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quarta-feira, 25 de março de 2020

COVID 19. O Senhor é meu Pastor

Luiz Carlos Formiga




“Prudentes sabem tirar proveito dos atos que a necessidade os constrangeu.” (1) Só a Educação pode ensinar a tomar decisões! (2) 

Pela primeira vez os brasileiros sabem os nomes de seus Ministros, Estado e STF; Presidentes, da Câmara e do Senado. (1) Já não temos mais a cultura de que “política e religião” não se discutem e que “a fé não pode ser raciocinada”. No entanto, chegar à consciência lúcida demandará tempo. 

Todos, da noite para o dia, se tornaram Microbiologistas, Imunologistas e Infectologistas, assim como especialistas em Clonagem. Lembram da experiência do Dr. Albieri, na novela o Clone? 

Na época, fiz uma síntese para os universitários do NEU-Fundão. Veja. 

A memória das células diferenciadas de mamíferos é reversível. Assim, a célula somática de Lucas foi induzida, "in vitro", em cultura, a este estado de quiescência, perdendo a memória da sua diferenciação. Retornando a totipotência comportou-se, após a fusão, como uma célula germinativa. Em outras palavras. Albieri retirou um ovócito, óvulo imaturo, das trompas da uma mulher-Deusa pouco depois da ovulação. Arrancou o núcleo da célula feminina que é o local onde existe a contribuição de tinta da mulher para pintar o quadro do novo ser. O que restou foi apenas a tela para a pintura. A seguir pegou o núcleo de uma célula isolada de Lucas ("pintor" ou "doador", nesse caso não consentido) onde está o manual de instruções (DNA) para se pintar um novo Lucas. 

Vamos relembrar que a célula (de Lucas) tinha sido submetida à regressão de memória a idades bem infantis (quiescência) e se sentiu germinativa. "Sentiu-se" porque, sob o ponto de vista ontogênico, não pode ser assim considerada. Estamos diante de um fenômeno cientificamente ainda não esclarecido. 

Nestas circunstâncias é como se o núcleo entrasse num estado de transe "hipnótico-químico" revendo toda a sua vida pregressa ou programação, podendo a partir daí tornar a expressá-la. O núcleo, da célula de Lucas, que é da raça branca, foi transplantado para o citoplasma do óvulo (tela ainda não pintada). Aí, ele pode acionar todo o seu código genético. Depois de algumas divisões celulares, Albieri as colocou no útero da mulher de raça negra e sadia e aguardou o trabalho da natureza. 

Clone-Leo não poderia nascer moreninho, pois a contribuição feminina foi só de suporte (tela) para a linha completa de instruções codificadas pelo genoma da célula de Lucas. Albieri sabia que o seu produto não teria problemas em termos de preconceito racial. Assim Lucas (a célula doadora) e o clone-Leo são gêmeos idênticos com idades diferentes. A cópia xerox foi feita noutra máquina alguns anos depois. (3)

Retornando à Microbiologia-Infectologia, lembro que um dos primos do bacilo da tuberculose, o Mycobacterium smegmatis pode ser encontrado com frequência na glande do pênis. No entanto, a pesquisa avançada no Google não o encontra nas infecções da vulva. 

Por outro lado, na difteria (4) já perdemos uma adolescente fazendo soroterapia e antibióticos (5), num hospital universitário. Lembremos que este micróbio é sensível a uma dezena de quimioterápicos. (6,7,8) 

A bactéria tentou nos enganar fermentando a sacarose, mas, ela não sabia, que tínhamos um detector de mentiras para micróbios(9), mas o tempo e a resistência baixa da jovem não nos permitiu “virar o jogo”. Hoje, apesar de tudo, acredito que temos tempo para ganhar a partida contra o COVID 19. Devemos tentar o gol, até o último segundo. Vale gol de barriga, pura “sorte”. Não existe gol feio. Feio é não marcar o gol, dizia o Mestre Dadá. (10) 

O povo brasileiro está se sentindo, nos dias de hoje, como especialista em doenças infecciosas, assim como todos são técnicos da seleção brasileira de futebol. 

Senso comum opina sobre infecção e resistência, quase sempre esquecendo que a doença é diretamente proporcional a virulência do “bandido”, mas inversamente proporcional à resistência do hospedeiro. 

Vejam a resposta que dei a uma amiga preocupada com o COVID-19. 

Disse-lhe que entendo a preocupação. 

Quando minha primeira filha nasceu eu estava fazendo curso de Virologia na pós-graduação e fui apresentado pessoalmente ao vírus da Poliomielite. Tomava banho de “álcool gel iodado” antes de voltar para casa. 

Hoje, médica, trabalha na “linha de frente” no hospital e eu, com quase oitenta anos, em prisão domiciliar, sem poder fazer nada, apenas escrevo. Os bandidos estão soltos. 

Com precaução ninguém morre antes da hora. Só quando a morte vem de cima, por divino decreto, encontra o micróbio como seu agente secreto. 

Como vivi entre os micróbios na universidade, a amiga vai dizer que para mim é fácil. 

Não, não é, pois sofro de hipertensão e ainda sou chegado a asma. Não pude abraçar minha filha e a netinha caçula jogou beijos do carro e chorando. 

Apesar disso, “ficar em casa” é conduta adequada, para a maioria das cidades brasileiras e de modo particular, para as que possuem maior população. Isso não é o mesmo que egoisticamente torcer pela vitória do micróbio contra a economia, só para “me dar bem politicamente, no futuro.” 

Uma conduta não pode ser negligenciada, separar avós e netos. Para uns será expiação, para outros prova. Espíritas sabem que os laços são eternos e apertam cada vez mais esses laços. Conto meu segredo de resiliência. Meu avô fez o grande investimento e deixou-me como herança a Doutrina Espírita. Esse exemplo de avô acabou me arrastando. Por isso, escrevo para futuros bisnetos. Afinal, “ninguém acende uma candeia para pô-la debaixo do alqueire.” (9). Uai, obrigado mineirinho! 

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4. Formiga, LCD. 1999. Corynebacterium. In Microbiologia. Atheneu, p. 177-185. 

5. Guaraldi, ALM & Formiga, LCD. 1998. Bacteriological properties of a sucrose fermenting Corynebacteriae diphtheriae strain isolated from a case of endocarditis. Current Microbiology, 37 (3): 156-158. 

6. Silva, A.C.P.; Formiga, L.C.D.; Silveira, M.H.; Suassuna, I. 1969. La accion de la gentamicina sobre bacilos diftéricos. Symposium Latino-Americano sobre infecciones y gentamicina." Estela " S.A. México, D.F. pag., 171-174. 

7. Suassuna, I.; Salazar, H.C.; Pinheiro, J.; Silva, A.P.S.; Borges, W.S.; Silveira, M.H. & Formiga, L.C.D. 1969. Valoracion de gentamicina em el tratamiento de enfermidades infecciosas. Symposium Latino-Americano sobre infecciones y gentamicina. " Estela " S.A. México, D.F. pag., 189-202. 

8. Formiga, L.C.D.; Silva, A.C.P.; Pinheiro, C.A.R.; Assumpção, R.L.; Silveira, M.H.; Serpa, C.E.V. & Suassuna, I. 1971. Estudo " in vitro " sobre a sensibilidade do Corynebacterium diphtheriae a treze antibióticos. Rev. Microbiol. (SP), 2: 117-127. 

: 117-127. 

9. Formiga, LCD. 1983. Um detector de mentiras para micróbios. Ciência Hoje, 2 (8):14. 


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