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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Recebendo a visita de um morto, a cujo funeral compareceu

Luiz Carlos Formiga

A morte é o que há de mais duro quando vista de fora e enquanto se está fora dela. Porém, uma vez dentro, experimenta-se tal sensação de completude, de paz e de realização que não se quer voltar (C.G. Jung. Letters, vol 1). O que Jung não disse é que isso só acontece quando estamos com a consciência tranquila, não estamos diante do suicídio ou do aborto. Num projeto de pesquisa, biológica, bioquímica ou outro qualquer, ninguém consegue descortinar toda a verdade. Jacques Monod, ao contrário de Jung, dedicou-se a explorar o mundo público e objetivo da biologia em vez de dirigir sua atenção para dentro. Ele olhava para fora como fazem os astronautas. O outro era um “psiconauta”, não usava microscópio nem telescópio. Hoje a molécula do DNA pode ser vista de forma ampliada com as informações daqueles biólogos que também fizeram a viajem interior. O trabalho de Monod não pode ser diminuído, pois era outra esfera de observação. O importante é que mesmo possuindo apenas parte da verdade coloquemos nossos esforços em favor da vida humana.
David Lorimer é diretor da “Scientific and Medical Network”, um grupo internacional de cientistas e de médicos que pretendem ampliar o arcabouço da ciência e da medicina de modo a ultrapassar o reducionismo materialista. Escreveu “Ciência, Morte e Propósito” e nos conta que Jung recebeu a visita de um amigo a cujo funeral comparecera na véspera. O amigo acenou para Jung, convidando-o a acompanhá-lo em imaginação até a sua casa. Chegando lá, eles subiram ao escritório onde o amigo, trepando num banquinho, indicou o segundo dentre cinco livros com encadernação vermelha, na segunda prateleira de cima para baixo. Tomado de curiosidade, Jung visitou na manhã seguinte a viúva de seu amigo e pediu licença para procurar uma coisa na biblioteca do amigo, uma sala com a qual ele não estava familiarizado. Ali encontrou o banquinho, e localizou os cinco livros com a encadernação vermelha na segunda prateleira de cima para baixo. Eram traduções de Zola, e o segundo volume intitulava-se “A Herança dos Mortos”. Jung havia desta forma obtido informações por intermédio de outros canais, diferentes daqueles dos sentidos. O título do livro é bastante sugestivo.
As pressões sofridas pelos pares nos fazem perder a coragem de dizer coisas que pensamos. Como não vale o esforço diante do fanático científico ou religioso muitas vezes a melhor opção é ficar calado. Jung, no entanto deixou um recado: “embora não se possam reunir provas válidas sobre a continuidade da alma após a morte, há experiências que nos fazem pensar com cuidado”. É possível que Jung tenha cometido o mesmo erro dos que duvidavam da existência de partículas subatômicas. Ainda estamos newtonianos. E o livro encontrado por Jung?
Se continuar voltada apenas para fora e para a observação do exterior, a ciência nada poderá dizer a respeito do significado e do propósito da vida. Jung foi capaz de perceber que uma parte da psique ou da mente humana não se acha confinada no espaço-tempo, mas é capaz de superar suas limitações em manifestações de telepatia e de precognição. Os que passaram pela EQM, Experiência de Quase Morte, asseveram que o propósito da vida é compreendido a partir de dentro. O homem é de natureza biológica, psicológica, social e espiritual.
Leia a íntegra em “Encadernação Vermelha, Bioquímica, Finados e Aborto.”
Revista Internacional de Espiritismo, LXXV(10):438-440, 2000.



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