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segunda-feira, 30 de março de 2020

ARTE E CIÊNCIA. VIVER E RENASCER.

Luiz Carlos Formiga


 
Com Allan Kardec a educação se torna “incentivo para que cada ser imortal revele, diante dos homens, a luz que traz em si por herança divina”.  As expressões artísticas ganham papel de destaque porque trabalham para dar sentido à vida e facilitar a compreensão do mundo social e espiritual. Despertando a sensibilidade e aprofundando o senso de contemplação traz como meta a materialização do belo, aprimorando sentimentos e direcionando impulsos, para zonas superiores da vida eterna.
As manifestações artísticas mobilizam as energias do bem e são capazes de conduzir ao autoconhecimento, fazendo desabrochar a estética e a escala de valores.
Como o teatro e a literatura, a arte melódica, harmônica, rítmica da música é capaz de chegar ao “fundo da alma”, impulsionando-a para o alto, de modo que a aproxime de campos vibracionais elevados. A arte conduz à libertação, o espírito torna-se autor e personagem de sua própria história. (1)
A cognição, o pensamento científico é outro impulsionador da evolução. Paulo, o apóstolo, recomendou: “que a vossa caridade abunde mais e mais em ciência.” Filipensis, 1:9. E, ainda não existia a Neurociência!
A música, por exemplo, tem a capacidade de evocar imagens e sentimentos que não precisam ser refletidos. “Ah se eu acordasse todo dia com o seu bom dia, de tanto café na cama faltariam xícaras.” As variações sonoras são identificadas pelos lobos frontais, como fonte de prazer. Com os lobos frontais enriquecidos pelos neurotransmissores “o preto e branco tem cor, a vida tem mais humor e pouco a pouco o vazio se completa.”(2)
Nessa hora, a glândula pituitária acorda o hipotálamo, há liberação da ocitocina, que estimula o afeto, produz tranquilidade, reduz o medo, a ansiedade e a fobia.
Com alta empatia estão maximizadas as áreas medianas e laterais do córtex pré-frontal nas quais decodificamos informações sociais. (3)
Com a Ciência Espírita, quando perdemos o medo da morte, estamos iniciando a maestria, virtuosidade, na arte de viver. A ciência será com consciência mais que desperta, lúcida. Empatia e conduta moral do pesquisador são fatores primordiais, neste novo campo do conhecimento.
Nas ciências exatas o estado moral do cientista não tem a menor interferência no andamento da experiência. Respeitado o método requerido, um cientista ético e um canalha chegarão às mesmas conclusões. No estudo dos fenômenos psíquicos é diferente.
O pesquisador espírita deve ter claro que é um dos elementos essenciais da pesquisa e que não haverá condições para uma “neutralidade axiológica” absoluta, como nas “ciências exatas”. (4)
Subindo degraus na escala da evolução a pessoa não mais retorna a patamares inferiores, tornando-se capaz de produzir boas obras, mesmo quando colocada em situações de doloroso desconforto. Existem numerosos exemplos dos que souberam tirar proveito dos atos que os constrangeram.
Os nazistas invadiram a Áustria em 1938. Aprisionaram o médico em setembro de 1942. Viktor Frankl tinha um consultório de Neurologia e Psiquiatria em Viena. Somente em 27 de abril de 1945 foi libertado pelas tropas norte-americanas.
No cárcere vivenciou sofrimento extenuante. Passou pelos campos de concentração de Auschwitz, Kaufering e Türkheim. Ele trabalhou em escavações, túneis e construções de ferrovias. Nas horas “de folga”, fazia análise psicológica de prisioneiros e carcereiros e escreveu um livro. (5)
Lembro outro sofrimento extenuante. Na década de 1980, José Salomão Mizrahy me pediu um texto para a Revista O Reformador. Não poderia imaginar que a ele retornaria em 2020, nos dias de pandemia.
      Em 1883, Klebs e Löeffler demonstraram que a dor de garganta com prostração severa na difteria era ocasionada por uma bactéria. Alguns anos depois, Roux e Yersin conseguiram neutralizar o veneno, com a produção do soro antidiftérico. Com Ramon veio em seguida a produção da vacina. Como será com o COVID-19? (6)
Naquele século, antes de 1890 vamos encontrar um médico extenuado com o sofrimento da filha, falência cardíaca e asfixia. A doença repousa principalmente na ação de uma exotoxina, um veneno bacteriano. Um adulto portador assintomático provavelmente tinha passado a bactéria para ela. (7)
Aquele pai-médico com profunda dor na alma, não aguentava mais ver o sofrimento de sua filha. Ele sabia que estavam pesquisando um antídoto para o veneno. Entrou em contato e esperou resposta.
As horas se arrastavam e o sofrimento da filha aumentava. Sentia-se responsável. Em sua mente um pensamento falava em eutanásia libertadora. Momento de decisão. Na tela mental: “é vedado utilizar, em qualquer caso meios destinados a abreviar a vida do paciente. Ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal.” Estava sob dor extenuante e sem esperança.
Dor maior do que abreviar a vida da filha foi receber depois o pacote com a mensagem que dizia: “segue o soro, Roux descobriu o antídoto”.
Relatamos um caso de menina que morreu no Hospital Universitário, mesmo após a administração do antídoto, antitoxina. (8)
A dor da equipe foi muito grande. O hospital detinha na época a maior casuística do mundo de implante de marca-passo em miocardite diftérica. Muito triste implantar marcapasso por causa de uma doença onde existe vacinação preventiva. (9)
Estabelecer um serviço de imunização infantil eficaz e permanente é, para qualquer país, dar um passo adiante no sentido do desenvolvimento social e econômico; estabelecer-se uma campanha nacional permanente de evangelização infanto-juvenil é anunciar a era nova.
Ante o COVID-19 empreguemos a disciplina mental e os recursos da prece. (10)
Entrego-me em tuas mãos, Senhor, confio que Tua solução será o melhor para mim, por isso aceito, que seja feita a Tua Vontade e não a minha. Por me socorreres, agradeço-Te antecipadamente. (11)






Leia mais 































6. Reformador (FEB), 99 (1823): 61-64, fevereiro, 1981. 










9. Formiga,LCD. 1984. Marcando passo no último quartel do século XX. Ciência e Cultura, 36(3): 482-489 















 

sexta-feira, 27 de março de 2020

Jesus Cristo, luz do Espiritismo




André Barreto Lima
Há mais de dois mil anos Jesus veio a terra como o filho enviado por Deus para trazer a humanidade a mensagem de paz que pudesse transformar os corações humanos, servindo como o cordeiro oferendado para salvar a humanidade das suas iniquidades (já que àquela época, era através das oferendas que se encontrava “perdão” divino). De lá para cá, sua mensagem foi assimilada por muitos, que mudaram a forma de viver nesse planeta, bem como deturpada por outros, que a utilizaram como forma de domínio e de poder.
Naquele tempo, Jesus trazia em sua missão a implantação do amor nos corações humanos para transformá-los tornando-os pessoas melhores rumo ao objetivo da evolução espiritual, contudo, ainda falava por parábolas, conforme deixa claro o Evangelho Segundo o Espiritismo nas lições de Allan Kardec (p.214, 1978).1
Ou seja, àquela época, a humanidade ainda não estava preparada para compreender conceitos existenciais importantes e se ditos naquele momento, não seriam interpretada como deveriam ser, deturpando a ideia central do que é a vida neste mundo em virtude do arraigado materialismo existencial daquela época.
Assim, muitos anos depois, com as evoluções tecnológicas, culturais e sociais, quando o homem sai da época da barbárie da antiguidade primitiva, avança pela época das convicções próprias medievais, adentra a evolução modernista, tem-se um ser humano ao menos preparado para ouvir e saber interpretar melhor o que é realmente a vida eterna e o seu objetivo neste planeta. Muitos vieram após Jesus para expandir sua mensagem conforme a lei de amor e, por fim, surge a Doutrina Espírita.
Ainda incipiente, o Espiritismo claudicava pela seara da fenomenologia quando o professor francês Hippolyte Leon Denizard Rivail, que se intitulava Allan Kardec, aprimorou o entendimento empírico da nova doutrina partindo da análise do curioso fato das mesas girantes, que virou uma febre em Paris em meados do século XIX, analisando friamente o que poderia explicar tal fenômeno partindo das teorias basilares da física e de outras áreas do conhecimento. Surgem as comunicações espíritas, através da transmissão mediúnica nas quais um médium intermedeia o processo comunicativo servindo de meio pelo qual os espíritos expressam suas mensagens do mundo espiritual aos encarnados.
Mas o que as obras literárias do Professor Hippolyte poderiam ter em comum com a mensagem de Jesus Cristo que já há séculos pregava o amor como fonte de transformação da humanidade? O fato é que a doutrina espírita inicialmente elucidou a humanidade acerca das realidades do mundo espiritual, demonstrando que a vida terrena é passageira representando um átomo de tempo frente a real vida, a espiritual, e que aqui viemos para resgatar débitos ou enfrentar desafios para que possamos evoluir moralmente e para galgar vivenciar experiências em mundos mais evoluídos que este, despojados de aspectos primitivos.
Fincada nos pilares da religião, ciência e na filosofia, a doutrina espírita apresenta-se inicialmente sobre as obras do pentateuco de Allan Kardec sendo composta por: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A Gênese, O Céu e o Inferno e após seu desencarne, publicou-se o livro Obras Póstumas.
Editado no ano de 1859, o Livro dos Espíritos representou uma verdadeira revolução para a sociedade francesa daquela época. O materialismo ainda era exacerbado, contudo as verdades espíritas não tardaram a ganhar campo e conquistar a atenção de muitos.
Kardec utilizou-se do método empírico para, através da intervenção mediúnica, interrogar aos espíritos acerca de diversos temas, desde que é Deus até o que é o paraíso e o purgatório para criar o corpo da doutrina espírita, confirmando as respostas apresentadas por espíritos sérios através da identidade moral apresentada pelos mesmos, bem como da repetição uniforme de informações em outras instancias pelas psicografias mediúnicas que já se espalhavam incontrolavelmente mundo afora.
Mas o que a obra tem com os ensinamentos de Jesus? Como exemplo, na pergunta 149 do Livro dos Espíritos (p.76, 2009), Kardec questiona aos espíritos “Em que se torna a alma no instante da morte?” o que prontamente é respondido: “- volta a ser Espírito, quer dizer, retorna ao mundo dos Espíritos, que deixou momentaneamente”. Elucidando que alma é a condição temporária na qual o espírito se encontra quando encarnado em um corpo material neste ou noutro planeta, e que este espírito interliga-se através do períspirito 2 ao corpo material, tem-se na explicação dada, prova cabal da efemeridade da vida terrena e que quando dela partimos voltamos à vida real, a do  mundo espiritual, recordando de quem realmente somos e de todas as nossas vivências neste mundo ou por onde já passamos através dos séculos, uma vez que somos eternos.
Nesse sentido, Jesus Cristo, em sua mensagem de amor, buscando elucidar a humanidade sobre a necessidade de reformar seus atos e a maneira de enxergar a vida à luz do amor ao próximo, já dizia que “Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo”, elucidando acerca da necessidade do homem se remodelar moral e sentimentalmente, vendo o mundo de outra forma, se assim quer chegar ao reino de Deus, ou seja, a evolução de si próprio.
Mais adiante, no Evangelho Segundo o Espiritismo (p. 45, 1978), em seu Capítulo IV o Mestre reforça o exposto 3, deixando assim, mais do que comprovada à vida após a morte corporal e que é com a evolução que o home se despoja do arraigado desejo material sublimando para uma visão menos grotesca acerca da sua própria existência e que se nos aproximamos mais da matéria, em seus diversos sentidos, estamos mais afastados de valores como o respeito ao próximo, amor incondicional, perdão, o entendimento da necessidade das dificuldades como forma de equilibrar o universo livrando nossa consciência do remorso retardatário das obras malfazejas de outrora bem como meio de superar desafios capazes de testar nossa aptidão para suportar a dor e os sofrimentos.
Ao Estudar o Evangelho segundo o Espiritismo, é cabível explicitar àqueles que não acreditam em Jesus e questionam-se o motivo pelo qual leem este artigo, que Jesus mais do que qualquer concepção foi um Fato na história da humanidade. A ciência história marcou a linha do tempo da história da humanidade como Antes e Depois do Cristo (A.C. e D.C.), havendo uma contagem de tempo do ano zero para trás e do ano zero para frente, ou seja, é uma comprovação científica e didática passada a todos ao longo dos séculos no aprender da história geral nada tendo a se questionar se Jesus realmente existiu ou não.
Durante sua breve passagem neste planeta, no cumprir de sua missão, Jesus não se dedicou a propagar sua mensagem através da escrita – O tempo era curto, ficando essa tarefa para seus evangelizadores e apóstolos que assimilavam seus ensinamentos doutrinários e os imortalizavam através das escrituras cristãs.
É apropriado ressaltar que antes de Cristo, o velho testamento já trazia a mensagem de Deus para reformar a humanidade, mas era a mensagem de um Pai vingativo e penalizador, pois a humanidade precisava do “chicote” para ser obediente como uma criança mal educada; já nas novas escrituras, após Jesus, o real Deus é apresentado como benevolente e que busca o equilíbrio universal.
O Evangelho segundo o Espiritismo é justamente o aproveitamento das Leis Morais apresentadas no Evangelho de Jesus à luz dos ensinamentos da nova Doutrina, assim, tem-se passagens na citada escritura que apresentam e que elucidam a vida espiritual como eterna demonstrando a efemeridade da vida carnal, é o exemplo claro do Capítulo IV (pag. 51, 2010) em que é questionada se a encarnação é uma punição aos espíritos culpados o que prontamente é respondido: “a encarnação não é senão um estado transitório; é uma tarefa que Deus impõe como primeira prova do uso que farão de seu livre arbítrio”. O próprio Cristo demonstrou através da sua ressureição que a vida carnal é temporária, ressuscitando para o Divino, e que a vida real é aquela na qual estamos despojados da matéria, cumprindo sua missão ao ser crucificado.
Após a escrita do Livro dos Espíritos e com a disseminação dos fenômenos mediúnicos por várias partes do mundo através da psicografia, psicofonia, clarividência, inspirações e até o que se chamava paranormalidade, a ciência espírita já tinha seu corpo formado e suas bases alicerçadas, mas o trabalho não parou e as obras foram complementando-se para dar continuidade ao edificante trabalho elucidador. Assim, o Livro dos Médiuns, ou guia dos Médiuns e dos Evocadores, vem esclarecer os gêneros e formas de comunicação com o mundo invisível no ano de 1861 em Paris.
Observemos que em determinado trecho da obra, mais precisamente em seu Capítulo XIV, (p. 145, 1987) é questionado se certas pessoas possuem verdadeiramente o dom da cura pelo simples contato, sem o emprego dos passes, e a resposta é que sim.4 Não precisamos aqui elencar a quantidade de milagres realizados por Jesus a mais de dois mil anos, mas citamos o caso em que uma mulher fora curada somente ao tocar seu manto com base em sua fé, quando o Mestre responde-lhe “a tua fé te curou”, ou seja, a doutrina espírita, está intrinsecamente ligada aos ensinamentos de Jesus que foram transmitidos àquela época de outra forma em virtude do desenvolvimento e da cultura daquele tempo. Hoje, é tida como a boa nova trazida para consolidar o que já fora apresentado por Jesus.
A Gênese representa a continuidade da evolução da doutrina espírita. Publicada em 1868, reflete temas relativos à origem do universo, o esboço geológico da terra desde períodos primitivos ao nascimento do homem, milagres, fluidos, dentre outros temas mais. Em São Mateus, Cap. XXIV, v.35, a mensagem de Jesus é clara ao dizer que “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”, ou seja, mesmo que a terra sofra as evoluções sociais, culturais e estruturais com o passar do tempo, a palavra de Jesus sempre existirá reformando os conceitos morais da humanidade.
E com o homem sempre se rendeu à matéria, até mesmo na forma de adorar a Deus, ou aos deuses nas sociedades politeístas, com a adoração de imagens ou oferendas, inclusive de sangue, os milagres visivelmente realizados ao longo da jornada de Jesus neste planeta foram uma das formas de demonstrar sua autoridade moral e espiritual frente àqueles espíritos em estágio de evolução. Mas os milagres realizados são fruto da evolução de Jesus, que caminhava ao ápice da evolução espiritual, sabendo bem como atuar com as energias empregando-as para o bem, quando aqui encarnado.
Reflexo do exposto, a Gênese (1992, p.192) demonstra que as curas podem se dá ela pele utilização do próprio fluido do magnetizador, pelo fluido de espíritos agindo diretamente sem intermediário, como também pelos fluidos que os espíritos despojam sobre o magnetizador e ao qual este serve de condutor 5.
Em 1º de agosto de 1865 o professor Rivail brinda o movimento espírita com a obra O Céu e o Inferno, ou, A Justiça Divina Segundo o Espiritismo, nessa obra observa-se um exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corpórea, a vida espiritual, as penalidades e recompensas futuras, os anjos e os demónios, dentre outros temas. Não poderia passar despercebido, o nexo existente entre essa tão importante obra com a presença de Jesus em nosso planeta encarnado.
Quando aqui veio, deixando sua mensagem de amor ao próximo, perdão e substituição dos sentimentos obscuros por sentimentos puros que possam elevar o ser humano a uma condição moral que o livre do ódio, ambição o egoísmo, dentre outros perniciosos sentimentos, o Cristo demonstrou que através do sofrimento que aqui passamos alcançamos a redenção renunciando a maldade com o aprendizado imposto seguindo para as esferas espirituais mais elevadas dando passos importantes para a elevação espiritual.
Em O Céu e o Inferno (2009, p.309), pode-se observar a comunicação advinda do mundo espiritual trazida por Annaïs Gourdon, uma jovem mulher notável pela sua doçura de caráter, bem como qualidades morais, falecida ao findar de 1860. Ela pertencia a uma família de trabalhadores de minas de carvão e fora evocada a pedido do pai e do marido, e assim prossegue em sua comunicação:
“ P.- Por que foste arrancada tão cedo ao convívio da família?
R.- Porque minhas provas terrestres chegaram ao fim.
P.- Sois felizes como espírito?
R. - Sou feliz. Amo e espero; os céus não constituem terror para mim e aguardo, confiante e com amor, que as brancas asas me conduzam até eles.
P.- Que entendeis por essas Asas?
R.- Entendo tornar-me espírito puro e resplandecer com o os mensageiros celestes que me deslumbram.”
A comunicação realizada séculos após a partida de Jesus, demonstra de forma patente o que seu exemplo deixou para a humanidade acerca das penas e sofrimentos, aprendizado e resignação bem como evolução para o mundo espiritual. Mas nem todos chegam a esse patamar e muitas vezes penam por encarnações sucessivas até alcançarem o aprendizado.
Após o desencarne do mestre Rivail, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas reuniu, em 1890, uma compilação de estudos do codificador editando esta obra. Em mencionada seleção (2007, p.64) podemos visualizar com o passar dos tempos a adequação à doutrina de Jesus à realidade espírita. Tem-se ali no §VII a referência às obsessões e a possessões, onde aquela representa a influência que os desencarnados exercem sobre os encarnados através de suas energias – que se adequam ao padrão vibratório do encarnado – e direcionamentos mentais para o mal enquanto que esta se refere ao mais alto nível de subjugação que um espírito pode exercer sobre um encarnado, muitas vezes comandando-o como uma marionete que não consegue sequer se controlar. 6
Aqui a referencia faz-se importante, pois por diversas vezes ao retirar-se ao deserto, Jesus Cristo foi tentado pelo “Diabo”7 como uma forma de o obsidiar a seguir outro caminho e deixar sua missão (Mateus 4: 1-11)8 . Desta forma, conclui-se que a doutrina do Mestre Jesus Cristo fincou-se em diversos ensinamentos que mudaram o rumo da humanidade, ou pelo menos de uma parcela considerável da mesma, e, quando um pouco mais evoluída, a sociedade foi esclarecida acerca das verdades espirituais através da Doutrina Espírita, contudo, observa-se que mesmo apresentando seu lado Cientifico e também Filosófico, o Espiritismo tem suas bases alicerçadas na doutrina de Jesus e é por isso que tem autoridade moral e é fincada em fatos comprovados perdurando até os tempos de hoje esclarecendo mais e mais seguidores.


Notas:
1  Seus Discípulos se aproximaram e disseram-lhe: Porque para vós outros, vos foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus; mas, para eles, não foi dado. Eu lhes falo por parábolas, porque vendo não veem, e escutando, não ouvem nem compreendem.
2  Envoltório etéreo, com plasticidade, que faz ligação fluídica entre o espírito e o corpo material podendo ser mutável e que leva consigo a identidade dos registros da encarnação após o desencarne
3  Em verdade, em verdade vos digo: Se um homem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espirito é Espírito.
4   “P. - Certas pessoas têm verdadeiramente o dom da cura pelo simples contato, sem o emprego dos passes magnéticos? R. - Seguramente. Não tendes numerosos exemplos?”
5     É nesse sentido que são aplicados os passes, através dos quais, as energias transmutadas, efetivam ações positivas sobre pessoas enfermas levando-as à uma sensação de bem estar e em muitos casos até à cura de suas enfermidades
6  É preciso saber que neste estado o indivíduo muitas vezes tem consciência de que é ridículo o que faz, mas é constrangido a fazê-lo como se alguém mais forte do que ele o obrigasse a mover os braços, as pernas, a língua
7  Trata-se de espíritos como nós, mas que ainda estão em graus de evolução inferiores devido ao apego à matéria ou a sentimentos pequenos que os travam à evolução e acabam por conduzir suas atitudes para o mau, influenciando negativamente os encarnados pelo seu ódio ou mesmo prazer em ver e declínio alheio.
8  “E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BIBLIA de Jerusalém. 3. imp. São Paulo: Paulus, 2004.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 2010, IDE - Instituto de Difusão Espírita – SP
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 2010, IDE - Instituto de Difusão Espírita – SP
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 2008, IDE - Instituto de Difusão Espírita – SP
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 2009, FEB - Federação Espírita do Brasil – RJ KARDEC, Allan. A Gênese. 2012, IDE - Instituto de Difusão Espírita – SP
KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 2007, LAKE – Livraria Allan Kardec Editora – SP


A Dívida e a Dúvida

Luiz Carlos Formiga


Na no final da década de 1990, uma menina foi a óbito por causa da difteria. Tinha sido competentemente medicada num Hospital Universitário. Como aceitar e explicar a ocorrência? Esse agente etiológico é muito sensível a uma dezena de quimioterápicos.
Hoje estamos esperando drogas que possam ser adequadas para o tratamento da infecção pelo “vírus chinês”. Poderemos em breve ganhar o jogo contra o COVID 19.
Brasileiros não vão esmorecer. Nossos profissionais da saúde e da economia são muito competentes e tentarão marcar o gol, nem que seja no último segundo.
Como trabalhei com micróbios se poderia pensar que me é fácil manter o otimismo. Ainda que meu sofrimento é menor. Não, não é.
Perto dos oitenta anos, com hipertensão e herdeiro da atopia de meu avô português, faço parte do grupo de risco.
Não pude abraçar minha filha, nem minha neta mais nova, que me jogou beijos do carro chorando.
Apesar disso, vovô “ficar em casa” é conduta adequada para a maioria das cidades brasileiras.
Nesta hora, a separação de avós e netos protegerá o primeiro, porque não sabemos se o segundo está na condição de portador assintomático contagiante. (1)
“As pessoas prudentes sabem tirar proveito dos atos que a necessidade os constrangeu”, disse-nos Nicolau Maquiavel. Por isso, lembrei agora de mensagem psicografada por  José Salomão Mizrahy, “O Bem de Hansen”, do Espírito Leda Amaral. (*)
Cega por causa do Mal de Hansen por que Leda o chamou de “Bem”? (2)
O vírus desta pandemia poderá ser assim chamado por alguém, lá adiante?
Uma coisa parece certa, o momento pode nos fazer perceber as sutilezas da parábola “O Bom Samaritano”.
Um homem caiu nas mãos de salteadores, que o deixaram quase morto. Mas, um samaritano, descendo de seu cavalo, atou-lhe as feridas e o levou para lugar seguro.
Nesta pandemia pessoas “descerão do cavalo”, duplo sentido. Alguns cuidarão dos ferimentos físicos, emocionais, espirituais, aplicando “óleo e vinho”. Outros irão torcer pela vitória do micróbio, por causa de seus interesses não confessáveis.
Podemos ampliar as reflexões observando detalhes desse acolhimento, da renúncia ao acompanhamento. (3)
Algum idoso que já foi infectado pode estar se sentindo diante da morte anunciada, como na AIDS, década de 1980. Morrer num acidente de avião é diferente, a morte acontece, uma fatalidade.
Tanto no assalto feito pelo vírus, quanto no assalto praticado pelo traficante de drogas, acreditamos que seja importante refletir sobre a possibilidade da alma ser imortal. (4)
Quantos usuários de drogas endovenosas irão desencarnar numa overdose? Por isso, convido o leitor a examinar as explicações produzidas em linguagem simples, com vídeos de apenas quatro minutos. (5)
O Centro Espírita Irmão Samaritano, parceiro do Movimento de Amor ao Próximo, esta trabalhando pela construção da “casa do caminho” Cristo Consolador (6). Essa casa está se propondo a anestesiar as dores da alma, aquela que nasce, quando percebemos a dependência química.
O leitor já estará colaborando conosco examinando o conteúdo desse material filmado e, mais ainda, quando o compartilhar com os amigos. Agradecemos antecipadamente essa generosidade. Finalizando, quero enfatizar e depois fazer uma pergunta ao o leitor.
 “Vovô ficar em casa” é conduta adequada para a maioria das cidades brasileiras, mas como explicar crianças e jovens fora das escolas?
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(*) 
A primeira grande máquina impressora da Sociedade Pró-Livro-Espírita em Braille – SPLEB, tem hoje seu nome. 


O Primeiro Congresso Internacional de Cegos Espíritas, 17 de abriu de 2003, teve como tema central - O Cego e o Terceiro Milênio. http://www.portalespirito.com/neurj/borboletas-na-janela.htm

quinta-feira, 26 de março de 2020

O custo do abandono emocional




Jane Maiolo (*)


Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o
 nosso homem exterior se corrompa, 
o interior, contudo, se renova de dia em dia. ¹
-2 Coríntios 4:16
             Em época de grandes avanços intelectuais, científicos e tecnológicos é possível observar também o avanço das perturbações sociais como a criminalidade e a violência estampadas na face da sociedade contemporânea.   Estamos vivendo uma grande catarse social: feminicídios, estupros, intolerâncias, corrupções, atentados, suicídios, a desestruturação da base social, a família e o triste abandono da infância.
A vitimização por homicídio de jovens de 15 a 29 anos, no país é fenômeno denunciado ao longo das últimas décadas, mas que permanece sem a devida resposta em termos de políticas públicas que efetivamente venham a enfrentar o problema.  Quando crianças e jovens aderem a pulsão de morte e destruição significa que a vida não é importante!
O homem do século XXI tem cada vez mais conhecimento e controle sobre o mundo exterior, porém tem se afastado com a mesma intensidade do seu mundo interior. Aprendemos a dominar algumas forças da natureza, a construir diques, barragens, abrigos, porém não conseguimos nos dominar emocionalmente nem tampouco nos conhecer.
 Segundo o pediatra e psicanalista inglês, Donald   Winnicott, o ser humano é dotado de uma tendência inata ao amadurecimento, tendência essa que requer um ambiente facilitador e a presença constante de um agente suficientemente bom para ajudá-lo a desenvolver-se na primeira infância, período que se estende aproximadamente até os seis anos de idade. ²
Os primeiros anos do ser humano são marcados por intensos processos de desenvolvimento bio-psíquico- emocional.  É uma fase determinante para a capacidade cognitiva e sociabilidade do indivíduo. As crianças nesta fase precisam de amparo, compreensão, oportunidades e estímulos, para que possam desenvolver cada uma de suas aptidões, assim como criar vínculos afetivos, sentimento de pertencimento, autoconfiança, responsabilidade, dentre outros afetos.
A sociedade de modo geral vem pagando um preço alto por não compreender o papel e a responsabilidade de cada um na esfera social e humana. O transtorno mental e os distúrbios de comportamento se multiplicam, já não sabemos como agir. Para se ensinar na escola não serão apenas necessários um livro, uma caneta, uma criança e um professor como assinalava Malala Yousafzai, ativista paquistanesa, mas precisaremos de apoio de profissionais da área da saúde como neuropediatras, psicólogos, psicopedagogos, psicanalistas dentre outros.
Nossas crianças estão se desenvolvendo de maneira frágil sem sentimentos éticos como a empatia, a compaixão, juízo crítico e capacidade de suportar limites. A instantaneidade do prazer é estimulada pela insana sociedade contemporânea. Os pais têm medo de serem “pais”, deixando o posto vazio ou temporariamente fora de área de serviço, com possibilidade de outros assumirem o papel tão fundamental que é a educação integral do ser humano. A frustração precisa voltar a fazer parte da lição de casa, pois dizer “não” é um desafio que precisamos enfrentar com maturidade. Estabelecer limites é oportunizar para que a criança se adapte à realidade e aprenda a conviver e a superar os conflitos advindos do seu meio social em qualquer tempo.
 A frustração, a ansiedade, a raiva, o ódio, a disputa e a privação fazem parte do aprendizado das crianças tanto quanto o amor, o respeito, a solidariedade e a fraternidade.
A segurança emocional das crianças e jovens é que está em jogo. Promover e organizar o ambiente familiar saudável é sem sombra de dúvida a única luz no fim desse túnel chamado sociedade contemporânea, caso não amadurecermos essa ideia e planejarmos outras ações continuaremos fragilizados e temerosos pelo amanhã.
A nova geração, preconizada por Allan Kardec no livro A Gênese precisa de objetivos claros e limites para se ajustarem ao novo vindouro. ³
A humanidade se transforma, isso é evidente, porém a influência dos pais e uma educação de qualidade é sempre o material divino para ascensão de uma Nova Geração. 4
Atentemos a admoestação carinhosa do Convertido de Damasco: “Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” 5

Bibliografia:
1-       2 Coríntios 4:16
2-       Winnicott, D. W. (1969c). (1975b). Conceitos contemporâneos de desenvolvimento adolescente e suas implicações para a educação superior. In O Brincar & a Realidade. Rio de Janeiro: Imago.
3-       KARDEC, ALLAN. A Gênese. 19ª Edição. SP. LAKE- CAP. CAPÍTULO XVIII
4-       KARDEC, ALLAN. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB , 2007- questão 208;




(*) Jane Maiolo – É professora de Ensino Fundamental, formada em Letras e pós-graduada em Psicopedagogia. Formanda em Psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Contemporânea, Colaboradora da Sociedade Espírita Allan Kardec de Jales. Pesquisadora do Evangelho. Colaboradora da Agenda Brasil Espírita- Jornal O Rebate /Macaé /RJ – Jornal Folha da Região de Araçatuba/SP –Blog do Bruno Tavares –Recife/PE - colaboradora do site www.kardecriopreto.com.br- Revista Verdade e Luz de Portugal, Revista Tribuna Espírita de João Pessoa, Apresentadora do Programa Sementes do Evangelho da Rede Amigo Espírita. Janemaiolo@bol.com.br -

Epítome descritivo sobre o cenário e a vida além da sepultura (Jorge Hessen)


Epítome descritivo sobre o cenário e a vida além da sepultura (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
Brasília-DF
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Conquanto haja kardequeólogos de plantão que andam rejeitando os livros do Espírito André Luiz,  particularmente sigo por outros caminhos, acolhendo as revelações do autor de “Nosso Lar” e de outros Benfeitores com serena confiança. Em face disso, discorreremos se na dimensão dos espíritos realmente existem casas, templos, escolas, hospitais, ruas, árvores, parques.

Com certeza por “lá” não há “vasos sanitários” e mictórios. Lamentavelmente, existem “romances mediúnicos” que não passam de abusos ficcionais criados por “médiuns” obsedados. Há um dilúvio desses “romances” alucinantes narrando que no além os espíritos se casam, copulam e geram filhos, sim! Reproduzem!!! Afiançam que pela fecundação, há a gestação, o nascimento dos “bebês” (pasmem!) Contam até que por “lá” o espírito morre, (morre!? meu Deus!!!) sobrevindo o sepultamento dos seus restos perispirituais em cemitérios d’além-túmulo.(Isso é consequência de médium com distúrbio psicológico, com certeza!) 

No Mundo Espiritual, o ambiente difere totalmente do planeta, pois lá, como descrevem os Espíritos comunicantes, não há frio nem calor excessivo, não há terremotos nem tempestades. Nas Colônias Espirituais, os domicílios não se amontoam uns aos outros como nas grandes cidades terrestres; eles oferecem espaços regulares entre si, como a indicar que naquele abençoado reduto de fraternidade e auxílio cristão há lugar para todos. Não há estabelecimentos comerciais, mas, em compensação, há grande número de instituições consagradas ao bem coletivo.¹

O processo utilizado pelos desencarnados em seus engenhos e edificações é pela energia do pensamento e da vontade. O pensamento é força criadora e a vontade é força propulsora. Através destas duas potencialidades, os Espíritos constroem tudo o que desejam. O Universo é seu laboratório.² Podem formar conjuntos com aparência, forma e cor determinadas. Kardec inclui essas possibilidades dos fenômenos peculiares ao mundo espiritual no que chamou laboratório do mundo invisível.

Muitos Espíritos dizem que a luz do sol por “lá” é agradável e reconfortante. Realmente há edificações belíssimas, algumas de séculos, protegidas por muralhas, armas e até animais, onde os habitantes têm o desfrute de deleites e costumes tipicamente físicos, como nutrição, por isso há plantações e fábricas diversas (sucos, roupas etc.).

Os desencarnados muito atrelados à vida material que chegam ao Mundo Espiritual sem compreenderem a transformação por que passaram, e têm ainda sensação de fome e sede, lhes são ministrados alimentos em instalações especiais, até que, adaptados ao meio em que iniciaram a nova vida, entendam que não têm mais necessidade desses alimentos.

Sobre esse quesito alimentação, alguns Espíritos necessitam de substâncias suculentas, tendentes à condição fluídica, e o processo será cada vez mais delicado, à medida que se intensifique a ascensão individual, pois a alma, em essência, apenas se nutre de amor.

De forma geral, é indispensável os concentrados fluídicos nas operações nutritivas. Em face da essencialização das substâncias absorvidas, não existem para o veículo psicossomático³ os exageros e inconveniências dos sólidos [bolo fecal] e líquidos [urina] da excreta comum.⁴ A exsudação se dá pelos poros. À vista disso, e não obstante algumas psicografias famosas de romances “espíritas” que descrevem supostos banheiros no além, constatamos aqui com André Luiz que inexistem “vasos sanitários” e “mictórios” por “lá”.

Pela difusão cutânea, o corpo espiritual, através de sua extrema porosidade, nutre-se de produtos sutilizados ou sínteses quimioeletromagnéticas, hauridas no reservatório da Natureza.⁵ A água é veículo dos mais poderosos para os fluidos de qualquer composição. No além, ela é empregada sobretudo como alimento e remédio.

É de extraordinária importância a respiração no sustento do corpo espiritual. Na Terra, o homem se alimenta muito mais pela respiração [70%], colhendo o alimento de volume [30%] simplesmente como recurso complementar de fornecimento plástico e energético, para o setor das calorias necessárias à massa corpórea. ⁶

Não ignoramos que os espíritos conservam as faculdades que tinham na Terra; eles têm visão, audição, sensação, percepção, mas diferentemente de quando possuíam um corpo físico, ainda que muitos deles em claudicação, julguem que tais coisas se passam, por lá, da mesma forma que no corpo.

Destaque-se que os Espíritos estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros, segundo consta em o Livros dos Espíritos.⁷ O fato de estarem os desencarnados “por toda a parte” deve ser explicado com sensatez, como existindo colônias ou construções fluídicas em toda parte do além.


Referências Bibliográficas:

1 XAVIER, Francisco Cândido. Voltei, ditado pelo Espírito Irmão Jacob, RJ: Ed. FEB, 1958
2 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, per. 27, RJ: Ed. FEB, 1971
3 A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. 
4 XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em dois mundos, ditado pelo Espírito André Luz, 20ª. Edição, RJ: Ed. FEB, 1958
5 XAVIER, Francisco Cândido. Missionários da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 1971
6 Idem
7 KARDEC, Allan. O Livros dos Espíritos, questão 188, RJ: Ed FEB, 1976

quarta-feira, 25 de março de 2020

COVID 19. O Senhor é meu Pastor

Luiz Carlos Formiga




“Prudentes sabem tirar proveito dos atos que a necessidade os constrangeu.” (1) Só a Educação pode ensinar a tomar decisões! (2) 

Pela primeira vez os brasileiros sabem os nomes de seus Ministros, Estado e STF; Presidentes, da Câmara e do Senado. (1) Já não temos mais a cultura de que “política e religião” não se discutem e que “a fé não pode ser raciocinada”. No entanto, chegar à consciência lúcida demandará tempo. 

Todos, da noite para o dia, se tornaram Microbiologistas, Imunologistas e Infectologistas, assim como especialistas em Clonagem. Lembram da experiência do Dr. Albieri, na novela o Clone? 

Na época, fiz uma síntese para os universitários do NEU-Fundão. Veja. 

A memória das células diferenciadas de mamíferos é reversível. Assim, a célula somática de Lucas foi induzida, "in vitro", em cultura, a este estado de quiescência, perdendo a memória da sua diferenciação. Retornando a totipotência comportou-se, após a fusão, como uma célula germinativa. Em outras palavras. Albieri retirou um ovócito, óvulo imaturo, das trompas da uma mulher-Deusa pouco depois da ovulação. Arrancou o núcleo da célula feminina que é o local onde existe a contribuição de tinta da mulher para pintar o quadro do novo ser. O que restou foi apenas a tela para a pintura. A seguir pegou o núcleo de uma célula isolada de Lucas ("pintor" ou "doador", nesse caso não consentido) onde está o manual de instruções (DNA) para se pintar um novo Lucas. 

Vamos relembrar que a célula (de Lucas) tinha sido submetida à regressão de memória a idades bem infantis (quiescência) e se sentiu germinativa. "Sentiu-se" porque, sob o ponto de vista ontogênico, não pode ser assim considerada. Estamos diante de um fenômeno cientificamente ainda não esclarecido. 

Nestas circunstâncias é como se o núcleo entrasse num estado de transe "hipnótico-químico" revendo toda a sua vida pregressa ou programação, podendo a partir daí tornar a expressá-la. O núcleo, da célula de Lucas, que é da raça branca, foi transplantado para o citoplasma do óvulo (tela ainda não pintada). Aí, ele pode acionar todo o seu código genético. Depois de algumas divisões celulares, Albieri as colocou no útero da mulher de raça negra e sadia e aguardou o trabalho da natureza. 

Clone-Leo não poderia nascer moreninho, pois a contribuição feminina foi só de suporte (tela) para a linha completa de instruções codificadas pelo genoma da célula de Lucas. Albieri sabia que o seu produto não teria problemas em termos de preconceito racial. Assim Lucas (a célula doadora) e o clone-Leo são gêmeos idênticos com idades diferentes. A cópia xerox foi feita noutra máquina alguns anos depois. (3)

Retornando à Microbiologia-Infectologia, lembro que um dos primos do bacilo da tuberculose, o Mycobacterium smegmatis pode ser encontrado com frequência na glande do pênis. No entanto, a pesquisa avançada no Google não o encontra nas infecções da vulva. 

Por outro lado, na difteria (4) já perdemos uma adolescente fazendo soroterapia e antibióticos (5), num hospital universitário. Lembremos que este micróbio é sensível a uma dezena de quimioterápicos. (6,7,8) 

A bactéria tentou nos enganar fermentando a sacarose, mas, ela não sabia, que tínhamos um detector de mentiras para micróbios(9), mas o tempo e a resistência baixa da jovem não nos permitiu “virar o jogo”. Hoje, apesar de tudo, acredito que temos tempo para ganhar a partida contra o COVID 19. Devemos tentar o gol, até o último segundo. Vale gol de barriga, pura “sorte”. Não existe gol feio. Feio é não marcar o gol, dizia o Mestre Dadá. (10) 

O povo brasileiro está se sentindo, nos dias de hoje, como especialista em doenças infecciosas, assim como todos são técnicos da seleção brasileira de futebol. 

Senso comum opina sobre infecção e resistência, quase sempre esquecendo que a doença é diretamente proporcional a virulência do “bandido”, mas inversamente proporcional à resistência do hospedeiro. 

Vejam a resposta que dei a uma amiga preocupada com o COVID-19. 

Disse-lhe que entendo a preocupação. 

Quando minha primeira filha nasceu eu estava fazendo curso de Virologia na pós-graduação e fui apresentado pessoalmente ao vírus da Poliomielite. Tomava banho de “álcool gel iodado” antes de voltar para casa. 

Hoje, médica, trabalha na “linha de frente” no hospital e eu, com quase oitenta anos, em prisão domiciliar, sem poder fazer nada, apenas escrevo. Os bandidos estão soltos. 

Com precaução ninguém morre antes da hora. Só quando a morte vem de cima, por divino decreto, encontra o micróbio como seu agente secreto. 

Como vivi entre os micróbios na universidade, a amiga vai dizer que para mim é fácil. 

Não, não é, pois sofro de hipertensão e ainda sou chegado a asma. Não pude abraçar minha filha e a netinha caçula jogou beijos do carro e chorando. 

Apesar disso, “ficar em casa” é conduta adequada, para a maioria das cidades brasileiras e de modo particular, para as que possuem maior população. Isso não é o mesmo que egoisticamente torcer pela vitória do micróbio contra a economia, só para “me dar bem politicamente, no futuro.” 

Uma conduta não pode ser negligenciada, separar avós e netos. Para uns será expiação, para outros prova. Espíritas sabem que os laços são eternos e apertam cada vez mais esses laços. Conto meu segredo de resiliência. Meu avô fez o grande investimento e deixou-me como herança a Doutrina Espírita. Esse exemplo de avô acabou me arrastando. Por isso, escrevo para futuros bisnetos. Afinal, “ninguém acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire.” (9). Uai, obrigado mineirinho! 

Leia mais







4. Formiga, LCD. 1999. Corynebacterium. In Microbiologia. Atheneu, p. 177-185. 

5. Guaraldi, ALM & Formiga, LCD. 1998. Bacteriological properties of a sucrose fermenting Corynebacteriae diphtheriae strain isolated from a case of endocarditis. Current Microbiology, 37 (3): 156-158. 

6. Silva, A.C.P.; Formiga, L.C.D.; Silveira, M.H.; Suassuna, I. 1969. La accion de la gentamicina sobre bacilos diftéricos. Symposium Latino-Americano sobre infecciones y gentamicina." Estela " S.A. México, D.F. pag., 171-174. 

7. Suassuna, I.; Salazar, H.C.; Pinheiro, J.; Silva, A.P.S.; Borges, W.S.; Silveira, M.H. & Formiga, L.C.D. 1969. Valoracion de gentamicina em el tratamiento de enfermidades infecciosas. Symposium Latino-Americano sobre infecciones y gentamicina. " Estela " S.A. México, D.F. pag., 189-202. 

8. Formiga, L.C.D.; Silva, A.C.P.; Pinheiro, C.A.R.; Assumpção, R.L.; Silveira, M.H.; Serpa, C.E.V. & Suassuna, I. 1971. Estudo " in vitro " sobre a sensibilidade do Corynebacterium diphtheriae a treze antibióticos. Rev. Microbiol. (SP), 2: 117-127. 

: 117-127. 

9. Formiga, LCD. 1983. Um detector de mentiras para micróbios. Ciência Hoje, 2 (8):14.