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sábado, 28 de setembro de 2019

A Música e Saúde Física e Mental


Luiz Carlos Formiga


A música tem a capacidade de evocar imagens e sentimentos que não precisam ser refletidos. As variações sonoras são identificadas pelos Lobos Frontais do Cérebro como fonte de prazer.


O Encéfalo estrutura e ordena a sequência de sons e elabora um sistema de significados particular e inédito.


A música não atua apenas como uma forma de expressão artística, mas também como uma maneira de processar o mundo.

Imagine o que pode acontecer num festival de Corais!


O poder terapêutico da MÚSICA.






Inscreva-se e compartilhe. A saúde agradece.



quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Sensacionalismo



Vladimir Alexei
Belo Horizonte das Minas Gerais,
26 de setembro de 2019.



No afã de noticiar estudos e pesquisas, diversos divulgadores espíritas tem abusado do bom-senso, a ponto de transformarem a divulgação espírita em algo comum, pequeno. Não deveria ser.

Em busca de audiência, seja pelas redes sociais, Youtube e demais veículos de comunicação proporcionados pela internet, tem muita gente fazendo propaganda enganosa. O título dos trabalhos diz uma coisa e o seu conteúdo versa sobre outra completamente diferente.

E não é difícil perceber, nem precisa ser da área para constatar. Palavras como “exclusivo” , “nunca visto antes”, “informações inéditas”, são expressões usadas para chamar a atenção sobre um conteúdo que, não raras vezes, interessa apenas aquele que o está veiculando: na maioria das vezes não acrescenta absolutamente nada em termos de estudo e aprendizado doutrinário. Puro sensacionalismo.

O mais grave, talvez, seja a falta de ética, mesmo que o objetivo jamais seja esse. É preciso cuidado ao intitular um trabalho, seja como for e qual for, para não cair em descrédito junto ao seu público. Tem tanto lixo na internet com títulos sugestivos, que perde-se muito tempo procurando, assistindo, filtrando, para encontrar algo que realmente aborde estudo doutrinário.

É comum, por exemplo, expositores convidarem para a leitura das “’Revistas Espíritas” editadas por Allan Kardec. Entretanto, não explicam, não informam a origem daqueles trabalhos, não apresentam “porque” aquelas revistas funcionaram como laboratório para Allan Kardec, ou seja, aplicam o conteúdo totalmente descontextualizados, como se oferecessem algo “inédito” para o seu público. Não é inédito e muitas vezes, deveria ser precedido de esclarecimentos abordados nas obras fundamentais da Doutrina Espírita (os livros de Kardec que estruturam a Doutrina dos Espíritos).


Recentemente passamos por publicações fruto de pesquisas de fôlego, como é o caso da obra "O Legado de Allan Kardec" da Simoni Privato Goidanich. Esse trabalho é belíssimo e deveria ser lido por todos. É, de fato, uma pesquisa inédita, que revela fatos que mostram o quanto o trabalho de Allan Kardec foi distorcido em sua continuação. A autora mantém canal no Youtube (convidamos a todos a assistirem: vale a pena!), com a mesma sobriedade que desenvolveu o trabalho escrito. Sem rodeios, sem falas excessivas, sem contos monótonos, vídeos curtos, porém, objetivos, fruto do livro. Conteúdos que valem a pena ler (livro) e assistir (Youtube). Entretanto, fora esse trabalho da Simoni, o que se vê é mais do mesmo: sensacionalismo.

A internet está repleta de leituras, releituras e interpretações de textos históricos que em nada mudam o conteúdo doutrinário. Absolutamente nada. Esse trabalho da Simoni, mostra, com farta documentação, que houve supressão de conteúdo do trabalho de Allan Kardec. Fomos privados de compreender todo o conteúdo. A pesquisa percorre um caminho que é descrito no livro com muita clareza. E o que temos feito desse trabalho? Quais estudos foram produzidos, demonstrando os textos suprimidos e os impactos no aprendizado doutrinário? Nenhum. Os estudos na internet estão pobres! Chamamos a atenção para o sensacionalismo em se dar “furos”, com conteúdos que em nada evidenciam contribuição ao entendimento doutrinário. 

Os demais esforços são estudos que estão na periferia da importância doutrinária para alcançar os objetivos efetivamente transformadores que os estudos das Obras de Allan Kardec proporcionam.

O mesmo sensacionalismo, com atores diferentes, que se engalfinham há anos, ocorre com a figura do Chico Xavier: pouco se estuda o trabalho vertido por sua mediunidade. Entretanto, as estantes (virtuais e físicas) estão abarrotadas de subjetividades acerca da figura do médium, seu passado, suas lutas e reveses. Saturou, de tanto sensacionalismo!

Por trás do sensacionalismo, há uma fragilidade que pode ser explicada à luz da psicologia ou mesmo doutrinária: não se discute a boa intenção de ninguém. Acredito piamente no desejo de todos fazerem algo de bom e útil. Talvez, nesse momento, o melhor agora fosse fazer silêncio. Sejamos críticos de todos os trabalhos, analisemos tudo à luz da doutrina espírita e tenhamos misericórdia para com os trabalhadores. Muitos são cegos guiando cegos. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Implicações da culpa (Jorge Hessen)





Jorge Hessen
Brasília-DF

Muitas crianças são induzidas a agir de forma sempre “correta”, conforme o padrão do seu meio ambiente, dos valores éticos, das pressões existentes. Quando a criança é obrigada a fazer as coisas dessa ou daquela maneira, todas as vezes que faz de forma diferente desenvolve a culpa. A virtude do discernimento deve ser-lhe ensinada desde cedo pelos pais cônscios, por ser a virtude fundamental para que ela possa escolher com segurança aquilo que é certo de acordo com as leis divinas ínsitas na consciência. 

Deve-se ensinar a criança a compreender as leis divinas; mostrá-la que errar é natural e faz parte do aprendizado, tanto quanto o erro deve ser reparado como condição natural para o desenvolvimento do senso moral. Mas se a criança desenvolve e cultua culpa e se acostuma com isso, quando chega à fase adulta a culpa se intensifica e se soma às culpas do passado, situando a vida numa condição insuportável. 

A culpa ocasiona comoções, desordens autopunitivas e contribui para ausência de autoestima. Provoca compulsão autoexterminadora, como decorrência dos movimentos de autojulgamento, autocondenação e autopunição em que o culpado arruína a autoestima, tornando impossível o auto acolhimento amoroso. 

A autoestima está conectada aos sentimentos básicos de autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e autorrespeito, como anseios fundamentais para o equilíbrio do ser. Fora disso, surgem várias dificuldades de ordem mental e emocional, refletindo-se no corpo físico através do bombardeamento mental, comprometendo o organismo. 

Sob a compulsão autoexterminadora pode-se chegar ao suicídio, direto ou ao suicídio indireto. Neste último caso, a pessoa martiriza o corpo através de emoções e pensamentos, entrando no estado de desinteresse pela vida, culminando em processos de depressões graves, ocasionando demais transtornos psíquicos e emocionais, como ansiedade generalizada, transtorno do pânico e desordem bipolar. 

Na origem de toda doença sempre há componentes psíquicos ou espirituais. As moléstias são heranças decorrentes da divina Lei de Causa e Efeito, e decorrentes desta ou de vidas antecedentes. São escombros que fixaram nos genes os fatores propiciadores para a instalação dos distúrbios patológicos. 

Quando fazemos esforços pacientes, continuados e perseverantes, desenvolvendo virtudes em nossos corações, mantemos inativadas as enfermidades genéticas. Podemos ter uma predisposição genética para o câncer e nunca desenvolvermos processos cancerígenos; podemos ter uma pré-disposição depressiva e jamais desenvolvermos a depressão; podemos ter uma família inteira com problemas genéticos que dependendo do nosso comportamento manteremos neutralizadas as predisposições genéticas enfermas. 

Somos imagem e semelhança do Criador; somos de essência divina e fomos criados para a felicidade e harmonia. Quando procuramos desenvolver o equilíbrio existencial de forma responsável, não seremos alcançados pelas doenças genéticas, até porque não é a composição biológica que determina a saúde ou doença do espírito, mas é o espírito que comanda o corpo físico. 

Sempre seremos amados pelo Criador, independentemente dos nossos erros. Será que um pai ou uma mãe ama o filho só quando ele faz as coisas certas? Na verdade os pais amam os seus filhos do mesmo jeito, independentemente das condições morais dos filhos. Será que um ser humano é mais amoroso do que Deus? Em face disso, não há razões para sustentarmos a baldia culpa impondo-nos a “distimia” (conduta mal-humorada), perdendo o interesse pelas atividades diárias normais, sentindo-se sem esperança, tendo baixa produtividade, baixa autoestima e um sentimento geral de inadequação como precursor da depressão. 

Há os que mantêm o mal humor quase ininterruptamente. São aqueles que acordam mal-humorados, passam o dia mal-humorados e vão dormir mal-humorados, porque estão o tempo todo num processo de culpa em autojulgamento, autocondenação e autopunição. Para sair desse estado é imperioso desenvolver os sentimentos básicos da autoestima, da autoaceitação, da autoconfiança, da autovalorização e do autorrespeito. 

Várias são as consequências da culpa, a saber: insegurança, isolacionismo, ausência de si mesmo (a) e dos outros. A pessoa entra em estado de isolamento psíquico e amplia o sentimento de abandono existencial. Não é possível alguém assim se sentir pertencente ao universo, e é exatamente o sentimento de pertencimento ao universo que gera em nós existencialismo e alegria de viver.

domingo, 15 de setembro de 2019

ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS, UM SUSTO

Margarida Azevedo
Sintra/Portugal 

Em qualquer organização religiosa há a distinguir três tipos de pessoas, com interesses bem distintos:
1 - os que constróiem o edifício teológico, traçam as linhas ideológicas identitárias da organização, estabelecem as regras de conduta, elaboram a orgânica administrativa – teólogos e investigadores, elementos mais proeminentes da hierarquia sacerdotal e professores universitários;
2 - os que zelam pelo cumprimento dos seus preceitos, por isso mais próximos dos fiéis: elementos da base da hierarquia sacerdotal, acólitos, catequistas e demais leigos, segundo a organização em causa;
3 – os fiéis em geral: seguidores, crentes, simpatizantes.
Vamos debruçar-nos sobre os primeiros.
Entre as organizações importantes, as religiosas são as mais importantes. Devemos-lhes, entre uma multiplicidade de aspectos inerentes a cada uma de per si, a educação e respectivas correntes pedagógicas, cuidados de saúde, de ajuda aos mais necessitados, e, muito especificamente, o levantamento da fé como algo estruturante do indivíduo, factor privilegiado de socialização. No entanto, dificilmente explicável, ou não, falharam redondamente. Porquê?
Em vez de traçarem um caminho dos fiéis rumo à felicidade, fizeram do sofrimento um meio virtuoso de chegar a Deus; divindindo o panorama religioso em dois, o pagão e o monoteísta, criaram dois tipos de crentes, dois tipos de fiéis, dois tipos de pessoas, com dois graus de importância, com dois caminhos de fé, com dois objectivos distintos, a saber, a felicidade na terra, para os pagãos, a felicidade no céu, para os monoteístas.
Ao imporem comportamentos que vão ao arrepio da natureza humana, construiram um mundo à parte, isolaram-se, facto que se tem perpectuado até aos nossos dias.
Assim, estabelecendo um paralelismo entre o mundo terreno e o mundo celestial, fizeram daquele um mundo de malefícios e de vícios, incompatível com a boa-ventura do mundo celestial. Criaram preceitos e práticas sacrificiais, supostamente salvíficas, ritualística complexa para agradar a Deus/deuses.
Minimizando o natural sofrimento do ser humano, ou enaltecendo-o, conforme os interesses, excluindo-o, habitualmente, de uma abordagem espiritual, sobrepuseram a este um segundo sofrimento, artificial, muito maior, o qual consiste na descontextualização sociológica da existência humana, apresentando o mundo como um palco de males a abater o que, naturalmente, culmina em comportamentos alucinados.
A felicidade neste mundo foi sempre encarada com temor e desconfiança, uma vez que retira ao céu a primazia e a exclusividade da mesma. Dito de outro modo, só no céu é que é possível ser-se feliz.
No entanto, esse céu exclusivista e ciumento mais não é que o prolongar dos prazeres do inconsciente, no seu pior, tais como: sensualismo e machismo - um mundo de orgasmos eternos, onde o fiel vive rodeado de virgens; avareza/egoísmo - posse do mais fino ouro, numa riqueza sem fim; gula - um banquete farto de excelentes iguarias; preguiça/ócio - um festim eterno, dança e riso permanentes, onde ninguém trabalha; desprezo/não-perdão – os inimigos foram destruídos para sempre; ignorância – ausêcia de perspectivas intelectuais pois não faz falta estudar… e muitos mais poderíamos citar, todos contrários à santidade e pureza espirituais.
Profundamente conhecedoras das fraquezas humanas, mais especificamente com os seus fetiches, e por isso mais ocupadas com estes do que propriamente com a salvação das almas, as organizações religiosas têm mexido habilmente com os anseios mais profundos dos seus fiéis: saúde, paz e prosperidade para sempre, sobretudo, prazer eteno. Nada interessadas em tornar o mundo melhor, prometem tudo isso no além. O preço é cumprir rigorosamente com as práticas impostas e desprezar o mundo.
De tribais a ordens militares, impuseram-se pela força semeando terror. Foi assim que impuseram os seus deuses, encabeçando o destino dos povos e, dessa forma, desenvolvendo a subserviência, garantindo riqueza para si, honrarias, lugares de destaque político. Hoje, não é diferente, apenas sociologicamente descontextualizado, ou pelo menos deveria sê-lo.
Era suposto a humanidade ter evoluído na sua fé e na sua religiosidade, só que as organizações religiosas não o permitem. Cinicamente indo procurar na História os seus piores momentos, há quem desculpe os actos violentos com os comportamentos de outrora; uma espécie de pena de Talião, olho por olho e dente por dente, ou pela lei do karma, “fizeste no passado estás a pagar no presente”. Ora a História é uma ciência que nos descreve o nosso caminhar no mundo, a manifestação da nossa espiritualidade no mesmo, rumo a nada mais importante que a felicidade. As batalhas de ontem não são as de hoje. Convém dar essa impressão, mas não é bem assim.
Estamos a viver momentos históricos singulares, problemas acutilantes onde o principal é a sobrevivência da própria humanidade. Isto é novo. Isto levanta questões como: Que humanidade estamos a construir? Que influência terão os robots no seu percurso existencial? Qual o seu real contributo? Por outro lado, os recursos naturais estão a esgotar-se, o respeito pela Natureza desapareceu, a pessoa humana tem… outro valor: que outro e que valor? As organizações religiosas não estão a dar resposta.
É urgente sensibilizar os fiéis para a mudança de comportamentos de fé pois há que rejeitar os belos discursos. Há que agir em prol de uma paz estável, o que já não significa apenas na Humanidade inteira, mas abrange também a relação desta com a Natureza. Aliás, verdeiramente, nunca deixou de o ser. Quem não estiver em conformidade com o mundo natural também não está com o seu semelhante, e vice-versa. Nem com Deus.
É chegado o tempo em que as organizações religiosas têm que encarar este mundo como uma das moradas do Pai, desenvolver esforços no sentido de criar um céu aqui e agora, porque amanhã pode ser demasiado tarde. Praticar o bem é sempre uma urgência.
Mas se teimarem, cada uma por seu lado, a impôr-se como verdades absolutas, então elas prolongam o desfazamento e desconforto sociais nos fiéis, e estes, assustados com o diferente porque é mau, agrupam-se, criando espaços/localidades exclusivamente deles, autênticos guetos.
São as micro-sociedades, com leis próprias, escolas e curricula particulares, não raro a-científicos e com preceitos ético-axiológicos perigosos. A consequente desvaloração deste mundo confere aos fiéis a ilusão de que dessa forma têm Deus do seu lado, transformando-a em acto virtuoso.
Ora o mundo é uma irmandade de gente filha do mesmo Deus. A dessocialização cria o cancro do isolamento: a ilusão de que se é privilegiado por pertencer a esta ou àquela congregação, o não-mundo porque este não presta e nós somos bons, os bons, os melhores. A nossa escola é a que melhor prepara para a vida, a mais intelectual, rumo aos campeões da ciência, a mais segura e longe de todos os perigos, não interessando dar à sociedade sugestões para acabar com a insegurança nas escolas públicas, nem traçar objectivos de vida aos jovens, implicando os fiéis numa ressponsabilidade que é de todos.
Mas onde estão, verdadeiramente, as causas de tudo isto? Como é que se chegou a este ponto, de tal forma que gente com mais bases intelectuais tem comportamentos que supostamente já não deveria ter? Como é que um pedreiro se iguala a um juíz? A natureza humana é permeável à subserviência, e esse é que é o problema. A carência afectiva ou um grande problema existencial podem conduzir a qualquer pessoa a actos da maior irracionalidade. No sofrimento somos todos iguais, estamos todos em linha recta para o desespero, logo todos igualmente expostos à manipulação. É tudo uma questão de tempo e de: um rosto simpático que surge quando menos se espera; uma palavra acertiva nuns lábios risonhos; um rosto de olhos brilhantes, um discurso bem elaborado....
Por isso não é difícil às organizações religiosas manobrar o inconsciente colectivo. Aguçar o narcisismo é fácil. Isolar a pessoa da família, desmembrando-a, dos colegas de profissão, fazendo perigar o próprio posto de trabalho e, consequentemente, conduzir à dependência e sujeição; excluir de práticas desportivas e artísticas, de lazer, etc., chegando ao ponto de fazer expulsar do lar os filhos indesejados, maridos/esposas que, por algum motivo, deixaram de pertencer à organização religiosa da família.
A rejeição dos filhos, por exemplo, está a tornar-se cada vez mais comum, remetendo cidadãos equilibrados afectiva, psicológica e socialmente para os insondáveis quão turtuosos caminhos da desilusão, do desprezo familiar, do ateísmo pela falta de humanidade a que a família se votou, em nome de uma organização que, tão vituperiante quão feroz, ensina a excluir tudo o que se lhe oponha. Os fiéis, drasticamente hipnotizados pela promesssa da felicidade no além e no suposto agrado a Deus, sempre as velhas promesssas, excluem de suas casas o bem mais precioso que Deus lhes ofereceu e do qual são os responsáveis por fazer cidadãos correctos e equilibrados, o maior amor das suas vidas, e que passou para segundo plano.
Os filhos passsam ao estuto de representantes do maligno, diabos dentro de casa, infiéis malditos, o que há que excluir definitivamente. E assim vão semeando a deshumanização. Dito de outra forma, para o topo das organizações religiosas, ainda que muitas digam que não é assim, e seria bom que de facto não fosse, a humanidade reduz-se a um bando de infiéis. É pena.
Não basta não usar armas de fogo ou outras. é fundamental enterrá-las, sejam elas de que natureza forem.

(Continua)

Bibliografia consultada:
KARDEC, A., O Livro dos Espíritos, CEPC, Lisboa, 1984, Livro Terceiro, As Leis Morais, cap. II, Lei de Adoração, pp. 275-284.
LE BOM, Gustave, Psicologia das Multidões, Publicações Europa-América, Mem-Martins, s/d.
Sites:
Father George Coyne Interveiw (1/7) Richard Dawking
Faith in the Future: The Promise and Perils of Religion in the 21st Century
Marcelo Gleiser – Ciência e religião: em busca do desconhecido
Richard Dawking:
Fala sobre religião e ateísmo
A força da religião
O que a religião pode fazer com alguém
R.D. e os perigos da Fé e das religiões com suas crenças injustificadas
Deus, Um Delírio, o Vírus da Fé

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Auto perdoar-se não é apagar os rabiscos do desacerto (Jorge Hessen)

Auto perdoar-se não é apagar os rabiscos do desacerto (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Brasília-DF

A culpa e o alerta da consciência são temas que merecem profundas reflexões . É importante dizer que o “alerta ou conflito da consciência ” ainda não é a instalação da culpa, porém, um convite ao arrependimento diante dos erros. Tal constrangimento consciencial é imprescindível para a reamornização do desalinho psicológico, procedente da culpa.
consciência  é o Divino em nossa realidade existencial; nela estão escritas as Leis do Criador. Por sua vez, a culpa resulta da não auscultação do “alerta da consciência ” , portanto é patológica e gera profundo abalo psicológico autopunitivo. Detalhe: é impossível inexistir o alerta consciencial no psiquismo humano. Podemos fingir não ouvir a “voz da consciência ”, e apesar disso, ela sempre alertará, exceto nos casos extremos de psicopatologias em que o doente mental não sente um mínimo de arrependimento e ou culpa.
O alerta consciencial sinaliza as transgressões à Lei de amor , justiça e caridade. À vista disso, tomamos consciência  e nos arrependemos do erro, buscando repará-lo. Por outro lado, a culpa é um processo patológico em que ficamos cultuando o erro sob o movimento psicológico de autojulgamento, autocondenação e autopunição.
Das diversas características da culpa há aquela advinda da volúpia de “prazer” quando alguém não se divertiu como gostaria de ter (se esbaldado numa “balada”, por exemplo). Após a “farra” esse alguém se sente culpado e se cobra por não ter permanecido mais tempo na festa, por não ter realizado isso e ou aquilo etc. Sob esse estado psicologicamente perturbador surge a culpa como reflexo daquilo que não se fez e almejaria ter feito, resultando o movimento de autopunição.
Todas as recordações negativas paralisam o entusiasmo para as ações no bem, únicas portadoras de esperança para a libertação da culpa. Quando entramos no processo autopunitivo geramos um processo de distanciamento da realidade da vida e do próprio viver. É um grande desafio transformarmos a experiência desafiadora (dor / “sofrimento”) em experiência de aprendizado. Para isso, importa fazermos o BEM no limite das nossas forças, principiando em nós mesmos, permitindo-nos experimentar esse BEM no coração e ao mesmo tempo realizarmos o BEM ao próximo, e assim  nos libertamos totalmente do nódulo culposo.
A Lei de Causa e Efeito é um dos princípios fundamentais preconizados pela Doutrina Espírita para explicar as vicissitudes ligadas à vida humana. Ante a Lei de causalidade a colheita deriva da semeadura, sem qualquer expressão castradora ou fatalista para reparação. O “alerta de consciência ”, por exemplo, bem absorvido, transforma-se em componente responsável. Mas se o ignoramos desmoronamos no desculpismo rechaçamos a responsabilização do erro. Em face disso, o desculpismo é uma postura profundamente irresponsável perante si mesmo.
O negligente (desculpista) pronuncia que “errar é humano”, porém é arriscado raciocinar assim. É um processo equivocado que ultraja a lei de Deus. Em verdade, não precisamos nos culpar (exigência) quando erramos, e muito menos nos desculpar (negligência), porém, carece ouvirmos a voz da consciência  e aprendermos com os erros a fim de repará-los.
Sobre as diferentes peculiaridades da culpa ainda há aquela advinda naqueles trabalhadores que avidamente mergulham nos assistencialismos.  São confrades de consciência pesada que ambicionam consolidar a beneficência, visando, antes, anestesiarem a própria culpa. Na realidade, estão tentando barganhar com Deus, a fim de se livrarem da ansiedade mental. Decerto isso é uma prática espontânea e contraproducente.
Não obstante, no M.E.B. - Movimento Espírita Brasileiro haja farta frente de serviços assistencialistas. O psiquiatra espírita Alírio Cerqueira, coordenador do Projeto Espiritizar da Federação Espirita do Mato Grosso, arrazoa que muitos fazem assistencialismos sem real consciência  da necessidade social dos desprovidos. Em verdade, laboram “caritativamente” sob as algemas da consciência  culposa e arriscam disfarçar para si mesmos o automático exercício de “altruísmo”. Agem subconscientemente quais portadores de ferida muito dolorosa, e em vez de tratá-la para cicatrizar, ficam passando pomada anestésica na ferida (culpa) para abrandar a dor.
Agindo assim (no assistencialismo) a culpa momentaneamente é “escondida”, mas não desaparece, pois, passando o efeito do anestésico a culpa retorna e a pessoa mantém o conflito de consciência . Desse modo, vai ampliando cada vez mais os compromissos “filantrópicos”; vai se sobrecarregando nos pactos “caritativos”; porém, a culpa é conservada. Muitos passam a vida inteira nessa atitude de “FAZEÇÃO DE COISAS” sem qualquer objetivo consciencial. Tais “caridosos” com certeza socorrem TEMPORARIAMENTE os necessitados, todavia, provocam para si mesmos , em alto grau,  o cansaço mental, o estresse e a saturação psicológica e não conseguem se HARMONIZAREM CONSIGO MESMOS.
Na verdade, o objetivo das leis divinas (sediadas na consciência ) é nos proporcionar a pura e eterna felicidade. Em face disso, quando as transgredimos ficamos ansiosos, porque nos afastamos da felicidade, logo, sentimos extrema ansiedade. Em face disso é importante o exercício do auto perdão que obviamente não extinguirá a responsabilidade dos erros praticados, até porque auto perdoar-se não é simplesmente passar uma borracha em cima do desacerto, mas fazer uma avaliação equilibrada do desacerto para repará-lo.
No extremo, há pessoas que alimentam tanta culpa que se sentem indignas de fazer uma prece e ou de fazer o bem. Porém, ajuizemos o seguinte: a prece não é para espíritos puros. Jesus orientou que não são os sadios que necessitam de médicos, mas os doentes. Ora, esperarmos nossa purificação para orar e fazer o bem não faz nenhum sentido, até porque nos aperfeiçoamos gradualmente, orando inicialmente e de maneira especial fazendo bem no limite das nossas forças.


“Espiritualidade na Medicina: o que há de evidências”.





Inúmeros estudos comprovam que crenças e práticas espirituais têm real influência na saúde das pessoas. Para abordar essa questão, o Cremers promove uma nova edição do projeto Cremers Convida com o tema “Espiritualidade na Medicina: o que há de evidências”.
O evento acontece nesta quinta-feira, 05/9/2019. às 19h, na sede do Cremers, Auditório . Av. Princesa Isabel - 921 - Santana - Porto Alegre - RS e conta com a presença dos médicos César Geremia, Anahy Fonseca e Fabiano Nagel como debatedores. Assista ao vivo.
César Geremia, que é vice-presidente da Associação Médico-Espírita do RS (1), esclarece a importância dessa discussão: - Um volume enorme de estudos já mostrou que a crença espiritual, com ou sem vinculação a uma religião estabelecida, é fator promotor de saúde.
A palestra é gratuita e aberta ao público, e será transmitida pela página do Cremers no Facebook.(2)
Imagina se os médicos orassem. (3)
Procedimentos como esses (4, 5, 6) aconteceriam com maior frequência.

Desafiando a incredulidade:


terça-feira, 3 de setembro de 2019

OS PROBLEMAS DE GÉNERO JÁ CHEGARAM ÀS CASAS-DE- BANHO

Margarida Azevedo
(Portugal)



Só para que fique claro, quem escreve estas linhas, sexualmente démodées, apresenta-se como sendo do sexo feminino desde que nasceu, não é produto de proveta porque na segunda metade do século passado tal coisa ainda não existia, era tudo muito naturalzinho; não tem quaisquer problemas com a sua sexualidade perfeitamente definida; é apreciadora do sexo oposto e está profundamente apaixonada por um dos seus exemplares, que por graça de Deus Nosso Senhor tem a felicidade de ser a pessoa com quem vive; que na sua extrema ignorância e desconhecimento de si própria e do mundo fantástico que por aí existe, gostaria de incongruentemente pedir a Deus que a respectiva relação se prolongasse no lado de lá; que sem interrogações e alaridos não lhe passa pela cabeça mudar de sexo, que mais não fosse só para ver como é, e assim, por tal mercê, agradece ao Poderoso tão maravilhosa ignorância; que desde a escola primária às instituições públicas e privadas sempre que precisa de utilizar os sanitários jamais teve, tem ou terá problemas sobre quais utilizar; em suma, alguém que sem lhe causar quaisquer problemas tem perfeitamente claro qual o sítio por onde faz xixi, e por onde saíu a criança que deu à luz há mais de duas décadas, também ela concebida segundo os mais naturais impulsos da Mãe Natureza, o que significa um orgasmo fecundante e visível nove meses mais tarde. Como se vê,tudo muito corriqueiro.
Assim sendo, e perante as mais recentes preocupações acerca da sexualidade dos nossos alunos, desde a pré-primária à universidade, há a dizer o seguinte:

A educação, que está tão bem, professores e alunos, pais e encarregados de educação não podem estar mais satisfeitos, tudo em maré alta, tem agora um gravíssimo problema entre mãos para resolver,  a saber, como já não há masculino nem feminino, coisa de gente ignorante, mas género, que casas-de-banho construir para a tão rica diversidade humana. No alto da mais fecunda tolerância para com tanto género, é caso para perguntar, que linhas irão traçar os arquitectos para tão díspares instalações? Se calhar nem o engenho e a arte de um Miguel Ângelo dariam conta de tamanha presunção arquitectónica, com vista a tão específica democracia.  Até porque os nus dos artistas de todos os tempos podem estar em desconformidade com o género e, assim, a reflexão artística ver-se-á a braços com mais uma complexidade da perspectiva.

Por outro lado, para construir uma escola, quase haverá tantas casas-de-banho quantas as salas pois o género, e a avaliar pelos espíritos mais enlanguescidos, pode tornar-se infinito, uma vez que as mais singulares expressões do humano no seu melhor, ainda que em número reduzido, têm direito à sua identidade, impondo-se um a milhões de pessoas, se é que esse um existe, é claro.

É claro que, qual cereja em cima do bolo, uma democracia que é capaz de resolver o problema dos xixis e dos cocós é um democracia fecunda e próspera, uma vez que resolveu a fundo os problemas da educação. Percebê-lo é garantir um futuro melhor para o país, quiça para a humanidade inteira.

Mas, reflictamos: como é que dois orifícios tão perfeitamente definidos são responsáveis por tão alta responsabilidade? É fácil. Um dia, no exercício das suas profissões, os nossos trabalhadores lembrarão que devem o seu sucesso, ou não, ao modo como foi tratado o seu género. De tão bem assumido, estarão à altura de o saber aplicar sempre que neccessário. Assim, quando descontentes com chefes e colegas, sem complexos, farão cocó e xixi  para eles, tendo a certeza de que o fazem com o seu género perfeitamente erguido, pois foi para isso que estudaram. Por outras palavras, se as urinas e as fezes se tornaram fundamentais para o bom funcionamento dos estabelecimentos de ensino, elas são, consequentemente, decisivas para o ensino-aprendizagem e, consequentemente, para um bom desempenho profissional, o garante de uma boa cidadania. Que mais podemos desejar?

Por isso é que o Ministério da Educação,  os sindicatos de professores, as associações de estudantes e as associações de pais, o Parlamento e a sociedade civil têm um grave problema sanitário entre mãos para resolver. Quem é que quer que uma rapariga, no seu género, vá à casa-de-banho das raparigas se ela não é do género feminino? Ninguém. Vai à dos rapazes, que são de outro género, o que é mais apropriado. Mas isso também não resolve nada, porque pode dar-se o caso de o género não estar em conformidade. Convém, por isso, que os governantes se decidam quanto antes, não vá dar-se o caso de, no meio de tanta confusão, os alunos acabem por fazer as necessidades pelas pernas abaixo, e ninguém quer os futuros cidadãos de calças molhadas, ou pior, ainda por cima sob pena de serem acusados de falta de respeito para com os colegas de outra facção.

E a propósito, já perfeitamente ciente do seu profissionalismo, um aluno de uma universidade de Lisboa, da licenciatura de Serviço Social e, segundo ele, inspirado num deputado alemão, antes de apresentar um trabalho oral, dirige-se à turma nestes termos:

“- Caros hetero-sexuais, caros homo-sexuais, prezadas lésbicas e bi-sexuais, caros pan-sexuais, caros bi-curiosos, caros poli-sexuais, prezados mono-sexuais, prezados alo-sexuais, caros andro-sexuais, caros gino-sexuais, caros questiono-sexuais, caros assexuais, prezados demi-sexuais, caros cinzento-assexuais, caros perioro-sexuais, caros benditos variocêntricos, prezados hetero-normativos, caros erra-sexuais, caros dois espíritos, caros terceiro género, caros não-género, caros tétris-género, caros cis-género, caros cis-het, caros poli-amorosos…”

Vendo que o aluno nunca mais acabava, a professora reclama:

“Já chega. Agradecia que passasse de imediato à exposição do trabalho porque está a perder demasiado tempo ao dirigir-se aos seus colegas de forma tão minuciosa.”

O aluno, porém, adverte:

“Não, não. Eu não quero ser acusado de discriminação de género. “e continua:

“Prezados mono-amorosos, prezados trans-sexuais, caros trans-espécies, caros trans-géneros, caros queer, caros ally, prezados género-fluídos, caros binários, caros não-binários, caros agéneros ou géneros vazios, prezados bigéneros, prezados poligéneros, caros neutróis, caros inter-géneros, caros aporagéneros, caros mavrique, prezados novigéneros, caros trans-femininos, caros trans-masculinos, caros femme, caros indecisos…”

Não estão cá todos porque são cerca de sessenta. Cabe ao/à Sr./a Leitor/a, como trabalho para casa, e é mera sugestão de quem escreve estas linhas, a pesquisa do que tudo isto significa, em noite de trovoada, substituindo o peçonhento livro de mesa-de-cabeceira.

E asssim se vão desenvolvendo os mecanismos da criação de problemas, inventando desconfortos, ocupando as mentes com pequenos grandes nadas para que  outros vão garantindo a sua cadeira no poder. Criar um problema é grande habilidade. Maior ainda é fazer parar tudo em redor do mesmo, isso só para os ditadores.

Acoplado ao problema segue-se a necessidade de o resolver e esta, movida pela ilusão da expectativa de garantir uma sociedade mais justa, e a felicidade a cada um de per si, move-se como uma marioneta sem se dar conta. Criar um problema é um bom mecanismo para atingir metas: cair governos, subir outros ao poder na condução dos cidadãos a que fins?