A lição de Jesus fulge
como um Sol sem crepúsculo (Jorge Hessen)
Jorge
Hessen
Brasília
- DF
Nos
tempo apostólicos, o historiador judeu Flávio Josefo fez pequenina referência a
Jesus no livro de sua autoria ”Antiguidades Judaicas”. Vejamos: "Hanan
[sumo sacerdote] reúne o Sinedrim [Sinédrio] em conselho judiciário e
faz comparecer perante ele o irmão de Jesus cognominado Cristo [Tiago era o
nome dele] com alguns outros". Mais adiante, Josefo registra :
"Foi naquele tempo [de Pilatos] que apareceu Jesus, homem sábio,
se é que, falando dele, podemos usar este termo -- homem. Pois ele fez coisas
maravilhosas, e, para os que aceitam a verdade com prazer, foi um mestre.
Atraiu a si muitos judeus, e também muitos gregos. Foi ele o Messias esperado
(...)"(1)
Tácito,
historiador romano (contemporâneo dos apóstolos) igualmente menciona Jesus.
"Para destruir o boato (que o acusava do incêndio de Roma), Nero
supôs culpados e infringiu tormentos requintadíssimos àqueles cujas abominações
os faziam detestar, e a quem a multidão chamava cristãos. Este nome lhes vem de
Cristo, que, sob o principado de Tibério, o procurador Pôncio Pilatos entregara
ao suplício.” (2)
Ainda
topamos com escritor Suetônio contando que o imperador Cláudio "expulsou
os judeus de Roma, tornados sob o impulso de Chrestos, uma causa de
desordem" e acrescenta: "Os cristãos, espécie de gente dada a
uma superstição nova e perigosa, foram destinados ao suplício".(3) Outro historiador da época foi Plínio, conhecido como “o Moço”, em carta
ao imperador Trajano, pede instrução a respeito dos cristãos, que se reuniam de
manhã para cantar louvores a Cristo.(4)
Do mesmo período, trazemos Tertuliano, que escreveu: “Portanto,
naqueles dias em que o nome cristão começou a se tornar conhecido no mundo,
Tibério, tendo ele mesmo recebido informações sobre a verdade da divindade de
Cristo, trouxe a questão perante o Senado, tendo já se decidido a favor de
Cristo...”.
Compulsando
os supracitados documentos históricos, o pesquisador Reza Aslan escreveu
recentemente a obra “Zelota - A vida e a época de Jesus de Nazaré”, descrevendo
Jesus como um homem cheio de convicção, paixão e contradições; e aborda as
razões por que a Igreja cristã preferiu promover a imagem de Jesus como um
mestre espiritual pacífico em vez do revolucionário politicamente
conscientizado que foi. A tese central de Aslan é que Jesus não se assumiu como
o Messias e Rei de um reino espiritual, mas sim como um revolucionário que
visava a tomada do poder temporal dos romanos. (sic) Para Aslan, Jesus é o mais bem sucedido e
carismático dos profetas e messiânicos que em algum momento daquele período se
julgaram o Messias, como Ezequias; Simão da Pereia; Judas, o Galileu; Menahem;
Simão, filho de Giora; Simão, filho de Kochba, entre outros. (5)
Sob
o viés da cultura “espírita”, vem se esguichando ideias exóticas com total deturpação da fidedigna visão espírita de
Jesus. Há estouvados que desejam proscrever Jesus do Espiritismo. Alegam que
seria injusto que 2/3 da população da Terra que "nunca" ouviram falar
do Messias, ficassem "órfãos" de suas lições. Ledo engano, na
verdade, durante milênios Jesus enviou seus emissários para instruir povos,
raças e civilizações com conhecimentos e princípios da lei natural. Examinando
o trajeto histórico das civilizações, identificamos que em todos os tempos
houve missionários, fundadores de Religião, filósofos, Espíritos Superiores que
aqui encarnaram com a autorização de
Jesus, a fim de trazerem novos
conhecimentos sobre as Leis Divinas ou Naturais com a finalidade de fazer
progredir os habitantes da Terra.
Ou
sendo o Jesus “histórico”, ou o “Cristo” da teologia, recordemos que nos tempos
áureos do Evangelho o apóstolo Pedro definiu a transcendência de Jesus,
revelando que Ele era "o Cristo, o Filho de Deus vivo" (6) . No
século XIX o Espírito de Verdade atesta ser Ele "o Condutor e Modelo do
Homem" (7). Para Kardec, o célebre pedagogo e gênio de Lyon, o Cristo foi
"Espírito superior da ordem mais elevada, Messias, Espírito Puro, Enviado
de Deus e, finalmente, Médium de Deus."(8) Não há dúvidas que Jesus foi o
Doutrinador Divino e por excelência o "Médico Divino". (9) Por sua
vez, Emmanuel o denomina de "Diretor angélico do orbe e Síntese do amor
divino". (10)
Amado
por uns, odiado por outros, indiferente para muitos, Jesus deixou ensinamentos
singelos, contudo profundos. Ele aplicou a filosofia que difundia,
desconcertando os inimigos gratuitos, granjeando apoios do povo e confundindo
os restantes. O Mestre foi, é e sempre será, inspiração para os majestosos
arranjos literários e sobretudo para obras de arte (música, pintura, teatro,
escultura, poesia). Mesmo assim, nenhum vocábulo, fórmula poética, artística,
filosófica ou qualquer louvor em Sua memória conseguirá traduzir o que Ele
representa para cada um de nós.
Ele
é o caminho, a verdade e a vida. Nenhum de nós irá ao Criador (imo da própria
consciência), senão por Ele. Em todos os milhares de volumes dos mais variados
livros ditos sagrados, Jesus resumiu em uma única citação, que abrange toda a
sabedoria e cultura terrestres – amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo.
Diáfano
como um cristal era o Seu caráter – e no entanto, Ele continua sendo o maior
enigma de todos os séculos. Para alguns religiosos, é entronizado como uma
divindade. O motivo pelo qual alguns consideram Jesus um Semideus, é a sua
colossal elevação espiritual. Diante Dele, todos ficamos muito diminutos.
Os
mandamentos inesquecíveis de Jesus estão contidos no Sermão do Monte. Nessa
belíssima lauda, avaliada por Mahatma Gandhi como a mais pura essência do
cristianismo. Gandhi pronunciou que se um cataclismo extinguisse toda a
sabedoria humana, com todos os seus livros e bibliotecas, se restasse apenas o
Sermão do monte, as gerações futuras teriam nele toda a beleza e sabedoria necessárias
para manter a vida.
A
coroa e a cruz representaram o desfecho da obra do Mestre, mas o sacrifício na
sua exemplificação se constatou diariamente durante sua passagem pelo Orbe.
Anunciando
as bem-aventuranças à população no monte, não a desvia para a brutalidade, a
fim de assaltar o celeiro dos outros.
Evidenciando
as apreensões que o vestiam, diante da renovação do mundo íntimo, não se
regozijou em assentar-se no trono dos gabinetes, de onde os generais e os
legisladores costumam ditar ordens. Desceu, Ele próprio, ao seio do povo e
entendeu-se pessoalmente com os velhos e os doentes, com as mulheres e as
crianças.
A
Sua lição fulge como um Sol sem crepúsculo, conduzindo a Humanidade ao Porto da
paz!
Para
a maioria dos teólogos, Ele é objeto de estudo, nas letras do Velho e do Novo
Testamento, imprimindo novo rumo às interpretações de fé. Para os filósofos,
Ele é o centro de polêmicas e cogitações infindáveis. Para os espíritas
ajuizados, Jesus foi, é e será sempre a síntese da Ciência, da Filosofia e da
divina Moral (tripé do edifício da Terceira Revelação).
Referências bibliográficas:
1 JOSEFO Flávio. História dos
Hebreus, Antiguidades Judaicas, XVIII, III, 3 , apud Suma Católica contra os
sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, RJ: 1939, p. 254, p.
254 (1, pg. 311 e 3)
2 TÁCITO. Anais, XV, 44 apud Suma
Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed José Olympio, RJ:
1939, p. 2541 pg. 311; 3
3 SUETÔNIO. Vida dos doze Césares,
n. 25, apud Suma Católica contra os sem Deus, dirigida por Ivan Kologrivof. Ed
José Olympio, RJ: 1939, p. 254p. 256-257). (1 pg. 311; 3)
4
(Epist. lib. X, 96)
5 ASLAN Reza. Zelota A vida e a
época de Jesus de Nazaré, SP: Ed. Zahar, 2013
6 Mt 13, 16-17.
7 KARDEC, Allan. O
Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, pergunta 625
8 KARDEC, Allan. A
Gênese, RJ: Ed. FEB, 1998, XV, item 2
9 XAVIER, Francisco
Cândido. Os Mensageiros, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB, 2000,
cap. 27)
10 XAVIER, Francisco
Cândido. Missionário da Luz, ditado pelo Espírito André Luiz, RJ: Ed FEB 2003,
cap. 18