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sábado, 14 de dezembro de 2019

Guerrilheiros da Intolerância

Guerrilheiros da Intolerância

Vladimir Alexei
Belo Horizonte das Minas Gerais,
13 de dezembro de 2019.



Em título homônimo, Hermínio C. de Miranda escreveu uma obra que retrata convergências psicológicas especulativas a respeito da trajetória de um mesmo espírito ao longo de algumas reencarnações.

O que caracterizou o espírito retratado na obra, foi a perseguição religiosa. Tal perseguição teria ocorrido desde quando o espírito em estudo foi a filósofa e matemática de Alexandria, com o nome Hipácia, passando pela figura mais conhecida de Giordano Bruno, até culminar em Anne Bessant. Esse espírito despertou o lado sombrio dos movimentos religiosos organizados, retratado em essência na obra.

As perseguições religiosas são tão odientas quanto os crimes cometidos contra as religiões. É um mar de ilusões perpetrado por lideranças que insuflam a salvação a troco da propagação de um Deus exclusivo, celetista, tendencioso e arbitrário.

Estamos sujeitos a que aconteçam esses movimentos de perseguição. Podemos vislumbra-los no espiritismo, em breves relatos nesse ano de 2019, próximo de encerrar.

Vimos manifestações em redes sociais virulentas, agressivas, destemperadas, causando estranhamento entre profitentes como se fossem torcidas organizadas. Isso, no movimento espírita. Companheiros com obras de divulgação doutrinária, descendo o nível dos argumentos a ponto de proferir palavras de baixo calão, como a lembrar algo próximo da barbárie. Aqueles que se aproximam e buscam o espiritismo por sua riqueza de Luz e seus ensinamentos tão caros ao coração, questionam como pode ser tão antagônico, agir dessa forma e pregar entendimento diante das adversidades.

Alguns doutos, ao lerem, dirão que se trata de movimento isolado, outros mais precavidos dirão que faz parte do processo de aprendizado e que não cai uma folha da árvore sem que Deus não saiba. Os mais inconformados, escrevem.

Escrever talvez seja o último recurso de alguém que tem pouco, ou quase nenhum talento, para chamar a atenção de que, ainda que faça parte realmente do processo de aprendizado, o arrastamento que existe na sociedade pode sofrer ações voluntárias de nossa parte para frear o recrudescimento das almas em transe obsessivo que estimulam a desavença, o desentendimento e a separação. Traduzindo: precisamos rever os rumos tomados pelo movimento espírita!

Vimos espíritas fazendo fama e dinheiro, se lançando como paladinos da gestão pessoal, com arroubos de coaching and mentoring. Vimos espíritas inconformados com as “conquistas” deles e por isso abriram franca perseguição, como se pudessem fazer algo a respeito ou tivessem algum respaldo do Além.

Em 2019 vimos divulgadores questionando o festival de encontros e congressos caríssimos, outros aceitando quando são baratos e outros ainda, no qual faço parte, questionando se de fato há necessidade para tais eventos.

O ano não foi para brincadeiras. Cursos oferecidos por “celebridades” doutrinárias, mas que não eram cursos espíritas e que só existem graças ao que o Espiritismo proporcionou, a valores impronunciáveis, de tão caros.

Vimos também a "cláusula pétrea" do Roustainguismo cair, para reaproximar corações que poderiam ajudar a reerguer a Federação, sem porém, solução de continuidade...

Vimos ainda espíritas se defendendo de espíritas. Alguns tiveram que se intitular “progressistas” porque espíritas apoiadores da “situação” fizeram crer, ao vulgo, que os espíritos superiores estão do lado deles e todos que pensam diferente merecem a fogueira do “Campo de Fiori” – a mesma que queimou Giordano Bruno.

Vimos espíritas pensando diferente do Legado de Allan Kardec, muito mais preocupados em apresentar-se com títulos, pompas e circunstâncias, para dizer que não há nada demais na vergonhosa adulteração realizada na obra A gênese, do que contribuindo para um debate enriquecedor.

Por fim, vimos que a tendência dessas idiossincrasias é se alastrar por um tempo mais, enquanto o espírita tenta encaixar os movimentos da vida presente nas teorias descritas pelas obras fundamentais e obras mediúnicas de grande valor.

Por falar em obras mediúnicas, não poderíamos encerrar nossa “tertúlia virtual”, sem falar o quanto a mediunidade vem sendo barateada entre os espíritas que se arvoram estudiosos do assunto. É estarrecedor o quanto fazem para chamar a atenção e aparecer, em nome da possível, quem sabe, talvez, sabe-se lá, presença de algum espírito que nem de longe é quem estão pensando e sim aqueles que idealizam. Enfim, caso crítico de obsessão avançada, preocupante. Preocupa de forma que, alguns divulgadores para validar suas teorias, dizem, sem a menor pecha, que os espíritos estão do lado deles ditando as sandices que andam dizendo por aí. É mais ou menos assim: “o espírito de luz que está aqui comigo disse para vocês terem fé!”. Amigos, a presença de um Espírito Superior próximo de nós, ainda que distante em termos de sintonia, provocaria o que há de mais sublime e profundo em nós e não palavras que são barateadas em médiuns vaidosos e invigilantes.

Diante de tudo isso, por incrível que possa parecer, não lamentamos absolutamente nada que vivemos ou presenciamos. Primeiro porque não nos move a inveja de querer ser algo que não somos. Segundo porque sabemos que a fama, os holofotes não são para todos. Terceiro, o brilho na Terra não tem a mesma intensidade que o brilho no Mundo Espiritual. E por último, porque identificamos essas fragilidades, buscando alternativas para não cairmos nos mesmos erros que criticamos.

Que a simbologia de fim de ano, arrefeça os corações armados, perfume o verbo encandecido de inconformidades, e acalente as almas perseguidas por aqueles que um dia foram luz e alcançarão a Luz. Que em 2020 estejamos todos preparados para mais mudanças (palavras do autor e nada mediúnicas). Feliz Natal e até a próxima, se Deus assim permitir!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O livro “Maria de Nazaré” do autor espiritual Miramez pela mediunidade de João Nunes Maia: Uma análise crítica”


Leonardo Marmo Moreira



O zelo doutrinário e o cuidado em não aceitar utopias antes delas serem confirmadas é o mínimo de critério que todo espírita consciente deve ter antes de admitir algo dentro do contexto do estudo espírita. Esse critério deve ser ainda mais rigoroso antes do espiritista sair divulgando ou citando, enquanto expositor ou articulista espirita, tais dados ou informações como corroborações a qualquer ideia ou informações, ainda mais quando digam respeito a realidades de difícil constatação, tais como detalhes da vida do mundo espiritual; eventos espirituais envolvendo Espíritos de elevadíssima condição, episódios espirituais de um passado distante, entre outros. Esse tipo de escrúpulo é o que faz com que o Espiritismo não seja apenas uma religião convencional, mas esteja sustentado em um tripé científico-filosófico-religioso, cujo material de conexão dos vértices desse triângulo é a fé raciocinada. 

Temos observado confrades citarem a obra “Maria de Nazaré”, atribuída ao Espírito Miramez pela mediunidade de João Nunes Maia, sem a conhecerem minimamente. Por outras vezes, percebemos escritores pinçando somente aquilo que possa corroborar seus próprios pensamentos, sem levarem em conta que quando uma obra tem uma série de problemas, todo o seu conteúdo passa a ficar sob suspeita. Aliás, esse tipo de corroboração é muito perigoso, pois passa uma ideia de confirmação de conceitos dentro do âmbito doutrinário, o que não necessariamente é o caso. 

A Universalidade do Ensino dos Espíritos só é identificada com a seleção correta de obras que tenham condições para serem pré-selecionadas. Ou seja, o controle da concordância universal do ensino dos Espíritos só funciona para as corroborações de autores e/ou obras que previamente passaram por vários crivos, abrangendo pré-requisitos mediúnicos, morais, intelectuais etc.

Na obra “Maria de Nazaré” de Miramez/João Nunes Maia, o autor, para defender o mito católico da suposta virgindade de Maria (antes, durante e após a concepção, a gestação e o nascimento de Jesus) e para encontrar uma espécie de “meio-termo” em relação à antiga polêmica dentro do movimento espírita sobre o corpo de Jesus (para Kardec, o corpo de Jesus seria de carne, tal como o de qualquer ser humano e para Roustaing, seria um corpo fluídico, diferenciado de todos os outros seres humanos que já nasceram aqui na Terra), encontra uma hipótese deveras inusitada (nesse sentido, muito próxima de Roustaing pela tendência ao pensamento mágico e aos fenômenos miraculosos, bem ao estilo do Velho Testamento). De fato, o autor defende que Jesus nasceu realmente de um óvulo fisiológico (material) normal de Maria, mas o espermatozoide que o fecundou era espiritual, ou se preferirmos, perispiritual (ou seja, o gameta masculino seria uma espécie de gameta do mundo espiritual ou gameta do espaço, sem uma definição de origem, ou seja, sem um pai determinado). Essa constitui uma das utopias mais surreais já apresentadas no movimento espírita. Dificilmente, encontraremos uma proposta mais bizarra, das várias que já foram enunciadas em obras que são difundidas como obras espíritas e, infelizmente, permeiam nosso movimento.

Seria o caso de se questionar: Miramez foi o único Espírito que teve acesso a essa informação (já que, somente ele, que se saiba, defendeu essa ideia heterodoxa)? E se foi o único deve ser rejeitada por todo espírita lúcido, uma vez que não passa pelo critério da Universalidade do Ensino dos Espíritos.

É curioso que, com base no texto bíblico, a famosa passagem que Jesus teria afirmado “…dos nascidos de mulher, João Batista é o maior…” (ele dizia isso porque se referia e Ele mesmo como “O Filho do Homem”, pelo menos em concordância com o texto do Evangelho) ficaria totalmente sem sentido. Realmente, na hipótese de Miramez, ninguém teria nascido tanto de mulher, e só de mulher, quanto Jesus.

O autor alega que “…Ele era de natureza humana e divina…” (p.314), demonstrando a tentação de recorrer a uma espécie de “Santíssima trindade” para explicar Jesus. Portanto, o catolicismo marcante para destacar a “eterna virgindade” de Maria é reforçado pela ideia de Divindade de Jesus. 

Quem ler apenas esse trecho que comenta sobre a “inseminação espiritual” para constituir o chamado “corpo híbrido” ou “biocorpo” certamente ficará impactado pela extravagância das explicações, mas, talvez, não perceba o porquê desse mirabolante tipo de narrativa/discussão. No entanto, aqueles que, como esse que vos escreve, lerem as quase 500 páginas do livro notaram o contexto que está por detrás de tais ideias. De fato, o livro parece ser uma obra de ficção elaborada por alguém que tem profundas influências católicas e também “místicas”, entendo mística em um sentido de predileção por abordagens heterodoxas, de preferência com um viés de sociedade secreta, isto é, conteúdo de certa forma “hermético”. Ademais, o movimento espírita não tem passado incólume à grande “tentação” que sofrem seus palestrantes, escritores e editores de ficarem famosos. Nós sofremos uma intensa “tentação”, mesmo que inconsciente, de buscar originalidade e, quiçá, de fazer história com uma descoberta “genial”, o que projetaria nosso nome à fama, mesmo que estejamos correndo o risco de contar uma grande mentira. Triste é a situação do trabalhador espírita que prefere a fama e o reconhecimento do mundo material em vez do trabalho de qualidade, divulgando a Verdade, mesmo que de forma mais anônima e sem projeção. Essa busca por notoriedade costuma cegar todos os cuidados críticos dos autores e, no que diz respeito aos editores, muitas vezes o potencial mercadológico prevalente em relação aos cuidados doutrinários, gerando a atual crise de qualidade do livro espírita. Lamentavelmente, ideias esdrúxulas costumam atrair mais atenção do que reflexões sóbrias, calcadas na realidade e no estudo persistente e sereno dos temas espirituais. 

Não satisfeito em defender tamanha “inovação”, o autor alega que a “inseminação espiritual” ocorreu para Jesus e também para vários outros missionários (antes e depois de Cristo), tais como Apolônio de Tiana; Melquisedech; Krishna; Buda, entre outros. Seria o caso de se questionar: esses missionários também tinham uma natureza dupla, humana e divina?!

Na obra, “Jesus” afirma que “não é contra a cobrança do dízimo”. Posição estranhíssima se analisarmos o conjunto dos ensinamentos do Mestre de Nazaré. Jesus também usa expressões estranhas para a época, tais como “direitos humanos”. Ora, tal expressão só surgiu, com seus significados atuais, muitíssimo tempo depois.

Em oposição a Emmanuel (“A Caminho da Luz”), “Jesus” achou mais conveniente para “se preparar melhor” para sua missão, ficar um tempo com os essênios após os treze anos. Ora, “Antes de Abraão ser, Eu sou”, teria dito o Mestre. Ele não tinha nada para aprender com os essênios que justificasse o afastamento de Suas obrigações crescentes que teria com sua família material, dada a idade avançada de seu pai, José de Nazaré, e os vários irmãos que ele precisava ajudar, além de sua própria mãe.

Segundo o texto de Miramez, o casamento de “Jesus” foi meio que “arrumado” (p.266) pelos religiosos da época (José nem conhecia Maria…) e muita gente já sabia (antes, durante e depois do nascimento de Jesus) da (suposta) situação de “virgindade eternal” de Maria. 

Aliás, quando jovem, muito estranhamente Maria fazia muitas pregações e era admirada por vários grupos diferentes de religiosos em uma época de extremado patriarcalismo (“machismo”), sobretudo por parte dos judeus daquele tempo. Isso parece razoável?

Segundo o livro da mediunidade de João Nunes Maia, José sentia-se inferiorizado em relação à Maria. A idolatria à Maria, levada a verdadeiros exageros, costuma, infelizmente, para exaltá-la em nível extremo, rebaixar, incompreensivelmente, o valor do Espírito José de Nazaré. Emmanuel, em um dos seus livros de mensagem da série Fonte Viva afirma que ambos já eram Espíritos muitíssimo elevados. Portanto, mais uma vez, Miramez está em oposição a Emmanuel. José, segundo o volumoso livro de Miramez, teve que ser conscientizado e convencido de que a sua missão e a de seu casamento não seriam nem de perto próximas de um casamento real da Terra e, por isso, ele não poderia ter contato íntimo com Maria (mais uma vez os atavismos da cultura religiosa mitológica pesando no texto).

De acordo com Miramez, um curioso fato aconteceu nos últimos anos de vida de Maria. Apolônio de Tiana a procurou para chamá-la de mãe (p. 479).

O livro é cheio de expressões estranhas ao Espiritismo, tais como “A Queda de um Anjo” (p.21), e também defende ideias extravagantes como aquela que estabelece que Jesus veio se aproximando da Terra gradualmente, oriundo das esferas superiores (p.339). Ora, Ele não está aqui entre nós? Ele não é o governador da Terra, conforme Emmanuel e até Kardec em “Revista Espírita”? E quando elevamos a sintonia não nos conectamos, cada vez mais com Ele? A “distância” não seria apenas vibratória, conforme aprendemos com Allan Kardec e as obras subsidiárias respeitáveis do Espiritismo?

A obra também repete exaustivamente que “Jesus” seria da “linhagem de Davi e de Salomão” (por exemplo, na página 266). Em primeiro lugar, se somente o óvulo era de Maria e o espermatozoide não era de José de Nazaré, isso está certo?! Não é José o descendente de Davi e Salomão? E o que é mais importante: que diferença isso faz?! Altera a elevação espiritual de Jesus ou de seu conteúdo libertador, O Evangelho?!

No prefácio da obra (p.10), o Espírito Lancellin (outra entidade que publicava com João Nunes Maia) revela que Miramez era o “mancebo rico” que teria encontrado Jesus e que, convidado a segui-lo após dar seus bens aos pobres, teria se afastado entristecido. Informação que atrai o interesse de curiosos de plantão, mas que não temos como avaliar. Ademais, observam-se excessivos elogios no prefácio ao autor espiritual e ao livro tratado como “essa misericórdia, transformada em livro…”.

Teríamos um número muito maior de itens para ilustrar as colocações no mínimo questionáveis dessa obra de Miramez, mas consideramos que esse pequeno resumo já possa induzir uma pequena reflexão sobre a qualidade intrínseca da obra em questão.

Por fim, seria interessante um último registro. Na versão utilizada na presente leitura e análise, há um interessante anexo no fim do livro (p.486-487), redigido em forma de perguntas e respostas, no qual os editores (editora FONTE VIVA) da respectiva publicação tentam justificar o adiamento e, por fim, a decisão pela publicação do livro “Maria de Nazaré” em função do avanço da ciência de 1983 até a virada do século (2000/2001) e do amadurecimento doutrinário dos próprios editores. Isso ocorre porque o prefácio do livro é de 25 de dezembro de 1983 e os editores resolveram publicar dezessete (17) anos depois, uma vez que, segundo eles, a chamada “Panspermia – que afirma que a vida chegou do espaço…” dá respaldo às propostas exaradas do livro (o médium desencarnou em 1991 e, consequentemente, não estava fisicamente presente para opinar na virada do milênio). De lá para cá, 72.000 exemplares já foram publicados (a versão lida por esse articulista é da décima nona (19) edição – segunda reimpressão). Resta saber que avanço científico os editores identificaram, acompanharam e compreenderam que justifique um retorno tão drástico a mitos religiosos do passado e a “elucidação” do nascimento de Jesus, e de outros líderes religiosos, com, talvez, a proposta mais extravagante (entre muitos fortes candidatos) já publicada.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Netflix e o grupelho Porta dos fundos achincalham o Cristo e os cristãos (Jorge Hessen)

Netflix e o grupelho Porta dos fundos achincalham o Cristo e os cristãos (Jorge Hessen)





Jorge Hessen             
Brasília-DF

Paulo de Tarso escreveu aos Gálatas: "Que ninguém se iluda porque de Deus [e Suas Leis] não se zomba, aquilo que o homem semear ele vai colher." [1] Esse alerta é para o grupelho Porta dos Fundos e a Netflix porque decidiram zombar de Jesus e da religiosidade da grande maioria dos brasileiros.
É o que está ocorrendo atualmente, como o lançamento do filmeco “A Primeira Tentação de Cristo”, previsto para a data máxima da cristandade (Natal). Na verdade, trata-se de repugnante “comédia”, para claramente zombar da venerável figura do Cristo.
Alguns “atores-espantalhos”, jugulados por irracionais ideologias avermelhadas, fidedignos “comédias ambulantes” e desajustados consigo mesmos apostam chacotear os consagrados valores éticos, morais e religiosos dos cristãos. Notabilizado por peças de “humor pervertido” que tendem importunar a fé cristã, o tal grupelho Porta dos Fundos nunca disfarçou a aversão contra a estrutura religiosa cristã.
Para o próximo Natal, o repugnante grupelho montou o ignóbil “filmeco”, que já está disponível no Netflix. Na sinopse desse lixo dito cinematográfico, “José” e “Maria” prepararam uma festa surpresa para “Jesus”, porém “Jesus” aparece na festa acompanhado de seu “namorado”. Na festança, um dos convidados revela ser o próprio “Deus”, e informa a missão de Jesus, o que parece contrariar os planos de Jesus que deseja gozar a vida.
lixo cinematográfico expõe “Jesus” corrompido pelo sexo, mostrando um relacionamento homossexual d’Ele e Satanás, além de um triângulo amoroso entre “Deus”, “Maria” e “José”. Inclusive, em alguns trechos do “filmeco”, Jesus aparece tomando chá alucinógeno e se questionando sobre sua própria missão na terra.
Será que a Carta Magna do Brasil afiança esses irresponsáveis autores o direito de se manifestarem com tais insultos? O direito constitucional à liberdade de expressão não justifica agressões morais. A Constituição não é salvo conduto para abusos e atos blasfemos, moralmente condenáveis e absolutamente desrespeitosos.
A atitude do abominável grupelho Porta dos Fundos golpeia a liberdade religiosa e desfigura fortemente o legítimo conceito de arte. Desde que uma suposta obra dita de arte ofende seriamente a crença de uma admirável e pacata população, há um excesso sujeito à punição, porque injuria a honra da tradição cristã.
É um lixo cinematográfico que promove intolerância religiosa camuflado de liberdade de expressão. Além do quê, a memória e imagem de Jesus devem ser respeitadas e veneradas no alcance máximo da liberdade humana.
Portanto, é uma agressão brutal e completamente desnecessária como tantos outros desrespeitos já praticados sob a “proteção” da vilipendiada liberdade de expressão, que culmina atingindo o sentimento de todos aqueles que têm Jesus como exemplo de moral, caráter, bondade, amor, humildade.
Que talento desprezível desse “grupelho”! Tratam, o mais supremo dos seres da criação como um "João ninguém".
Estejam cientes, “panelinha do Porta dos fundos”, que os espíritas cristãos assentamos a Mensagem de Jesus na linguagem do amor, com as devidas explicações racionais, filosóficas e científicas. Todavia, sem abdicarmos e sem deixarmos de lado o aspecto emocional que é colocado na sua expressão mais alta, tal como o pretendeu Jesus.
Apesar desse desrespeitoso “grupelho”, inobstante não ser a experiência humana uma estação de prazer, ainda assim continuaremos trabalhando no ministério de Jesus, recordando que, por servir ao próximo, com modéstia, sem agressões e arrogâncias, Ele foi tido por insensato e gay (pelo grupelho), infrator da lei e opositor da população, sendo indicado por essa mesma turba para receber com a cruz a gloriosa coroa de espinhos, entretanto sob a força do Amor Jesus venceu o mundo!
Uma conveniente atitude cristã seria o boicote à Netflix, que tal?

Referência bibliográfica:

[1]       Gálatas 6:7

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Lei de Causa e Efeito , reencarnação e os gêmeos siameses (Jorge Hessen)

Lei de Causa e Efeito , reencarnação e os gêmeos siameses (Jorge Hessen)



Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
Brasília-DF
Um caso raro de gêmeos siameses causou espanto na Índia. Babita Ahirwar e seu marido, Jaswant Singh Ahirwar, já sabiam que esperavam xifópagos [1], mas o nascimento da criança fez com que os pais entrassem em choque. As duas crianças compartilhavam os mesmos órgãos internos, incluindo um só coração, porém com duas cabeças separadas. Os bebês nasceram no dia 23 de novembro de 2019. O caso é descrito como sendo dicephalus parapagus [2], tipo que engloba cerca de 11% dos casos de gêmeos siameses, de acordo com uma revisão histórica feita pelo Journal of Pediatric Surgery. [3]
Pela tradição, o termo siameses surgiu no século XIX, precisamente em 1811, com o primeiro caso acadêmico registrado no mundo, ocorrido com os irmãos tailandeses Chang e Eng Bunker – decorrendo daí o termo "gêmeos siameses" [4]. Os dois irmãos foram conduzidos para a Inglaterra e posteriormente para os Estados Unidos.
Por uma questão de programação espiritual, e nem poderia ser diferente, Chang e Eng Bunker desencarnaram em 17 de janeiro de 1874, com poucas horas de diferença, aos 63 anos, estabelecendo um recorde de sobrevida dentre gêmeos siameses. O que nos chama atenção é o fato de que “os dois tiveram 22 filhos, que através deles geraram mais de 1.500 descendentes, a maioria deles não-gêmeos e em condições ideais de saúde.” [5]
Pelas leis reencarnatórias, num só corpo não há como reencarnar mais que um Espírito. Todavia, no caso dos seres xifópagos, existem dois espíritos em corpos grudados biologicamente, possuindo dois cérebros (dicéfalos), portanto são dois indivíduos e duas mentes.
Se na xifopagia os Espíritos forem amigos se aproximarão por afinidade de sentimentos e sentirão menos desconforto por estarem acoplados fisicamente. Todavia, nos casos dos Espíritos que afetivamente não se aturam e se repelem, serão intensamente infelizes como inquilinos de corpos grudados.
Nestas circunstâncias reencarnatórias, quais razões induziriam as Leis de Deus consentirem tamanhas anormalidades corporais?
Por quais razões esses espíritos necessitam permanecer algemados corporalmente, compartilhando vísceras e funções orgânicas, compreendendo que nada nos é mais intrínseco (íntimo) e individual que a organização física?
Na maior parte dos casos os xifópagos são dois espíritos comprometidos por imensos ódios, erigidos ao longo de múltiplas reencarnações, e que reencarnam nestas condições por recomendações dos Benfeitores sem que se constitua um processo de punição divina, até porque as Leis de Deus não são punitivas; elas apenas nos convidam (amorosa ou dolorosamente) para a reparação dos erros, sob às luzes misericordiosas da Lei de Causa e Efeito que funciona a fim  de que nós nos protejamos de nós mesmos.
Alternando-se as posições como algozes e vítimas e, igualmente, nas dimensões físicas e espirituais, compelidos por irresistível atração de ódio e desejo de vingança, tais Espíritos pela divina Lei de Atração buscam-se continuamente e culminam se reaproximando em condições comovedoras, convidando-os a dividir amargamente o mesmo sangue vital e do ar que respiram.
Tal reencarnação dolorosa permitirá que ambos os espíritos, durante a experiência desafio no corpo carnal, ajustem os laços de união e sustentação moral, catalisando anseios de amizade, fraternidade e plausível começo de reconciliação pelo autoperdão e recíproco perdão.
Mesmo entre espíritos afins ou simpáticos, a experiência xifópaga deverá ser uma vivência muito desafiadora, inobstante ambos aceitarem, ou serem convidados a cumprirem a lei de amor, embora conectados biologicamente, tendo como meta diluir traumas morais do passado para robustecer a necessária reaproximação hoje para delinear um amanhã mais harmonioso.
Muitas vezes não é possível, de imediato, dissolverem-se essas vinculações anômalas, a fim de que haja total recuperação psíquica dos infelizes protagonistas. No decorrer dos anos, a imantação se avoluma, tangendo dimensões categóricas de alteração do corpo perispiritual de ambos. A analgesia transitória, pela comoção de consciência causada pela reencarnação expiatória, poderá impactar e recompor os sutis tecidos em desarranjo da mente doente.
Nessas reflexões doutrinárias não há como desconsiderar que os pais são invariavelmente coparticipantes do processo, até porque são os vínculos solidários do passado que os convidam a experienciar o drama da vida atual com os filhos. Não podemos afirmar que são vítimas ingênuas de uma lei natural injusta e arbitrária. O reencontro comum pelas afinidades que atraem pais e filhos por simbiose magnética apenas retrata os lídimos mecanismos da Lei de Causa e Efeito à qual todos estamos submetidos.

A proposta espírita da questão aponta para algumas soluções que podem contribuir com a psicologia e a medicina de hoje e de amanhã, considerando a terapêutica. A prática da prece e da doação de energias magnéticas através do passe, por exemplo, são recursos adequados e indispensáveis para despertar consciências e minimizar os traumas psicológicos. Soluções essas que para eles (xifópagos) se descortinam eficazes, eliminando-lhes a mente para a necessidade da efetiva reconciliação, enfrentando a união pelo laço indestrutível e saudável do amor.

Notas e referências:
[1]           A nomenclatura provém de xifóide que é o apêndice terminal do osso esterno (com s ), situado na frente do tórax onde se unem as costelas, isto porque muitos dos xifópagos estudados eram unidos por esta parte do corpo.
[2]           Gêmeos dicephalus parapagus são unidos lado a lado pela pelve e/ou em todo o abdômen e no peito, mas têm cabeças separadas. Os gêmeos podem ter dois, três (tribrachius) ou quatro (tetrabrachius) braços e duas ou três pernas.
[3]           Disponível em https://www.metropoles.com/saude/bebe-indiano-nasce-com-duas-cabecas-e-tres-bracos   acesso em 06/12/2019
[4]           Termo advindo do antigo reino de Sião (Tailândia).


[5]           Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Chang_e_Eng_Bunker#cite_ref-mt-airy-news_3-0  acesso 04/12/2019

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Doação de órgãos. Quem nos garante que não seremos o próximo da fila? (Jorge Hessen)

Doação de órgãos.  Quem nos garante que não seremos o próximo da fila? (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
Brasília-DF

O ex-apresentador de TV Gugu Liberato permanecerá presente na recordação da família,  dos milhões de fãs e dos doentes receptores dos seus órgãos. A família do apresentador fez questão de realizar um desejo que Gugu sempre manifestou: a doação dos órgãos. Pois que quando em vida Gugu dizia que “Deus em sua infinita bondade nos dá a oportunidade da vida. Agora eu sigo adiante por um caminho que me levará mais próximo ao Pai. E neste momento quero praticar os ensinamentos do mestre Jesus. Assim como ele compartilhou o pão com os seus, eu compartilho meu corpo com aqueles que necessitam de uma nova oportunidade de viver. Aos meus familiares eu agradeço por terem realizado a minha vontade. Tenham certeza que, a partir de agora, eu estarei batendo em muitos outros corações e compartilhando minha vida com outros irmãos. Que eu seja um instrumento de amor, oportunidade e de luz.” [1]
Observamos que a doação dos próprios órgãos era um desejo do apresentador e os órgãos que lhes foram retirados poderão beneficiar cerca de 50 pessoas. Mas, a grande algazarra do assunto (doação de órgãos) é a morte encefálica, na vigência da qual órgãos ou partes do corpo humano são removidos para utilização imediata em doentes deles necessitados. Estar em morte encefálica é estar em uma condição de parada definitiva e irreversível do encéfalo, incompatível com a vida e da qual ninguém jamais se recupera.
Havendo morte cerebral, verificada por exames convencionais e também apoiada em recursos de moderna tecnologia, apenas aparelhos podem manter a vida vegetativa, por vezes por tempo indeterminado. É nesse estado que se verifica a possibilidade do doador de órgãos "morrer" e só então seus órgãos podem ser aproveitados - já que órgãos sem irrigação sanguínea não servem para transplantes.
Seria a eutanásia? Evidentemente que não! A eutanásia de modo algum se encaixaria nesses casos de morte encefálica comprovada.  A medicina, no mundo todo, tem como certeza que a morte encefálica, que inclui a morte do tronco cerebral (2) só terá constatação através de dois exames neurológicos, com intervalo de seis horas, e um complementar. Assim, quando for constatada cessação irreversível da função neural, esse paciente estará morto, para a unanimidade da literatura médica.
A temática "doação de órgãos " é bastante contemporâneo no cenário terreno. Sobre o assunto, talvez, porque as informações sejam distorcidas, há o receio do desconhecido que paira no imaginário de muitos homens. Inclusive alguns espíritas se recusam a autorizar, em vida, a doação de seus próprios órgãos após o desencarne.
A doação de órgãos para transplantes é doutrinariamente válida. “Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças às conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.”. (3)
Chico Xavier afiançava que  “transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios, é um problema da ciência muito legítimo, muito natural e deve ser levado adiante.”. Os Espíritos, segundo Chico Xavier, “não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais. Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito”. (4)
Não há reflexos traumatizantes ou cerceadores no perispírito, em relação à mutilação do corpo carnal, ou seja, o doador de córneas, por exemplo, não regressará “cego” ao Mundo Espiritual. Se fosse regra geral haver impacto do corpo físico doador no corpo espiritual, o que seria daqueles que são esmagados nos desastres de trânsito , os têm o corpo carbonizado pelo fogo ou pulverizado numa explosão? O que dizer da cremação, que reduz o cadáver a cinzas?
A doação de órgãos não afetará o corpo espiritual do doador, a menos que acreditemos ser injusta a Lei de Deus e estejamos no Planeta à deriva da Sua Suprema Bondade e Providência. Lembremos que nos Estatutos do Criador não há espaço para a injustiça e o transplante de órgãos é valiosa oportunidade, dentre tantas outras, colocada à disposição do homem para o exercício do amor.
Além do mais, se, hoje, somos doadores, amanhã, poderemos ser (ou nossos familiares e amigos) receptores de órgãos. Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte. Mas, para quem está numa gigantesca fila esperando um órgão para transplante, ela significa a única possibilidade de vida. Quem nos garante que não seremos o próximo da fila?
Pensemos nisso!
Referência bibliográfica:
[2]           O tronco cerebral, e não o coração, é reconhecido como o organizador e "comandante" de todos os processos vitais. Nele está alojada a capacidade neural para a respiração e batimentos cardíacos espontâneos; sem tronco ninguém respira por si só.
[3]           Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]-
[4]           Entrevista de Francisco Cândido Xavier, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38