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sábado, 14 de dezembro de 2019

Guerrilheiros da Intolerância

Guerrilheiros da Intolerância

Vladimir Alexei
Belo Horizonte das Minas Gerais,
13 de dezembro de 2019.



Em título homônimo, Hermínio C. de Miranda escreveu uma obra que retrata convergências psicológicas especulativas a respeito da trajetória de um mesmo espírito ao longo de algumas reencarnações.

O que caracterizou o espírito retratado na obra, foi a perseguição religiosa. Tal perseguição teria ocorrido desde quando o espírito em estudo foi a filósofa e matemática de Alexandria, com o nome Hipácia, passando pela figura mais conhecida de Giordano Bruno, até culminar em Anne Bessant. Esse espírito despertou o lado sombrio dos movimentos religiosos organizados, retratado em essência na obra.

As perseguições religiosas são tão odientas quanto os crimes cometidos contra as religiões. É um mar de ilusões perpetrado por lideranças que insuflam a salvação a troco da propagação de um Deus exclusivo, celetista, tendencioso e arbitrário.

Estamos sujeitos a que aconteçam esses movimentos de perseguição. Podemos vislumbra-los no espiritismo, em breves relatos nesse ano de 2019, próximo de encerrar.

Vimos manifestações em redes sociais virulentas, agressivas, destemperadas, causando estranhamento entre profitentes como se fossem torcidas organizadas. Isso, no movimento espírita. Companheiros com obras de divulgação doutrinária, descendo o nível dos argumentos a ponto de proferir palavras de baixo calão, como a lembrar algo próximo da barbárie. Aqueles que se aproximam e buscam o espiritismo por sua riqueza de Luz e seus ensinamentos tão caros ao coração, questionam como pode ser tão antagônico, agir dessa forma e pregar entendimento diante das adversidades.

Alguns doutos, ao lerem, dirão que se trata de movimento isolado, outros mais precavidos dirão que faz parte do processo de aprendizado e que não cai uma folha da árvore sem que Deus não saiba. Os mais inconformados, escrevem.

Escrever talvez seja o último recurso de alguém que tem pouco, ou quase nenhum talento, para chamar a atenção de que, ainda que faça parte realmente do processo de aprendizado, o arrastamento que existe na sociedade pode sofrer ações voluntárias de nossa parte para frear o recrudescimento das almas em transe obsessivo que estimulam a desavença, o desentendimento e a separação. Traduzindo: precisamos rever os rumos tomados pelo movimento espírita!

Vimos espíritas fazendo fama e dinheiro, se lançando como paladinos da gestão pessoal, com arroubos de coaching and mentoring. Vimos espíritas inconformados com as “conquistas” deles e por isso abriram franca perseguição, como se pudessem fazer algo a respeito ou tivessem algum respaldo do Além.

Em 2019 vimos divulgadores questionando o festival de encontros e congressos caríssimos, outros aceitando quando são baratos e outros ainda, no qual faço parte, questionando se de fato há necessidade para tais eventos.

O ano não foi para brincadeiras. Cursos oferecidos por “celebridades” doutrinárias, mas que não eram cursos espíritas e que só existem graças ao que o Espiritismo proporcionou, a valores impronunciáveis, de tão caros.

Vimos também a "cláusula pétrea" do Roustainguismo cair, para reaproximar corações que poderiam ajudar a reerguer a Federação, sem porém, solução de continuidade...

Vimos ainda espíritas se defendendo de espíritas. Alguns tiveram que se intitular “progressistas” porque espíritas apoiadores da “situação” fizeram crer, ao vulgo, que os espíritos superiores estão do lado deles e todos que pensam diferente merecem a fogueira do “Campo de Fiori” – a mesma que queimou Giordano Bruno.

Vimos espíritas pensando diferente do Legado de Allan Kardec, muito mais preocupados em apresentar-se com títulos, pompas e circunstâncias, para dizer que não há nada demais na vergonhosa adulteração realizada na obra A gênese, do que contribuindo para um debate enriquecedor.

Por fim, vimos que a tendência dessas idiossincrasias é se alastrar por um tempo mais, enquanto o espírita tenta encaixar os movimentos da vida presente nas teorias descritas pelas obras fundamentais e obras mediúnicas de grande valor.

Por falar em obras mediúnicas, não poderíamos encerrar nossa “tertúlia virtual”, sem falar o quanto a mediunidade vem sendo barateada entre os espíritas que se arvoram estudiosos do assunto. É estarrecedor o quanto fazem para chamar a atenção e aparecer, em nome da possível, quem sabe, talvez, sabe-se lá, presença de algum espírito que nem de longe é quem estão pensando e sim aqueles que idealizam. Enfim, caso crítico de obsessão avançada, preocupante. Preocupa de forma que, alguns divulgadores para validar suas teorias, dizem, sem a menor pecha, que os espíritos estão do lado deles ditando as sandices que andam dizendo por aí. É mais ou menos assim: “o espírito de luz que está aqui comigo disse para vocês terem fé!”. Amigos, a presença de um Espírito Superior próximo de nós, ainda que distante em termos de sintonia, provocaria o que há de mais sublime e profundo em nós e não palavras que são barateadas em médiuns vaidosos e invigilantes.

Diante de tudo isso, por incrível que possa parecer, não lamentamos absolutamente nada que vivemos ou presenciamos. Primeiro porque não nos move a inveja de querer ser algo que não somos. Segundo porque sabemos que a fama, os holofotes não são para todos. Terceiro, o brilho na Terra não tem a mesma intensidade que o brilho no Mundo Espiritual. E por último, porque identificamos essas fragilidades, buscando alternativas para não cairmos nos mesmos erros que criticamos.

Que a simbologia de fim de ano, arrefeça os corações armados, perfume o verbo encandecido de inconformidades, e acalente as almas perseguidas por aqueles que um dia foram luz e alcançarão a Luz. Que em 2020 estejamos todos preparados para mais mudanças (palavras do autor e nada mediúnicas). Feliz Natal e até a próxima, se Deus assim permitir!

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