.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Para a Nossa Cura

LUIZ CARLOS AFORMIGA


O teólogo Leonardo Boff lembra que “a maioria dos profissionais de saúde perderam a visão da totalidade. O ser humano inserido num todo maior e a doença como uma fratura nesta totalidade e, ainda, a cura como sua reconstrução.” (1)
Em Saúde e Doença, a médica comentando a fratura na totalidade afirma que “para entendermos o estado de saúde e doença é primordial compreendermos seus conceitos.“ Foi por isso que destacou autores diversos de escolas distintas ao longo do tempo.  Citou a Medicina Ayurvédica, a tradicional chinesa, Hahnemann no seu Organon da Medicina, as Lições de Filosofia Homeopática, com James Tyler Kent e a Medicina Floral. (2)
Boff nos diz que “há uma instância em nós, que responde pelo cultivo desta totalidade, que nos alimenta o sentimento de pertença e que zela pelo eixo estruturador de nossa vida: é a dimensão do espírito. De espírito vem espiritualidade.  Espiritualidade é toda atitude e atividade que favorece a expansão da vida, a relação consciente, a comunhão aberta, a subjetividade profunda e a transcendência como modo de ser, sempre disposto a novas experiências e a novos conhecimentos.“
Isso nos faz lembrar os postulados de uma ética  transdisciplinar, aquela que não aceita a atitude que recusa o diálogo, a discussão, seja qual for sua origem – de ordem ideológica, científica, religiosa, econômica, política ou filosófica. O reconhecimento da existência de diferentes níveis de realidade, regido por lógicas diferentes é inerente à atitude transdisciplinar. (3)
Talvez seja também por isso que Leonardo Boff tenha sugerido ao médium de cura, da Organização Paracientífica Adolfo Fritz a mudança para “Transcientífica”.(4)
Assim, poderemos entender os resultados satisfatórios obtidos nas irmandades, tendo como ponto de partida os 12 passos dos Alcoólicos Anônimos. (5)
O dependente químico no fundo do poço apresenta fratura na totalidade, personalidade frágil, vai encontrar o apoio necessário na visão transdisciplinar. Ao examinarmos a orientação dos 12 Passos, vamos perceber que o descrente pode espernear, mas um Poder Superior pode lhe devolver a sanidade. Na realidade há um poderoso incentivo ao desenvolvimento de sua inteligência espiritual.
Todo descrente deveria ser informado que  “neurobiólogos e estudiosos do cérebro identificaram a base biológica da espiritualidade. Ela se situa no lobo frontal do cérebro. Que quando são produzidas experiências de veneração, devoção e respeito é possível se verificar uma alta de vibração em hertz dos neurônios. Estamos diante do fenômeno chamado “ponto Deus” no cérebro ou da emergência da “mente mística”, captando a presença do Inefável dentro da realidade. Este dado constitui uma vantagem evolutiva do ser humano que, enquanto homem-espírito, percebe a Última Realidade penetrando em todas as coisas. Este ponto Deus se revela por valores intangíveis como mais compaixão, mais solidariedade, mais sentido de respeito e de dignidade. Despertar este “ponto”, tirando as cinzas que a cultura racionalista e materialista cobriu, é permitir que a espiritualidade aflore.“
Nos 12 passos há estímulo à percepção de uma Inteligência Suprema, Causa Primária, que deu origem às galáxias, o que nos torna mais humildes, menos manipuladores, e nos impele a rogar que Ele, Ela, nos ajude a nos libertarmos de nossas imperfeições. Diante dessa Inteligência e perante outro ser humano conseguimos finalmente admitir a natureza de nossas falhas e nossos defeitos de caráter. Começa aí o fenômeno de nossa reconstrução e escalada evolutiva.
Boff diz que no termo, espiritualidade não é pensar Deus, mas senti-Lo mediante este órgão interior e fazer a experiência de sua presença e atuação a partir do coração. Ele é percebido como entusiasmo (em grego significa ter um deus dentro) que nos toma e nos faz saudáveis e nos dá a vontade de viver e de criar continuamente sentido de existir e de trabalhar. Trata-se de potenciar aquelas energias que são próprias da dimensão espiritual tão válida como a inteligência, a libido, o poder, o afeto entre outras dimensões do humano. Estas energias são altamente positivas como amar a vida, abrir-se ao demais, estabelecer laços de fraternidade e de solidariedade, ser capaz de perdão.
Quando falamos na terapia do perdão, não sete vezes mas setenta vezes sete, estamos  também, lembrando que a mágoa, o estresse produz imunossupressão dos mecanismos que nos defendem, sob o ponto de vista biológico, das infecções, das doenças malignas e das enfermidades auto-imunes. (6)
Nos 12 passos aprendemos que por meio da prece e da meditação podemos melhorar o contato consciente com Deus, na forma que O concebemos, e desta forma teremos fé e coragem para nos prontificarmos  a deixar que Ele nos ajude a remover nossos defeitos de caráter.
Boff diz que pertence também ao mundo espiritual, a esperança imorredoura de que a vida continua para além da morte. O ponto Deus no cérebro se revela através de tais convicções espirituais altamente terapêuticas. A morte aparece então como uma sábia invenção da vida para esta que possa continuar num outro nível mais alto.
Anteriormente, no NEU-Fundão, indagaram sobre a nossa visão da morte.(7) A resposta depende da vertente da ciência em que se insere o pesquisador. Faça-o responder primeiro a pergunta: O que somos? Se ele responder que somos impulsos eletroquímicos num biocomputador que se originou por acaso, num universo de partículas matérias mortas e que se movimentam aleatoriamente, certamente a morte é o nada. Embora isto seja apenas uma questão de fé, uma vez que a ciência ainda não o demonstrou.
A vertente espiritualista da ciência possui outra leitura. Poderíamos dizer que a morte é uma mudança de estilo de vida. As evidências científicas estão sempre apontando neste sentido, embora Jesus já nos tenha dado aula prática.
Certa vez um pesquisador da mediunidade perguntou a um espírito orientador qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de modelo.  Resposta não poderia ser melhor quando pensamos em inteligência espiritual. Afinal, melhor a coroa de espinhos na fronte do que as brasas na consciência! (3)
Quociente Intelectual... Quociente Emocional... Inteligência Espiritual! Necessidade de se mensurar? Ou de se conhecer? O homem espiritual é “pleno”... Não existem fraturas... Percebe a essência da flor! (8, 9)
Estamos no século XXI, com o conhecimento tecnológico moderno como grande aliado em todos os campos da vida, e com o conhecimento milenar do equilíbrio entre as forças vivas e vibratórias da Natureza. Devemos valorizar esses presentes e explorá-los com a razão e o Amor Maior que o Criador nos deu, para que entendamos que a vida é o maior tesouro, oportunidade única de crescimento, ter medo da vida nos tira oportunidades impares de crescer individualmente e coletivamente. Que possamos encarar a vida com alegria e gratidão por todas as coisas que o Grande Criador colocou nesse planeta para a nossa cura.(2) 




(1)http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2012/04/29/a-importancia-da-espiritualidade-para-a-saude/
(2) http://orebate-jorgehessen.blogspot.com/2012/02/saude-e-doenca.html
(3) http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/etica-sociedade.html
(4) http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2012/07/escala-de-valores-cura-e-prevencao.html
(5) http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2012/03/12-passos-espiritualidade-e-alcoolicos.html
(6) http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2011/08/estou-muito-deprimida-magoada-nao-posso.html
(7) http://www.jornaldosespiritos.com/2007.3/col49.10.htm
(8) http://juli.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2015107
(9) http://juli.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=2016352



quarta-feira, 11 de julho de 2012

SER ESPÍRITA É ERIGIR A PAZ EDIFICANTE, ORGANIZANDO O CENÁRIO DA NOVA ERA.


O mundo passa por decisivo  momento  de transição, de sofrimentos e de inquietações, atingindo-nos a todos. Infelizmente as antevisões flagelantes fazem parte de pensamentos apocalípticos. Alguns confrades forçam argumentos ante os fenômenos calamitosos , como se estivéssemos no derradeiro instante da vida planetária. Evoca-se com ênfase o famigerado calendário Maia. Porém, importa dizer que “há muitos séculos as humanidades prosseguem de maneira uniforme a sua marcha ascendente através do espaço e do tempo.” (1)
É inquietante o aparecimento de facções, seitas e cultos que se multiplicam mundo afora pressagiado flagelos, sob o impacto de neurotizante expectativa irrequieta de uma "nova era". Além disso, o argumento do fim dos tempos é uma peculiaridade de alguns médiuns distraídos, que propagam catástrofes naturais como se fossem a ira de Deus.
Há nessas ocasiões pessoas maníacas que abandonam emprego, família, à espera do "grande final" e alguns criam seitas adventicíssimas. Só na França "há cerca de 200 seitas, com 300 mil adeptos". No Japão, buliçosos "gurus" auguram o final do mundo (2). Nos Estados Unidos, pasmem! 55 milhões de americanos creem que falta pouco para o "mundo acabar".
Nessas cruciais  ocasiões  de transição planetária, notemos que o advento do mundo de regeneração não se dará nem se finalizará em precário período. É aventureiro datar, precisar, fixar uma estação em que tal processo será complementado. Não se pode esquecer que “os distúrbios parciais do globo ocorrem em todas as épocas, e se produzem ainda, porque se ligam à sua constituição, mas esses não são os sinais dos tempos.” (3)
É inegável que atravessamos um pique elevado de duras provas. De 2007 até 2011 ocorreram comoções colossais na crosta terrestre. Foram terremotos, tornados, ondas gigantes na Ásia (tsunamis), os fenômenos La niña e El niño, ciclones extratropicais, recordes de tempestades, enchentes (nunca se viu tanta chuva), aquecimento global, frio descomunal. “A Fome e outra tragédia que já alcança 1 bilhão e duzentos milhões de pessoas em todo o planeta” (4) A exploração da energia nuclear ainda não é assunto do total controle humano. O desmatamento insano, a poluição do ar, o vigor da expansão do tráfico e consumo de drogas, a banalização do comportamento sexual, estimulado pela revista, jornal, televisão, cinema, teatro, videocassete, TV a cabo, computador etc., que escapam à racionalidade do homem.
Há, igualmente, nesse contexto, um preocupante vaticínio sobre a drástica redução da reserva de água potável, para daqui a quatro décadas na Terra. Acerca disso, sabemos que algumas potências econômicas querem internacionalizar a Amazônia, por uma simples razão: cerca de 35% de precipitação de chuva no Planeta ocorre naquela área, levando a região a possuir a maior reserva hídrica terrestre. A propósito, sabemos que muitos especialistas preveem conflitos mundiais, tendo como causa a corrida pela posse e controle do líquido vital.
Paradoxalmente pregamos a paz, produzindo os canhões assassinos; cobiçamos resolver os problemas sociais, ativando a edificação dos presídios e bordéis. "Esse progresso é o da razão sem a fé, onde os homens se perdem em luta inglória e sem-fim”. (5) A atual situação de violência, maldade, injustiça, opressão dos poderosos sobre os fracos, tanto em nível de pessoas, como instituições e países, certamente terá que ceder lugar a uma nova era de paz, harmonia, fraternidade e solidariedade.
"Época de lutas amargas, desde os primeiros anos do século XX, a guerra se aninhou com caráter permanente em quase todas as regiões do planeta. A Liga das Nações, o Tratado de Versalhes, bem como todos os pactos de segurança da paz, não têm sido senão fenômenos da própria guerra, que somente terminarão com o apogeu dessas lutas fratricidas, no processo de seleção final das expressões espirituais da vida terrestre.” (6). O século recentemente findo foi, sem dúvida, o século mais sangrento de todos. Após a Segunda Guerra Mundial, já aconteceram 160 conflitos bélicos e 40 milhões de mortos. Se contabilizarmos desde 1914, estes números sobem para 401 guerras e 187 milhões de mortos, aproximadamente. 
É notória a eficácia avassalante do avanço científico. Os ensaios da genética, das clonagens, das células-tronco, da cibernética, das conquistas espaciais, do império dos raios lasers, das fibras óticas, dos supercondutores, dos microchips, da nanotecnologia. Nunca tivemos tanta capacidade de proporcionar bem estar, casa, educação e alimento a todos, embora nunca tivéssemos tantos desabrigados, famintos e, principalmente, carentes de educação. Amargamos os contrastes da hegemonia tecnológica, ao mesmo tempo em somos abatidos diante da falta de comida, da dengue hemorrágica, da febre amarela, da tuberculose, da AIDS, e de todos os tipos de entorpecentes.
Os Benfeitores lembram que o “ocaso não demora e, sob a saliência de suas sombras espessas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia sem fim, constituirá o fulgor imortal da aurora futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.” (7) Para amenizar a “noite que não tarda” recordemos o que o Mestre ensinou: “Então, perguntar-lhe-ão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber? - Quando foi que te vimos sem teto e te hospedamos; ou despido e te vestimos? - E quando foi que te soubemos doente ou preso e fomos visitar-te? - O Rei lhes responderá: Em verdade vos digo, todas as vezes que isso fizestes a um destes mais pequeninos dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes.”(8)
Nas próximas reencarnações, se ainda quisermos encontrar aqui estoques razoáveis de água potável, ar puro, terra fértil, menos lixo e um clima estável, precisaremos atuar imediatamente, sem perda de tempo. Apesar dos pesares não faltam as vozes otimistas que apregoam um porvir renovado sob a luz de uma nova era. É verdade! Paralelamente a todo esse caos, jamais se assistiu, em todos os tempos, tantas pessoas boas e pacíficas, mobilizarem-se em prol de programas assistenciais aos irmãos menos afortunados, trabalhando voluntariamente por um mundo melhor e mais justo e com total desprendimento e espírito cristão.
Para descontentamento dos arautos do “quanto pior, melhor!” Felizmente, tudo está se transformando em passo acelerado atualmente, trazendo mais conforto e melhor qualidade de vida ao habitante da Terra. A dor física está, relativamente, sob controle; a longevidade ampliada; a automação da vida material está cada vez maior, em face da tecnologia fascinante, especialmente na área da comunicação e informática. 
O Mestre advertiu:  “Tenho-vos dito isto paro que em mim tenhais paz: no mundo. tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”(9)Cremos que  ser espírita é constituir-se em núcleo de ação edificante, através do qual principia a Nova Era.  “Fala-se no mundo de hoje, qual se o mundo estivesse reduzido à casa em ruínas. O espírita é chamado à função da viga robusta, suscetível de mostrar que nem tudo se perdeu. Há quem diga que a Humanidade jaz em processo de desagregação. O espírita é convidado a guardar-se por célula sadia, capaz de abrir caminho à recuperação do organismo social. O espírita, onde surja a destruição, converte-se em apelo ao refazimento; onde estoure a indisciplina, faz-se esteio da ordem e, onde lavre o pessimismo, ergue-se, de imediato, por mensagem de esperança.” (10)
Em face do exposto, por mais difícil que seja o processo de seleção final dos valores morais da sociedade, não podemos olvidar jamais  que Jesus é o Senhor da Vida. Os Seus mandamentos não passaram e jamais passarão. Nessa esperança, compreendamos que em Suas mãos assentam-se os destinos da Terra.
Jorge Hessen
Referências bibliográficas:
(1)           Kardec, Allan. Revista Espírita, junho de 1869
(2)           Revista, "Isto É", de 4 de agosto de 1999
(3)           Kardec, Allan. R.E.  abril/1866 – “Regeneração da Humanidade” (Paris, resumo das comunicações dadas pelos srs. M... e T... em sonambulismo.)
(4)           Publicado no Jornal Correio Braziliense edição de 17 de setembro de 2009
(5)           Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditada pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed FEB, 2001, perg 199.
(6)           Xavier, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, RJ: Ed FEB 1987.
(7)           Xavier, Francisco Cândido A Caminho da Luz– ditado pelo espírito Emmanuel, 22ª edição História da Civilização à Luz do Espiritismo (Psicografado no período de 17 de agosto a 21 de setembro de 1938) RJ: Ed FEB 2001
(8)           Mateus, 25:37 a 40
(9)           JESUS JOÃO, 16:33
(10)         Xavier. Francisco Cândido. Livro da esperança, ditado pelo Espírito Emmanuel, Uberaba/MG: Ed CEC, 1964

O ESPIRITISMO ANTE O CENSO 2010 – RETRATO DE UM PANORAMA QUE CLAMA POR MUDANÇAS DE RUMO


O Censo 2010 do IBGE evidencia um crescimento de 65% em 10 anos do número de espíritas com maior salário e instrução (são quase 4 milhões de espíritas e 700 mil possuem rendimento acima de 5 salários mínimos). O incremento de adeptos com maior salário e instrução pode nos levar a deduzir que após a desencarnação do Chico Xavier o desígnio de divulgação doutrinária foi e ainda é aristocrático, ou seja, há distanciamento dos confrades que estão em dificuldade material, mormente na região nordeste, norte e centro-oeste (excluindo-se Brasília, maior renda per capta do país).
O IBGE demonstra que entre os espíritas, 98,6% são alfabetizados. Os adeptos da Doutrina possuem as maiores proporções de pessoas com nível superior completo (31,5%) e taxa de alfabetização (98,6%), além das menores percentagens de indivíduos sem instrução (1,8%) e com ensino fundamental incompleto (15,0%). Os dados são reflexos de uma programação doutrinária que opta pela leitura e tem a aquisição de cultura como um de seus focos.
Mas a rigor, o fato de haver um monte de espíritas com curso superior não quer dizer muita coisa. A liderança do movimento espírita não deveria priorizar ou consentir ambiente de proeminência para os que se blasonam com seus títulos de doutor, de mestres e intelectuais extravagantes, até porque agindo assim expulsariam do movimento personagens quais Leon Denis, que não tinha diploma de doutor (foi um caixeiro viajante), de Chico Xavier, que só fez o curso primário (foi apenas um escriturário) e pasmem! do próprio Cristo, que não esteve na Universidade (era simples carpinteiro). Pois é! Ambos não encontrariam acolhimento nos eventos espetacularizados  nos anfiteatros, centros de convenções e nalguns centrões espíritas destinados à nata social.
O Censo 2010 aguçou nossa curiosidade ao dar conta de que há mais de 40 milhões de evangélicos, em sua maioria absoluta componentes da população periférica, mais pobres e de baixa instrução. Imaginamos que essa massa provavelmente se tornou evangélica devido às agruras da pobreza, da discriminação, da falta de acesso à qualidade de vida (educação, saúde, lazer etc.). Deduzimos que a proposta doutrinária dos evangélicos (em que pese a inconveniência da cobrança de dízimos dos pobres) tornou-se a interessante via disponível de alívio e conforto da vida dura, e a importante porta viável para a melhoria de suas condições de humanidade e cidadania. E isso é um respeitável serviço de inclusão e melhoria social desse segmento religioso.
Por que a proposta espírita não consegue se aproximar dessa massa humilde? Respondem alguns que a Doutrina dos Espíritos não defende proselitismos, não assegura o “céu beatífico”, nem a “salvação” etc. Obviamente, esses argumentos não respondem à questão. Talvez pudéssemos inferir que paire um sistema de difusão doutrinária alarmante e excludente. Contudo, a despeito de tudo e de todos, queira a elite ou não, a culminância da programação espírita, no plano terreno, deverá ser a concretização da transformação social, e será impossível essa transformação sem uma efetiva aproximação da população sofrida e pobre.
A considerar as diretrizes doutrinárias que incentivam e mantêm a formação da fidalguia (intelectuais e abastados) o Censo 2010 demonstrou uma situação inusitada: talvez haja algum preconceito entre nós, espíritas, no que tange a questão racial e que desfavorecem as massas. Essa ocorrência pode ser constatada num dado estatístico no mínimo indiscreto: do “segmento populacional que se declarou espírita, quase 70% eram brancos, percentual bem mais elevado que a participação do grupo de outra cor ou de outra raça no conjunto da população.”(1)
Outro detalhe: a difusão da mensagem espírita não se dá precipuamente pela TV nem pelo rádio, mas através dos livros, jornais, revistas, folhetos e Internet. Assim, a capacidade de ler se torna um requisito para a prática doutrinária.
Mas será que os confrades espíritas – assalariados, desempregados ou pobres – conseguem ter acesso a essa literatura? Como?... Sabemos que os livros espíritas, via de regra, são caros. Quantos espíritas carentes podem ter Internet em casa? Quantos podem ingressar nos rotineiros e aristocráticos “congressos espíritas”? Aliás, congressos que se assemelham a meros “encontros” para recreações embaladas pelas palestras quase sempre proferidas por ilustres segmentos da fina flor da sociedade. A rigor, ignoramos que há  efetivação de congressos espíritas destinados a debates e estudos atinados a propósito dos graves problemas sociais e das enxertias de ideias, práticas e conceitos absurdos contidos nos livros “psicografados”, supostamente espíritas, que hipnotizam impiedosamente os incautos confrades tangidos pelo misticismo.
Quando os Mentores realçam a necessidade da revivescência do Evangelho na sua “primitiva pureza”, constatamos que não se consegue abarcar o sentido “PIMITIVA PUREZA”. Não há dúvida de que o Espiritismo só se justificará na Terra se alcançar a base da sociedade – o “povão”, como se diz. É indispensável que o pratiquemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e deles nos aproximemos. É imperioso destruir qualquer ranço que tanja hierarquias mesquinhas, discriminações, proeminências individuais, mordomias, regalias, primazias ou mercantilagens dos shows de oratórias doutrinárias.
Esperemos que no próximo Censo, em 2020, tenhamos um quadro demonstrativo mais interessante. É um delito de Lesa Codificação  um Espiritismo sem Jesus e sem Kardec para todos, com todos e ao alcance de todos. Quiçá nem tudo esteja perdido. Cremos que o “Projeto de Interiorização – Espiritismo para os simples” se consolidará. (2)
Lemos recentemente o excelente artigo intitulado “União com fidelidade, simplicidade e fraternidade”, do César Perri, Vice-Presidente da FEB. O texto expõe argumentos esperançosos e inspira-nos para o pensamento de Emmanuel: “unidade do espírito pelo vínculo da paz”. (3) Consigna o documento que “entre os desafios atuais para a união dos espíritas (...) há necessidade de revisão de algumas estratégias e posturas, para se ampliar a difusão do Espiritismo em todas as faixas etárias e sociais. (...) entendemos que o acolhimento dos simples [espíritas desempregados, iletrados, pobres] no ambiente das reuniões espíritas é tarefa de primordial importância nos tempos em que vivemos.”(4) Para o Presidente em exercício da Casa Máter, “a realização de eventos federativos e de divulgação devem ter como parâmetros o que é simples e viável para a maioria das instituições e dos espíritas.”(5)
As federativas estaduais jazem a passos demasiadamente vagarosos e não alcançam “o que é simples e viável para a maioria das instituições e dos espíritas”, (6) por isso urge seja acelerado o desenvolvimento de mais projetos sociais no âmbito dos chamados órgãos unificacionistas do País. À semelhança do Movimento Cristão, dos tempos apostólicos, a Doutrina dos Espíritos precisa se fazer robusta nos Centros Espíritas simples, situados nos lugarejos de infortúnio, nos assentamentos, nas favelas, nos bairros miseráveis, nas periferias urbanas esquecidas. Por essa fortíssima razão, que sejam Jesus e Kardec não apenas acreditados ou experimentados, anunciados ou despontados à nossa fé, mas intensamente vividos, padecidos, pranteados e concretizados em nossas próprias vidas. “Sem essa base, é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo conturbado espera de nós pela unificação.” (7)
 
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net



Referências bibliográficas:
(1)           Disponível acesso em 02-07-2012
(2)           disponível em: acesso em 01-07-2012
(3)           Xavier, Francisco C. Fonte Viva, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 49, pg.116
(4)           Carvalho, Antonio C. Perri. Artigo “União com fidelidade, simplicidade e fraternidade” publicado em Reformador, abril, ano 2011 pags. 29,30 e 31
(5)           idem pags. 29,30 e 31
(6)           idem pags. 29,30 e 31
(7)           Bezerra de Menezes, trechos da mensagem “Unificação”, Psic. F. C. Xavier – Reformador, dez/1975 - FONTE: CEI - Conselho Espírita Internacional.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Escala de Valores, Cura e Prevenção

Luiz Carlos Formiga


Depois que o médium lançou suas primeiras sementes, já se passaram trinta e um anos. Hoje colhe resultados. Conhecemos pessoas beneficiadas por ele (1)
A verdadeira cura se processa em níveis mais sutis e se o paciente não modificar sua escala de valores éticos, de nada valeu ser curado, se estamos pensando também em outras vidas.
 Já se passaram igual número de anos, depois daquela data em que o movimento espírita resolveu incentivar o trabalho dos valores, com espíritos ainda no período infantil. Realmente é o mais propício para acelerar mudanças de comportamento. (2)
Louvável o trabalho de atenuar dores do corpo e da alma. Afinal, a Doutrina Espírita com seus postulados básicos é capaz de suavizá-las, mesmo sendo a “dor sem nome”, aquela ocasionada pela perda de um filho. Chico Xavier foi plantonista, durante anos, pensando em termos de saúde pública, percebendo o suicídio como emergência. Quem perde a mãe é órfão, quem perde o marido é viúva, mas quem perde um filho?(3)
  No entanto, não podemos descuidar da educação. Um grama de prevenção pode possuir maior VALOR do que uma tonelada de tentativas de cura. O dependente químico pode chegar a resultados positivos, mas não sem antes passar por grande sofrimento no “fundo do poço”(4, 4b)
Monteiro possui rotina que atende até 2000 doentes diversos num sábado a cada mês. A Organização Paracientífica Adolfo Fritz poderia se denominar “Transcientífica”, caso Monteiro aceitasse sugestão de um paciente, o teólogo Leonardo Boff.
Não sabemos se a mudança poderá acontecer. A sugestão parece pertinente diante dos enunciados em 1994, no “Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade”. (5)
Embora ocorram muitos efeitos físicos na Organização, o médium evita falar no Espiritismo para não inibir pessoas de outros credos religiosos. (6) A conduta parece-nos adequada e é a mesma que adotamos, quando lecionamos para profissionais de saúde. Empregamos os termos religiosidade e espiritualidade com a visão encontrada nos artigos das Ciências Biomédicas (7)
 Chico Monteiro é o mesmo médium que nos possibilitou disponibilizar, na WEB, fatos e fotos ocorridos com um espírita.(8)
Não há efeito sem causa. Deus existe. (9, 10)


Referências:
1. http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/Artigos/EFEITO_INTELIGENTE_LCF.html
2. http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/ARTIGOS/ArtigosGRs3/VAC_DESAF_DE_URGENCIA_LCF.html
3. http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/F_autores/FORMIGA_Luiz_tit_Dano_e_dor_sem_nome.htm
4. http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2012/04/o-cirurgiao-e-doenca-da-negacao.html
4b. http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2012/03/12-passos-espiritualidade-e-alcoolicos.html
5. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/etica-sociedade.html
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br/A_ERA_DO_ESPIRITO_-_Portal/ARTIGOS/ArtigosGRs3/ETICA_SOC_TERC_MILENIO_LCF.html
http://www.panoramaespirita.com.br/novo/artigos/106-sociedade/6575-etica-sociedade-e-terceiro-milenio.html
6.  http://www.oconsolador.com.br/ano6/268/entrevista.html
7.  http://sinapseslinks.wordpress.com/2012/01/28/consciencia-na-secretaria-de-saude/
8. http://aeradoespirito2.sites.uol.com.br/Artigos/EFEITO_INTELIGENTE_LCF.html
9. http://jorgehessen.net/page87.php
10. http://orebate-jorgehessen.blogspot.com.br/2011/11/universidade-e-espiritualidade-entre.html

terça-feira, 3 de julho de 2012

A PARTIDA



Roberto Cury
Goiânia
robcury@hotmail.com
robertocury.blogspot.com


Partida, quantos significados para esta palavra! Se ficarmos apenas dentro da Doutrina Espírita, ainda assim, consideraremos vários sentidos: partida = ida para algum lugar em busca de algo; partida = saída do Mundo dos espíritos no retorno à Terra através da reencarnação; partida = desencarnação e volta do espírito à Pátria Espiritual.
Falemos da partida no sentido da desencarnação, quando o espírito deixa seu corpo material e retorna às suas origens, ou seja, onde Deus o criou.
Tanta gente tem medo da morte, ou seja da partida de volta!
E por que?
Via de regra, as razões mais variadas, porém, quase todos têm receio do que irão encontrar lá do outro lado, por puro desconhecimento, desinteresse, comodismo além de outros quejandos mais. Tem até aqueles que dizem: “Se a morte é descanso, prefiro viver cansado”.
Em contraposição ao medo, algumas pessoas, por compreenderem que a Vida é a do espírito e que a passagem pela Terra é fugaz e insignificante diante da eternidade, sentem uma alegria incomensurável pela aproximação do seu tempo de retorno. Entretanto, outras, muitas vezes, recolhem-se num processo melancólico que não sabem explicar.
“Melancolia significa o estado de tristeza e apatia sentido continuamente por alguém”, definem os dicionários.
Allan Kardec, compilou, no capítulo V, item 25, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a mensagem de François de Genéve, passada em Bordeaux, na França, vazada assim: “Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos infelizes.
Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantêm cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.
Quantas vezes já foram ouvidas expressões como essas: “Estou cansado desta vida. Quero ir-me embora de vez.” “Por que Deus ainda não me chamou?” “Já vivi demais e está passando da hora de partir.”
No entanto, felizes são aqueles que compreendem que só a carne morre, o espírito jamais. Felizes daqueles que são senhores dos seus atos, dos seus pensamentos, das suas vontades e, ao final, sentem que cumpriram com sua missão terrena, porque, invade-lhes a alegria com a libertação dos grilhões da carne e então, o espírito esvoaçante, leve, flutuando acima do leito ou do teto, rompe as alturas e se vai, célere na busca da verdadeira morada.
José Luiz, esposo de Lô, a filha caçula de Herculano, foi um dos que atendeu ao chamado de dona Virgínia a “Bi” como Herculano carinhosamente tratava sua esposa e carregando o corpo desfalecido para levá-lo ao Hospital São Paulo, o mais próximo da residência do grande espírita conhecido como “o melhor metro que mediu Kardec no século XX”, quando teve a certeza de ouvir, com clareza e distintamente, a voz do seu sogro dizendo: - deixa disso Zé, eu já era”.
No mesmo instante, na garagem da casa, um grande cômodo que abrigaria, tranquilamente uns 6 carros daqueles “compridões importados  conhecidos “rabo de peixe” por causa do tamanho e da largura da traseira, onde durante anos, mesmo depois da desencarnação de Herculano, ainda funcionou o centro Cairbar Schuttel, cujo homenageado fora amigo de Herculano desde a juventude, desenvolvia-se a reunião mediúnica, sendo que ninguém do recinto sequer sonhara com o acontecimento que, naquele momento, ocorria na parte alta da casa.
Foi então, nessa reunião mediúnica, que duas mensagens psicografadas foram recebidas por um dos médiuns que ali se encontrava. Porém, ninguém deu importância achando que se tratavam de mensagens comuns de espíritos menores uma vez que o médium ainda se encontrava em desenvolvimento e não figurava na primeira linha dos escribas terrenos.
E quando entregues a dona Virgínia, no dia seguinte, ela exclamou descrente: Herculano nem bem desencarnou e já estão trazendo mensagens! Foi quando uma das filhas disse: - vamos ler. Então a grande surpresa: Herculano era o autor de ambas mensagens, reconhecido de pronto pelo palavreado, por sua grafia, mas, especialmente pelas expressões só conhecidas dos familiares e mais intimamente da sua querida “Bi”.
Alguém ousaria dizer: - Ah! Também o Herculano foi um grande espírito. Pra ele era fácil escrever psicograficamente, já que era escritor e jornalista. Mas, nós, pobres coitados ralando nas ribanceiras da vida jamais poderíamos fazer isso.
É verdade. Herculano foi realmente um grande espírita de passagem por aqui difundindo sempre a Verdade doesse ela onde doesse. Eu mesmo, certa feita fui fazer graça com a Igreja, numa das reuniões na garagem, lá pelos idos de 1974 ou 75 e levei um “baita” puxão de orelhas pela falta de respeito para com nossos irmãos católicos.
Mas qualquer de nós pode perfeitamente atingir a condição de escrevinhar logo após a desencarnação. Basta que reunamos méritos próprios, ao longo da encarnação.
Mario Ribeiro, esposo de nossa irmãzinha Vera Lúcia, um dos fundadores da nossa Casa, o Centro Espírita “Professor Herculano Pires”, desencarnou à noite e já no dia seguinte, antes do sepultamento, na hora em que fazia eu a prece de despedida daquele corpo, pude entrever a festa que os espíritos fizeram para a recepção do nosso querido irmão, lá no Mundo Espiritual, de tal sorte que o espírito médico Clóvis, nosso amigo do além, diante de milhares de irmãos festejando a volta do Mario, exclamou sorrindo: - só falta guaraná!
E a vózinha Irene, avó da médica Dra. Irene, da esposa do Presidente da Casa, a psicóloga Lenina, cantou com toda a família, canções lindas até que se calou para este mundo, adentrando o reino, pois lá é o endereço e a morada dos anjos.
A partida é sempre a abertura da prisão libertando o espírito para reassumir a grande Vida, aquela que jamais fenece, que jamais morre.
Busquemos conhecer cada vez mais a doutrina dos espíritos para que, quando chegar nossa hora, a partida seja de alegria e de felicidade pela libertação e pela certeza de que
também seremos recebidos por aqueles que cultivamos com amor, carinho e respeito e uma grande festa será o retorno à Pátria Espiritual..