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domingo, 27 de abril de 2014

ESPIRITISMO E ECUMENISMO


Por Leonardo Paixão
 
Por que escrever sobre o tema do ecumenismo em relação ao Espiritismo? Justifica-se tal fato devido à ignorância de muitos sobre o tema. Ao falarmos de ecumenismo e Espiritismo, temos de saber primeiramente o que este tem a ver com aquele. Em primeiro lugar e para espanto de muitos adeptos apressados, o Ecumenismo não tem nada a ver com o Espiritismo nem este com aquele.
 
O Ecumenismo proposto pela Igreja Católica Apostólica Romana tem por objetivo unir os chamados por ela de "irmãos separados" como os Luteranos, Calvinistas, Anglicanos e os Ortodoxos russos e gregos. Para que se dê esta união (teologicamente se chama "uniata"), é preciso que estes "irmãos separados" aceitem certos dogmas de fé, como o da infalibilidade papal, o que deixa claro a intenção da Igreja em restaurar o poder perdido sobre os diversos grupos da cristandade. Quanto às demais religiões como o Judaísmo, o Islamismo, o Budismo, o Hinduísmo e o aspecto religioso do Espiritismo o que há não é ecumenismo e sim diálogo inter-religioso, e a bem da verdade, em se falando de Espiritismo não há nada, nem ecumenismo nem diálogo inter-religioso, pois não considerando o Espiritismo uma religião cristã o ecumenismo não é para ele, em relação ao diálogo inter-religioso, segundo os parágrafos 2116 e 2117 do Catecismo da Igreja Católica (1), há a condenação explícita do Espiritismo e com um desconhecimento (será proposital?) profundo deste ao ombreá-lo com as diversas correntes da "New Age" que vem enriquecendo muitos espertalhões tanto quanto com práticas de magia ou feitiçaria que nada tem a ver com a Filosofia Espírita.
 
Não nos iludamos, o Espiritismo é ainda na visão tacanha dos líderes religiosos, especialmente dos líderes cristãos (ao menos se dizem), visto como obra demoníaca e ficam a citar textos da Bíblia isolados de seus contextos, quando a Bíblia é uma reunião de livros repletos de fatos mediúnicos desde a manifestação de Iavé no Sinai à materialização de Elias e Moisés no Monte Tabor (cf. Êxodo 19,20:19; Números 11, 29; Mateus 17, 1-9; Lucas 9, 28-36; Atos 2, 1-6; I Coríntios 12 - onde Paulo fala sobre os dons (vários tipos de mediunidade) à Igreja de Corinto).
 
O Espiritismo, disse Léon Denis na Introdução de "No Invisível", "é o futuro das religiões e não a religião do futuro", porém, para aí chegar há uma estrada longa a percorrer, pois a ignorância do que é o Espiritismo pelas religiões e até por adeptos mesmo da Doutrina Espírita atrasa a sua marcha, aqui repetimos Léon Denis (obra citada): "O Espiritismo o que o fizerem os homens". E os homens e mulheres que estamos nos Centros Espíritas necessitamos de estudar o Espiritismo em suas bases: a Codificação e a Revista Espírita, bem como as obras subsidiárias de Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Alexander Aksakof, Paul Gibier, Alfred Erny, Gustave Geley, Friedrich Zöllner, William Crookes, Adolfo Bezerra de Menezes, Carlos Imbasshay, Deaolindo Amorim, Hermínio Miranda, José Herculano Pires, etc, e obras mediúnicas de Zilda Gama, Chico Xavier e Yvonne Pereira. O estudo destas obras nos faz conhecer o que é o Espiritismo, que permanece sendo o grande desconhecido, mas em sua marcha progressiva ele há de se fazer a Luz da Humanidade.
 
24/04/2014 - Campos dos Goytacazes, RJ.
 
Nota: (1) - Do Catecismo da Igreja Católica:
2116. Todas as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demónios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro (45). A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de presságios e de sortes, os fenómenos de vidência, o recurso aos "médiuns", tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele.
 
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas quais se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas da intenção de fazer mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos demónios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso, a Igreja adverte os fiéis para que se acautelem dele. O recurso às medicinas ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes malignos, nem a exploração da credulidade alheia.
Do site:
 
/index_new/p3s2cap1_2083-2195_po.html - Acesso em 24/04/2014.

1 Comentários:



  • Ao trazer à Terra o Evangelho, Jesus mudou completamente o próprio conceito que se tinha de religião. Com o Mestre, aprende-se que religião não é algo mágico a ser vivenciado no interior dos templos. Não mais aquela idéia de que religião é prática mística, contemplativa, ritualística, cheia de oferendas e fórmulas repetitivas levadas a efeito no interior das assim chamadas “casas de Deus”. Religião, conforme seus ensinamentos e, principalmente seus exemplos, passou a ser – para aquele que lhe entendeu as lições – um novo modo de viver, de se relacionar com o próximo, em todos os ambientes, em todas as situações, em todos os momentos. Ensinando que Deus está presente em todo o Universo, conforme sua resposta à Samaritana (Jo, 4: 21), alargou os limites dos templos, transformando o mundo num templo imenso.

    Entretanto, a mensagem da Boa Nova foi apequenada por aqueles que dela se apossaram, transformando-a numa religião salvacionista com base na fé, na crença de que seria o sangue de Jesus o remissor dos pecados da Humanidade. Ao criarem o crucifixo e a prática da sua adoração, passaram a enfatizar Jesus-morto, em detrimento da pujança da mensagem de Jesus-vivo. Assim, foi desviado o enfoque central do Evangelho, que estabelece as duas diretrizes centrais para o homem: uma vertical, para Deus, e outra horizontal, dirigida ao próximo. Entretanto, embora pareça um paradoxo topográfico, o Evangelho orienta no sentido que só poderemos ascender verticalmente para Deus, se caminharmos horizontalmente em direção ao próximo. “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus a quem não viu?” (I Jo, 4:20).

    Essa prática do serviço a Deus na pessoa do próximo fica muito clara na formosa Parábola do Bom Samaritano, pela qual Jesus levou o doutor da lei a concluir que o “próximo” do mandamento religioso, para o ferido, foi o samaritano, ou seja, “foi aquele que usou de misericórdia para com ele” (Lc, 10: 37).

    O Espiritismo trouxe de volta o Evangelho de Jesus, na sua simplicidade e forte atuação na vida prática, longe dos templos. Reviveu a fé raciocinada, possibilitando ao Homem compreender a vida, sabendo-se autor do seu próprio destino, pelo conhecimento da Lei de Causa e Efeito. Pela ótica espírita, o Evangelho não é apenas um livro sagrado para ser lido no interior dos templos, braços cruzados sobre o peito, em atitude de reverência. Pelo contrário, é o livro-guia de todas as horas. Seus ensinamentos são para a vida diária, aplicáveis em todos os ambientes e em todas as situações em que a criatura se encontre. O Espiritismo revela o Evangelho sem aquela aura mística criada pelos teólogos, mostrando-o como um verdadeiro manual de aprimoramento espiritual para a Humanidade, um manual para a angelização do homem.

    Por Blogger José Passini, às 28 de abril de 2014 às 10:50  

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