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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O “karma” é uma fábula pré-histórica mal contada (Jorge Hessen)

O “karma” é uma fábula pré-histórica mal contada (Jorge Hessen)

Jorge Hessen 
jorgehessen@gmail.com 
Brasília/DF

A liberdade de escolha dos nossos atos vincula-se à “Lei de Causa e Efeito”, ou seja, tudo aquilo que penso, que desejo, que faço determinam consequências naturais. A experiência da vida humana é circunstanciada por livres decisões vinculadas às implicações das escolhas. As Leis Divinas permitem assumirmos decisões livremente, contudo as escolhas geram resultados adequados ou desagradáveis, dependendo das opções. 

No orbe humano Deus jamais pune e suas Leis não são e nunca foram de natureza punitiva, pois as escolhas que fazemos poderão trazer uma “colheita” natural e sempre proporcional ao “plantio”, consoante maior ou menor discernimento dos atos. 

No mundo dos animais, um cachorro, por exemplo, age por automatismo, portanto não consegue fazer escolhas, exceto aquelas que estão dentro do espectro do seu instinto. O cão não tem livre arbítrio, logo seus “atos errados” não lhes podem trazer consequências negativas. Contudo, o ser irracional ensaia para vida racional, por esta razão, quando o irracional ingressa no mundo humano desabrocha-se lhe pouco a pouco a consciência e com ela a lei de liberdade, capacitando-o para as escolhas das ações, determinando os resultados ao nível da consciência alcançada. 

A semeadura rende conforme os propósitos e consciência do semeador. A “Lei de Causa e Efeito” sincronizada às Leis “de Liberdade” e “de Responsabilidade” determina o rumo da existência humana. Portanto, somos livres para pensar e agir, porém somos , em algum nível, “servos” (responsáveis) por aquilo que fazemos, pensamos ou deixamos de fazer. 

No movimento espírita defende-se a fábula de que TODO sofrimento do presente é fruto dos atos errados do passado, entretanto, no capítulo V do livro O Céu e o Inferno, Kardec diz categoricamente que o sofrimento atual é apenas resultado da imperfeição que ainda não nos livramos e não necessariamente de atos errados do pretérito. Indubitavelmente a lei do “karma” é uma lei contraditória, vingativa, fatalista. Seu princípio é - “bateu terá que apanhar”, “traiu terá que ser traído”, “matou terá que morrer” sempre numa ancestral evocação à antediluviana lei do “olho por olho dente por dente”. 

No entanto, o bom senso kardequiano sussurra que não há um destino assinalado com acontecimentos detalhados nos punindo durante a reencarnação, conforme apregoam os místicos partidários do tal “karma”. A bem da verdade, o Codificador jamais citou a lei do “karma” na literatura espírita. A rigor, o tal “karma” é uma lei impensada e incongruente, por sua vez, a Lei de Causa e Efeito (contida na Codificação) é uma lei moral coerente que nos faz crescer e avançar consciencialmente. 

O sofrimento é inerente a nossa imperfeição, ou seja, o orgulhoso sofre as consequências do orgulho e o egoísta sofre os efeitos do egoísmo, mas que fique bem fulgente uma verdade: ninguém reencarna para passar pela Lei de Talião, mas para superar a imperfeição e evoluir através do trabalho no bem no limite da força de cada um. 

À luz da Doutrina dos Espíritos só existe um destino projetado para todas as criaturas, é o destino da evolução, do aprimoramento intelectual e moral mirando o conhecimento da VERDADE para a aquisição da pura e inexaurível felicidade. Não há fatalismos catastróficos em nosso destino. Jamais poderemos pronunciar que “o que está escrito está escrito” e nada modificará o nosso destino. Ora! Se acreditarmos nisso, renegaremos o livre arbítrio e a Lei de Misericórdia, que nos induz ao amor cobre a multidão dos atos errados. 

Não somos uma máquina (robotizada), até porque sabemos decidir. Adquirimos consciências graduais sobre o chamado bem ou o mal, e isso estabelece os cenários das experiências agradáveis ou não em nossa caminhada. Deus instituiu leis que estão inscritas em nossas consciências. Com a Lei de Causa e Efeito conseguimos avaliar melhor as escolhas e com elas desenvolvemos o discernimento em face das decorrências naturais através das reencarnações. 

Todos estamos num conjunto de forças providenciais que determinam uma certa quantidade de “intervenções” para que o livre-arbítrio possa ser operado. Mas todas as escolhas são nossas. Por isso, antes da reencarnação, o fluxograma da nova experiência física jamais será compulsório, porém sugerido amorosamente pelos especialistas do além, por causa disso elegemos o grupo familiar, a sociedade, a cultura, as condições socioeconômicas, a raça, o sexo. Tudo isso faz parte de nossa escolha, sugerida ou não pelos Espíritos mais esclarecidos antes da reencarnação, e tal decisão vai nos aproximar desta ou daquela influência de um grupo social que poderá ter um certo peso relativo nas nossas escolhas. 

A liberdade é proporcional ao nosso estágio de evolução moral, por isso somos relativamente livres para certas decisões, mas não precisamos ser reféns das circunstâncias e fatores sociais, estruturas familiares, raciais, espirituais, “astrológicas”, numerológicas etc., tudo isso pode até influenciar-nos, mas não determinará as nossas resoluções a partir das nossas escolhas. Certamente tais influências podem impulsionar-nos às melhores ou piores escolhas, mas teremos inevitavelmente oportunidades para aprender com a vida. 

É bem verdade que livros de Ivone Pereira, Chico Xavier, Divaldo Franco demonstram as concernentes influências do cenário social, político, econômico e cultural em que estamos colocados em algum nível pode estar de maneira relativa conexo a um cenário de vida anterior, mas sem implacáveis determinismos “cármicos”. Enfatizamos que nas leis divinas não existe punição ou recompensa. O Criador estabeleceu leis sábias e justas que determinam efeitos naturais ante nossas escolhas. 

Apropriamo-nos da nossa vida e determinamos nossas existências com liberdade dentro da evolução. Por isso, responsabilizamo-nos pelas nossas existências, caminhando na vida de conformidade com que fazemos de nós mesmos. Essa autoapropriação da existência através da auto-responsabilização de tudo que acontece conosco dá-nos um certo sentido de domínio na relatividade da nossa existência sobre a aflição, a ternura, a alegria, a desventura. Naturalmente tudo o que nos acontece nos diz respeito, portanto não podemos imputar a ninguém a vitória ou o infortúnio daquilo que nos acontece, até porque o que nos ocorre é , na relatividade, um espelho do passado recente ou mais remoto e aquilo que podemos colher amanhã resultará relativamente da nossa semeadura do presente. 

Somos os senhores e responsáveis pela vida, portanto, quando erramos podemos refazer a caminhada mediante novas escolhas, considerando que muitas vezes cometemos escolhas equivocadas e sorvemos os naturais efeitos delas , porém à medida em que ampliamos a consciência sobre os atos errados vamos diminuindo até mesmo os efeitos das escolhas , porque bancaremos escolhas mais apropriadas. 

Fomos criados para a FELICIDADE! Portanto, ainda que diante de todas a dores e sofrimentos devemos encará-los com AMOR.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Carnaval. Bom, Bonito e Barato. Valores São Caros

Carnaval. Bom, Bonito e Barato. Valores São Caros.


Luiz Carlos Formiga



Certamente valores morais no período de carnaval são avaliados.
Depois da quarta-feira de cinzas surgem arrependimentos, agradecimentos também.
Lembremos a Madrinha (1) aquela que na “Portela da Vida” nos ajudou a caminhar pela estrada, pisando no terreno sólido dos valores universais.
Como através da conduta arrastamos pessoas, depois do carnaval sem luxo-riqueza deixaremos corações em festa, pelos exemplos de simplicidade.
Agindo assim poderemos cantar com alegria “o bom, o bonito e o barato”, aquele samba do G.R.E.S. União da Ilha do Governador, canção de amor.
Vamos caminhar pela avenida da consciência lúcida apoiados nos valores ético-morais e, sem receio, poderemos indagar: o amanhã o que será?
Na sutileza do amanhecer, abriremos sorriso de esperança e haverá colorido a encantar, como o samba do carnaval passado, hoje no You Tube. (2)
Raquel Dodge, procuradora-geral da República, enviou ao Supremo Tribunal Federal petições em que requer a destinação de recursos de multas a programas de educação básica do MEC. Se houver autorização, mais de R$ 191 milhões poderão ser utilizados na melhoria do processo educacional.
A procuradora reforça a importância da medida "em razão do interesse público em formar cidadãos numa sociedade que valorize a honestidade e seja mais justa e solidária, repudiando toda forma de corrupção".
Raquel destaca "a importância da destinação desses valores ao MEC, seja pelo simbolismo da medida, já que é pela educação que se desenvolve a cidadania, valores éticos e morais que refletem em mudança de comportamento e de práticas nocivas à sociedade“.
Nestes dias de mudança estamos diante de um desafio, que é resgatar valores morais, até na universidade. (4)
Qual é o bem a ser preservado e qual aquele que deve ser promovido?
Qual o caráter do homem ético?
Não há dúvidas que um homem de bem pode ser reconhecido por seus atos e palavras.
Qual é o tipo mais perfeito, que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de modelo?
Mudanças no desenvolvimento moral são irreversíveis. Não retornamos a estágio inferior.
Valores morais são “caros”, no duplo sentido.
A autoridade da sentença está na razão da autoridade moral do juiz que a pronuncia, por isso, melhor uma coroa de espinhos na fronte do que as brasas na consciência!

Leia mais

1.   Mainha tinha razão. Mi madre tenia razon
2.   G.R.E.S. União da Ilha do Governador (RJ)
3. Milhões para a educação básica
4.   Ética, sociedade e terceiro milênio. Ética, Sociedad y tercer milênio.

A fé racional da vida além da tumba é o melhor preservativo do suicídio (Jorge Hessen)

A fé racional da vida além da tumba é o melhor preservativo do suicídio (Jorge Hessen) 


Jorge Hessen 
jorgehessen@gmail.com 
Brasília/DF 


A britânica Liv Pontin conta que vinha pensando sobre o suicídio havia algum tempo, após perder o emprego e enfrentar problemas de saúde mental, que a levaram a ser internada em um hospital. Por isso, decidiu que seu último dia de vida seria 24 de março de 2017. 

Neste dia resolveu ir à estação de trem de sua cidade. Enquanto aguardava apreensiva na plataforma a passagem do trem. Em seguida surgiam as luzes do pesado veículo que fazia a rota entre Brighton, na costa sul da Inglaterra, e Bedford ao norte de Londres. O “maquinista” era Ashley John que estava conduzindo o comboio e notou que havia algo errado, de repente, apareceu, do “nada”, um rosto de mulher e Ashley decidiu buzinar rapidamente. 

Pontin se preparava para o salto nos trilhos. Estava parada ali na plataforma, esperando e olhando, como se estivesse paralisada, mas ao ouvir o estridente apito do trem, mudou de ideia. Liv recorda que foi uma questão de segundos. Aquilo a fez não dar o último passo da plataforma para o trilho. Ashley parou na estação e avisou a todos os passageiros que o trem aguardaria alguns minutos ali. Em passos acelerados Ashley foi atrás de Liv Pontin, a chamou e começaram a conversar. 

Liv disse que a conversa que manteve com Ashley salvou sua vida. Se recorda que Ashley estava muito calmo e demostrava genuinamente estar preocupado com ela. Ressaltou que isso fez uma enorme diferença porque estava em profunda crise. Disse que naquela noite, Ashley salvou sua vida, pois quando alguém interage com você em meio a uma crise, você volta para o momento presente. Uma das coisas mais estranhas sobre o que aconteceu foi o fato de uma pessoa desconhecida ter-me visto no pior momento de minha vida e mudar os rumos do meu destino. Confessa Liv Pontin. 

Nesta ocorrência supomos aceitável interferência espiritual (através de Ashley) em defesa da vida de Liv Pontin. Por isso, tal episódio remeteu-me ao livro “Chico, de Francisco”, de autoria de Adelino da Silveira , que narra sobre certa senhora que procurou o Chico Xavier com uma criança nos braços e lhe disse: 

- Chico, meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida dele. Há uma resposta para mim no Espiritismo? 

Foi com a intervenção de Emmanuel que a resposta veio: 

- Chico, explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços se suicidou nas dez últimas encarnações, e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Mas, agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um rio, um precipício para se atirar. Avise nossa irmã que os médicos amigos estão com a razão. As duas pernas dele vão ser amputadas, em seu próprio benefício, para que ele fique mais algum tempo na Terra, a fim de que diminua a ideia do suicídio. 

De todos os desvios da vida humana o suicídio é, talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia. 

O suicídio é um ato exclusivamente humano [os seres irracionais não cometem suicídio] e está presente em todas as culturas. Suas causas são numerosas e complexas. Alguns veem o suicídio como um assunto legítimo de escolha pessoal e um “direito” humano (de maneira absurda conhecido como o "direito de morrer"), e alegam que ninguém deveria ser obrigado a sofrer contra a sua vontade, sobretudo de condições como doenças incuráveis, doenças mentais e idade avançada que não têm nenhuma possibilidade de melhoria. 

Na verdade, cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros. Em muitos países, o tema é um tabu — o que impede pessoas que tentaram se suicidar de procurar ajuda. Até hoje, apenas alguns países incluíram a prevenção do suicídio em suas prioridades de saúde e apenas 28 nações relataram ter uma estratégia nacional de prevenção, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. 

As estatísticas registram que a cada 40 segundos pelo menos uma pessoa morre por suicídio no mundo, totalizando quase 800 mil mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Especialistas apontam que, em grande parte dos casos, há um histórico de transtornos mentais, diagnosticados ou não: depressão, ansiedade, esquizofrenia, bipolaridade, borderline (de comportamento impulsivo e compulsivo), entre outros. Mas, não é possível reduzir o suicídio a uma única causa, mas a depressão causa uma disfunção dos neurotransmissores do cérebro. É parte de um conjunto de fatores psicológicos, culturais, físicos e bioquímicos além da depressão, há o desespero, desamparo de grupo social, desesperança, desemprego, divórcio e dependência química. 

Do pondo de vista Espírita, uma situação grave que merece ser analisada é a obsessão que pode ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, pela presença perturbadora de um obsessor (encarnado ou desencarnado). Há suicídios que se afiguram como verdadeiros assassinatos, cometidos por perseguidores desencarnados (e encarnados também). Esses seres envolvem de tal forma a vítima que a induzem a matar-se. Obviamente que o suicida nesse caso não estará isento de responsabilidade. Até porque um obsessor não obriga ninguém ao suicídio. Ele sugere telepaticamente ao ato, porém a decisão será sempre do suicida. 

Na literatura espírita encontramos livros que refletem o assunto. Temos como exemplo: "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", ditado pelo Espírito Camilo e psicografado por Yvonne A. Pereira. 

Toda experiência física, por penosa que seja, é uma benção concedida por Deus para nosso crescimento, a benefício de nossa reparação dos enganos do passado, aprendizado e evolução a que somos destinados. E por isto não devemos desperdiçar a chance que nos foi outorgada mais uma vez, porém aproveitá-la, valendo-nos dos preceitos que Jesus nos deixou para que aprendêssemos a nos amar, respeitando nossas vidas, nossos limites e oportunidades, para então podermos amar a nosso próximo como a nós mesmos. 

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 14 instrui que a calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio. E na questão 920, de O Livro dos Espíritos, lemos que a vida na Terra nos foi dada como prova e expiação, e depende de nós mesmos lutarmos, com todas as forças, para sermos felizes o quanto pudermos, amenizando as nossas dores.




A fé racional da vida além da tumba é o melhor preservativo do suicídio (Jorge Hessen)

A fé racional da vida além da tumba é o melhor preservativo do suicídio (Jorge Hessen) 



Jorge Hessen 
jorgehessen@gmail.com 
Brasília/DF 



A britânica Liv Pontin conta que vinha pensando sobre o suicídio havia algum tempo, após perder o emprego e enfrentar problemas de saúde mental, que a levaram a ser internada em um hospital. Por isso, decidiu que seu último dia de vida seria 24 de março de 2017. 

Neste dia resolveu ir à estação de trem de sua cidade. Enquanto aguardava apreensiva na plataforma a passagem do trem. Em seguida surgiam as luzes do pesado veículo que fazia a rota entre Brighton, na costa sul da Inglaterra, e Bedford ao norte de Londres. O “maquinista” era Ashley John que estava conduzindo o comboio e notou que havia algo errado, de repente, apareceu, do “nada”, um rosto de mulher e Ashley decidiu buzinar rapidamente. 

Pontin se preparava para o salto nos trilhos. Estava parada ali na plataforma, esperando e olhando, como se estivesse paralisada, mas ao ouvir o estridente apito do trem, mudou de ideia. Liv recorda que foi uma questão de segundos. Aquilo a fez não dar o último passo da plataforma para o trilho. Ashley parou na estação e avisou a todos os passageiros que o trem aguardaria alguns minutos ali. Em passos acelerados Ashley foi atrás de Liv Pontin, a chamou e começaram a conversar. 

Liv disse que a conversa que manteve com Ashley salvou sua vida. Se recorda que Ashley estava muito calmo e demostrava genuinamente estar preocupado com ela. Ressaltou que isso fez uma enorme diferença porque estava em profunda crise. Disse que naquela noite, Ashley salvou sua vida, pois quando alguém interage com você em meio a uma crise, você volta para o momento presente. Uma das coisas mais estranhas sobre o que aconteceu foi o fato de uma pessoa desconhecida ter-me visto no pior momento de minha vida e mudar os rumos do meu destino. Confessa Liv Pontin. 

Nesta ocorrência supomos aceitável interferência espiritual (através de Ashley) em defesa da vida de Liv Pontin. Por isso, tal episódio remeteu-me ao livro “Chico, de Francisco”, de autoria de Adelino da Silveira , que narra sobre certa senhora que procurou o Chico Xavier com uma criança nos braços e lhe disse: 

- Chico, meu filho nasceu surdo, mudo, cego e sem os dois braços. Agora está com uma doença nas pernas e os médicos querem amputar as duas para salvar a vida dele. Há uma resposta para mim no Espiritismo? 

Foi com a intervenção de Emmanuel que a resposta veio: 

- Chico, explique à nossa irmã que este nosso irmão em seus braços se suicidou nas dez últimas encarnações, e pediu, antes de nascer, que lhe fossem retiradas todas as possibilidades de se matar novamente. Mas, agora que está aproximadamente com cinco anos, procura um rio, um precipício para se atirar. Avise nossa irmã que os médicos amigos estão com a razão. As duas pernas dele vão ser amputadas, em seu próprio benefício, para que ele fique mais algum tempo na Terra, a fim de que diminua a ideia do suicídio. 

De todos os desvios da vida humana o suicídio é, talvez, o maior deles pela sua característica de falso heroísmo, de negação absoluta da lei do amor e de suprema rebeldia à vontade de Deus, cuja justiça nunca se fez sentir, junto dos homens, sem a luz da misericórdia. 

O suicídio é um ato exclusivamente humano [os seres irracionais não cometem suicídio] e está presente em todas as culturas. Suas causas são numerosas e complexas. Alguns veem o suicídio como um assunto legítimo de escolha pessoal e um “direito” humano (de maneira absurda conhecido como o "direito de morrer"), e alegam que ninguém deveria ser obrigado a sofrer contra a sua vontade, sobretudo de condições como doenças incuráveis, doenças mentais e idade avançada que não têm nenhuma possibilidade de melhoria. 

Na verdade, cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros. Em muitos países, o tema é um tabu — o que impede pessoas que tentaram se suicidar de procurar ajuda. Até hoje, apenas alguns países incluíram a prevenção do suicídio em suas prioridades de saúde e apenas 28 nações relataram ter uma estratégia nacional de prevenção, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. 

As estatísticas registram que a cada 40 segundos pelo menos uma pessoa morre por suicídio no mundo, totalizando quase 800 mil mortes por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Especialistas apontam que, em grande parte dos casos, há um histórico de transtornos mentais, diagnosticados ou não: depressão, ansiedade, esquizofrenia, bipolaridade, borderline (de comportamento impulsivo e compulsivo), entre outros. Mas, não é possível reduzir o suicídio a uma única causa, mas a depressão causa uma disfunção dos neurotransmissores do cérebro. É parte de um conjunto de fatores psicológicos, culturais, físicos e bioquímicos além da depressão, há o desespero, desamparo de grupo social, desesperança, desemprego, divórcio e dependência química. 

Do pondo de vista Espírita, uma situação grave que merece ser analisada é a obsessão que pode ser definida como um constrangimento que um indivíduo, suicida em potencial ou não, sente, pela presença perturbadora de um obsessor (encarnado ou desencarnado). Há suicídios que se afiguram como verdadeiros assassinatos, cometidos por perseguidores desencarnados (e encarnados também). Esses seres envolvem de tal forma a vítima que a induzem a matar-se. Obviamente que o suicida nesse caso não estará isento de responsabilidade. Até porque um obsessor não obriga ninguém ao suicídio. Ele sugere telepaticamente ao ato, porém a decisão será sempre do suicida. 

Na literatura espírita encontramos livros que refletem o assunto. Temos como exemplo: "O Martírio dos Suicidas", de Almerindo Martins de Castro, e "Memórias de um Suicida", ditado pelo Espírito Camilo e psicografado por Yvonne A. Pereira. 

Toda experiência física, por penosa que seja, é uma benção concedida por Deus para nosso crescimento, a benefício de nossa reparação dos enganos do passado, aprendizado e evolução a que somos destinados. E por isto não devemos desperdiçar a chance que nos foi outorgada mais uma vez, porém aproveitá-la, valendo-nos dos preceitos que Jesus nos deixou para que aprendêssemos a nos amar, respeitando nossas vidas, nossos limites e oportunidades, para então podermos amar a nosso próximo como a nós mesmos. 

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 14 instrui que a calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio. E na questão 920, de O Livro dos Espíritos, lemos que a vida na Terra nos foi dada como prova e expiação, e depende de nós mesmos lutarmos, com todas as forças, para sermos felizes o quanto pudermos, amenizando as nossas dores.


sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Vaidade ou inveja?


Vladimir Alexei

Vladimir Alexei
Belo Horizonte das Minas Gerais,
15 de fevereiro de 2019

O movimento espírita brasileiro também tem sido sacudido pelas mudanças e transformações vigentes no mundo. Isso causa dor e alegria. Dor porque o processo de mudança exige adaptação. Alegria porque vislumbram-se novos horizontes.
Ulrich Beck (2016), ousou dizer – e defendeu a sua ousadia –, que não se trata de mudança ou transformação e sim “metamorfose”. Na busca por explicar o processo que se vive na atualidade, o autor alegou “falência” de definições. Se ele tivesse conhecido a doutrina espírita, talvez compreendesse que se trata de um período de “regeneração” com profundos ajustes acontecendo em diversos campos da vida.
A mudança no movimento espírita vem ocorrendo a partir do enfraquecimento de instituições seculares, que antes ditavam o ritmo da divulgação doutrinária e consequentemente dos seus profitentes. A rede mundial de computadores (www.), encurtou distâncias e permitiu a proliferação de pensamentos e sentimentos que demonstram necessidades diferentes daquela estrutura patriarcal estabelecida no campo físico. O exemplo da Igreja Católica é inequívoco: o Papa “saiu” do Vaticano pelas redes sociais e conseguiu arrebanhar mais simpatizantes do que se estivesse apenas em seu trono dourado. Ele apresentou ao mundo um pensamento contemporâneo, sensibilidade e fraternidade, pautados nas diretrizes do Cristo. Aliás, ele foi ousado e demonstrou riqueza de caráter quando trocou o trono de ouro, por uma cadeira de espaldar alto. 
Nas décadas de 1980 e 1990, palestrante espírita conhecido em todo Brasil era o Divaldo Franco. Um ou outro, de forma voluntária e anônima, se deslocava pelo país, sem projeção como ocorreu com Divaldo. Divaldo não chegou a ser o que é, em termos de divulgação, de um dia para o outro. Fez o seu trabalho com uma vida de dedicação. Há quem goste e aqueles que não gostam do trabalho de divulgação realizado por ele. É um direito de cada um pensar diferente. É oportuno dizer, em tempos obtusos, que pensar diferente não significa desrespeitar. Criticar o trabalho não significa diminuir o trabalhador, apenas apresentar outros entendimentos sobre o assunto.  
Nessa linha de divulgação doutrinária, via rede mundial, muitos nomes surgiram com contribuições relevantes para que o pensamento espírita pudesse alcançar corações sofridos e auxiliá-los no processo reeducativo por meio de palestras, seminários e congressos. Os congressos, ditos, “espíritas”, se perderam em pompas e circunstâncias totalmente materialistas, em lugares amplos, para arrebanhar grupos dispostos a pagar e fazer circular moedas entre palestras, atividades e dinâmicas.
Existe, na rede mundial de computadores, trabalhadores espíritas contabilizando quantas palestras e quantas pessoas participaram de suas atividades ao longo de uma vida, como se esse “quantitativo” significasse “progresso espiritual”. Pasmem: existem ainda, canais de vídeo na rede, de espíritas, que aceitam ofertas financeiras, como uma espécie de “leilão”, para que as perguntas dos ouvintes que ofertaram, sejam atendidas pelo expositor. Será que, às custas de um internauta, vale a pena manter uma estrutura “profissional” para se divulgar opiniões pessoais? Porque não são estudos doutrinários e sim, “bate-papos” com “famosos”. São momentos de tietagem, estimulados pela simpatia e educação dos expositores que se prestam a esse papel, de receber dinheiro por causa da estrutura que se montou.
Isso nos remete ao pensamento de Allan Kardec quando proferiu uma “alocução” (discurso curto, pronunciado em solenidades), para os espíritas de Bruxelas e Antuérpia, narrado na Revista Espírita de novembro de 1864. Kardec ao cumprimentar os espíritas daquelas localidades, demonstrou alegria sóbria ao informar que ele teria direito de envaidecer-se pela acolhida daqueles Irmãos, mas ele sabia que aqueles testemunhos “se dirigiam menos ao homem do que à Doutrina, da qual sou humilde representante”.
Onde há humildade nesses Congressos ou Seminários ou Palestras virtuais em que os expositores se colocam como “seres missionários”? Que falam que os outros são vaidosos, mas incapazes de reconhecerem a própria vaidade?
No passado, os Congressos Espíritas produziam anais. Os primeiros registros sobre “anais” datam da Roma Antiga e hoje seriam registros de trabalhos científicos publicados no contexto do evento. Se o congresso espírita não tem o cunho de apresentar trabalhos científicos, fruto de estudos mais elaborados, ele serve para o que? Angariar fundos para instituições privadas ou interesses pessoais? O objetivo de Allan Kardec realizar visitas aos centros espíritas, ainda no relato de sua viagem de 1864, era para, “além de contribuírem para estreitar os laços de fraternidade entre os adeptos”, colher elementos de observação e de estudo. Os elementos que se colhem na atualidade, demonstram total divergência com os princípios postulados pela Doutrina Espírita. São ações motivadas por interesses pessoais, ainda que traduzidos ou motivados por causas "nobres". Nobre é o que o Cristo disse: "não saiba vossa mão esquerda o que faz a direita".
O texto de Allan Kardec é perfeito para a atualidade. Para concluir essa ilustração, Kardec diz o seguinte: “Está provado que o Espiritismo é mais entravado pelos que o compreendem mal do que pelos que não o compreendem absolutamente (...).” Uma divulgação malfeita, com valorização do “amor próprio”, aquele que se traduz por pessoas que “se acham” detentoras do conhecimento espírita, causa essa perda de referência doutrinária que se encontra no movimento espírita brasileiro.
O que fazer então? Essa pergunta paira no ar, a cada reflexão, porque remete a outro pensamento: seria inveja? É possível, por que não? Cabe análise pela relevância do tema. Se estivéssemos na mesma condição, teríamos feito diferente? Com esse entendimento, ousaria dizer que faríamos diferente, até por ver tudo isso. Entretanto, não é um caminho fácil de se modificar. O despreparo do espírita é tão grande que as repercussões ocorrem no campo pessoal: relacionamentos desfeitos, empregos que se modificam, filhos que se rebelam, olhares de desconfiança, depressão, ansiedade e uma série de outras sequelas que podem ser observadas. Será que estamos realmente preparados para uma profissão de fé Espírita? "Abrir mão" do que é politicamente ou convenientemente adequado, no plano terreno, para as conquistas do espírito?
É necessário e premente que se modifique, para o bem das lideranças que ainda conseguem lembrar, em meio aos holofotes, que a Doutrina Espírita educa, consolando, transforma, orientando, estimula, fazendo-nos trabalhar nas fragilidades egoístas que ainda se manifestam gritantes em seus adeptos. Que essas fragilidades pessoais não sejam superiores ao brilho perene e regenerador da Doutrina Espírita.    

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Internet , redes sociais e os pseudomédiuns , ambiciosos e mistificadores (Jorge Hessen)



Jorge Hessen
Brasília-DF

Atualmente coexistimos com a volúpia da era digital e recebemos exageradas e detalhadas informações de dados pessoais que são fornecidos desadvertidamente aos bancos de dados virtuais e às diversas redes sociais da Internet. Tal realidade cibernética tem sido um verdadeiro MANÁ para as tramóias “mediúnicas” dos pseudomédiuns, ambiciosos e mistificadores.
É verdade!
De algum tempo para cá, venho recebendo e registrando considerável quantidade de insinuações advindas de pessoas honestas, porém indignadas, revelando-me as malandrices e ciladas “pseudopsicográficas” artificiosas provindo de alguns celebrizados pseudomédiuns nos territórios espíritas. Por esta razão, utilizo-me deste alerta, a fim de prevenir os confrades desavisados do Movimento Espírita Brasileiro. Faço isso por causa dos protestos de inúmeras pessoas, que expressam recriminações ponderadas, como testemunhas que abalizam indícios sobre os atos ardiloso da “psicografia” censurável.
Divulgo aqui o alerta, avaliando os episódios irregulares (e cibernéticos) contra os ilegítimos artifícios “psedomediúnicos” de “pseudopsicografias” praticados por pseudomédiuns , ambiciosos e mistificadores.
Advirto que entre tais pseudomédiuns, ambiciosos e mistificadores existe os que oferecem livros “psicografados” para comercialização, alguns pseudomédiuns são proprietários de editoras inscritas  com próprio nome e há os que não têm sequer um emprego fixo.
Existem os pseudomédiuns “injuriados e caluniados” que permanecem reclamando contra ilusória “perseguição” provinda de investigadores probos. Aliás, tais pseudomédiuns, ambiciosos e mistificadores (que deveriam estar nos cárceres), empregam os escudos protetores das ameaças judiciais contra os que o denunciam.  Na verdade, sob delírio, os pseudomédiuns, ambiciosos e mistificadores não conseguem ultrapassar o estereótipo de atores de tragicomédias e vêm arremessando no lixo a mediunidade dos médiuns sinceros, iludindo pessoas de boa-fé, valendo-se sempre do embuste das informações “pseudopsicográficas” advindas das redes sociais.   
O clímax das suas armadilhas ocorre através de representações e mímicas de camufladas “pseudopsicografias” advindas das redes sociais, sempre armadas nos tablados para shows de prestidigitações teatrais ornamentadas nos impregnados palcos das incautas instituições “espíritas” (ou não espíritas). 
A fartura dos subsídios de informações pessoais sobre a identificação do “morto” são previamente memorizados e esquadrinhados após serem extraídos das redes sociais da Internet.
O processo de memorização fica condicionada ao contexto de nomes, CPF, número do telefone, endereço, apelidos, sobrenome, alusão a times de futebol, preferências, gostos pessoais, frases e descrição de conduta de parentes e amigos que compõem um farto conjunto visivelmente transcrevidos das redes sociais (Facebook, WhatsApp, YouTube, Instagram, Twitter, LinkedIn, Pinterest, Google+, Messenger, Snapchat) eis aí as fontes da paródia “pseudopsicográfica” dos pseudomédiuns , ambiciosos e mistificadores..
Nada é mais cruel do que pessoas em luto receberem falsas notícias dos seus “falecidos” através das embusteiras informações (arrancadas da Internet) considerando os ridículos números de CPF’s, endereços e números de telefones dos “finados”.
Como disse, tais informações são públicas e estão disponíveis nos bancos de dados virtuais.
Conquanto alguns se “refugiem” na enganação do consentimento das “entradas francas” para seus shows de falcatruas, não conseguem disfarçar os capciosos projetos de arrecadação financeira, através das vendas de livros “psicografados” de conteúdo doutrinário não-confiável. Além disso recebem os generosos donativos destinados a hipotéticos fins de assistencialismo em nome de instituições, muitas vezes só de “fachada”, considerando que tais entidades não possuem inscrição estadual e nem CNPJ. Por isso mesmo e   por motivos óbvios, os recursos financeiros doados são depositados em conta corrente particular. Isso é crime fiscal.
Sobre os embustes dos pseudomédiuns , ambiciosos e mistificadores, sugiro aos leitores que propaguem os seus gritos de alerta. Divulguem para seus amigos e dirigentes espíritas a fim de não convidarem tais embusteiros para eventos “psicográficos” de faz-de-conta. Até porque, os pseudomédiuns , ambiciosos e mistificadores cobiçam a fama, a popularidade e as vantagens pecuniárias.
Sem embargo, apesar deste alerta, se continuarem a convidá-los para o palco da psicografia de coisa nenhuma, eles prosseguirão com suas tapeações, iludindo, matando esperanças, destroçando os corações debilitados de mãezinhas e familiares sedentos de notícia do além para consolação de suas almas.
Este grito de alerta sobre as fraudes psicográficas dos pseudomédiuns , ambiciosos e mistificadores está devidamente amparado nas sugestões de Allan Kardec, portanto, prevaleço-me do crivo da razão doutrinária, da lógica, bem como dos conhecimentos estabelecidos pela Doutrina Espírita, que se apresentam como inadiável dever à minha consciência, visando às adequadas medidas de grito de advertência ao Movimento Espírita Brasileiro.
Não obstante os fatos supramencionados serem extremamente graves, por questão de JUSTIÇA é necessário separar o joio do trigo, urge, portanto, considerar o fato de que obviamente existem médiuns, em plena atividade mediúnica, exercendo suas tarefas com dignidade e compromisso com as diretrizes basilares e insuperáveis da Doutrina Espírita.
Porém, cabe destacar algumas características fundamentais destes médiuns psicógrafos honrados que podem ser convidados para suas casas espíritas.  Eles consentem as pesquisas científicas a qualquer momento, aliás, desejam ser pesquisados; São médiuns incorruptíveis e exercem suas atividades nas Casas Espíritas idôneas; eles exercem dignamente suas profissões, vivendo de seus proventos profissionais ou os que estão aposentados vivem de seus salários; eles mantêm as suas tarefas conforme vivenciou e exemplificou Chico Xavier no Grupo Espírita da Prece em Uberaba/MG, sendo este o maior médium de todos os tempos.
Chico Xavier efetuava o atendimento das pessoas que o buscavam, uma a uma, consolando e expressando de forma respeitosa os recados advindos da espiritualidade e após o atendimento, culminava a reunião psicografando as cartas consoladoras, trazendo os “falecidos” para a terra nas notícias fiéis que confirmavam a nossa imortalidade.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

MEDIUNIDADE. FATALIDADE EVOLUTIVA (*)



Luiz Carlos Formiga

O desejo irrefreável de transcender o caos da morte é inerente ao ser humano. Aqui a Ciência Espírita tem muito a dizer. A Biomédica se cala, pois pode fazer muito por um espírito no corpo, mas não pode fazer nada depois da morte. (1)
Os espíritos são as almas dos homens que já deixaram a Terra, por isso lidamos com mentes caprichosas, que não estão à nossa disposição na hora que melhor nos convier. Pesquisadores que se submeteram à observação criteriosa, disciplinada e principalmente sem intenções subalternas, ficaram diante de fenômenos inusitados. Fatos que se repetiram para recolher dados estatísticos ao máximo.
Jesus proclamava que sua vida estava além dos limites do tempo e do espaço, mas a nossa ciência trabalha dentro dos intervalos do tempo. Como estudar fenômenos que estão além desses limites? (2) Ele discursava sobre imortalidade com incrível segurança. Depois da crucificação desequilibrou a incredulidade, com aulas práticas
Diante de temas que passam pela interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade temos que exercitar a virtude que em nós dá origem ao sentimento da nossa insignificância. (3) Sabemos que nem sempre é fácil ser humildes, principalmente quando nos sentimos um verdadeiro gênio dá espécie! Mas, não basta ser “gênio”, apresentando “QI altíssimo”, se não souber lidar com emoções (QE).
O estudo da inteligência espiritual (QS) nos permite compreender que uma pessoa muito inteligente, em termos do domínio cognitivo, pode ser estúpida, em termos de valores espirituais. Ela pode ser perigosa para a própria vida. Como valorizará a vida do feto, após a concepção?
Com Chico Xavier, mediunidade, e com a Biomedicina aprendemos a necessidade da credibilidade e da competência. (4)
Alguns médiuns iniciam bem, ganham credibilidade, mas são apanhados posteriormente pelo orgulho e pela vaidade. Existe um fator complicador que é a obsessão. A pessoa perde o senso de equilíbrio, a entidade subjuga-a, imprime-lhe a sua vontade e passa a exercer nela um predomínio quase total.
Com a demonstração da comunicabilidade dos espíritos dos mortos, da imortalidade da alma, se pode mudar até opinião favorável ao aborto. (5)
Na revista Tendências do Trabalho agosto de 2000, comentamos que o progresso tecnológico da Biomedicina levanta problemas éticos, que requerem da bioética uma reflexão prática. A questão “o que posso fazer?” deve estar acompanhada das perguntas do imperativo ético “o que devo fazer? o que é bom fazer? qual é o bem a ser preservado e o bem a ser promovido”.
Muitos profissionais de saúde já percebem a elevada missão da Ciência Espírita. (6) No futuro a inteligência será rica de méritos, porque sob a condição de ser bem empregada. 
Estudar a saúde mental é imprescindível para que não pensemos em surto psicótico, diante do fenômeno mediúnico (7)
Com o estudo, teórico e prático, certamente chegaremos a perceber a face oculta da Medicina. (8)
Diante do fenômeno mediúnico, uma conclusão de Allan Kardec é que “não importa acreditar na existência dos Espíritos, se essa crença não nos torna melhor”.
Como entender o pós-morte, ou uma cirurgia espiritual, com bisturi invisível? Nessa hora, nada como um testemunho com a documentação fotográfica das “marcas feitas pelo bisturi”.
“Fui convidado para me submeter a uma cirurgia mediúnica. Venho aqui contar como foi e mostrar as marcas que ficaram no meu corpo.” (9,10)

(*) A melhor maneira de “desabrochar” a mediunidade é a prática da caridade.

Fontes



A Gênese, por Cosme Massi, e a pesquisa de Simoni Privato (*)

Quando pela primeira vez ouvi a entrevista de Cosme Massi sobre a polêmica 5ª edição de A Gênese, de Allan Kardec – no momento em que escrevo estas linhas já a ouvi múltiplas vezes – duas coisas me intrigaram sobremaneira. Eu havia à época concluído a segunda leitura da obra da Simoni Privato Goidanich, “O Legado de Allan Kardec”. Não consegui aguardar a edição brasileira dela e fiz a primeira leitura em espanhol. Havia igualmente terminado a leitura da obra “Revolução Espírita” de autoria de Paulo Henrique de Figueiredo, a mais completa e extraordinária obra que já li no campo da pesquisa espírita. Ambas abordam temas pelos quais sempre tive o maior interesse.
De fato, em meus estudos de algumas décadas da Doutrina dos Espíritos, sempre com base nas obras de Allan Kardec, todas indistintamente, em especial as obras fundamentais e a Revista Espírita, o meu interesse não ficou preso tão somente ao aspecto doutrinário. Sempre tive igualmente um enorme interesse pelo estudo da história do movimento espírita desde o período de elaboração da ciência espírita e posterior, bem como o período da formação do movimento espírita em terras brasileiras. Desde cedo em meus estudos segui à risca a advertência do filósofo e escritor espírita J. Herculano Pires que nos orienta: “As obras de Kardec são a única fonte verdadeira do saber espírita. Quem não ler e estudar essas obras com humildade e vontade legítima de aprender, não conhece o Espiritismo.”
Como dizia eu, fiquei de fato muito intrigado. Primeiramente pela pontualidade com que a entrevista veio à tona em relação ao aparecimento da obra da Simoni Privato em sua edição original em espanhol. Em segundo lugar me intrigou ainda mais a forma engenhosa pela qual o entrevistado abordou o assunto, a começar pelo título da entrevista. Da mesma forma a definição emprestada por ele sobre a essência do tema enfocado, quer seja, como algo restrito apenas a uma velha polêmica hoje sem maior importância.
Sou sabedor da formação intelectual do entrevistado e do profundo conhecimento que ele tem do Espiritismo e das obras do mestre Allan Kardec. Exatamente por esta razão é que a entrevista me deixou ainda mais intrigado. Confesso que não tive como frear as minhas suspeitas e estupefação íntimas, as quais me levavam a imaginar que o amontoado de sofismas debulhado na entrevista não era coisa apenas da mente do entrevistado. Mais uma vez me veio à mente uma outra formidável lição do saudoso escritor e filósofo paulista que foi cognominado pelo Espírito Emmanuel como “O Apóstolo de Allan Kardec”, que sabiamente também nos ensinou: “O Espiritismo não é doutrina feita para sábios, mas para todos os que tenham um pouco de bom senso e de humildade. Os sábios, também, estão sujeitos à mistificação, pois há mistificadores sábios nas trevas, e muitos doutores andam por aí a pregar tolices em nome de um suposto progresso do Espiritismo, de sua suposta atualização. Ninguém é professor de Espiritismo. Todos somos aprendizes, todos. E, geralmente, maus aprendizes que, quando pretendem ensinar, deturpam a doutrina.”
O primeiro desvio do entrevistado que claramente demonstrou ao longo da entrevista uma intenção predeterminada, foi o de colocar a questão sob um ponto de vista de “polêmica”. E o que é ainda mais hilariante é atribuir à autora esta suposição, quando em momento algum ela é assim tratada na obra “O Legado de Allan Kardec”. É bem verdade que o tema por ser gravíssimo e comprometedor, já que ultrapassa em muito apenas os limites circunscritos nessas grotescas adulterações, vem sendo tratado com esse subterfúgio dentro de alguns arraiais do movimento espírita organizado, uma estratégia conveniente para quem eventualmente necessita esconder algo ou assumir uma postura defensiva.
A demonstração inequívoca de que a obra da Simoni Privato não teve como objeto essa premissa de investigação de polêmica alguma, é o que vemos registrado já na sua Introdução: “Além das provas documentais do conteúdo definitivo de La genèse, les miracles et les prédictiones selon le spiritisme, este livro compõe-se de uma investigação histórica e doutrinária do movimento espírita na França, entre os anos 1867 e 1887. Nessa investigação, revelaram-se fatos muito graves no movimento espírita da época, além da adulteração de La genèse, les miracles et les prédictiones selon le spiritisme.”
Outra clara evasiva do entrevistado que escamoteou ao longo de toda entrevista para não encarar a essência do problema, foi a de atribuir ao biógrafo de Allan Kardec, Henri Sausse, a quem Alexandre Delanne publicamente considerava “um defensor fervoroso da doutrina do Mestre”, a pressuposição de que teria ele se rebelado contra uma “polêmica” ao denunciar em 1884 essas adulterações na obra A Gênese através do seu memorável artigo, “Uma infâmia”. Este pequeno trecho do seu artigo demonstra inequivocamente quão absurda e despropositada de base e solidez, é esta suposição: “Todos nós sabíamos que existia uma sociedade espírita, fundada para a continuação das obras de Allan Kardec, e confiávamos a ela a responsabilidade de velar pela integridade da herança moral que nos havia deixado o mestre. O que ignorávamos é que, ao lado dela, talvez inclusive em sua sombra, se tenha organizado outra para a corrupção das obras fundamentais de nossa doutrina, e esta última não somente existe, mas prossegue, talvez ainda, em seu triste trabalho”.
De minha parte enfatizo que as minhas considerações não têm o condão de negar ao entrevistado o direito de tergiversar através de malabarismos sofísticos para chegar às conclusões a que chegou. Afinal ele as colocou enfaticamente e até certo ponto insultando a inteligência mediana dos espíritas em geral. Por esta razão é que me sinto no direito de registrar aqui as minhas, sem medo algum de me expor ao juízo de apreciação dos espíritas em geral, e especialmente daqueles que se dedicam ao estudo apropriado da Doutrina dos Espíritos, cuja “única fonte verdadeira” são as obras do mestre Allan Kardec.
A obra “O Legado de Allan Kardec” de Simoni Privato Goidanich, precisa ser lida urgentemente à bem da verdade. Lida por todo aquele que se orgulha em ostentar o epíteto de espírita, por aqueles que amam verdadeiramente a doutrina e honram a memória do mestre de Lyon, bem como a daqueles missionários de primeira ordem, tais como a viúva Amélie Boudet, Alexandre Delanne, Léon Denis, Gabriel Delanne, Henri Sausse, a senhora Berthe Froppo, dentre outros. Esses leais companheiros permaneceram ao lado do codificador nos momentos mais difíceis da sua tarefa missionária. Certamente o que registra esse triste e detestável incidente das enormes adulterações feitas na 5ª edição de 1872 de A Gênese, a obra que representou o coroamento do majestoso edifício dos princípios fundamentais da Doutrina dos Espíritos, foi um destes. Assim, é bom que se diga que a obra da Simoni Privato não é restrita apenas a este lamentável atentado contra a integridade da obra do mestre Allan Kardec, como ela bem o enfatiza na passagem que acima registramos.
Ao ler e reler esta extraordinária obra de pesquisa de autoria de Simoni Privato Goidanich, de minha parte ficou registrado no meu íntimo esta mais profunda e indelével convicção. A de que ela nos apresentou documentos novos e provas originais de fontes primárias irrefutáveis, as quais destroem e põem por terra de uma vez por todas, quaisquer argumentos e sofismas que vêm sendo insistentemente levantados por segmentos do movimento espírita organizado ao longo de mais de um século, na tentativa de negar o óbvio. As infames adulterações perpetradas na obra A Gênese de Allan Kardec, para mim não passam de uma fraude grotesca e um ultraje contra a integridade da obra do mestre codificador. Pior ainda, elas se consubstanciam em atentado danoso à integridade da doutrina que nos foi legada por uma plêiade de Espíritos Superiores, sob a supervisão direta do Espírito da Verdade. Muito embora saibamos por afirmações constantes e claras da espiritualidade superior, que apesar do orgulho e da incúria dos homens a doutrina permanecerá sempre incólume, as adulterações representam um enorme prejuízo às gerações futuras, privando-as do conteúdo inteiro e completo da doutrina que tem como objetivo último a regeneração do Planeta.
Nesta altura dessas minhas considerações registro que a intriga e as suspeitas já mencionadas anteriormente por mim, as quais surgiram na oportunidade em que ouvi a entrevista pela primeira vez, restaram esclarecidas amplamente. O fato se deu recentemente ao me deparar com uma nota ao final do artigo intitulado “Amélie Boudet e a edição definitiva de A gênese”, publicado na Revista Reformador de novembro de 2018. Enfatize-se por oportuno, que esta é a terceira manifestação pública oficial da instituição em endossar e apoiar as iniciativas relacionadas com as referidas adulterações. Eis aqui o conteúdo da nota, que é inclusive seguida pelo registro do link para o áudio da entrevista, no Youtube:
“N.A.: A respeito da edição definitiva de A gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo, vide a entrevista de Cosme Massi, físico pela UFRJ, Mestre e Doutor em Lógica e Epistemologia pela UNICAMP.
Para finalizar transcrevo abaixo a interessante análise de alguém muito mais aquinhoado de saber espírita do que eu. Pelo seu excelente trabalho de pesquisa sobre o Espiritismo e a história do movimento espírita em terras brasileiras, ele é reconhecidamente uma referência indispensável nesses estudos. As suas mais de trinta obras demonstram à saciedade as qualidades inegáveis desse estudioso escritor e pesquisador espírita da atualidade.
Trata-se de extrato do artigo de autoria de Wilson Garcia, intitulado “Serão os documentos novos sobre Kardec lançados no jarro de barro, como os evangelhos apócrifos?”, que acaba de ser publicado no seu Blog Expediente-on-line.
“Veja-se o que ocorre com o livro A Gênese. Há documentos novos e incontestáveis sobre o assunto, evidenciando a adulteração da obra. O mundo inteiro está engajado nisso e assim documentos novos vão aparecendo, especialmente vindos da França. Mas alguns espíritas, entre estes os próceres da Federação Espírita Brasileira, FEB, que por conveniência preferem manter a postura do avestruz em lugar de tomar conhecimento da realidade para melhor se orientarem. Assinam publicações em que reforçam as conclusões do passado, quando os documentos em referência não eram conhecidos, mantendo-se fieis à tradução da obra a partir da sua 5ª edição, agora claramente condenada em vista das intervenções espúrias que sofreu. Muitos querem dar crédito ao que essas pessoas equivocadamente afirmam, confiando em sua condição e liderança. Caminham todos para o mesmo incômodo isolacionismo, à solidão dos orgulhosos. Teimosia insana.”

(*)  Fonte: Grupo de Estudos Avançados Espíritas   
link do texto: 
http://www.geae.net.br/index.php/pt-br/artigos/490-
a-genese-por-cosme-massi-e-a-pesquisa-de-simoni-privato.html

 Sobre o autor:




Antonio Leite: Nasceu em Campo Grande e formou-se advogado na Universidade Católica Dom Bosco em Campo Grande-MS. Escritor e tradutor espírita atuou como editor dos Boletins do GEAE e em inglês "The Spiritist Messenger". Atualmente reside em New York-USA.