição de mulher para desenvolver sentimentos que ele persiste, de modo particular, em recusar; e a mulher na posição de homem, para consolidar os méritos da renúncia, da humildade e do sacrifício aos quais tenha sido indiferente ou deixado de exercitar na condição mais propícia de mulher.


Jornal Busca e Acharás – Agosto de 2000 
No seu modo de entender, como se situa o Espiritismo no Brasil? 


Chico Xavier:


- Desde muito, os instrutores desencarnados nos ensinam, por via mediúnica, que o Espiritismo no Brasil é realmente a Doutrina Codificada por Allan Kardec, restaurando os ensinamentos de Jesus, em sua simplicidade e clareza. Enquanto em muitos países diferentes do nosso, a prática espírita se resume a observações puramente científicas e a técnicas mediúnicas, entre nós, brasileiros, o assunto assume características diversas, compreendendo-se que o reconhecimento da imortalidade da alma faz-se acompanhar de conseqüências morais a que não nos será lícito fugir. Aprendemos com Allan Kardec que a Doutrina Espírita é a presença espiritual de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, conclamando-nos à vivência real dos seus ensinamentos de luz e amor.


Em razão disso, o Espiritismo no Brasil é a caridade em ação com a fé raciocinada baseando-lhe as iniciativas e movimentos. Consultemos o acervo das instituições assistenciais do Espiritismo Cristão, espalhadas no Brasil inteiro e observemos a difusão das obras de Allan Kardec, em todo o nosso País, com a supervisão e o devotamento da Federação Espírita Brasileira e ser-nos-á fácil reconhecer em nosso desenvolvimento coletivo a presença do Espiritismo em sua legítima expressão, a definir-se como sendo o retorno das criaturas ao Cristianismo simples e puro.


Justamente por ocasião do seu quadragésimo aniversário em mediunidade, em 1967, Chico Xavier foi ouvido pelo jovem radialista Romeu Sérgio, que lhe formulou algumas indagações, respondidas, para figurarem num programa de grande audiência na Rádio Cultura da cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, de onde pinçamos essa opinião.


Do livro de Elias Barbosa, No Mundo de Chico Xavier, editado pelo Instituto de Difusão Espírita, de Araras, SP 
Estuda-se no Brasil uma forma de legalização do aborto. Qual sua opinião? 


Chico Xavier:


- O aborto é sempre lamentável, porque se já estamos na Terra com elementos anticoncepcionais de aplicação suave, compreensível e humanitária, porque é que havemos de criar a matança de crianças indefesas, com absoluta impunidade, entre as paredes de nossas casas?


Isto é um delito muito grave perante a Providência Divina, porque a vida não nos pertence e, sim, ao poder divino.


Se as criaturas têm necessidade do relacionamento sexual para revitalização de suas próprias forças, o que achamos muito justo, seria melhor se fizessem sem alarme ou sem lesão espiritual ou psicológica para ninguém. Se o anticoncepcional veio favorecer esta movimentação das criaturas, por que vamos legalizar ou estimular o aborto?


Por outro lado, podemos analisar que se nossas mães tivessem esse propósito de criar uma lei do aborto no século passado, ou no princípio e meados deste século, nós não estaríamos aqui.


Transcrito do livro Chico Xavier – Mandato de Amor,


editado pela União Espírita Mineira – Belo Horizonte, Minas Gerais. 
Tv Manchete – Por que pessoas que fazem tanto bem para a Humanidade, como a Irmã Dulce, tem uma morte tão sofrida? 


Chico Xavier:


- Lembrando com muito respeito e reconhecimento a Irmã Dulce, nossa patrícia, nós perguntamos: E por que o sofrimento de Jesus no lenho? ! Ele era o guia da Humanidade e, a bem dizer, um anjo protetor da comunidade humana. É que nós necessitamos de uma interpretação mais exata do sofrimento em nosso caminho diário. Creio que todos nós devemos pagar o tributo da evolução, no agradecimento à Divina Providência dos bens que desfrutamos.


E nesse particular, se é possível, eu peço licença para recordar o meu próprio caso. Eu sempre tive uma vida normal, como a de tantos seres humanos. Entretanto, com uma labirintite que me apanhou há 3 anos, sou agora praticamente um paraplégico, porque tenho as minhas pernas constantemente doloridas e inúteis.


Mas reconheço que estou com 82 anos de existência física, a caminho dos 83, tenho muita alegria de viver e tenho muita satisfação pela oportunidade de conhecer uma doença que me priva da vida natural de intercâmbio com os próprios familiares.


Um paraplégico que se habituou a usar muletas nos visitou há dias e me perguntou: “ Chico Xavier, eu sou um leitor das páginas mediúnicas que você tem recebido… Indago a você por que é que Emmanuel, um Espírito benemérito; por que é que André Luiz, um médico de altos conhecimentos; por que é que Meimei, uma irmã que foi a professora devotada da infância e da mocidade; por que é que o Dr. Bezerra de Menezes, que continua sendo, na Vida Maior, um médico do mais elevado gabarito e que é seu amigo – por que é que eles não curam você?”


Eu disse assim: “ Meu amigo, graças a Deus, eu não me sinto com privilégio algum… A mediunidade não me exime das vicissitudes e das lutas naturais de qualquer pessoa dos nossos grupos sociais”.


Penso que essa moléstia tão longa e tão difícil é um ensinamento de que eu necessito, porque, quando chegar à Vida Espiritual, breve como espero, e algum Instrutor me perguntar: “Chico Xavier, você nunca teve uma moléstia grave que durasse longo tempo?…” Eu vou dizer:


“Sim, fiz 80 anos e, depois do dia em que completei 80 anos, começou a defasagem do meu corpo físico…” Mas isto é muito natural em qualquer pessoa, especialmente na pessoa idosa. É uma crucificação gradual e que eu necessito, para não ficar envergonhado no Além, quando eu chegar à convivência dos nossos irmãos já desencarnados… Eu quero não sentir vergonha de nunca ter sofrido…


Mas para mim isto não é sofrimento. Tenho muitos bons amigos, cultivo a amizade com muito calor humano, gosto muito da vida e sei que vou continuar vivendo… Se Jesus permitir, os médicos desencarnados lá me ofertarão, talvez, quem sabe?, alguma melhora ou, se a doença continuar, eu devo saber que é a Vontade de Deus, é o Desígnio Divino que nos deu a felicidade da vida…


Então, eu estou aqui com vocês na maior alegria e creio que nenhum escutou de mim qualquer queixa, porque estou muito bem. Não me falta alimentação, não me falta alimentação, não me falta medicina, os médicos amigos me tratam estudando a moléstia com muita atenção, me proporcionando as melhoras possíveis…


E eu continuo há 2 anos na condição de paraplégico, mas estou muito feliz e, creio eu, estou muito longe da grandeza espiritual da Irmã Dulce, não tenho nada a me queixar, e sim agradecer; eu creio que ela também terá sentido muita felicidade ao se ver libertada do corpo doente. Se ela puder – eu compreendo-, ela, sendo possível, nos auxiliará.


Transcrição Parcial da entrevista concedida à TV Manchete, de Uberaba,


Minas, em 11 de maio de 1992 – Anuário Espírita – 1995 
Rafael Vanucci (Criança) – Chico, e a relação pais e filhos? Como a gente deve se comportar? E como nossos coroas devem nos tratar? 


Chico Xavier:


- Uma criança de 6 a 8 anos, ela não tem recursos para fazer opções. Ela precisa de alguém que a dirija no caminho da vida e isso é uma tarefa dos pais, e das mães em particular. Porque sem os pais e sem as mães, os professores, por eméritos que eles sejam, não podem realizar a transformação espiritual do espírito que a criança representa em si.


E se a criança já nasce numa condição de necessidade, como um pássaro recém-nato que aprende pouco a pouco a voar, é uma descaridade deixarmos nossos filhos em plena ignorância da responsabilidade de viver, da beleza do amor e da felicidade de sermos unidos para o bem. A criança é um adulto que está numa fantasia transitória. Até mais ou menos aos 14, 15 anos, uma criança não tem discernimento para fazer opções quando ao caminho que lhes cabe seguir.


Daí a tragédia dos toxicômanos que começam cedo, seduzidos por criaturas inescrupulosas que se fazem traficantes desses venenos. A falta de pais vigilantes criou os delinqüentes infantis.


Momentos principais do Especial com Chico Xavier d


o Programa “Terceira Visão”, da Rede Bandeirantes,


São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987. 
Acredita você na existência de cidades em Marte, na base de matéria diferente daquela que conhecemos na Terra? 


Chico Xavier:


- Devo informar à “Folha Espírita” que antes de psicografarmos o livro “Nosso Lar”, de nosso amigo André Luiz, a nossa idéia sobre qualquer cidade em outros planetas se fixava em quadros que seriam absolutamente iguais aos do nosso Plano Físico, na Terra.


Quando os amigos espirituais se reportavam a cidades em outros mundos, não possuía, de minha parte, outros padrões comparativos se não os que identificava neste mundo mesmo.


Entretanto, em 1943, quando iniciei a psicografia dos livros de André Luiz, passei a reconhecer que a matéria se caracterizava por diferentes gradações e compreendi que, em torno de paisagens cósmicas, sejam elas quais sejam, podem existir cidades e vida comunitária, em condições que nos escapam, por enquanto, ao conhecimento condicionado de espíritos temporariamente encarnados na existência física.


Entrevista dada à Dra. Marlene Rossi Severino Nobre,


em setembro de 1976, contida no livro de sua autoria


“Lições de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita”. 
Recordo-me de que, há muito tempo, uma mãe aflita, ao debruçar-se-lhe sobre os ombros, indagou em lágrimas: 


“Chico, o que vou fazer agora da minha vida?! … Perdi os meus filhos, Chico, num desastre … Morreram os dois … A minha dor é terrível … Estou desesperada …”


O episódio nos comovia a todos, no “Grupo Espírita da Prece”, em Uberaba.


Fitando-a com os olhos igualmente repletos de lágrimas, o incansável servo do Cristo lhe respondeu:


De nossa parte, ficamos também, em silêncio, a meditar na grandeza da lição daquela hora, a respeito da aceitação do sofrimento, perguntando a nós mesmos quantas dores maiores poderíamos evitar, se nos resignássemos antes as dores aparentemente sem remédio que nos visitam no cotidiano …


Chico Xavier:


-”Filha, o nosso Emmanuel sempre me diz que a aceitação de nossos problemas, sejam eles quais forem, representa cinqüenta por cento da solução dos mesmos; os outros cinqüenta por cento vêm com o tempo … Tenhamos paciência e fé, pois não estamos desamparados pela Bondade Divina.”


Bastou que ouvisse estas palavras do Chico, para que aquela senhora se acalmasse em uma cadeira próxima, começando a refletir sobre os Desígnios de Deus.


Página copiada do livro “Chico Xavier, Mediunidade e Ação”,


escrito por Carlos Antônio Baccelli, de Uberaba, MG 
Com tanta violência e corrupção em nosso país, os benfeitores acreditam que o Brasil seja 


“O coração do mundo e a pátria do Evangelho?”


Chico Xavier:


- Essa pergunta tem sido assunto de muitos diálogos nossos com os companheiros de nossa casa. O nosso Emmanuel é de opinião que dentro do mundo turbulento, com a incompreensão comandando tantos corações, tantos milhões de pessoas, não pode ser motivo de dúvidas para nós que o Brasil é o coração do mundo.


Quando nós nos lembramos que, com todas as deformidades que assinalam a nossa época, com todas as dificuldades de ordem material, nossas mesas têm sido amparadas por benfeitores espirituais. O pão que nós pedimos na oração dominical é modificado por bênçãos de toda a espécie.


Trecho de entrevista feita pela Dra. Marlene Rossi Severino Nobre,


em fevereiro de 1993, extraído do livro de sua autoria


Lições de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita. 
Paris-Match publicou que um autor que há 10 anos criticou a reencarnação, agora publica um outro falando a favor. Afirmou que os médiuns eram falhos, mas que agora é possível ouvir em equipamentos eletrônicos de grande sensibilidade a comunicação dos Espíritos e não há como negar isso. 


Chico Xavier:


- Vemos com muita alegria e com muita esperança de que esse evento possa ser aperfeiçoado e assim podermos contar com a eletrônica para suplementar todas as formas de comunicação com o mundo espiritual. A palavra do autor é significativa e devemos aguardar com interesse e carinho os estudos que ele fez. O conhecimento da reencarnação vai ganhando inteligências através da parapsicologia. E essa vitória do autor pertence à coletividade humana porque é a palavra de um homem resguardada pela fé e pela inteligência.


Vamos esperar que a reencarnação seja pesquisada cada vez mais para que cheguemos às convicções espíritas cristãs e para que não restem dúvidas a respeito.


Nós, espíritas, enfrentamos uma vereda espinhosa para subir determinado monte, o monte da fé, sem esperar qualquer conforto e temos a reencarnação, como ponto pacífico. Mas, atualmente, através da ciência, está se construindo uma avenida para chegar aos mesmos resultados a que nós chegamos. Esperemos que o autor não esmoreça e que outros autores apareçam e venham a formular conosco a realidade da reencarnação, que é incontestável.


Entrevista concedida ao Dr. Rossi,


no Centro Espírita União, em São Paulo, SP,


durante o XIV Encontro da Boa Vontade, na noite de 05/10/1988.


Transcrito da Folha Espírita, S.Paulo, novembro de 1988. 
Benedito di Paula – Meu querido amigo Chico Xavier, há mais de 60 anos você se dedica a um trabalho mediúnico maravilhoso! Qual o significado disso tudo e o que isso representa para você? 


Chico Xavier:


- Um amigo espiritual em se comunicando aqui, há poucos dias, numa página que eu considero muito interessante, contou que um amigo espiritual perguntou a um Mentor das esferas mais altas, o que significavam 60 anos de trabalho espiritual ininterrupto.


E o Mentor respondeu que, para Jesus, significaria 6 minutos.


Momentos principais do Especial com Chico Xavier d


o Programa “Terceira Visão”, da Rede Bandeirantes,


São Paulo, SP, levado ao vídeo na noite de 25/12/1987. 
Como devemos entender a expressão “almas gêmeas” dentro da conceituação de que os espíritos não têm sexo? 


Chico Xavier:


- Diz “O Livro dos Espíritos” que os espíritos não possuem sexo como entendemos na Terra, mas percebamos “como entendemos”, de vez que, do ponto de vista da comunhão das criaturas, cada qual no corpo ou fora do corpo tem o magnetismo que se lhe faz peculiar.


A saudade de alguém é a fome do magnetismo desse alguém, razão pela qual o amor é uma lei para nós todos, das pessoas umas com as outras no curso do tempo e na construção dos ideais que lhes são comuns.


Entrevista feita pelo Sr. Fernando Worm, janeiro de 1977,


Do livro “Lições de Sabedoria – Chico Xavier nos 23 anos da Folha Espírita”






Fonte:


http://chico-xavier.com/o-chico-responde/