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sexta-feira, 28 de junho de 2019

Por diversos caminhos, floresçamos!

Por diversos caminhos, floresçamos!
Vladimir Alexei

Vladimir Alexei
Belo Horizonte das Minas Gerais,
27 de junho de 2019.

Martha Nussbaum nasceu em 1947 na cidade de Nova Iorque. É considerada uma das mais importantes filósofas americana. Encontramos excertos interessantes de seu pensamento, “sem querer”:
“Depois de entender como as vidas humanas estão enfermas, um filósofo digno do nome, como um médico digno do nome, passará a tentar curá-las. A grande razão da pesquisa médica é a cura. Do mesmo modo, a grande razão da filosofia é o florescimento humano.”
Uma forma de manter os estudos em dia pode ocorrer quando se faz conexão entre conhecimentos distintos. Quanto mais conexões se faz, mais percebe-se o quanto ainda é possível aprender. Ao associar conhecimentos gerais ao que a Doutrina Espírita estruturada por Allan Kardec trouxe, percebe-se o quanto a Doutrina é poderosa.
Aprender é tão importante que não há limite. Você pode aprender lendo uma bula de remédio, assim como com redes sociais, amigos, familiares, colegas, professores, jornais, revistas, livros, artigos científicos, filmes, vídeos, teatros, etc. E mesmo assim, ainda sabemos muito pouco. Tão pouco que Isaac Newton disse: “o que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano(...).”
Nessa busca pelo aprendizado constante, somos como o jardineiro que cuida do seu jardim com dedicação e constância, ainda que varie o uso das ferramentas. Tudo aquilo que é capaz de estimular o aprendizado, trazendo reflexões que auxiliem em uma melhor tomada de decisões é importante.
O aprendizado nos coloca em contato com o desconhecido, o que se ignora. Só que, o fato de ignorar não torna aquilo que se desconhece ruim. Pelo contrário: conhecer algo, despertar para novos prismas e interpretações diferentes sobre um mesmo tema é como exercitar músculos até então adormecidos. Pode causar desconforto, dores localizadas no início, mas em pouco tempo sente-se melhor e com outras perspectivas. Claro que nem tudo são flores: as inquietações fazem parte e nos impulsionam a crescer!
A primeira vez que ouvimos falar de Friedrich Nietzsche (1844 – 1900), “pintaram-no” como se fosse a materialização de uma “entidade umbralina”. Seus pensamentos “ardilosos” e do “mal”, causaram repulsa em um primeiro momento, por ignorância.
Evidentemente que nem todo tipo de conhecimento será absorvido agora, em uma existência. Mas fragmentos podem ser absorvidos sem distorcer a realidade. Trazemos tendências e predisposições de outras vidas que nos auxiliam, apesar de explorarmos pouco, ficando o aprendizado limitado apenas a determinados pensamentos. O impacto disso é tão expressivo no cotidiano que, se soubéssemos que o conhecimento adquirido serve para ajudar na solução dos problemas que se enfrenta, talvez agíssemos de forma diferente.
Há tanto sofrimento por não se aplicar o conhecimento em benefício próprio que esse conhecimento distancia da verdade que liberta. No fundo, acaba sendo apenas “informação” absorvida que não foi transformada em conhecimento (um dia comentaremos sobre isso).
No caso do Nietzsche, pode-se dizer, que ele percebeu esse distanciamento do conhecimento não aplicado quando disse: “[...] como são frios esses intelectuais! Que um raio caia em sua comida! Que eles aprendam a comer fogo!”.
O filósofo era um crítico contumaz. Percebeu na soberba dos intelectuais a ignorância daqueles que não sabem usar o conhecimento para melhorar a própria vida. Ele se perdeu na profusão de conhecimentos adquiridos, reflexões agudas e profundas, tão profundas que estavam além do seu tempo e por isso não soube expressá-las adequadamente, gerando desgastes e dissabores. Passado tanto tempo do seu desencarne, com tão profundos conhecimentos, certamente ele vem reorganizando as ideias, e chegará o momento em que trará nova luz sobre as percepções que ficaram obscuras. Todos evoluímos! É da lei!
O materialismo, junto com o intelectualismo “frio”, continua seu franco progresso no século XXI e os combatentes se sentem impotentes diante dessa árdua realidade.
“Como são frios esses intelectuais”! Não seria um convite a combater o bom combate? E o que seria esse bom combate? Se imaginarmos que somos mais de sete bilhões de encarnados e mais um tanto de desencarnados, dificilmente teríamos uma resposta única. Entretanto, existem respostas “universais”, isto é, aplicam-se a todos. É difícil viver em uma sociedade que só valoriza posses, status sociais, dinheiro, poder, quando não se tem e nem existe perspectiva para se ter aquilo que é valorizado.
Então, o bom combate, no sentido universal, pode começar pelo autoconhecimento. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Nesse sentido, o bom combate passa pela leitura da realidade em que nos encontramos. Se o jardineiro esperar o bom tempo para plantar, ele nunca vai usufruir de seu plantio. Por que? Porque desconhece o jardineiro aquilo que está fora de si. Mas pode, e deve, ter domínio sobre o que sabe, conhece e sente.
Independente da luta, use o conhecimento a seu favor, alimentando a mente de pensamentos positivos, saneando o espírito com a esperança em um futuro diferente porque plantamos hoje o esclarecimento que nos libertará amanhã. Existe um caminho? Existem vários caminhos e o que a Doutrina Espírita tem nos ensinado é a procurar o caminho do amor e da verdade que melhor nos revela quem somos e o que precisamos.
Por onde começar? A resposta não poderia deixar de ser filosófica: “A doutrina espírita começa pela afirmação de Deus. O fim da doutrina é consolidar a crença do homem.” (Deolindo Amorim)
Floresçamos nos jardins da vida, perfumando os corações tristes, inseguros e infelizes, colorindo-os com cores vivas de esperança e alegria no futuro!   

quinta-feira, 27 de junho de 2019

“Culpa e direito de errar” (Jorge Hessen)

“Culpa e direito de errar” (Jorge Hessen)


Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
Brasília/DF

Moisés nos aconselhou O QUE NÃO DEVEMOS FAZER em nossa trajetória evolutiva, posteriormente, Jesus ensinou O QUE DEVEMOS FAZER e o Espiritismo sugere COMO FAZER. Essas reflexões nos remeteram ao “Projeto Espiritizar” volumoso estudo da coletânea psicológica de Joana de Angelis organizado pela Federação espírita do estado de Mato Grosso, do qual nos situamos como humílimo educando. 
Dentre múltiplos temas propostos pelo projeto, nomeamos o subtema “Culpa e direito de errar”, do módulo “Diretrizes seguras para libertar-se da culpa”, que abreviaremos nas reflexões a seguir.
O movimento da culpa é resultante do culto ao perfeccionismo, eis aí um capcioso quisto psicológico. Quando erramos, ao invés de assumirmos atitudes reparadoras, cultuamos uma perfeição impraticável e nos acusamos peremptoriamente, por conseguinte não nos consentimos o direito de errar com a correspondente obrigação de reparar.
É importante aprendermos e refletirmos com os erros, assumindo corajosamente a cogente reparação dos mesmos. Porém, se mergulharmos na síndrome da inútil culpa, minamos a autoestima e nos punimos, produzindo, assim, todo um estado psíquico de angústia. Deste modo, nos magoamos com agente mesmos e conservamos uma espécie de ferida aberta na consciência, apunhalando-a sem tréguas. À vista disso, não vivemos equilibradamente e transformamos nossos anseios em azedumes, mágoas, mau humor acoplados ao cortejo de antipatias, projetando nos outros os detritos psíquicos que empilhamos. 
Urge nos permitirmos o direito de errar. Até porque fomos criados simples e ignorantes. Ademais, como é possível, em nosso atual estágio evolutivo, acertar sempre? Isso é impossível! Assim raciocinando, é fácil perceber que a culpa é intensamente injusta conosco, porque ela não nos permite o direito de errar, aliás, direito que Deus nos proporcionou. Até porque, fomos criados simples e ignorantes a fim de que evoluíssemos gradualmente, errando e acertando até chegarmos à perfeição relativa, quando atingiremos o nível do “Guia e Modelo” da humanidade a partir de então não erraremos mais.
É crença vulgar e equivocada admitir a Justiça Divina como condenatória e punitiva. As Leis de Deus, incrustradas na consciência humana, não são punitivas, porém são educativas (provação) e reeducativas (expiação). Ora, se não nos permitimos o direito de errar e o dever de acertar, permaneceremos numa atitude preguiçosa passiva e acomodada. Para evitar que isso ocorra, é urgente movimentarmo-nos ativamente para a forçosa reparação ante os equívocos deliberados. 
Para tal, urge reflexão consciencial, esforço para nos harmonizarmos com as Leis divinas, coragem para pacificarmos nosso eu e desenvolvermos virtudes, evidentemente tudo isso é muito custoso. Mas não podemos permitir os extremos, ou seja, nem exigirmos de nós perfeição e nem ingressarmos na negligência de aperfeiçoamento, senão nos enleamos nas tormentas ao invés de harmonizarmos com nós mesmos (em essência). 
As quedas morais das experiências transatas não hão como alterá-las, porque a compulsão da culpa que trazemos de ontem somente será decomposta gradativamente, entretanto tudo que diz respeito aos erros do presente podemos mudar. Como? Já não nutrindo o mecanismo da inutilidade da culpa quando erramos hoje. Sim, podemos alterar-lhe, tendo consciência de que podemos errar, todavia temos a obrigação de reparar o erro de forma amorosa, bancando o bem na fronteira das nossas energias.
A culpa é um anseio de prepotência e onipotência porque cobiçamos assumir os atributos de Deus ao divergirmos da Lei de misericórdia e da Lei de amor, justiça e caridade. Ora, se Deus não nos pune, então instituímos uma lei particular e através de um auto decreto infligimos a lei de autopunição.
Naturalmente na condição de seres humanos acertamos e erramos consecutivamente. Ou seja, temos sucessos ou desacertos nos empreendimentos da vida. Um aprendiz consciente aprende mediante a experiência que nem sempre é laureada de sucesso. Em verdade, o aprendiz consciente objetiva o acerto, mas não na exigência de acertar, porém se esforça em dar o melhor sem paranoides e sem desleixos desculpistas, porque é consciente e como tal, se vê como aprendiz responsável. 
Com efeito, se errar o foco dele será no aprendizado em relação ao erro porque a exclusiva atitude positiva e proativa frente ao erro é aprender com ele. Então o aprendiz se esforçará para dar o melhor, admitindo que nesse movimento pode equivocar e ao errar aprenderá e reparará o engano quantas vezes forem necessárias. 
Por outro lado, o perfeccionista não quer errar, porque crê que o erro traz punição e como já está cansado de ser penitenciado escolhe desenvolver a agreste culpa. Naturalmente sob o véu do perfeccionismo está embutida a soberba egoica. Por causa disso, quando acerta blasona, mas quando erra se percebe como um asno e se arremessa no despenhadeiro da culpa. É essa dualidade que sobrevém ao perfeccionista. 
A pessoa que acredita que a perfeição é o limite entra no processo de autoflagelação, porque percebe como difícil e ilusória qualquer aspiração libertadora. Na verdade, não é difícil, é fadigoso, porque precisa larguear o amor para governar todas as demais virtudes que transmutarão o processo de culpa. Porque a imprestável culpa é um movimento de auto desamor profundo, uma cruel repressão do amor. O culpado quer sofrer as consequências martirizantes dos erros porque acha que esse mecanismo é libertador. Mas só e unicamente o amor liberta a consciência.
O nosso compromisso consciencial é realizar o bem no limite das nossas forças. Porém, nosso movimento psíquico de cansaço angustiante e inquietante decorrente da culpa só será superado com o descanso para a alma conquistado pelo jugo do amor, da mansidão e da humildade conforme nos convidou Jesus. Isso será determinante para nosso desenvolvimento consciencial como aprendizes da vida que somos. 


A família como estrutura capaz de nos sustentar nas lutas da vida (Jorge Hessen)

A família como estrutura capaz de nos sustentar nas lutas da vida (Jorge Hessen) 

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
Brasília/DF


Os Benfeitores espirituais esclarecem que de todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida. A família reaviva em nós as sensações de segurança e aconchego, tal a importância do grupo familiar como estrutura capaz de nos sustentar nas lutas da vida.

Atualmente o distanciamento familiar tem sido definido como a perda de afeto que ocorrem ao longo de anos ou mesmo décadas em uma família. O divórcio contribui para a perda de relacionamentos familiares, especialmente com os pais. O abandono de parentes com identidades marginalizadas também é um fator comum, como a rejeição familiar a minorias sexuais e de gênero, por exemplo.

Também é importante notar que o distanciamento nem sempre é permanente. As pessoas se afastam e se reaproximam. Ademais, cortar o contato com um membro da família pode ser muito doloroso devido à forma como a sociedade não entende bem e atribui a isso um aspecto de vergonha ou reprovação.

Os laços de família são necessários à harmonia e evolução da sociedade. O resultado da negligência ou ruptura dos laços familiares leva a exacerbação do egoísmo. Existem duas espécies de vínculos familiares: os espirituais e corporais. As ligações corporais são frágeis e temporárias, entretanto os laços espirituais se fortalecem pela união e se vinculam na eternidade por meio das múltiplas migrações do Espírito.

É impossível auxiliar a composição social, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo com a família em que Deus nos colocou, a título precário. Portanto, antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprendamos a colaborar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que análogo empenho importa realização essencial.

A nossa família consanguínea pode ser contemplada como o cerne eficaz de nossas representações. Imagens aprazíveis ou desagradáveis que o pretérito nos restitui. Aprendamos antes de tudo a exercer piedade para com a própria família e a recompensar nossos pais, porque isto é bom e agradável diante de Deus , conforme narrava Paulo de Tarso.

A família é uma escola onde aprendemos a amar umas poucas pessoas para um dia amar a Humanidade. É assim que em nossas múltiplas existências aprendemos lidar com o amor, nos seus diversos aspectos: amor de mãe para filho, de filho para mãe, de irmão para irmão, de avô para neto, de neto para avô, de tio para sobrinho, de sobrinho para tio, de esposo para esposa e assim por diante. E, quando alcançamos amar genuinamente um filho, por exemplo, nosso coração se comove igualmente pelos filhos alheios.

Ponderando-se sobre a lei da reencarnação consolidamos os laços de afetividade com maior número de Espíritos, que (re)nascem sob o mesmo teto que nós. Dessa forma, nossa família espiritual se amplia e os laços de bem-querer se solidificam a cada nova possibilidade de convivência. Deste modo, conviver em família é um desafio e, igualmente, um formidável aprendizado, pois o convívio cotidiano nos oferece ensejo de cinzelar as arestas com os que eventualmente tenhamos alguma contenda.

(Re) nascendo no mesmo reduto doméstico é mais fácil suplantar os desamores, pois os vínculos consanguíneos ainda se compõem numa referência altiva a benefício da indulgência e da coexistência serenas. É por isso que existe a família: para que aprendamos a exercitar o amor na condição de irmãos, pois que todos somos filhos do mesmo PAI.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Emmanuel como Moro, Glenn Edward e o Espírito da Verdade


Vladimir Alexei

Vladimir Alexei
Belo Horizonte das Minas Gerais,
20 de junho de 2019.

Houve uma época em que a preocupação na divulgação espírita era apenas em relação ao seu conteúdo doutrinário. Por isso as críticas ferozes, e os “ataques” à Federação Espírita Brasileira eram muito comuns. Aquela instituição representava um modelo recalcitrante de publicações equivocadas e que distorciam as bases doutrinárias trazidas por Allan Kardec, não obstante o seu belíssimo trabalho secular de divulgação de autores clássicos e outras obras relevantes de cunho doutrinário.
Com a perda da hegemonia, o crescimento e a popularização do Espiritismo pela internet e demais meios de comunicação, a Federação viu seu prestígio esmaecer e se mantém como um Vaticano dos espíritas, cheia de idosos que se perpetuam – ou trocam entre si –, nos cargos daquela instituição falida doutrinariamente.
O salto na propagação do Espiritismo pelas mídias sociais, televisão e cinema, no início representou um grande avanço. Era possível perceber evangélicos e católicos ligados às novelas repletas de mensagens espiritualistas, ainda que, nessa parte, o dogma de cada religião falasse mais alto.
Essa mistura entre o Espiritualismo e o Espiritismo, ganhou contornos perigosos e excludentes. Perigosos porque o grande público não está preocupado em distinguir e saber o que é espírita e o que é espiritualista. Funciona como um modismo: acender incenso, fazer o sinal da cruz e aplicar passe, como se tudo fosse um processo “doutrinário”. Excludente porque aqueles que aprenderam de forma diferente não se sentem impelidos a participar dessa massificação.
Com isso, percebe-se que as bases, os fundamentos da Doutrina Espírita deixaram de ser importantes. Os princípios fundamentais sob os quais erigiu-se o edifício doutrinário vem sendo lapidados, em suas bases, a partir de veiculações sem o menor vestígio de coerência, estudo ou preocupação com o que realmente fala a doutrina espírita, a começar pela “reencarnação”.
Espíritas até bem-intencionados, debruçam-se e se autodenominam “pesquisadores” (com métodos bastante questionáveis, diga-se de passagem) sobre a reencarnação, com citações extensas de entrevistas, depoimentos, memórias e reflexões subjetivas, carentes de subsídios para melhor fundamentação de algumas hipóteses. Outros valem-se de décadas com atuação no movimento espírita, livros muito bem escritos (mas nada doutrinários), com prestígio midiático, para se arvorarem donos da verdade sobre a reencarnação.
A preocupação dos pesquisadores clássicos com relação a reencarnação era a de não se “fechar questão” pela fragilidade das evidências utilizadas. O maior estudioso sobre a reencarnação, no Brasil, foi o engenheiro Hernani Guimarães Andrade, correspondente direto do pesquisador canadense Ian Stevenson, que desenvolveu trabalhos que sugerem reencarnação. Por que “sugerem”? Por cuidado em relação ao método de apuração e verificação dos resultados em tema tão complexo. Sugere reencarnação porque aquilo que os estudiosos reuniram, pode induzir a que haja profundas semelhanças entre reencarnações de um mesmo espírito.
Obras muito bem escritas, como do exímio pesquisador e excelente divulgador, Hermínio C. Miranda, sugerem reencarnações que foram construídas a partir de estudos, busca de semelhanças, mas que não podem ser estudadas como se fosse uma verdade absoluta. É o caso de “As marcas do Cristo”, obra em dois volumes que sugere ser Lutero a reencarnação de Paulo de Tarso. Não é, e nunca foi unanimidade entre os espíritas. O que não diminui o esforço do autor, pela pesquisa, pela fundamentação e coerência dos seus apontamentos! São volumes excelentes para serem lidos e refletidos. Porém, mesmo assim, não é unanimidade. O que denota o respeito ao pesquisador é o respeito que o pesquisador possuia em tudo que era doutrinário, ou seja, ao pesquisar, o autor citado sempre foi muito respeitoso em relação aos fundamentos doutrinários e sua ousadia é respeitada porque ele assim sempre se postou diante da doutrina e de seus leitores.
Uma série de eventos correlacionados entre as características de uma pessoa, relatos, fotografias, filmagens, pinturas, esculturas, etc., eram profundamente analisados levando em consideração a fragilidade dessas correlações, ainda que o pesquisador evidenciasse, descritivamente, quais métodos haviam sido utilizados.
Na atualidade, esse “pudor científico” deixou de existir.
No ano de 2019 uma série de informações veiculadas pelas redes sociais (facebook, twitter e instagram), davam contas de que Emmanuel havia reencarnado na figura do Sérgio Moro, Juiz de Direito, por profissão, ocupando o cargo de Ministro da Justiça.
Quem já leu as obras do Emmanuel e tem um mínimo de noção do perfil psicológico daquele Espírito, talvez não ousasse afirmar isto. Dificilmente um Espírito com aquela “folha corrida” se prestaria a atuar na ribalta dos encarnados, para chamar a atenção publicamente com comportamentos duvidosos, na aplicação profissional. Emmanuel sempre foi muito sério, mesmo para aqueles que não aceitam ou não gostam do seu estilo. Nesse caso, não estamos avaliando a obra, se possui erros doutrinários ou não e sim a figura, o espírito, já que falamos sobre reencarnação.
Por outro lado, em uma reportagem da revista Carta Capital, o autor de um artigo francamente incomodado com a “direita espírita” – que é uma massa de manobra exemplar, com direito a palestras no Senado Federal defendendo a democracia, lisura e o combate a corrupção, como faziam os fariseus da época do Cristo –, teve a audácia de colocar, na mesma frase, um repórter americano, Glenn Edward e o Espírito da Verdade, como se fosse o Glenn um emissário do Espírito da Verdade, citando frase do Espírito da Verdade para ilustrar. A divulgação dos tais diálogos foi muito importante porque reforça aquilo que Allan Kardec perguntou aos Espíritos Superiores na questão 625 de O Livro dos Espíritos: Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de modelo e guia? "Jesus". Ou seja, todos nós reencarnados, estamos em um processo de crescimento espiritual, não merecendo o status de "modelo" ou de "guia" de ninguém. Quem elege outro, que não seja o Cristo, está fadado a dissabores e frustrações ou a ilusões prolongadas por ser obrigado a manter seu pensamento e posicionamento motivados pelo orgulho.
Diante desse cenário turbulento, obsessivo, hipócrita e preocupante, talvez fosse o momento do espírita se recolher e repensar suas atuações na mídia, na imprensa e nas redes sociais. Falamos muito sobre o espiritismo, mas a prática, a vivência tem sido sofrida.
A sede por notoriedade e por aparecer na mídia tem sido tão grande que os espetáculos de aberrações são recursos usados por espíritas para chamarem a atenção para aquilo que fazem. Querem “chocar”. Quando conseguem a atenção das pessoas abrem a caixa de pandora...
Mais do que compreender o que fala a doutrina espírita, é necessário colocar em prática aquilo que aprendemos. Menos emissões pessoais e mais reflexões doutrinárias. Menos egoísmo e mais altruísmo ante as diferenças. Mais fraternidade para com os pensamentos diferentes e menos rótulos. Percebe-se um retrocesso na fraternidade (é subjetivo, sem dúvida!). 
Tanto a direita, quanto a esquerda possuem méritos e deméritos. Ambos possuem argumentos para discussões intermináveis, que elevam o estresse de cada um, como se os deixasse a “beira de um ataque de nervos”. Com qual objetivo? “Vencer um debate”? Mostrar que possui mais argumentos? Mostrar quem está mais certo e o outro mais errado? "Mostrar o que os espíritos disseram", como se Espírito Superior fosse papagaio de pirata, sempre a disposição desses médiuns? Para o que? Qual objetivo? Estimular o egoísmo? 
Que essa adolescência tardia acabe logo e os debates evoluam para questões mais importantes como a redução das distâncias sociais, o volume absurdo de pessoas abaixo do nível de pobreza, miséria e o desperdício.

terça-feira, 18 de junho de 2019

Bandidos no Umbral

Bandidos no Umbral
Luiz Carlos Formiga

Micróbios e bandidos fazem grandes estragos, tanto quanto as guerras.
A peste bubônica doença bacteriana matou milhões na Europa e Ásia.
Ligou-se o problema ao aumento da população de “ratos”, como acontece no Brasil, dos poderosos.
A “peste negra” foi um verdadeiro umbral europeu. Como a “lava-jato” pode causar tremedeiras, dores localizadas, apatia e febre alta.
A Cólera matou aos milhares.
O micróbio se multiplica no intestino e elimina uma toxina. Aí surge uma diarreia intensa, como aquela de notícias falsas, que leva o brasileiro à desidratação pelo desânimo.
A bandida da bactéria sofre mutações e invade o intestino da mídia, aquela que se acostumou a alimentos de fácil obtenção.
E a tuberculose? Bilhões de mortes.
Como muitos oportunistas, afeiçoados ao álcool, as bactérias álcool-resistentes atacam os mais pobres, são cruéis parasitas daqueles fragilizados pela fome ou pela Aids.
Difícil respirar no umbral da tuberculose!
Estes acima citados pertencem ao grupo das bactérias, mas outro partido também é patogênico importante.
O PV se destaca. No Partido Viral alguns foram eleitos com milhões de mortes.
A varíola só perdeu o mandato graças à vacinação. A gripe espanhola elegeu e destituiu o presidente. (1)
Temos também a febre amarela, o sarampo, que antes da conquista da vacina ceifava a vida de milhões por ano.
E a Malária?
Aí já é outro partido, o PPP. Partido do Protozoário Plasmódio. Esse só perde a eleição para o HIV.
Depois dessas eleições ainda encontramos espíritas que tem medo de ir, depois da morte, para o Umbral!
“O Haiti é aqui” e isso não é difícil de notar pelos indicadores.
Um deles é a existência de salários altíssimos, dinheiro escondido em roupas íntimas, milhões de desempregados candidatos ao suicídio e a severa e atual epidemia, tendo como agente etiológico o P. corruptiae.
Repare que não tínhamos falado em “lava-toga” nem na existência de ministros inimputáveis; ex-presidentes da República enrolados com a Justiça e artigos sem prestígio, como o Art. 157 do Código de Processo Penal, aquele que fala sobre provas ilegais.
Estamos no “Umbral” quando a grande mídia apoia o bandido que quer prender o xerife. (2, 3)