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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

RESGATES COLETIVOS ANTE A LEI DE CAUSA E EFEITO



A jovem Baya Bakari, de 14 anos, foi a única sobrevivente do Airbus A310, da empresa Yemenia Air, que caiu no Oceano Índico, pouco antes do pouso nas Ilhas Comores, com 153 pessoas a bordo. Temos notícia de outros acidentes aéreos que tiveram, também, um único sobrevivente, a exemplo de Vesna Vulovic, aeromoça sérvia, que, no momento em que a aeronave sobrevoava a ex-Tchecoslováquia, resistiu à explosão, supostamente, causada por atentado terrorista, em janeiro de 1972. (1) Dias antes, na véspera do Natal de 1971, um avião de passageiros, também, explodiu, depois de ser atingido por um raio, ao sobrevoar a Amazônia peruana. Todos morreram, à exceção da jovem Juliane Koepcke, de 17 anos, que caiu de uma altitude de 3 mil metros, aproximadamente, ainda presa ao seu cinto de segurança. (2) História semelhante é a de George Lamson Jr, que tinha 17 anos, quando sobreviveu à queda do Lockheed L-188, Electra da Galaxy Airlines, matando outras 70 pessoas a bordo, em janeiro de 1985. Os episódios de sobreviventes nessas circunstâncias incluem o de uma criança, de quatro anos, que escapou da queda do voo 255, da Northwest Airlines, em agosto de 1987, em que mais de 150 pessoas morreram no acidente, segundo os organizadores de um memorial pelas vítimas da catástrofe. Em 1995, uma menina, de nove anos, foi a única sobrevivente da explosão, em pleno ar, de um avião, na Colômbia. Em 1997, um menino tailandês escapou de um acidente, que matou 65 pessoas, durante um voo da Vietnam Airlines. Em 2003, uma criança, de três anos, foi a única sobrevivente de um acidente aéreo, no Sudão, que matou 116 pessoas. Lamentemos, sem desespero, quantos se fizerem vítimas de desastres que nos confrangem a alma, pois nada acontece sem que Deus consinta.

Esses fatos nos remetem a refletir sobre as idéias dos cientistas materialistas que creem que a sobrevivência "não é uma questão de destino", pois mais de 90% dos acidentes aéreos têm sobreviventes, hoje em dia, graças aos "avanços tecnológicos" (!!!...). Mas, a justificativa de "avanços tecnológicos" não explica as causas de uns morrerem e outros sobreviverem na mesma cena trágica.

Como se processa a convocação de encarnados para uma desencarnação coletiva? Qual a explicação espiritual para o fato de pessoas saírem ilesas das catástrofes, algumas, até mesmo, desistindo da viagem ou, então, perdendo o embarque, em transportes a serem acidentados? As respostas são baseadas nas premissas de que o acaso não pode reger fenômenos inteligentes e na certeza da infalibilidade da Lei Divina, agindo por conta de espíritos prepostos, sob a subordinação das entidades superiores. "A cada um será dado segundo as suas obras". Ensinam os espíritos, mediante comparação simples, mas de forma altamente significativa, que justiça sem amor é como terra sem água. O pensamento da espiritualidade superior sobre o tema significa que a justiça é perfeita, porque Deus a fez assistida pelo amor, para que os endividados não sejam aniquilados.

A Doutrina dos Espíritos, embasada em O Livro dos Espíritos, não respalda a idéia de fatalidade, tratando especificamente do assunto, merecendo, por isso, leitura e reflexão. (3) Então, qual a finalidade desses acidentes que causam a morte conjunta de várias pessoas? Como a Justiça Divina pode ser percebida nessas situações? Por que algumas pessoas escapam, como vimos acima? Lembrando que fatalidade, destino e azar são palavras sempre citadas em situações como essas, vejamos como os Espíritos nos esclarecem: "Fatalidade", "Destino" e "Azar" são palavras que não combinam com a Doutrina Espírita, da mesma forma a palavra "sorte", usada para aqueles que escapam desse tipo de situação. Que conceitos estão por trás dessas palavras? O Livro dos Espíritos explica, dentre outras informações a respeito, que "a fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; feita a escolha, ele traça, para si mesmo, uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra. Em verdade, "fatal", no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte. Chegado esse momento, de uma forma ou de outra, a ele não podemos fugir". (4) Em chegando a hora de retornar ao Plano Espiritual, nada nos livrará e, inconscientemente, guardamos em nós o gênero de morte que nos aguarda, pois isso nos foi revelado quando fizemos a escolha desta ou daquela existência. Não nos esqueçamos de que somente os acontecimentos importantes, e capazes de influir nossa evolução moral, são previstos por Deus, porque são úteis à nossa purificação e à nossa instrução.

Nas mortes coletivas, como os casos tão dramáticos ocorridos nos recentes desastres aéreos, somente encontraremos uma justificativa lógica para os respectivos acontecimentos, se analisarmos, atentamente, as explicações que só a Doutrina Espírita nos fornece, para confirmar que, até mesmo nesses DESASTRES, a Lei de Justiça se faz presente, pois, como nos afirma o Codificador, não há efeito sem que haja uma causa que o justifique.

Todos os nossos irmãos que pereceram, em desastres aéreos, carregavam, na alma, motivos para se ajustarem com a Lei Maior, a fim de quitar seus débitos com a Justiça Divina, que não falha jamais, encontrando, aí, a oportunidade sublime do resgate libertador. "Salvo exceção, pode-se admitir, como regra geral, que todos aqueles que têm um compromisso em comum, reunidos numa existência, já viveram juntos para trabalharem pelo mesmo resultado, e se acharão reunidos ainda no futuro, até que tenham alcançado o objetivo, quer dizer, expiado o passado, ou cumprido a missão aceita". (5)

Vamos encontrar em o livro Chico Xavier Pede Licença, no capítulo 19, intitulado "Desencarnações Coletivas", as sábias explicações para o fenômeno das mortes coletivas, quando o benfeitor Emmanuel responde pergunta endereçada a ele, por algumas dezenas de pessoas, em reunião pública, realizada na noite de 22/08/1972, em Uberaba, MG, e que aqui transcrevemos: "Sendo Deus a Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos de incêndios (e de quedas de aeronaves)? Responde Emmanuel -" Realmente, reconhecemos em Deus o Perfeito Amor, aliado à Justiça Perfeita. "E o Homem, filho de Deus, crescendo em amor, traz consigo a Justiça imanente, convertendo-se, em razão disso, em qualquer situação, no mais severo julgador de si próprio". (6)

Como se processa a provação coletiva [resgate]? O mentor do Chico esclarece: "Na provação coletiva, verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona, então, espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas da dívida do pretérito para os resgates em comum, razão porque, muitas vezes, intitulais "doloroso caso" às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais". (7) Diante de tantos lúcidos esclarecimentos, não mais podemos ter quaisquer dúvidas de que a Justiça Divina exerce sua ação, exatamente, com todos aqueles que, em algum momento, contrariaram a harmonia da Lei de Amor e Caridade e, por isso mesmo, cedo ou tarde, defrontar-se-ão, inexoravelmente, com a Lei de Causa e Efeito, ou, se preferirem, com a máxima proferida pela sabedoria popular: "A semeadura é livre, mas, a colheita é obrigatória".

É importante destacar que, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, o mestre lionês assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento, porque se passa neste mundo, seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, freqüentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento". (8). Diante do exposto, afirmamos que a função da dor é ampliar horizontes, para, realmente, vislumbrarmos os concretos caminhos amorosos do equilíbrio. Por isso, diante dos compromissos "cármicos", em expiações coletivas ou individuais, lembremo-nos sempre de que a finalidade da Lei de Deus é a perfeição do Espírito, e que estamos, a cada dia, caminhando nessa direção, onde o nosso esforço pessoal e a busca da paz estarão agindo a nosso favor, minimizando, ao máximo, o peso dos débitos do ontem.

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com

Site: http://jorgehessen.net
Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com


FONTES:
(1) Vesna, que recebeu um prêmio da organização Guinness World Records pela "mais alta queda do espaço sem paraquedas", despencou de mais de 10 mil metros de altitude junto com uma parte da fuselagem do avião, para cair nos montes nevados da hoje República Checa.
(2) Acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima suavizaram a queda, fazendo o assento descer em espiral e não em queda livre. A adolescente alemã passou 11 dias vagando na selva, sem comida, em busca de civilização.
(3) Kardec, Allan. O Livros dos Espiritos, RJ: ed Feb, 1999, questões 851 a 867, do Livro III, capítulo X
(4) idem
(5) Kardec, Allan. Obras Póstumas, RJ: Ed Feb, 1993, Segunda Parte, pág. 215, no Capítulo: Questões e problemas
(6) Xavier F Candido / Pires j. Herculano. Chico Xavier pede Licença, no capítulo 19, "Desencarnações Coletivas", SP: Ed GEEM, 1972
(7) Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, Ditado pelo Espírito Emmanuel, RJ: Ed Feb 1972, perg. 250
(8) Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed FEB, 2001, item 9, cap. V

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pacto Brasil Vaticano - Carta aos Senadores

Senhores(as) Senadores(as) da República Federativa do Brasil,

São Paulo, 16 de Setembro de 2009.

Há alguns meses, pesquisando no site do Congresso Nacional, deparei-me com o Projeto de Decreto Legislativo 1736/09 que trata de acordo entre a República Federativa do Brasil e o Estado do Vaticano – a Santa Sé. Li relatório no qual o Deputado Bonifácio de Andrade vota favoravelmente à aprovação. Sem a competência, de minha parte, para juridicamente fazer qualquer apreciação, sobre a matéria.
Mas, com a convicção e certeza, o que é diferente de crença, que: "Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da humanidade." Acreditei que diante da pluralidade de pensamento, no Plenário da Câmara, o bom senso e a razão sobrepujaria a fé cega dos tempos medievais, que ainda tenta entravar o progresso intelectual e principalmente moral da humanidade terrena. Entendemos moral, com o conceito simples de sabermos discernir - entre o bem e o mal.
A tramitação do Projeto acima citado, em pouco tempo entrou na relevância de "urgência" e foi aprovado pelo Plenário da Câmara, na última semana, tendo sido enviado ao Plenário do Senado. Sem o prurido do proselitismo e muito menos atitudes sectárias. Atendendo apenas, à liberdade de consciência, tão bem exemplificada, por tantos valorosos pioneiros do progresso intelectual e moral da humanidade terrena; a maioria no anonimato da história, embalados pela consciência do dever cumprido.
Lembremo-nos de alguns mais conhecidos: Sócrates, Francisco de Assis, John Huss, Martinho Lutero e Giordano Bruno.
Diante do exposto, resolvemos adaptar e transcrever o que segue abaixo, extraído do Livro EMMANUEL (Espírito), publicado em 1938.
NOTA: Os textos entre parênteses são informações-lembretes que acrescentamos e os grifos.
EXPLICANDO... [...]16 de setembro de 1938:
[...]
O CRISTIANISMO EM SUAS ORIGENS
Edificante é a investigação, o estudo acerca do Cristianismo (não é Catolicismo) nos primeiros tempos de sua história; edificante lembrarmos as apagadas figuras de pescadores humildes, grosseiros e quase analfabetos, a enfrentarem o extraordinário e secular edifício erguido pelos triunfos romanos, objetivando a sua reforma integral. [...]
A história da Igreja cristã nos primitivos séculos está cheia de heroísmos santificantes e de redentoras abnegações. [...]
OS BISPOS DE ROMA
Nos primitivos movimentos de propaganda da nova fé, não possuíam nenhuma supremacia os bispos romanos (com sede em Roma) entre os seus companheiros de episcopado e a Igreja era pura e simples, como nos tempos que se seguiram ao regresso do seu divino fundador (Jesus) às regiões da Luz.
2
As primeiras reformas surgiram no quarto século (Ano 300) da vossa era, quando Basílio de Cesaréia e Gregório Nazianzeno instituíram o culto aos santos. Os bispos romanos sempre desejaram exercer injustificável primazia entre os seus irmãos
coirmãos; [...]Desde o primeiro concílio ecumênico de Nicéia, [...] continuaram as reuniões desses parlamentos eclesiásticos (relativo à Igreja Católica), onde eram debatidos todos os problemas que interessavam ao movimento cristão. Datam dessas famosas reuniões as inovações desfiguradoras da beleza simples do Evangelho; [...] Somente no princípio do século VII (Ano 600) a presunção dos prelados romanos encontrou guarida no famigerado imperador Focas, que outorgou a Bonifácio a primazia injustificável de bispo universal. (Papa Bonifácio III - Obteve do imperador Focas o reconhecimento oficial do bispo de
Roma como chefe de todas as Igrejas, o único autorizado a ostentar o título de ecumênico. Estabeleceu que o único Bispo universal fosse o de Roma, portanto ele próprio). Consumada essa medida, que facilitava ao orgulho e ao egoísmo toda sua nociva expansibilidade, tem-se levado a efeito, até hoje, os maiores atentados, que culminaram, em 1870, na declaração da infalibilidade papal. (Precisamente, no ano de 607, o imperador Focas favorece a criação do Papado. Dessa data em diante, ia começar um período de 1260 anos de amarguras e violências para a civilização que se fundava)
INOVAÇÕES E DOGMAS ROMANOS
A Doutrina de Jesus, concentrando-se à força na cidade dos Césares, (Roma) aí permaneceu como encarcerada pelo poder humano e, passando por consecutivas reformas, perdeu a simplicidade encantadora das suas origens, transformando-se num edifício de pomposas exterioridades. Após a instituição do culto dos santos, surgiram imediatamente os primeiros ensaios de altares e paramentos
para as cerimônias eclesiásticas, medidas aventadas pelos pagãos convertidos, os quais, constantemente, foram adaptando a Igreja (Igreja Católica) a todos os sistemas religiosos do passado. O dogma da trindade (Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo) é uma adaptação da Trimúrti (três) da antiguidade
oriental (Índia), que reunia nas doutrinas do bramanismo os três deuses – Brahma, Vishnu e Shiva. É verdade que as coisas inacessíveis ainda à vossa compreensão e que constituem os mistérios celestes, só vos podem ser transmitidas em suas expressões simbólicas; mas, o Catolicismo (não Cristianismo) não pode aproveitar-se desse argumento para impor-se como única doutrina infalível e soberana. Ele (o Catolicismo) era uma escola religiosa, como qualquer outra (Judaísmo, Islamismo, Protestantismo, etc) que busque nortear os homens para o bem e para Deus, mas que perdeu esse objetivo, pecando
constantemente por orgulho dos seus dirigentes, os quais raras vezes sabem exemplificar a piedade cristã.
A história do papado é a do desvirtuamento dos princípios do Cristianismo, porque, pouco a pouco, o Evangelho quase desapareceu sob as suas despóticas inovações. Criaram os pontífices (papas) o latim nos rituais, o culto das imagens, a canonização, a confissão auricular, a adoração da hóstia, o celibato sacerdotal e, atualmente, noventa por cento das instituições (Católicas) são de origem humaníssima, fora de quaisquer características divinas.
AS PRETENSÕES ROMANAS – (Igreja Católica)
Perdido o cetro da sua hegemonia na antiguidade (Império Romano), o espírito de supremacia perdurou, entretanto, na grande cidade (Roma), outrora teatro de todos os aviltamentos e corrupções da Humanidade. Foi dessa ânsia, de operar um retrospecto da História, que nasceu provavelmente o desejo de o bispo romano (papa) arvorar-se em chefe do Cristianismo; o que Roma perdera, com o progresso e com a expansão dos povos, reaveria nos domínios das coisas espirituais. E assim aconteceu. O Vaticano, porém, não soube senão produzir obras de caráter exclusivamente material, tornando-se potência de poder e autoridades temporais. Afogou-se na vaidade, obtendo o que
procurava, porquanto tem o seu império na Terra, que ainda não é o reino de Jesus. O seu fastígio, as suas suntuosas basílicas, as suas pomposas solenidades recordam o politeísmo e as dissipações da sociedade romana e, quando o sumo-pontífice (papa) aparece em vossos dias na sédia (cadeirão, poltrona de luxo) gestatória, é o retrato dos cônsules do antigo senado (Império Romano) quando saíam a público, precedidos de litores. O símile (comparação) é perfeito.
3
[...]
A FALHA DA IGREJA ROMANA
A Igreja Católica, amigos, que tomou a si o papel de zeladora das idéias e das realizações cristãs, pouco após o regresso do Divino Mestre (Jesus) às regiões da Luz, falhou lamentavelmente aos seus
compromissos sagrados. Desde o concílio ecumênico de Nicéia, o Cristianismo vem sendo deturpado pela influenciação dos sacerdotes dessa Igreja (Igreja Católica), deslumbrados com a visão dos poderes temporais sobre o mundo. Não valeu a missão sacrossanta do iluminado da Úmbria (Francisco de Assis), tentando restabelecer a verdade e a doutrina de piedade e de amor do Crucificado para que se solucionasse o problema milenar da felicidade humana. As castas, as seitas, as classes religiosas, a intolerância do clericalismo (relativo à Igreja Católica) constituíram enormes barreiras a abafarem a voz das realidades cristãs. A moral católica falhou aos seus deveres e às suas finalidades. A Espanha atual, (Ano de 1938) (se substituirmos por Brasil ano de 2009) alimentada de catecismo romano (O Catecismo da Igreja Católica expõe a sua doutrina, seus dogmas, os princípios de fé que lhe pertencem) desde a sua formação, é bem, [..] um atestado da falência dos ensinamentos ou da orientação de Roma (Igreja Católica) para alcançar o desiderato (aquilo que se deseja) do progresso coletivo e da ética social. Não nos é lícito influenciar os homens e as suas instituições. Todavia, podemos apreciar a influência das idéias sobre as massas apreciando-lhes os resultados. É o que sejamos evidenciar, solicitando vossa atenção para o complexo de fenômenos dolorosos, de ordem social e política, que vindes observando há alguns anos. Fazendo-o, temos o objetivo de vos demonstrar a que resultado conduziu os povos a deturpação da palavra do Cristo, e a necessidade de voltar-se o raciocínio individual e coletivo para a compreensão dos deveres que dela decorrem.
[...]
A CONFISSÃO AURICULAR (confissão com um Padre)
[...]
Todas as doutrinas religiosas têm a sua razão de ser no seio das coletividades, onde foram chamadas a desempenhar a missão da paz e de concórdia humana. Todos os seus males provêm justamente dos abusos do homem, em amoldá-las ao abismo de suas materialidades habituais; e, de fato, constitui um desses abusos a instituição da confissão auricular, pela Igreja Católica.
[...]
A CONFISSÃO AURICULAR E A SUA GRANDE VÍTIMA
A confissão auricular constitui uma aberração, dentro do amontoado das doutrinas desvirtuadas do romanismo (Igreja Católica). E é justamente a mulher, pelo espírito sensível de religiosidade que a caracteriza, a maior vítima do confessionário. (para os dias de hoje podemos incluir as crianças e os jovens) Infelizmente, toda a série de absurdos do inqualificável sacramento da penitência (ou confissão) é oriunda dos superiores eclesiásticos (papas, cardeais e bispos), dos teólogos e falsos moralistas da Igreja que, perversamente, criaram os longos e indiscretos interrogatórios, aos quais terá a mulher de submeter-se passivamente, diante de um homem solteiro, estranho, que ela, inúmeras vezes, nem conhece. [...] Muitas vezes, é no confessionário que começa o calvário social da mulher (crianças e jovens). [...] que, confiadas em Deus, se lançam aos pés de um homem cheio das mesmas fraquezas dos outros mortais, na enganosa suposição de que o sacerdote é a imagem da Divindade do Senhor.
REFORMA NECESSÁRIA
Não podeis calcular a imensidade de crimes perpetrados à sombra dos confessionários penumbrosos, onde almas aflitas e fervorosas buscam consolação e conforto espiritual. O que se faz necessário em vossos dias é a reforma de semelhantes costumes. [...]
4
A GRANDE USURPADORA
Vivendo à custa da economia dos que trabalham, a Igreja Romana (Igreja Católica) é a atual usurpadora de grande percentagem do esforço penoso das coletividades. Sem dúvida, a sua influência no passado beneficiou a civilização, muito embora tenha sido essa influência saturada de movimentos condenáveis à sombra do nome de Deus e em nome do Evangelho. As guerras santas, a inquisição, as renovações religiosas dos séculos pretéritos, apóiam a nossa assertiva. As obras beneficentes da Igreja estão ainda cheias do sangue dos mártires. Quase todos os bens que o Vaticano conseguiu trazer á civilização nascente fizeram-se acompanhar de terríveis acontecimentos.
O CATOLICISMO NA EUROPA MODERNA (1938)
A Europa moderna, pobre de possibilidades econômicas e compreendendo de perto a ação defraudadora da Igreja Católica, tornou-se campo quase estéril para as suas explorações. As tendências da mentalidade geral para uma organização econômica, sobre a base da justiça que deve prevalecer em todas as leis do futuro, fizeram dos países europeus terreno impróprio para indústria religiosa. [...] A mística fascista é a única que procura o amparo das ilusões religiosas do Catolicismo, com o objetivo de manter a coesão popular, em torno da idolatria do Estado. [...] Longe de nós o aplaudirmos a política nefasta de Stalin (Rússia) ou as suas atividades nos gabinetes de Léon Blum (socialista francês) ou de Azaña (Presidente da Espanha); apenas salientamos a tendência das massas para a liberdade, sacudindo o jugo milenar do Catolicismo, que a pretexto de prosseguir na obra cristã, apossou-se do Estado paradominar e escravizar consciências. [...]
A IGREJA CATÓLICA PROVOCANDO A POBREZA DO MUNDO
Integrada no conhecimento dessas grandes verdades é que a Europa de agora se apresenta como um campo perigoso para as grandes concentrações católicas; [...] Ninguém ignora a fortuna gigantesca que se encerra, sem benefício para ninguém, nos cofres pesados do Vaticano; os capitais que para eles se canalizam, com fertilidade assombrosa, ali repousam sem se converterem em benefício dos que trabalham, conquistando com penoso suor o pão da cada dia.[...]
AMARGOS CONTRASTES
Enquanto há fome e desolação no mundo, Sua Santidade (O Papa) distribui bênçãos e títulos nobiliárquicos, compensados com os mais pingues tributos de ouro. As canonizações custam verdadeiras fortunas aos países católicos. Para que a França conseguisse o altar para a sua heroína de Domrémy, muitos milhares de francos foram arrancados à economia popular. [...] Enquanto o Vaticano se entende com o Quirinal (residência oficial e local de trabalho do Presidente da República Italiana) sobre as mais pesadas somas de ouro, destinadas às atividades guerreiras, os padres se reúnem e falam de paz; enquanto Pio XI se debruça nos seus ricos apartamentos, passeando pelas suas galerias de arte de todos os séculos e pelas suas vastas bibliotecas, exibindo a imagem do Crucificado nas suas sandálias, ou entregando-se ao repouso no Castel Gandolfo, há criaturas morrendo à míngua de trabalho, entregues a toda sorte de misérias e de vicissitudes.
O MUNDO TEM SEDE DO CRISTO
Inspirando-se nas inteligências de Leão XIII, que deixou a sua "Rerum novarum" (encíclica) como alto documento político de conciliação das classes proletárias e capitalistas, Pio XI publicou a sua "Quadragesimo anno", (encíclica) tentando estabelecer barreira às doutrinas novas, que vêm por em xeque a falsa posição da Igreja Católica. Alguns países vêm inspirando-se nessas bulas pontifícias, para a criação de dispositivos constitucionais, aptos a manter o equilíbrio social; todavia, importa considerar que a Igreja é impotente e suspeita para tratar dos interesses dos povos. Na sua situação parasitária, não pode falar aos que trabalham e sofrem, aprendendo nas experiências mais dolorosas da vida. A vossa civilização sente necessidade da prática evangélica, tem sede do Cristo, fome de idealismo genuinamente cristão e, diante desse surto novo de fé das coletividades, nada valem os congressos eucarísticos, porquanto é chegado o tempo de se fecharem as portas da indústria da cruz. O Cristo terá de ressurgir dos escombros em que foi mergulhado pela teologia do Catolicismo. [...]
5
AS PRETENSÕES CATÓLICAS
[...]
Decididamente, a Igreja não esconde o seu propósito de escravizar ainda as consciências humanas e, com os seus continuados pruridos de hegemonia sobre todos os outros cultos, revela suas fundas saudades do Santo Ofício (inquisição), para algemar o pensamento dos homens às enxovias dos seus interesses. [...]Não será surpresa para ninguém, se os padres católicos exumarem amanhã, das cinzas da Idade Média para os dias que correm, o célebre Livro das Taxas, do tempo de Leão X, em que todos os preços do perdão para os crimes humanos estão estipulados.
O CULTO RELIGIOSO E O ESTADO
A evolução dos códigos políticos da América do Sul deveria merecer mais respeito por parte dos elementos que se acham sob as ordens do Vaticano. Falar-se em sagração (cerimônia religiosa) do chefe do Estado pela Igreja Romana (Igreja Católica), aliando o direito divino às obrigações políticas, depois de tantas conquistas sociais da República, seria quase uma infantilidade, se isso não representasse algo de perigoso para os próprios códigos de natureza política do país. Nenhum culto, que se prenda a Deus pela devoção e por determinados deveres religiosos, tem o direito de interferir nos movimentos transitórios do Estado, [...] Há muito tempo (1789 – Revolução
Francesa), os fenômenos do progresso político dos povos proscreveram essas nefastas influências religiosas (Igreja Católica) sobre a política administrativa das coletividades (Estado Laico).
SEMPRE COM CÉSAR
Já o próprio Cristo asseverava nas suas divinas lições: - "A César o que é de César e a Deus o que é de Deus." Mas, a Igreja Católica Romana jamais ocultou sua preferência pela amizade de César. [...] o Catolicismo (Igreja Católica) é bem o retrato do farisaísmo dos tempos judaicos, que conduziu o Divino Mestre à crucificação. Amiga dos poderosos, em todos os tempos, [...] a Igreja, pela voz dos seus teólogos mais eminentes, procurou sempre revestir o poder transitório dos felizes da Terra com um caráter de
divindade.
[...]
(Conclusão):
Meu objetivo foi mostrar-vos a inexistência do selo divino nas instituições católicas. Toda a força da Igreja, na atualidade, vem da sua organização política, que busca contemporizar com a ignorância. O milagre que se operou nalguns espíritos de eleição, como o divino inspirado da Úmbria (Francisco de Assis), gerou-se da beleza do Evangelho e dos tempos apostólicos, unicamente, porque, entre Jesus e o papa, entre os apóstolos e os clérigos, há uma distância imensurável. O Vaticano (Santa Sé) conservará seu poderio, enquanto puder adaptar-se a todos os costumes
políticos das nacionalidades; mas, quando o Evangelho for integralmente restabelecido, quando a onda de uma reforma visceral purificar o ambiente das democracias com a luminosa mensagem da fraternidade humana, desaparecerá (O Vaticano), não podendo ser absolvido na balança da História, porque ao lado dos poucos bens que espalhou está o peso esmagador das suas muitas iniqüidades. O acima exposto, em nossa pequenez de entendimento, principalmente no campo jurídico das relações internacionais; atende, no primeiro momento: - Expressarmos o que compreendemos por Estado Laico, citando jurista brasileiro "Acredito que o Estado laico é aquele onde quem crê ou não em Deus tem os mesmos direitos." Acrescentamos, e deveres. Mas, também, para não sermos hipócritas, neste momento em que a humanidade terrena passa por grandes e graves transformações - professarmos nossa FÉ ESPIRITA.
Respeitosamente,
SEEC – SOCIEDADE DE ESTUDOS ESPÍRITAS O CONSOLADOR
José Espedito de Araújo
NOTA: - As informações transcritas acima têm como intermediário - médium1. Ao deixá-las vir a público (ano de 1938) com elas corrobora. Seu exemplo de vida, em sua última reencarnação, é o testemunho dos princípios que abraçou. - O autor2 destas informações, acumula as experiências e aprendizados como Senador Romano, Escravo Judeu e Padre Católico.
- Aproveitamos esta oportunidade para homenageá-los, nesta data, 16 de setembro de 2009, em que estas afirmativas, do passado e para o porvir, completam – 71 ANOS.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS PÚBLICAS – ESPIRITAS! NÃO MATRICULEM SEUS FILHOS



EDUCAÇÃO RELIGIOSA NAS ESCOLAS PÚBLICAS – ESPIRITAS! NÃO MATRICULEM SEUS FILHOS


É preocupante o acordo firmado entre Brasil e Vaticano, em 2008, já aprovado pela Câmara, estabelecendo compromissos jurídicos, dentre os quais o de ensino religioso público. Em que pese ser um acordo que afirma a “laicidade” da estrutura constitucional do país, será verdade isso? O próprio Ministério da Educação criticou esse ponto, uma vez que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, ao referir sobre ensino religioso, não cita nenhuma fé específica e, também, veda a promoção de uma religião.
O ensino religioso nas escolas foi instituído pela Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seu artigo 33, da Lei n° 9.394, de 1996, cuja redação foi substituída pela Lei n° 9475, de 1997, que consigna o seguinte: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.” Porém, afirmamos que um ensino religioso, dificilmente, será, de fato, ecumênico. Isso é arroubo utópico dos sonhadores de plantão.
O modelo constitucional brasileiro em vigor instituiu a “laicidade” do Estado brasileiro, garantindo a liberdade religiosa a toda cidadania. Porém, o acolhimento do acordo com a “Santa Sé”, pelo Congresso Nacional, implicará em grave retrocesso ao exercício das liberdades e à efetividade da pluralidade, enquanto princípio fundamental do Estado.
Cremos que escola pública não é, e nunca deve ser lugar de ensino religioso. Ensino religioso nas escolas públicas é ranço de nefanda ditadura. Somos, cabalmente, contra esse tipo de ensino em escolas públicas, até porque, os professores jamais vão conseguir ser imparciais. Portanto, o ensino proposto é inviável, fere a dignidade de nossas crianças, lembrando, aqui, que a opção por uma religião é pessoal, e deve ser respeitada no limite máximo da liberdade de credo. Outra coisa estranha: É uma afronta ao estado de direito que uma religião receba recursos públicos para fazer seu proselitismo.
Sobre isso, a Federação Espírita Brasileira, no final da década de 90, esclareceu, através de seu presidente, Juvanir Borges, que a Lei nº 9.475, era passível de arguição de inconstitucionalidade. A Lei deu nova redação ao artigo 33, da Lei nº 9.394 (que instituiu o ensino religioso nas escolas públicas de ensino fundamental). Porém, ao lhe dar redação nova, excluiu a expressão sem ônus para o poder público, ensejando que o ensino religioso possa ser subsidiado ou remunerado pelo erário público. Com base na posição assumida pelo Conselho Federativo Nacional, em reunião plenária de 9 de novembro de 1997, a FEB , propondo que o ensino religioso deva ser ministrado no lar e no Centro Espírita, recomendou às Instituições Espíritas de todo o país que orientem os pais para que declarem, expressamente, no ato da matrícula dos alunos espíritas, nas escolas públicas de ensino fundamental, que eles não assistirão às aulas de ensino religioso, sob qualquer hipótese.
Reflitamos juntos: O que o professor de Ensino Religioso poderia abordar em sua aula? Como ele estaria ou está sendo capacitado? Somos favoráveis à proscrição definitiva da dimensão religiosa na escola pública, para que não ocorra o domínio das consciências infanto-juvenis. Imagine, como hipótese, um professor fundamentalista que prega: "fora da minha religião, não há salvação". Com tal sujeito, não há diálogo possível.
A Religião corresponde a uma exigência natural da condição humana e a uma exigência da consciência humana e pertence, de maneira irrevogável, ao campo do conhecimento. Destarte, devemos mantê-la restrita aos centros espíritas (para os espíritas), ao lar, e, sobretudo, desprovida da roupagem imprópria do sectarismo. O núcleo familiar é o primeiro grupo social do qual participamos e recebemos, não somente, herança genética ou material, mas, principalmente, moral. O ensino religioso, aí, tem um papel importantíssimo na formação do indivíduo, ou melhor, na formação da pessoa como um todo. Vivemos em um mundo globalizado, onde a individualidade e o materialismo-consumista têm ocupado a primazia de vários ambientes familiares. Por isso, o ensino religioso (do Evangelho) no Centro Espírita ou na família permite com que o indivíduo se enxerga além desse momento imediato, levando-o a uma dimensão que somente a Inteligência Suprema pode oferecer, ou seja, a transcendentalidade.
Alguém duvida que a intolerância religiosa no Brasil exista? No maior país católico do mundo presenciamos uma beligerante disputa por fiéis. A Igreja Católica “perde” adeptos para os pentecostais, os quais satanizam os deuses do candomblé e da umbanda. A Renovação Carismática Católica vem ganhando adeptos, o Espiritismo continua com marcante presença e, em meio a tudo isso, a New Age (Nova Era) se torna, cada vez mais, evidente. “As religiões brasileiras se encontram de forma acirrada na disputa desse mercado de bens simbólicos”. Nesse contexto, o Estado tem que zelar pela legislação, defendendo o princípio da liberdade religiosa. Porém, é fácil perceber que o Estado brasileiro não é tão laico assim!. Sofre influências religiosas, principalmente da Igreja Católica, motivo pelo qual muitos evangélicos estão querendo conquistar esse lugar. Em 2005, num edital de abertura de concurso para professores do ensino religioso das escolas públicas, de importante estado brasileiro, as 500 vagas oferecidas foram separadas da seguinte forma: 342 para o credo católico, 132 para o credo evangélico e 26 vagas para professores dos demais credos. Esse edital hediondo deixa clara a característica confessional da educação religiosa.
O Estado não tem meios de oferecer um ensino religioso que atenda todos os tipos de crença. Por outro lado, se isso acontecesse, não haveria sentido, porque isso, como vimos, é papel da religião e da família e não da escola. Religião, do ponto de vista do Estado e dos direitos de cidadania, deve ser entendida como tema de foro íntimo do indivíduo, alojado ali, junto à liberdade de consciência e de opinião e... Ponto final!
Direitos humanos e ética são conteúdos que podem e devem integrar o projeto político-pedagógico da escola, sem que seja necessário envolver conteúdos religiosos. Tentar travestir a religião com a roupagem de conteúdo escolar, e vice-versa, é desservir à formação moral da criança e do adolescente, assim como desestabilizar a própria Nação. Diante da diversidade existente em nosso país, é central que esta questão seja, novamente, discutida no sentido de que não haja mais, nas escolas públicas, espaços para a pregação/ensino de crenças religiosas patrocinadas pelo poder público. Não cabe ao Estado destinar energia e dinheiro para esse fim, sendo, isso, uma responsabilidade das instituições religiosas e da família. O nosso País necessita preservar a condição de Estado laico e deve assumir uma neutralidade positiva no que se refere à abordagem de temas relacionados à religiosidade e seus embates com outras esferas da sociedade.
Jorge Hessen
Site http://jorgehessen.net

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

EDUCAR OS PRÓPRIOS FILHOS, UM GRANDE DESAFIO PARA OS PAIS



EDUCAR OS PRÓPRIOS FILHOS, UM GRANDE DESAFIO PARA OS PAIS


Uma brasileira foi condenada a nove meses de prisão, na Espanha, por expulsar de casa, por um dia, o seu filho de 15 anos. A sentença recebeu destaque nos principais jornais e TVs espanholas. Nossa conterrânea alegou que agiu assim, porque pretendia dar uma lição mais "forte" no filho, que é problemático, desobediente e muito agressivo. Sua intenção era ensinar-lhe regras sociais e respeito pela mãe.

Para a juíza, do Tribunal Penal de Málaga, a atitude da brasileira representa uma negligência e um delito de abandono temporário, motivo pelo qual a condenou, explicando que, embora o menor se encontre em plena adolescência, com os conflitos comuns da idade, isso não é razão para colocá-lo fora de casa, deixando-o à intempérie na rua, por uma noite, porque essa decisão cria uma situação de risco para o menor.

Ante o fato narrado pela imprensa, e para não nos precipitarmos em uma análise fria da conduta alheia, importa, antes de tudo, salientarmos a necessidade de revisarmos os processos educativos que adotamos para com os nossos filhos, e, se preciso for, corrigir, sem violências, enquanto há tempo . Como adeptos do Espiritismo, devemos ministrar a educação "espírita" a nossos filhos, e não podemos deixar de fazê-lo sob qualquer pretexto. Os Espíritos nos explicam que a fase infantil, em sua primeira etapa, até os sete anos, aproximadamente, é a mais acessível às impressões que recebe dos pais, razão pela qual não podemos esquecer nossos deveres de orientá-los quanto aos conteúdos morais.

Toda e qualquer violência doméstica é trágica sob qualquer análise. As relações entre filhos e pais deveriam ser, acima de tudo, de ordem ética. Mas, observa-se nessa relação uma deterioração emocional profunda e uma complexa malha de desestabilidades morais, que merece comentários. No clã familiar de tempos mais antigos, sem dúvida, encontrava-se um espaço de convivência maior entre seus membros da família, embora não se esteja discutindo sua "qualidade". Na atual arrumação familiar, pelo contrário, e apesar das menores dificuldades materiais, encontra-se um espaço menor de convivência. A tecnologia volátil, descartável, é responsável, quase que diretamente, por essa conjuntura, pois, muitos pais e filhos ocupam espaços importantes para jogar vídeo-games, assistir televisão, ouvir música com fone de ouvido, navegar na Internet, e assim por diante. Em face disso, somos instados a afirmar que o instituto familiar necessita de grande choque de modelo e, sobretudo, de muito apoio religioso para alcançar seu equilíbrio moral.

Muitos grupos familiares vivem, sobrevivem e revivem agressividades múltiplas, influenciadas pela violência que, insistentemente, é veiculada pelos noticiários, documentários, filmes, telenovelas vazias de conteúdo moral e programas de auditório, cada vez mais obscuros de valores éticos. Alguns familiares assimilam, subliminarmente, essas cargas cotidianas de informações e, no dia-a-dia, reagem, violentamente, diante dos reveses da vida ou perante as contrariedades corriqueiras.

Pela orientação espírita, sabemos que se não aceitarmos nossos filhos, hoje, como são, teremos de aceitá-los amanhã, pois as leis da vida exigem, segundo nos ensinou Jesus, que nos entendamos com os nossos irmãos, de penosa convivência, enquanto estivermos a caminho com eles. A fuga aos deveres atuais será quitada mais tarde com os juros devidos. Os filhos rebeldes são filhos de nossas próprias obras, em vidas anteriores, que a Bondade de Deus, agora, encontra a possibilidade de nos unir pelos laços da consanguinidade, dando-nos a estupenda chance de resgate, reparação e os serviços árduos da educação.

Um posicionamento rigoroso a ser observado pelos pais é nunca partir para atitudes extremas, como, por exemplo: violência verbal, violência física ou, ainda, movida por extrema impaciência como fez a brasileira com o filho na Espanha, expulsando o filho de casa. Qualquer ato precipitado dos pais poderá reverter contra eles mesmos, futuramente, e lançá-los à dor do arrependimento tardio. Convém que não se esqueçam, principalmente, de que a oração fervorosa é a mais poderosa ferramenta de que dispomos como solução contra quaisquer sugestões do mal.

Os pais devem ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família. A missão dos pais, principalmente da mãe, segundo Emmanuel, resume-se em dar sempre o amor de Deus, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. "Nos labores do mundo, existem aquelas [mães] que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura. A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus."(1)

Os filhos, quando crianças, registram em seu psiquismo todas as atitudes dos pais, tanto as boas quanto às más, manifestadas na intimidade do lar. Por esta razão, os pais devem estar sempre atentos e, incansavelmente, buscando um diálogo franco com os filhos, sobretudo, amando-os, independentemente, de como se situam na escala evolutiva. Devemos transmitir segurança aos filhos através do afeto e do carinho constantes. Afinal, todo ser humano necessita ser amado, gostado, mesmo tendo consciência de seus defeitos, dificuldades e de suas reais diferenças.

O Espiritismo não propõe soluções específicas, reprimindo ou regulamentando cada atitude, nem dita fórmulas mágicas de bom comportamento aos jovens. Prefere acatar, em toda sua amplitude, os dispositivos da lei divina, que asseguram, a todos, o direito de escolha (o livre-arbítrio) e a responsabilidade consequente de seus atos. Por todas essas razões, precisamos aprender a servir e perdoar; socorrer e ajudar os filhos entre as paredes do lar, sustentando o equilíbrio dos corações que se nos associam à existência e, se nos entregarmos realmente no combate à deserção do bem, reconheceremos os prodígios que se obtêm dos pequenos sacrifícios em casa por bases da terapêutica do amor.

Porém, urge salientar que, quando os filhos são rebeldes e incorrigíveis, impermeáveis a todos os processos educativos, "os pais, depois de movimentar todos os processos de amor e de energia no trabalho de orientação educativa dos filhos, sem descontinuidade da dedicação e do sacrifício, que esperem a manifestação da Providência Divina para o esclarecimento dos filhos incorrigíveis, compreendendo que essa manifestação deve chegar através de dores e de provas acerbas, de modo a semear-lhes, com êxito, o campo da compreensão e do sentimento."(2)

Jorge Hessen
E-Mail: jorgehessen@gmail.com

Site: http://jorgehessen.net
Blog: http://jorgehessenestudandoespiritismo.blogspot.com


FONTES:
(1)XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995
(2)idem

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

EM FACE DA MUDANÇA CLIMÁTICA, LEMBREMOS QUE NAS MÃOS DE JESUS REPOUSAM OS DESTINOS DA TERRA.




Pesquisas indicam que a “mudança climática tem matado cerca de 315 mil pessoas por ano, de fome, de doenças ou de desastres naturais, e o número deve subir para 500 mil, até 2030”.(1) O estudo estima que o problema do clima afete 325 milhões de pessoas, anualmente, e que, em duas décadas, esse número irá dobrar, atingindo o equivalente a 10% da população mundial da atualidade. Para minimizar o impacto, “seria preciso multiplicar por cem os esforços de adaptação à alteração do clima nos países em desenvolvimento.” (2) O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), em sua vasta avaliação sobre a questão, feita em 2008, concluiu que, desde que as temperaturas começaram a aumentar rapidamente, nos anos 70, os gases de efeito estufa, produzidos pelo homem, tiveram um peso 13 vezes maior no aquecimento global que a variação da atividade solar.
Quase 25% da população mundial estão ameaçados pelas inundações, em consequência do degelo do Ártico, segundo um estudo publicado em agosto de 2009, pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF). À medida que a extensão do gelo diminui, e que a superfície dos oceanos aumenta, a quantidade de energia solar absorvida, também, aumenta. Recentemente, uma geleira derreteu e a Suíça ganhou 150 metros de território, originalmente, italiano. A linha divisória, que determinava a fronteira, desde 1942, moveu-se. Houve derretimento de campos, permanentemente cobertos de neve, nos Alpes, como reflexo do aquecimento global que, ainda, pode destruir 85% da Amazônia. O aquecimento climático libera grandes quantidades de metano [gás de efeito estufa], na região polar. Até agora, esses gases estavam "aprisionados no gelo". Esse efeito contribui, por sua vez, para a aceleração do degelo nas regiões polares. Em face dessa mudança do clima, uma ponte de gelo [um bloco do tamanho da Jamaica], que liga a duas ilhas da Antártica, rompeu-se - informaram os pesquisadores. O rompimento pode indicar que o bloco Wilkins, (3) como é conhecido o território, flutuará livremente, o que será um dos efeitos das mudanças provocadas pelo aquecimento global. A rigor, muitas das camadas de gelo diminuíram nesses últimos anos, na Antártida, e seis delas se romperam por completo, a exemplo das geleiras de Prince Gustav, Larsen Inlet, Larsen A, Larsen B, Wordie, Muller e Jones. Análises demonstram que, quando os blocos se rompem, as geleiras e as massas de gelo começam a se movimentar em direção ao Oceano.
Em 1985, os cientistas identificaram um buraco na camada de ozônio, sobre a Antártida, que continua se expandindo, assustadoramente. A redução do ozônio contribui para o "fenômeno estufa". As conseqüências dessa síndrome são catastróficas, como o aquecimento e a alteração do clima, precipitando a ocorrência de furacões, tempestades severas e, até, terremotos. Os efeitos do "El Niño e do La Niña", também, são aterrorizantes, pois que aceleram o degelo das calotas polares, aumentando, consequentemente, o nível do mar e inundando regiões litorâneas. Prova disso, são os registros de diminuição das geleiras no Himalaia, nos Andes, no Monte Kilimanjaro, e a única estação de esqui da Bolívia, Chacaltaya, pôs fim à sua atividade, pela escassez de neve naquela região.
Urge que se crie uma mentalidade crítica, que permita estabelecer novos comportamentos com foco na sustentabilidade da vida humana. A sociedade deve formatar novos modelos de convivência, lastreados na fraternidade e no amor. A falta de percepção, da interdependência e complementaridade, entre os indivíduos, gera, cada vez mais intensamente, o desequilíbrio da natureza. O cientista Stephen Hawking, em seu livro "O Universo numa Casca de Noz", expõe, de forma curiosa, que: "Uma borboleta batendo as asas em Tóquio pode causar chuva no Central Park de Nova Iorque”. (4) Hawking explica, que "não é o bater das asas, pura e simplesmente, que gerará a chuva, mas a influência deste pequeno movimento sobre outros eventos em outros lugares é que pode levar, por fim, a influenciar o clima.” (5)
Devido a esses estertores de aguda dor da natureza, surgem, em várias partes do mundo, grupos de pessoas fanáticas, que criam seitas e cultos estranhos; abandonam emprego, família, à espera do “juízo final". "Só na França, conforme a Revista ISTO É, de 4 de agosto de 1999, há cerca de 200 delas, com 300 mil adeptos. No Japão, vários "gurus" preveem o "final do mundo". Nos Estados Unidos, 55 milhões de americanos acham que falta pouco para o mundo acabar. Para esses, os furacões que têm destruído a região central do país são anjos enviados para punir os homens, anunciando o "grande final".(6) Não é confortador, de forma alguma, o aparecimento de pessoas com essas bizarras crenças, que se multiplicam mundo afora, obscurecidas na razão pela expectativa de uma "nova era". Lamentavelmente, até nas hostes espíritas, têm surgido alguns livros com idéias que induzem os incautos ao pânico ou à hipnose catastrofista do quanto pior melhor...!
Nos dias de hoje, consoante a Lei de Causa e Efeito, não precisamos possuir o talento da profecia, para antevermos o futuro próximo do panorama terrestre. Os terremotos, os furações, as inundações, as erupções vulcânicas e outras catástrofes naturais são e serão parte inevitável da dinâmica da natureza. Isso não significa dizer que não possamos fazer alguma coisa para nos tornarmos menos vulneráveis. "Aprender com as catástrofes de hoje para fazer frente às ameaças futuras”. (7) Somos esclarecidos pelo genial lionês, Allan Kardec, que os grandes fenômenos da Natureza, aqueles que são considerados uma perturbação dos elementos, não são de causas imprevistas, pois "tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus." (8) E os cataclismos "algumas vezes têm uma razão de ser direta para o homem. Entretanto, na maioria dos casos, têm por objetivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da natureza.” (9)
Enquanto as doridas transformações desses momentos de debacle moral se anunciam, ao tilintar sinistro das moedas, ecoando nas bolsas de valores, as forças espirituais se reúnem para a grande reconstrução do amanhã. Aproxima-se o instante em que todos os valores morais humanos serão revistos, para que, com novas energias criadoras, um novo modelo de mundo triunfe sobre a carga destrutiva das consciências insanas que, hoje, habitam o educandário da vida. Nesse fenômeno, o ensinamento de Jesus não passou e não passará jamais. Na luta sofrida das civilizações, Ele é o archote do princípio, e nas Suas sacrossantas mãos repousam os destinos da Terra.
Os pessimistas insistem, sempre, em considerar que a maneira, negativa e sombria, de perceber as coisas do mundo seja uma maneira realista de viver. Na verdade, se olharmos a vida com muita emoção (distantes do raciocínio) vamos encontrar motivos de sobra que nos abatem os ânimos, em qualquer lugar e em qualquer situação, como, por exemplo: defrontamo-nos, diariamente, com crianças carentes; fome universal; guerras; violência urbana; seqüestros; carestia; insegurança social; corrupção; acidentes catastróficos, etc. Entretanto, é um dever, para com o nosso bem-estar, estarmos adaptados à vida, com tudo que ela tem de bom e de ruim, sem, necessariamente, acomodarmo-nos com as situações.
Estar preocupado, apenas, e permanecer passivo diante dos sinais de alerta que a natureza nos dá, é modelar um futuro caótico para as próximas gerações. A preocupação sadia é aquela que resulta em conquistas edificantes para o próprio bem e para o bem de todos, fundamentalmente, para os próximos irmãos que virão a reencarnar. Esse é o legítimo cristão. Por mais difíceis que sejam os desafios a enfrentar, por conta da própria incúria humana, dinamizemos a vontade de nos harmonizar com a mãe natureza. Não podemos esquecer que Jesus é o Caminho que nos induz aos iluminados conceitos da Verdade, onde recebemos as gloriosas sementes da sabedoria, que dominarão os séculos vindouros, preparando nossa vida terrena para as culminâncias do amor universal no mais profundo respeito à natureza.




Jorge Hessen
http://jorgehessen.net
jorgehessen@gmail.com


Fontes:
(1) Conforme Relatório Fórum Humanitário Global (FHG), instituição com sede em Genebra
(2) Disponível no site http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia, disponível no site http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia, acessado em 27 de agosto de 2009.
(3) Detalhe: O bloco Wilkins, na Península Antártica, está diminuindo de tamanho desde a década de 1990.
(4) Hawking, Stephen. O Universo Numa Casca de Noz, São Paulo: Ed. Mandarim, 2a Edição, (2002).
(5) idem
(6) Publicado na Revista ISTOÉ, edição de 4 de agosto de 1999.
(7) Mensagem do ex-Secretário-Geral da ONU , Kofi Annan, Por ocasião do Dia Internacional Para a Redução das Catástrofes Naturais, de 11 de Outubro de 2006, conforme veiculada pelo Centro Regional de Informação da ONU em Bruxelas – RUNIC.
(8) Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, perg. 536
(9) idem