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terça-feira, 30 de julho de 2019

O Livro dos Espíritos, versão em chinês


Luiz Carlos Formiga


A versão em chinês de O Livro dos Espíritos pode ser encontrada nas livrarias online como Amazon e Barnes & Noble, assim como diretamente no website (com desconto especial de lançamento), www.lulu.com.

Envie uma mensagem para info@luchnos.com e pergunte sobre as condições especiais para livrarias e centros espíritas. (1)
A Academia Chinesa de Ciências Sociais teme o avanço da cristianização.
Lembremos a resposta dada a Allan Kardec na questão 625. Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
Este avanço seria o apelo cultural da modernidade associada com o Ocidente?
Entre as entidades intelectuais mais próximas do poder central tudo é observado com cautela, quando não com hostilidade. O fenômeno é visto como “contrário ao espírito de patriotismo”.
Em 2014, a Academia chegou a publicar um livro para detalhar os “mais sérios desafios” que estão surgindo no país e citou explicitamente quatro: os ideais democráticos exportados pelas nações ocidentais; a hegemonia cultural ocidental; a disseminação da informação através da internet e a infiltração religiosa. Um país “mais espírita” já recebe “contraofensiva”?
Dez estudantes de doutorado chineses publicaram um artigo em que analisam o fenômeno denunciado como “frenesi do Natal” e apelam ao povo chinês para rejeitá-lo.
A hostilidade é justificada porque nos jardins de infância e nas escolas primárias e secundárias, os professores compartilham com as crianças a festa da Sagrada Natividade, montam árvores do nascimento de Jesus e distribuem presentes pelo seu nascimento. Assim, imperceptivelmente, semeiam na alma das crianças uma cultura importada e uma religião estrangeira.
Por mais que o governo tente sufocar o cristianismo no país o fato é que os encontros com Cristo continuam cada vez mais frequentes, definitivos e imparáveis na China e, estamos apenas no inicio do terceiro milênio.

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terça-feira, 23 de julho de 2019

Culpa e sentimento de rejeição (*) (Jorge Hessen)

Culpa e sentimento de rejeição (*) (Jorge Hessen)


Jorge Hessen 
Brasília-DF 

Ante os delitos morais cometidos, há pessoas que introjetam a autorrejeição, implantando na consciência a chaga da culpa. Por efeito disso, sentem-se rejeitadas por todos, ao invés de trabalharem pela reparação do erro. Até porque se não o fizer de imediato arremessará para a encarnação seguinte os conflitos conscienciais incrustados. 

Há os que arriscam camuflar os delitos, porém ocultar conflitos culposos não libera a consequência do desacerto, porquanto as desordens íntimas surgirão na forma de enfermidade física, emocional ou psicológica. Por conseguinte, projetarão suspeitas infundadas nos outros, receando serem identificados e desmascarados.

Na atual existência existem diversos casos de autorrejeição dos transgressores das leis divinas da consciência. São aqueles que na juventude, na “calada da noite”, fizeram abortos criminosos e receiam serem descobertos. Há os que cometeram vis adultérios e buscam esconder-se dos outros e sob a chibata da culpa temem ser revelados a qualquer momento. Esses são casos infrequentes, os menos raros são os culpados por crimes esquecidos de reencarnações anteriores. Daqueles que trazem a mácula perante a consciência e como não se superaram nas vidas anteriores, permanecem hoje alimentando culpas. 

Mesmo que os demais não descubram seus crimes e os desmascarem, o movimento de autorrejeição delonga a expansão. Quando não se tem consciência desse processo e não há coragem (ação pelo coração) para reparação do erro, o mecanismo de autorrejeição se aprofunda e o culpado cria inimigos em todos os lugares. Guiados pelo imaginário, permanecem em estado de paranoia culposa. Por consequência, conservam os níveis egocêntricos, neuróticos e transformam uma situação imaginária em acontecimento real. 

Desse modo, encharcados pelo psiquismo autodefensivo agridem os outros. Sentem-se sucessivamente invadidos na intimidade e atacam o próximo. Sob o mecanismo psicológico de projeção creem que os outros os julgam, condenam e punem, razão pelo qual vivem se precavendo contra tudo e contra todos. 

No estado paranoico da culpa, decorrente dos crimes cometidos no passado, mesmo que esquecidos, o culpado se sente criminoso e entende que a qualquer momento será desmascarado e sob nessa alucinação acredita que os outros o estão perseguindo.

As leis divinas não são punitivas, elas são amorosas, educativas (provacionais) e reeducativas (expiatórias). Certamente violações às leis morais incidirão na economia espiritual, precisando de reparação dos agravos. Não necessariamente numa reencarnação imediata, até porque, atualmente, muitos poderão estar reparando crimes de dez encarnações anteriores. Ademais, será necessária a dor para reparação dos erros? Cremos que não. O caminho seguro será o desenvolvimento das virtudes do coração, atuando com autoamor e amor ao próximo. 

A autoconsciência e o autoperdão são mecanismos que tornam dispostos os infratores para reparação do delito. Sendo que a evolução espiritual ocorre tanto na horizontal como na vertical da vida. A dor é o aguilhão que impele a evolução na horizontal. O transgressor sofre até o limite do cansaço e no esfalfamento observa que não há outra alternativa, senão fazer o BEM, decidindo daí galgar na vertical da vida.

Nos casos em que os conflitos culposos são muito intensos, são necessários tratamentos psicoterápicos para recuperação. Dificilmente o culpado se liberta sozinho das desordens concienciais, porque a culpa incrustada na mente pesa muito no psiquismo, daí a necessidade terapêutica para que o culpado compreenda a realidade como ela é e não da forma como crê que seja.

O estado de culpa acarreta a obsessão. O processo obsessivo, de modo geral, não começa no obsessor, porém nas matrizes conscienciais do culpado autorejeitado que se movimenta psicologicamente no autojulgamento, autocondenação e autopunição, cunhando aí o plugue mental, quando esbugalha a mente para o complexo obsessivo. Metaforicamente expondo, a culpa é o plugue mental que favorece a obsessão. 

Na verdade, muitos processos obsessivos não são evidentes, porém sutis e intensos. A intensidade é a alienação e a sutilidade é a intervenção sorrateira do obsessor sem que o obsedado perceba. Deste modo é hipnotizado e condicionado a práticas malsãs, passando uma existência espiritual e sutilmente perseguido. Muitas vezes só se dá conta da obsessão após a desencarnação.

A melhor terapia para a culpa é o exercício do Evangelho como convite para afastar-se do egocentrismo e centrar-se na essência divina que É. Esse é o caminho para a libertação dos movimentos egocêntricos e egoicos. A prática da leitura edificante, os afazeres da caridade necessariamente para consigo, e em seguida a caridade real com o próximo “sem assistencialismos inócuos”, a participação das atividades do centro espírita , em geral podem promover o espírito imortal e auxiliar todos os envolvidos. 

Quando dissemos “sem assistencialismos inócuos” afirmamos que a maior caridade não é a material, mas a espiritual que precisa ser exercida sob o símbolo da benevolência para com todos, indulgência para com as faltas alheias e perdão das ofensas. Que são exercícios práticos para que as pessoas se desvencilhem da monoideia da culpa. Nesse movimento de exercícios espíritas cristãos, a mente não mais permite a introdução das ideias dos obsessores e a pessoa realiza as ações práticas, que são bastante trabalhosas, mas impulsionam a evolução na vertical da vida. É como ascender numa escada aprumada e muito íngreme , mas poucos são aqueles que se dispõem a elevar-se , a maioria permanece rezingando dizendo que a vida é “madrasta” sem fazer esforços reais para a ascensão. 

Com as práticas cristãs as pessoas realizam ações concretas consigo mesmas e com o próximo, trabalhando não mais no movimento paranoico da culpa, porém no movimento harmonizador de si mesmas e dos outros, ,porém isso não se consegue por promessas labiais, mas por ações efetivas. A medida que vamos amadurando a consciência, priorizamos o que é essencial e colocamos o ego a serviço do eu espírito imortal. 

Nas condições humanas ainda temos uma estrutura egoica, todavia somos essência divina. Contudo, acreditamos que somos o ego, mas não somos. Quando expandimos a consciência percebemos que temos um ego, mas somos essência divina. Ter o chamado ego não é problema. Embora ele ainda traga a sua ignorância, porquanto moureja na dimensão do não saber, do não sentir e do não vivenciar as leis divinas, o ego precisa ser iluminado pela essência divina que somos. 

A autorrejeição comumente não surge de forma evidente, porém veladamente. Surge muitas vezes na condição de complexos de inferioridade ou de superioridade. Aparece com a tendência de solidão , de rejeição ou por inveja dos outros. 

O culpado rejeita todos os que trabalham pela autorrenovação. Porque estes estão dando exemplo para ele. Identifica nos outros um “espelho” retratando o comportamento que deveria ter, mas que não se dispõe a tal. Em face disso, rejeita e repudia o “espelho” , arremessa-lhe pedra para fragmentá-lo, para não ver a imagem da renovação que deveria buscar. Deste modo, mantém-se preguiçoso e acovardado para a autorrenovação moral. O “espelho” saindo da sua vista não ficará todo momento recomendando e cobrando o que deve fazer.

Em síntese, é urgente que afastemo-nos da chaga chamada culpa e utilizemos a razão para o equilíbrio íntimo, a fim de que possamos reparar o mal que fizemos no passado. Trabalhemos com penhor e segurança pelo progresso individual e coletivo, até porque a culpa nos transforma em pesos mortos na economia ativa da sociedade e não conseguiremos realizar nada de bem, belo e bom para ninguém sob o guante da culpa.

(*) Fonte: 
Projeto Espiritizar / FEEMT - Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_7HRHX1Z-MI&list=PL1r1wspRthZQrAp3ok5owfAPGldFn79nV&index=3 acesso 22/07/2019

segunda-feira, 22 de julho de 2019

O QUE VÊM OS ESPÍRITOS CÁ FAZER?



Margarida Azevedo
Portugal

Mercê dos devaneios de cada qual, as missões dos Espíritos são portadoras de objectivos que vão desde grandes revelações do que se passa no Além a não menos grandes consruções de normas moralistas e intransigentes face aos nossos deploráveis comportamentos.

Porém, se isto ficasse por aqui, ainda que seja muito mau, só aceitaria tais incongruências quem muito bem o entendesse, ainda que a navegar por caminhos escusos. O pior é que quem assim pensa quer impô-lo aos outros, justificando-se com o facto de terem sido os Espíritos a dizê-lo.

Esquivando-se de abordar a Codificação, substituem obras como o Evangelho por psicografias, textos de um português arrevesado que não há quem entenda, ou então por uma ladainha de moralismos incongruentes, impraticáveis e avaros. Os conteúdos mais comuns, de há uns anos a esta parte, são as grandes revelações do que se passa no outro mundo, como se isso nos interessasse, como se fossem verdade.

Dependentes do momento histórico-político da época em que foram escritos, e pretendendo dar uma resposta aos problemas existenciais do ser humano, apelam a vivências descartáveis no lado de lá. Isto significa que, ao desencarnar, todos passaremos por uma espécie de triagem em que uns irão para um mundo, outros para outro, segundo comportamentos avaliados por esses Espíritos de grande saber e dos respectivos médiuns que os recebem.

Esta loucura, numa autêntica fascinação colectiva, tem a finalidade de projectar o humano para a irrealidade, o desinteresse por este mundo, classificando-o de mar de sofrimentos e de desilusões, criando um delírio colectivo na esperança de que tudo o que padecemos aqui será magicamente anulado no lado de lá.

Quem os ouve e os lê fica deliciado com as revelações de mundos que mais lembram o mito do paraíso perdido, um Éden de prazer eterno onde há de tudo para todos. É urgente compreender que os espíritos que nos rodeiam são, na sua maioria as almas dos que por cá andaram, que não sabem mais do que nós, que a Ciência é trabalho nosso e que o mundo que habitamos é, ele próprio, o nosso grande desconhecido. Aliás, se nos colocarmos a questão do que é ver, facilmente nos deparamos com a dificildade extrema da nossa resposta, ou seja, não sabemos.

A missão dos Espíritos é essencialmente, e já não é pouco, virem junto de nós para trabalharem connosco, ajudarem-nos a transportar o fardo da nossa ignorância, mãe de todos os erros; tendo em conta a nossa individualidade, intuírem-nos favoravelmente para as decisões da vida, apoiarem-nos nos nossos desaires. Foi essa a missão dos profetas, Espíritos de grande elevação que povoaram este planeta em nobres missões mas que, nenhum deles, veio com a incumbência de dizer fosse o que fosse sobre o outro lado da vida. Não o temos em Jesus, não o temos nos profetas do Antigo Israel, não o temos nos do Oriente, em ninguém. Jesus veio pregar o reino de Deus. Disse como é esse reino? Jamais.

Este mundo é tão mundo de Deus como os outros. Tão magnífico seria percebê-lo e lutar por ele com verdadeiro espírito de entre-ajuda, altruísmo e amor ao próximo. Mas não. A fascinação que os Espíritos menos sérios desenvolvem junto dos humanos é de tal ordem que muito facilmente os desviam do verdadeiro caminho.

Não é fora deste mundo que devemos procurar a paz, Deus ou o Bem de que necessitamos. É dentro dele e nos nossos corações. Ao vestirem a roupagem intelectual deste mundo e falseando-a, de falas mansas e de racionalidade oca, vão enganando os mais incautos.

Quando se compreender que no Espiritismo ninguém é importante, que não há médiuns importantes, que nenhum tem ao seu dispôr e em exclusivo Espíritos sejam eles de que tipo forem, que ninguém possui um saber que chega até aos mais altos confins do universo; quando se perceber que o ser humano não tem uma consciência lúcida e objectiva do mundo que o rodeia, a começar por aquele em que habita, que vive limitado pelos sentidos enganadores e tem uma razão falível; quando se aceitar que a fantasia, o imaginário e o delírio são aquilo que melhor caracteriza o humano, então perceber-se-á que “mais vale rejeitar nove verdades do que aceitar uma mentira.”

Quem quiser que se ocupe com o que se passa nos outros mundos, a psicologia de Jesus Cristo ou as colonias de veraneio dos Espíritos; que fiquem com as cidades inter-estelares, os micro-organismos de Saturno; a descrição pormenorizada dos espetáculos fascinantes, tão impensáveis para os humanos que nem os mais sonhadores conseguem vislumbrar. Que fiquem com tudo isso e muito mais, mas, por favor, não imponham tais leviandades a ninguém.

Pergunta-se: Se assim é, como é que eles sabem isso? Só há duas hipóteses: Não sabem, inventaram, ou foram os Espíritos brincalhões e muito divertidos que lhes sopraram tais “revelações”.

Assim, não são apenas os Espíritos que nos enganam com as falsas identidades, isso seria muito fácil de desmascarar, tendo em conta as advertências da Doutrina. São os de carne e osso que trocam os nomes às coisas, que dizem dos Espíritos o que eles não são, ou que se deixam arrastar pelas negatividades. Unidos pelos laços da semelhança entre si, não usam nomes pomposos, isso daria muito nas vistas, optam por abordar assuntos de que só os cientistas de gabarito percebem com o objectivo de enganar os ouvintes/leitores dando a entender que recebem espíritos de luz com grandes revelações. Que pobreza. Quanta falta de oração.

Os Espíritos só vêm a este mundo, só é como quem diz, já é bastante, ajudarem-nos nos rebuscados caminhos da fé rumo a Deus.

Muito cuidado, meus irmãos. Estamos todos no fio da navalha.


Bibliografia consultada:

KARDEC,A., O Livro dos Espíritos,CEPC, Lisboa,1984, Livro Segundo, cap.IX, Intervenção dos Espíritos no Mundo Corpóreo, I – Penetração do nosso Pensamento pelos Espíritos, pp.217-220; Livro Terceiro, cap.VI,Lei de Destruição, I – Destruição Necessária e Abusiva, pp. 301-302; II – Flagelos Destruidores, pp. 303 – 305; III – Guerras, p. 305.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Saudade Que Gosto de Ter

Saudade Que Gosto de Ter
Luiz Carlos Formiga


“Que a vossa caridade abunde mais e mais em ciência.” Paulo (Filipensis, 1:9)

Na Música Popular Brasileira anuncia o feirante: “arreio de cangalha eu tenho pra vender, quem quer comprar?” Ainda tinha fumo de rolo, cabresto de cavalo, rabichola e pavio de candeeiro.
Perto do local, havia uma vendinha. Lá o mangaieiro ia se animar e tomar uma bicada com lambú assado. Mesmo diante do prazer, ele lembrava que tinha que xaxar o seu roçado. No entanto, a sua alpargata de arrasto insistia em não o querer levar ao trabalho. Mas, como resistir ao sanfoneiro fazendo floreio pra turma dançar e também ao ronco do fole sem parar? (1)  Composição genial, com ela o cérebro estrutura e ordena a sequência de sons e elabora um sistema de significados particular e inédito. Por outro lado, sua interpretação depende da capacidade do ouvinte de descobrir aquilo que ocorrerá posteriormente na canção. Isso ativa o  (cerebelo, o setor biomédico responsável pelo equilíbrio do corpo físico.
Isolda, (2) compositora emocionalmente inteligente demonstrando o equilíbrio alcançado diz: “você foi o melhor dos meus erros, a mais estranha história que alguém já escreveu e é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez...”
As criações surpreendem e se tornam emocionalmente significativas. Sivuca, profissional  de larga experiência, sabe manipular a emoção dentro da canção. Tangencia a expectativa de seus ouvintes, produzindo a música marcante. A compositora Isolda, atendendo a nossa expectativa, conclui dizendo: “das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que gosto de ter.” “Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.” (1, 2)
A música tem a capacidade de evocar imagens e sentimentos que não precisam ser refletidos pelo nordestino na “Feira de Mangaio” e ninguém precisa refletir para se sentir entristecido, quando escuta a canção que fala do coração partido.
Frases já são “música” aos ouvidos. “Ah se eu acordasse todo dia com o seu bom dia, de tanto café na cama faltariam xícaras.”
Recentemente fiz referencia à MPB e criei um título “Canção da Dopamina”. (3) Meu objetivo foi dizer que as variações sonoras são identificadas pelos lobos frontais, como fonte de prazer: “tudo fica tão leve com você, que até te levo na garupa da bicicleta,”
Com os lobos frontais enriquecidos pelos neurotransmissores em dosagem certa, “o preto e branco tem cor, a vida tem mais humor e pouco a pouco o vazio se completa.” Nessa hora, da glândula pituitária acorda o hipotálamo, há liberação da ocitocina, que estimula o afeto, produz tranquilidade, reduz o medo, a ansiedade e a fobia.
Inicialmente, a letra de “Feira de Mangaio” aparenta difícil entendimento, mas pessoas com alto grau de empatia conseguem decifrá-la. A Neurociência diz que quando temos empatia alta somos mais aptos nesse processamento. As áreas medianas e laterais do córtex pré-frontal nas quais decodificamos informações sociais, estão maximizadas nessas ocasiões. Outra informação digna de registro é que o Sistema de Recompensa Cerebral possui menor evolução naquelas pessoas pouco empáticas. Elas observam a música de forma superficial e não são capazes de perceber a sua importância social.
Enfatizando, na alta empatia a música não atua apenas como uma forma de expressão artística, mas também como uma maneira de processar o mundo social, aquele onde acontecem as relações interpessoais. Diante de uma canção, é possível admitir que pessoas com alta e baixa empatia possam possuir pontos em comum, mas às sensações e estímulos cerebrais são diferentes.
Outra diferença está na capacidade humana de atrair, e sintonizar, espíritos desencarnados. Isso é importante porque eles podem se sentir como nossos adversários.
Desejando nos enganar, podem se  apoiar no “Princípio do Prazer”, quando surge a sugestão do uso e depois abuso de drogas.
A importância desses neurotransmissores pode ser enfatizada uma vez que neurônios dopaminérgicos degenerados explicam a doença de Parkinson.
As substâncias psicoativas acentuam o prazer, influenciando diretamente o sistema de recompensa, as drogas potencializam os efeitos de reforço da estimulação elétrica cerebral. A partir daí o espírito obsessor não precisa ficar mais 24 horas vigiando o seu “escravo dominado”.
Existem espíritos bons que podem nos ajudar a sair do fundo do poço, mas o passo inicial é vontade do obsidiado querer desligar-se do seu obsessor.
Na Irmandade  Anônima o poderoso medicamento utilizado é o amor, aquele contido nos “12 Passos”. (4)
Damos o primeiro passo e vamos perceber que “o errado se acerta, o quebrado conserta e assim tudo muda, mesmo sem mudar.” A paz se multiplica, porque o espírito amigo chegou para somar. (5)
Equilibrando-se nas cordas dos neurotransmissores e na doença da negação (6), o indivíduo na fraternidade chega a conclusão “que existe paraíso na Terra”, após conhecer o amor.
Nas “Irmandades” acabam aprendendo que “até que chegue ao estado de pureza perfeita, tem o Espírito que passar constantemente por provas. Mas, quando se eleva a um determinado grau, mesmo não sendo ainda perfeito, ele já não tem que sofrer provas. No entanto, ainda continua sujeito a deveres, nada penosos, mas cuja satisfação lhe auxilia o aperfeiçoamento, mesmo que esses deveres consistam apenas em auxiliar os outros a se aperfeiçoarem.”
Estamos diante do total entendimento do “Passo 12°”.
“Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuram agora transmitir esta mensagem de libertação aos irmãos alcoólicos e ainda praticar estes princípios, em todas as suas atividades.” (7)
Com um clique no link 8, Toquinho é capaz de tocar o cerebelo do leitor. Através da “Aquarela” surge o sentimento de satisfação, proporcional a empatia. Faça um teste. Empatia, alta ou baixa?



quarta-feira, 10 de julho de 2019

A legitimidade do sofrimento


Jane Maiolo


E a tua vida mais clara se levantará do que o meio dia; ainda que haja trevas, será como a manhã.[1]




“Coragem, meu filho! O Senhor não desampara!” , afirmava o Benfeitor Clarêncio ao espírito André Luiz , na ocasião do resgate nas  regiões de penumbra do mundo espiritual, conforme a narrativa contida no livro “Nosso Lar”. [2].
O alento chegava com a vibração do consolo e da humildade daquela alma generosa que se prontificava a socorrer aqueles irmãos infelizes presos ao remorso, sofrimento e dor.
            É fato que todos nós, seres humanos em processo evolutivo , desejaríamos ouvir palavras nunca dantes ouvidas, sentenças que de alguma forma nos acalentassem, nos esclarecessem, nos confortassem e até mesmo nos livrassem da aflição instantaneamente.
Vez por outra nos questionamos sobre de onde viriam tais alentos, ou quando encontraríamos soluções para nossas aflições e esclarecimentos para as nossas mais intensas amarguras?
Esquecemos, por vezes, que somos transeuntes e que a hospedagem no corpo físico é breve e ligeira para alguns e penosa, sombria e acerba para outros.
Entender os mecanismos da vida é tarefa laboriosa que não se conclui em uma única reencarnação. Estamos indo e vindo nesta complexa busca pelo entendimento, sabedoria e elevação da nossa condição de espíritos eternos, filhos de Deus , criados para a plenitude.
Sem sombra de dúvidas os ensinamentos do Cristo são de uma singularidade inigualável. Por mais que os homens tentaram mutilar, adulterar, minimizar  a dimensão dos seus princípios e tudo o que restou, enquanto material de reflexões em torno da transcendência, serve de roteiro divino para a nossa conquista e domínio das nossas conturbadas, aflitivas e destemperadas emoções.
Somos multidões de sofredores, abatidos  pelo látego da dor e  causticantes angústias. Muitos indignados e insurgentes não suportando viver no clima de luta e superação sucumbem ao peso dos desgostos e atentam contra a própria vida física.
Segundo informações da  OMS estima-se que 800 mil pessoas suicidam-se  anualmente em todo o planeta, ou seja  uma pessoa a cada 40 segundos. Essa é a segunda maior causa de morte em pessoas entre 15 e 29 anos, enquanto que os idosos com mais de 70 anos são aqueles que mais frequentemente se tornam suicidas. [3]
A legitimidade do sofrimento é inegável em nosso carreiro evolutivo. Sofremos por fragilidade moral, desinteligência e várias vezes por deseducação religiosa. Não se pode mensurar uma dor, entretanto é preciso ajuizar na dimensão da tormenta que nos alcança.
O mal , que também é transitório, resulta do desvio de comportamento humano, o mal não tem raízes, não é da criação divina, inevitavelmente será erradicado e eliminado do comportamento do espírito depurado. O que a Lei divina prevê é um conjunto de medidas corretivas toda vez que ocorrer qualquer desvio. [4]
Somos seres fadados a plenitude e um dia poderemos afirmar tal qual o fez Jesus “Eu e o Pai somos um”, ficando a criatura humana encarregada de seu avanço ou retardo na marcha evolutiva, consoante preceitua O Livro dos Espíritos , questão 117, quando Kardec indagou aos Benfeitores: Depende dos Espíritos o progredirem mais ou menos rapidamente para a perfeição? Os Baluartes do além responderam que “Os Espíritos a alcançam mais ou menos rápido, conforme o desejo que têm de alcançá-la e a submissão que testemunham à vontade de Deus. Uma criança dócil não se  instrui mais depressa do que outra recalcitrante?”
O amor de Deus é suficientemente grande, majestoso, incomensurável para nos dar outras oportunidades de recomeço , eis a lógica da reencarnação e a possibilidade de sermos perfeitos.
O número de suicídio no mundo aumentou consideravelmente , fato que nos leva a refletir por que tanta desistência da vida? Tanta desesperança? Tanta fragilidade?
Respiramos na mesma atmosfera psíquica , os pensamentos negativos nos intoxicam, nos deprimem, nos contaminam, mas onde está nossa vigilância ? Esquecemos por vezes que é preciso ter coragem para combater o bom combate?
As lamentações agravam nossas perturbações, ampliam nossos desequilíbrios emocionais e intensificam nossas enfermidades. Não olvidemos que o Senhor não nos desampara!
Dor e sofrimento ainda são componentes no nosso processo  evolutivo. A dor , enquanto sofrimento moral, é a resposta da Lei divina aos que se atritaram com seus postulados reguladores do universo ético.[5]
Portanto, o sofrimento é o espelho de uma Lei incorruptível, produto oriundo do princípio de causa e efeito. A Lei jamais exige a reparação daquele que não errou nos caminhos múltiplos das existências. Entretanto, o clima de desespero, defecção, de abandono de nossas causas devem ser reprimidos.
Elevar o padrão mental continua sendo o remédio salutar ao alcance de todos. Nunca olvidemos que todo bem procede de Deus, mas cabe a cada um de nós buscarmos o lenitivo para os nossos sofrimentos através da prece, da ação prestativa no campo da caridade e do burilamento dos nossos sagrados sentimentos.
Somos de Deus e o Cristo nos adverte: “Brilhe a vossa luz”!
Coragem, meu filho!- assevera irmão Clarencio e acrescenta - O Senhor não desampara!
Saibamos sofrer as intempéries com dignidade pois  “ é possível estejas vendo tudo em derredor de teus passos pelo prisma do desespero...Entretanto, asserena-te e aguarda, confiante, porque,se a Misericórdia de Deus ainda não está alcançando o teu quadro de luta, permanece a caminho.”[6]
E a tua vida mais clara se levantará do que o meio dia; ainda que haja trevas, será como a manhã.  E terás confiança, porque haverá esperança; olharás em volta e repousarás seguro.
Aguardemos, confiando.

Referências  bibliográficas:
 [1] Bíblia de Jerusalém- livro de Jó –cap. 11:17
[2]  XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar , ditado pelo espírito André Luiz , cap.1- Brasília /DF: Ed FEB, 2007
[4]Miranda, Hermínio C. O evangelho de Tomé- Parte II cap3. Pag 206. Rio de Janeiro: Arte e Cultura-1991.
[5] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 117- Rio de Janeiro: Ed FEB, 2007
[6]idem 4
[7] Xavier, Francisco Candido. Palavras de vida externa , ditado pelo espírito Emmanuel ,cap.80, 17ª Edição , Uberaba/MG:  Ed. CEC -1992

Jane Maiolo – É professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada em Psicopedagogia. Formanda em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Contemporânea, Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec de Jales. Pesquisadora do Evangelho. Colaboradora da Agenda Brasil Espírita- Jornal O Rebate /Macaé /RJ – Jornal Folha da Região de Araçatuba/SP –Blog do Bruno Tavares –Recife/PE - colaboradora do site www.kardecriopreto.com.br- Revista Verdade e Luz de Portugal, Revista