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terça-feira, 30 de abril de 2019

Oba-oba - dia nacional dos “espíritas” brasileiros(!)

Oba-oba - dia nacional dos “espíritas” brasileiros(!)  (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com 
Brasília/DF

Há 12 anos, para encantamento de alguns “espíritas” , aprovou-se, na Câmara dos Deputados, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei nº 291, de 2007, que "dispõe sobre a criação do Dia Nacional do Espiritismo" (“hein...”? humm...!!!), sem força de feriado, dispensando, portanto, os que tributam culto a outras religiões, da obrigatoriedade quanto à homenagear Kardec com os que professam e praticam a doutrina espírita. (Ufa, ufa...!!!!).
Há 12 anos, sim, há 12 anos, a febre para os dias comemorativos ao Espiritismo começou a se espalhar pelos rincões tupiniquins: Vejamos, o projeto apresentado pela Assembleia paraibana, propôs a criação de 18 de abril como “Dia Estadual do Espírita” (hã...?), que se transformou em Lei, sancionada pelo governador instituindo a data no Calendário Oficial do Estado da Paraíba, conforme Lei nº 8.251, de 20 de junho 2007, publicada no Diário Oficial do Estado, em 21 de junho de 2007. Com misso já vislumbramos a direção das enxurradas de datas comemorativas que estão por vir.
Vamos pensar um pouco! Será que o Espiritismo precisa ocupar espaços "com mais liberdade" num dia especificamente consagrado, por força de um projeto de lei?  Há os que dizem que com tais projetos, o Espiritismo não mais será alvo de "perseguições", como aconteceu em recuadas épocas. Mas, antes de qualquer consideração sobre o assunto (projeto-de-lei), peculiar e supérfluo aos objetivos doutrinários, teceremos breves comentários sobre o Parlamento brasileiro.
Entre os idos de 1999 e 2007, mais de 30 (trinta) proposições foram aprovadas, no Parlamento brasileiro , criando datas comemorativas. Nas legislaturas recentes, outras dezenas de projetos foram apresentados com essa finalidade. Enquanto as reformas essenciais se arrastam há muitos anos, os parlamentares demonstram inimagináveis arroubos de inventividade, quando o tema é a aprovação de datas memoráveis.
Não é de hoje que a instituição de datas tem grande apelo entre os parlamentares brasileiros. Para se ter uma ideia, eis algumas datas propostas, e muitas já aprovadas:"Dia Nacional do Frevo" - "Dia Nacional de Reflexão do Cantando as Diferenças" - "Dia Nacional do Ciclista" - "Dia da Televisão"- "Dia Nacional do Líder Comunitário" - "Dia Nacional do Forró" - "Dia Nacional do Poeta" - "Dia Nacional do Despachante Documentalista" - "Dia Nacional do Guarda Municipal" - "Dia Nacional do Doador Voluntário de Medula Óssea", e assim vai a fanfarra das comemorações sobre pêndulos da insensatez, nas plagas da ainda terra brasilis.
Em pesquisa feita no Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, verificamos que, no interregno de 1999 a 2007, os deputados aprovaram 609 projetos de lei e projetos de lei complementar. Desse total, 337 foram apresentados por parlamentares, 218 pelo governo e 54 por outros órgãos. Dentre os projetos aprovados no período, de autoria dos parlamentares, cerca de 10% tratam da instituição de dias comemorativos no calendário nacional. Muitas das propostas (perdem o sentido) chegam a ser curiosas, ou mesmo extravagantes, por isso, são arquivadas. Vejamos algumas delas: No segundo mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso (1999-2002), os exemplos de criatividade foram muitos. Havia projetos para a instituição do"Dia Nacional da Umbanda", "Dia da Inovação", "Dia do Cozinheiro", "Dia Nacional do Taxista", "Dia da Legalidade", "Dia Nacional do Prefeito", "Dia do Presidente da República", "Dia Nacional da Reflexão Política" e "Dia Nacional do Perdão".
E as “pérolas” continuaram cultivadas no primeiro mandato do Presidente Lula (2003-2006), pois havia projetos, propondo o "Dia Nacional da Verdade", "Dia da Esperança", "Dia Nacional da Gratidão", "Dia Nacional da Caridade", "Dia do Sono", "Dia Nacional do Macarrão", "Dia Nacional do Pescador", "Dia Nacional do Teste do Pezinho", "Dia Nacional da Voz" e "Dia Nacional da Capoeira".
É verdade que o Brasil é a maior nação espírita da atualidade; que a Doutrina atende de maneira especial à demanda de milhões de brasileiros, ávidos por respostas às suas dúvidas e anseios espirituais, Que o Espiritismo é responsável por inúmeras obras de assistência social que, reconhecidamente, auxiliam inúmeras comunidades carentes em todo o País, é a pura verdade, sim, mas e daí?
Cremos que o centro espírita, ao invés de ficar comemorando e/ou, idolatrando nomes e datas festivas, tem que funcionar como um pronto-socorro espiritual, em favor das almas em desalinho, e, não, uma escola de fantasias e ilusões. O Centro tem que estar preparado para acolher um grupo cada vez mais numeroso de curiosos e de pessoas instáveis, aguilhoadas nas algemas de suas próprias defecções morais, e que estão nos abismos obscuros da ignorância.
Quanto aos defensores da idéia do "Dia Nacional do Espiritismo", nada obsta que lhes despertemos a consciência, quanto ao que já temos advertido ao público. O Espiritismo nos traz uma nova ordem religiosa, que precisa ser preservada. É a resposta sábia das dimensões elevadas do além às indagações íntimas da criatura aflita na Terra, conduzindo-a ao encontro do Criador. Por essa razão, precisamos blindá-lo da soberba dos espíritas “ oba-oba”, com suas sugestões aéreas e inóxias, uma vez que ignoram os elevados objetivos do Espiritismo e tão-somente fazem parte dos grupos, onde os contra-sensos são oferecidos.
Preservar o Espiritismo, conforme o herdamos de Allan Kardec, é nossa obrigação, mantendo-lhe a clareza dos ensinos, a limpidez dos seus conteúdos, não permitindo que se lhe instalem práticas e empolgações encafifas e ruinosas, que embaraçam os invigilantes e os menos conhecedores das Obras Básicas. Os Benfeitores alertam, ensinando-nos que os princípios espíritas produzem júbilos internos e não algazarra exterior.  
A liderança do chamado  movimento espírita brasileiro “oficial”  transformou o ideário da Codificação numa montoeira de excentricidades , sobretudo no trato com as questões essenciais do Espiritismo.
Será que já não bastam os CONGRESSOS ESPÍRITAS PAGOS destinados exclusivamente aos espíritas  apatacados?

sexta-feira, 26 de abril de 2019

EVENTOS ESPÍRITAS PAGOS O fim não justifica os meios (Adelino da Silveira *)


EVENTOS ESPÍRITAS PAGOS O fim não justifica os meios (Adelino da Silveira *)


Adelino Silveira e Chico Xavier

Lamentável o que vem acontecendo no movimento Espírita. Lamentável também é que nenhum órgão federativo levantou sua voz contra esses absurdos.

Por onde anda o Conselho Federativo Nacional?

Palestras, seminários, congressos e encontros pagos! Até preces em casamentos estão sendo cobradas!

Eventos caríssimos estão sendo realizados.

Para onde vai o movimento Espírita?

Jesus nunca cobrou por seus ensinamentos e nem por seus encontros com o povo. Ao contrário combateu quem assim procedia.

Também não consta no Evangelho que ele tenha cobrado pela sua presença nas bodas de Caná.

Um amigo, de passagem por uma cidade de Goiás, foi assistir a uma palestra espírita.
Qual, porém, não foi sua surpresa quando chegou à porta: R$ 100,00 por pessoa. Penso que todo espírita deveria fazer o que ele fez: virou as costas e foi embora.

Vamos ver o que disse Allan Kardec, Paulo de Tarso e Chico Xavier.

“Ainda uma palavra meus amigos. Indo ver-vos, uma coisa desejo: é que não haja banquetes, isto, por vários motivos. Não quero que minha visita seja ocasião para despesas que poderiam impedir a presença de alguns e privar-me do prazer de ver todos reunidos.”
(Allan Kardec – Viagem Espírita 1862).

“Por que se bem vos lembrais irmãos do nosso trabalho, pois trabalhando noite e dia para não sermos pesados a nenhum de vos, vos pregamos o Evangelho de Deus.”
(Paulo - 1º Tessalonicenses 4:6).

“Eu jamais participaria de um evento onde as pessoas precisassem pagar para me ver. Daria o que tivesse no bolso para ir embora.”
(Chico Xavier, o Apóstolo da Nova Era).

O fim não justifica os meios.

A cobrança de taxas, ingressos em palestras, encontros e seminários, sob qualquer forma ou pretexto, é limitar os ensinamentos de Jesus a quem pode pagar. Isso é uma traição à Doutrina Espírita.

Os espíritas conscientes deveriam se unir e tomar uma atitude contra esses desvios.


*O autor do texto acima conviveu com Chico Xavier durante décadas e é o autor dos livros:
Chico, de Francisco
Kardec Prossegue
Momentos com Chico Xavier


terça-feira, 23 de abril de 2019

Por que as palestras espíritas estão “chatas”?

Por que as palestras espíritas estão “chatas”?
Vladimir Alexei

 
Belo Horizonte, das Minas Gerais
06 de abril de 2019

Acompanhamos o movimento espírita brasileiro há mais de 20 anos. Nesse ínterim assistimos muitas palestras e participamos de algumas. Com a internet, tem sido possível acompanhar expositores que se tornaram famosos pela qualidade de suas palestras, sejam em termos de conteúdo ou pela capacidade expositiva.

Para fazer exposição, palestra ou apresentação em público o primeiro quesito é “querer”. Se há uma predisposição no indivíduo para falar em público, há uma grande chance desta habilidade ser desenvolvida naturalmente. Outros, porém, não gostam de falar em público, apesar de terem algum conhecimento doutrinário.

Outros mais, com profundos conhecimentos doutrinários, não eram muito afeitos a falar em público. É o caso do saudoso escritor e grande pesquisador espírita, Hermínio C. Miranda. Em 1995 ele participou do segundo Congresso Espírita promovido pela Federativa do Espírito Santo. Assim que assumiu o microfone ele disse algo parecido com: “lamento informar às senhoras e senhores que vocês não encontrarão nesta palestra o escritor” (ou algo parecido). A desenvoltura na fala era muito diferente da desenvoltura como escritor. Sua palestra foi excelente, porque era característica dos mais antigos escrever as palestras!

No exemplo do Hermínio C. Miranda, outro ponto importante surge. A preparação. Uma vez definido o tema e as referências bibliográficas sugeridas, é importante que o expositor construa sua palestra de acordo com o que foi anunciado. Palestrantes, na atualidade, no afã de tornarem suas palestras agradáveis, colocam títulos sugestivos e quando começam o estudo, abordam de quase tudo, contam piadas(compreensível e cabível sim!), mas não constroem o estudo de acordo com o título proposto. É certo, porém, que o “recorte” da palestra é feito levando em consideração o conhecimento do expositor, inspiração para o tema e as dicas que as casas oferecem para a abordagem. Esse seria um terceiro ponto importante: metodologia.

É comum, por exemplo, pedirem para falar sobre “O problema do Ser, do Destino e da Dor”. Título de uma obra do Leon Denis. O objetivo será falar sobre a obra? Se sim, seria de bom tom que a Casa Espírita anunciasse dessa forma: a palestra é sobre a obra. Essa é uma abordagem. Outra abordagem pode ser falar sobre a interpretação que o expositor faz sobre a obra citada. Nesse caso, a abordagem fica totalmente a cargo do expositor. Isso pode ser bom, quando o expositor já fez e possui algum conhecimento aprofundado sobre a obra. Mas pode ser ruim também, quando o expositor não domina o conteúdo e cria-se expectativa quanto a sua abordagem. Quem alimenta expectativa, no caso, é quem agenda a palestra. O que precisaria ser feito é sugerir a abordagem para o expositor, sem receios de melindres.

Outro ponto que cabe atenção é a coerência. O palestrante é uma pessoa comum, dotada de qualidades como todos. O que torna um expositor especial é o conteúdo que ele aborda. “Mas, se fosse assim, todos que falam sobre o Evangelho, seriam especiais! ” A reflexão é pertinente porque a diferença está na coerência entre o que o expositor vive e aquilo que ele fala. Outro ponto que chama a atenção é a maneira de falar. Alguns expositores mudam a voz, fazem gestos e trejeitos tentando dar mais credibilidade àquilo que dizem, como se somente assim as pessoas sentissem o quão importante é o que estão abordando.

A Doutrina Espírita é racional. Muitos expositores confundem, porém, a racionalidade doutrinária, com a sisudez. Na atualidade, um grande número de palestrantes, ao falarem sobre “Allan Kardec” ou o conteúdo de sua obra, tornam o estudo enfadonho. Por que? Porque alguns expositores acreditam que a “pureza doutrinária” está em recitar textos, parágrafos, capítulos e livros de Kardec, quando na realidade, a pureza é encontrada na aplicação do seu conteúdo, no uso que se faz daquilo que se aprende, estudando as obras de Kardec. Na internet está repleto de palestras em que os expositores passam muito tempo lendo trechos de obras diversas, ao invés de expor suas interpretações sobre a obra. Evidentemente, existem momentos em que cabe uma abordagem assim. Quando? Quando o conteúdo a ser lido for diferente daquele habitualmente falado, quando for o cerne do estudo, quando o expositor deseja desdobrar os ensinamentos contidos naquele fragmento do texto e outras citações particulares. Não obstante a necessidade de preparação, alguns expositores exageram nas citações de "cor", como se estivessem medindo conhecimento com o imaginário ou o inconsciente coletivo: "isso está no capítulo tal, versículo tal", "questão x, y, z" e assim por diante. A segurança do conteúdo é transmitida pela forma como entendemos e não pela citação literal, ainda que a memória falhe no ato.

Com isso, os palestrantes que citam Kardec – e muitos só citam mesmo, abordam muito pouco o conteúdo da obra –, criticam aqueles que usam tom mais leve e por isso cativante para com aqueles que ouvem e assistem. Nesse ponto, está, talvez, o aspecto mais importante para não se ter uma "palestra chata": um estudo apresentado em forma de palestra, não deve ser desenvolvido como se fosse apresentado apenas para o próprio expositor. Muitos estudos são chatos porque o palestrante fala como se todos gostassem da mesma forma que ele, como se todos fossem eruditos como ele. Ao assumir a tribuna, o expositor passa a ser um instrumento dos Espíritos. Imagine o trabalho que o expositor dá para os espíritos quando cisma que a “pureza doutrinária” só é alcançada citando Kardec, fechando olhos e ouvidos para outros trabalhos que podem muito bem caminhar juntos, de mãos dadas com a obra de Kardec!

Mãos dadas porque a Doutrina Espírita não se coloca acima de nenhuma outra. Mãos dadas porque não está em disputa “quem é maior” – isso só existe na mente fechada de alguns expositores. O mais importante é levar essa abnegada Doutrina a outros corações que carecem de incentivo, assim como mostrar o quanto a Doutrina é atual e dialoga com outros campos do conhecimento, sem, porém, deixar de ser Doutrina Espírita. E quando citamos Doutrina Espírita, falamos no sentido puro da expressão, de acordo com os pilares construídos por Allan Kardec a partir da revelação dos Espíritos Superiores.

Por fim, uma palestra se torna chata quando é feita apenas de “causos”, quando o expositor busca apenas concordâncias com sua fala, quando o expositor quer aparecer mais do que o conteúdo ministrado, quando o palestrante fala muito alto ou muito baixo, quando o estudo não é preparado adequadamente, quando o expositor não tem a sensibilidade necessária para dosar suas abordagens, quando o expositor se solta além do necessário, distraindo as pessoas e não descontraindo, quando o expositor quer ser o centro das atenções.

Por um movimento espírita mais leve, menos aleivoso, mais fraterno e com mais alegria de ser Espírita!

segunda-feira, 22 de abril de 2019

18 de abril de 1857

Vladimir Alexei


Belo Horizonte das Minas Gerais,
21 de abril de 2019


Há 162 anos um trabalho gigantesco, de dimensões inimagináveis, tomou forma com a publicação de O Livro dos Espíritos. Surgia uma Doutrina estruturada, com revelações do Mundo Espiritual confirmando aquilo que as humanidades, no Oriente e Ocidente, já comentavam espaçadamente. O materialismo que sufocou a relação com os espíritos durante milênios, se curvou à lógica insofismável de um projeto educativo com bases superiores.

Um homem maduro intelectualmente, seria o protagonista, escolhido pelos Espíritos Superiores para conduzir, no campo dos encarnados, todo trabalho de construção dessa nova Doutrina. Tamanha capacidade só poderia ser reconhecida em figuras como de Allan Kardec. Um Missionário. Foram pouco mais de dois anos, desde a primeira reunião em que ele participou e dialogou com o Espírito “Zéfiro”, para que pudesse compreender, estudar, estruturar e adaptar conhecimentos e teorias, transformando-as em uma Filosofia com a publicação da primeira edição de O Livro dos Espíritos. Tal filosofia resgatou o processo dialético adotado pelos gregos há mais de dois mil anos, como se estivesse fazendo uma correção na rota da educação vigente na humanidade. Não foi à toa que o primeiro espírito superior com que Allan Kardec, então Hippolyte, conversou, manifestou-se com um nome grego (“Zephyros”).

Desde então, a investigação científica se fez presente na personalidade de um homem de pouco mais de cinquenta anos. Usou todo conhecimento possível para reunir informações do mundo espiritual que se avolumavam de forma arquitetada, em diversos pontos do planeta. Para aqueles que não são afeitos aos trabalhos acadêmicos, pode parecer "simples" essa organização, entretanto, sabe-se que a reunião de informações, principalmente depoimentos, documentos não catalogados, sem padrão, torna o trabalho extremamente mais difícil. Agrava-se a complexidade quando a forma de escrever a mesma ideia, ocorre de maneira diferente, de acordo com a cultura em que foi recebida, exigindo ainda mais métodos de trabalho.

Por que o Espiritismo surgiu dessa forma? Porque a Verdade precisava ser revelada de forma estruturada, de acordo com os avanços científicos da época – alguns adotados até hoje como o positivismo –, independentemente da condição humana. Nada ocorreu, porém, sem um propósito superior e nem de forma isolada. De tempos em tempos a humanidade recebe arroubos evolutivos que permitem compreender o quanto ainda se tem a progredir até atingir a perfeição. E esse progresso não se dá apenas em uma perspectiva da vida e sim em várias, se não em todas, o que torna a evolução algo “multíplice”, ou seja, não basta apenas conhecer e saber que existe uma Doutrina com revelações do mundo espiritual, de onde viemos e para onde retornaremos. É preciso compreender melhor o que fazer nesse interregno, aplicando seus ensinamentos no dia-a-dia.

Em Moisés se viu uma das primeiras investidas, no Ocidente, quando se criou critérios que trouxessem justiça para a humanidade se reorganizar. Em seguida, após tentativas frustradas de se diminuir as distâncias entre os homens, o Amor mais genuíno e superior aportou na Terra, traçando novos roteiros, iluminando caminhos em noites de ignorância, perfumando corações com o perdão das ofensas, sublimando sentimentos de forma jamais vista até então. Entretanto, como ocorreu com a revelação de Moisés, a humanidade ainda não estaria preparada para receber ensinamentos tão sublimes.

A primeira revelação foi uma ação específica, com um objetivo claro de primeiro, organizar para, em seguida, crescer e prosperar. Todavia, prosperar na linguagem do homem limitava-se apenas a melhoria da condição material e neste quesito houve franco progresso. Homens abastados conseguiram levar o progresso à sociedade, as custas de outros homens, que, por sua vez, nem sempre aceitaram muito bem a forma como foram tratados, criando um ciclo vicioso de ódios e rancores intermináveis. Aparentemente intermináveis...

Na segunda revelação, o Amor manifestou-se mostrando que esse ciclo aparentemente interminável deveria ser rompido por uma ação fortemente contrária a tudo que estava sendo alimentado até então. Para que o ser humano conseguisse praticar esses ensinamentos, recomendava-se desaprender sobre tudo aquilo que valorizava e causava inquietação para a alma, substituindo por princípios e valores transcendentes, em que a ferrugem e a traça não seriam capazes de aniquilar.

A segunda revelação se faz presente, assim como a primeira. O “espaço tempo” em que ocorreram não significa dizer que não são importantes. Ainda se faz necessário aprimorar o senso de justiça porque, até hoje, há predomínio do egoísmo. Doses intercaladas de Justiça e Amor vem nutrindo a humanidade durante milênios, como o agricultor cuidadoso diante de sua plantação. Alguns brotaram e renderam frutos maravilhosos, outros deixaram seus frutos caírem. Algumas sementes encontram-se ainda submersas, enquanto outras já criaram raízes e romperam o solo em busca de uma nova oportunidade para servir...

A humanidade poderia continuar vivendo sem uma terceira revelação? De certo que sim, porém, seu progresso seria mais lento. Por isso, após diversas investidas em mais de mil e oitocentos anos, uma outra revelação se fez necessária para impulsionar a humanidade convidando-a a uma nova releitura sobre tudo aquilo que havia sido revelado.

Com a Terceira Revelação, nova fase da humanidade passou a vigorar. Quanto mais caminha a humanidade em desenvolvimento intelectual e progresso material, mais se faz necessário calibrar, rever, reexaminar o progresso moral, aquele que se leva para a Vida Maior, que é a vida espiritual.

Como tudo aquilo que é novo, resistências surgiram em diversos campos. Homens cultos e influentes foram sacudidos em suas convicções, como ocorreu com Sir Willian Crookes, descobridor do elemento químico “tálio”, pertencente à Família do Boro, na tabela periódica dos elementos químicos usados até hoje.

Eminente pesquisador, presidiu por diversas vezes a Sociedade Química de Londres, com efeitos extensivos ao campo do conhecimento da Física. Por que notória expressão social, pertencente a um grupo seleto de pesquisadores se viu às voltas com o mundo espiritual? Para que o fenômeno do intercâmbio deixasse de ser algo isolado, apreendido por parábolas e pudesse ser aceito por formadores de opinião, capazes de influenciar outros membros daquele nível social, assim como de outros níveis também.

Pode-se inferir com isso, que, além de validar o fenômeno espiritual, o desenvolvimento intelectual precisava ser reconduzido de forma a não ignorar a influência moral exercida pelo comportamento de seus mais eminentes pesquisadores. Para que um exímio pesquisador alcance resultados expressivos, se faz necessário também que seu comportamento acompanhe tais cometimentos. Diríamos que, compreender a necessidade de se traçar esse paralelo (desenvolvimento profissional e desenvolvimento espiritual) só foi possível a partir do advento da Doutrina Espírita. Se o pesquisador continua desenvolvendo-se de forma acelerada quanto aos rumos de suas pesquisas, é oportuno saber que, no tempo em que ele não está dedicado aos laboratórios, seu convite é para atuar no desenvolvimento da vida familiar e social.

O que ocorre com um pesquisador pode ser estendido a outros campos de atuação do ser humano. Um profissional que se dedica demais ao trabalho, é convidado também a dedicar-se a Família e ao convívio social. Com o espírita não é diferente: de que adianta dedicar-se diuturnamente à divulgação doutrinária se a vida familiar, social e profissional for negligenciada?

É por isso, dentre infinitos outros motivos, que a terceira revelação, classifica-se como “Verdade”. A verdade revelada pelos Espíritos Superiores mostra uma missão muito maior para cada um de nós, do que aquilo que temos feito no dia-a-dia, absorvidos pela rotina de reclamações, lamúrias e queixumes. Apreenda o que puder, administre o que der conta, viva intensamente os momentos que se tem, para aprender a valorizar aquilo que, de fato, é mais importante: viver e auxiliar o próximo a viver superando os obstáculos que cada um se propôs, seja por provas ou expiações.

18 de abril de 1857 foi o início de uma nova trajetória para a humanidade. Um dos pontos  relevantes é saber que a Vida Continua. Sendo que a Vida continua, o que é preciso fazer no presente para que o futuro seja melhor? Confiar, amar, aprender, refletir, refazer caminhos, progredir sempre, sabendo que a ordem dos fatores varia de acordo com a necessidade de cada um. Nisso reside a beleza que faz brotar a compreensão, compaixão e a tolerância em dias melhores.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Charlatanismo , redes sociais e a fake new do além (Jorge Hessen)


Charlatanismo , redes sociais e a fake new do além (Jorge Hessen)

Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com

É inquietante a invasão de falsos médiuns , especialistas nas fraudes “mediúnicas”, “psicografando”  supostas cartas do além, valendo-se financeiramente  da venda de livrescos de sua autoria. A armadilha da traiçoeira “mediunidade” para eventual “contato com falecidos” tem sido montada nos shows públicos dos ambientes espíritas (infelizmente!).
Tais estelionatários inventam seitas sob “inspiração” de imaginários espíritos que trazem nomes de notórias “santas e padroeiras”. Em torno desses falsários se promovem excursões (romarias) para que enlutados acompanhem o charlatão até às cidades em que são convidados para fazerem espetáculo de falsas psicografias.
São charlatões mediúnicos que utilizam do poderoso argumento da “psicografia” para enganar os ignorantes, especialmente os emocionalmente mais vulneráveis. São falsos médiuns que auferem vantagens pessoais, alimentando a fama entre os idólatras (“inocentes úteis”). Embolsam dinheiro com a vendas de livrescos superlotados de ilusões. São dissimulados e abiscoitam doações para “seus pobrezinhos”, obtendo tudo justamente nas ocasiões em que as pessoas se encontram psicologicamente torturadas pelo luto.
Tais falsos médiuns encontram nas redes sociais da internet extensa coletânea de dados pessoais dos desencarnados e seus familiares. As informações virtuais são matérias primas para que os falsários memorizem ou improvisem “colas” taticamente escamoteadas durante a sessão da “mediúnica”.
Sugerimos aos familiares checar nas redes sociais os detalhes das informações contidas nas falsas cartas psicografadas  e verificarão a fraude.
É exatamente isso. Na internet os falsos médiuns colhem inúmeros subsídios de dados pessoais, consultando Facebook, WhatsApp, YouTube, Instagram, Twitter, LinkedIn, Pinterest, Google+ (do falecido e familiares) que servirão de roteiro para a construção da falsa carta do “além”.
Ambicionando persuadir suas vítimas, tais falsários fazem constar determinadas frases padronizadas e repetitivas nas falsas cartas “psicografadas”, sempre com termos genéricos, tendo em vista iludir o enlutado, sobretudo citando número de telefone, CPF, endereço, nome do cemitério do sepultamento, nome da igreja da missa de sétimo dia, time de coração do falecido entre outras tapeações. Ressalte-se que quando há autenticidade “nas cartas psicográficas, como sucedia com Chico Xavier , as autorias espirituais eram comprovadamente de parentes falecidos e raramente estes informavam número de telefones e os bizarríssimos números de  CPF’s.
Se houver uma adequada investigação policial esses falsos médiuns poderão ser descobertos em face das aquisições de bens incompatíveis para um desempregado. Sabe-se que tais falsários mediúnicos têm construído um razoável patrimônio material por meio dos recursos financeiros advindos de microempresas (editoras) e distribuidoras de alfarrábios literários contidos nos livrescos entupidos de escombros místicos. Destarte, tais “microempresários” charlatões vão comprando apartamentos , móveis e até carros novos.
As lideranças espíritas do Brasil (palestrantes e alguns presidentes de federações) não ignoram tais tramóias mediúnicas e a maioria vem se solidarizando com as vítimas das fraudes e apoiando os médiuns honrados através de um ABAIXO ASSINADO.
Estranhamos porque a mística “FEB” não se dispõe alertar o MEB sobre o fato. Na verdade, não se percebe qualquer solidariedade do “mainstream”e dos endeusados figurões (vendilhões) em apoio moral às mães ludibriadas e aos médiuns sérios. Cremos que esse manifesto poderia comprometer a venda dos livros dos  oradores que mais se parecem com os “camelôs ambulantes”.
O subdesenvolvido movimento espírita brasileiro vem exportando tais falsos médiuns para alguns países da Europa. Os protagonistas “médiuns” das falsas cartas do além, já conquistaram Portugal com a conivência e cumplicidade de algumas lideranças lusitanas (inocentes úteis) e obviamente vem comprometendo o pujante trabalho doutrinário efetivado pelos sinceros irmãos portugueses.
Observação importante: Ressalve-se que nem todos os médiuns utilizam prática mediúnica de má-fé em suas atividades. Caracterizamos médiuns honestos que produzem bons trabalhos psicográficos para conforto dos parentes enlutados. Porém destaque-se que esses médiuns  sérios aceitam participar de qualquer pesquisa para atestar a autenticidade dos fenômenos dos quais são portadores , os charlatões jamais aceitaram. Por isso, é importante separar o joio do trigo. Pelo histórico moral dos médiuns constataremos a fidedignidade das suas intenções.


terça-feira, 16 de abril de 2019

A fraternidade e o Espírita



Vladimir Alexei

Belo Horizonte das Minas Gerais,
16 de abril de 2019

Vivemos tempos que tem exigido de todos, desdobrada vigilância e profundas reflexões para se conseguir auscultar o coração e perceber a quantas anda a sintonia entre o que se aprende com a Doutrina Espírita e aquilo que é praticado pelo Movimento Espírita, especificamente no Brasil.
Houve uma época em que se acreditava no Espírita como um ser privilegiado em função de se ter um tesouro nas mãos (a Doutrina dos Espíritos), como já dizia o insigne Miguel Vives y Vives. O tempo passou e a frase do Leon Denis, na introdução de “No Invisível”, ribomba intermitente: “o espiritismo será o que o fizerem os homens”.
O que os homens têm feito do Espiritismo? Recentemente uma confreira, trabalhadora assídua há mais de 20 anos (vinte anos!), em uma Casa Espírita, perdeu um ente muito querido. Da casa espírita que tem sido seu educandário ao longo desse tempo, nenhum espírita, colega de atividades assistenciais, doutrinárias e mediúnicas esteve presente. Absolutamente nenhum.
O que está acontecendo com os espíritas? A conclusão a que essa trabalhadora chegou é que não há mais amizade entre os espíritas. Evidentemente, no calor das emoções de decepção e tristeza pela perda de um ente querido, esse pensamento se tornou superlativo, com toda a razão para quem sente e passa por esses dissabores.
Estudiosos dizem que a decepção é fruto de um grau elevado de expectativa e por isso não deveria o indivíduo, espírita ou não, criar expectativas para não se frustrar e com isso decepcionar-se a ponto de adoecer.
Alguns dicionários, atribuem à expectativa o sinônimo de “esperança”. Em assim sendo, o ser humano não deveria ter esperanças de que uma amizade possa brotar entre espíritas? Estaríamos fadados ao “religiosismo” que vem solapando as religiões que ainda acreditam que o verdadeiro sentido da ligação com Deus é o poder transitório?
Como se não bastassem as lutas íntimas de cada um e os diversos conflitos existentes na arena da vida quanto a propagação doutrinária, a falta de fraternidade não tem sido caso isolado. Diversos relatos nos chegam, de vários centros espalhados pelo país, de falta de cuidado para com as pessoas que são recebidas na casa espírita. A coisa anda tão sem noção que, muitas casas espíritas ainda discutem qual é o primeiro livro a se sugerir para que a pessoa leia e aprofunde seu conhecimento no Espiritismo! Ora, antes de se definir qual seria o livro, seria importante entender qual o gosto literário da pessoa. Ela tem o hábito de ler? Como e por que um livro ajudaria naquele momento? O espírita precisa sair do “automático” e começar a refletir naquilo que faz em suas atividades fraternas. Aproximar-se mais daqueles que chegam à casa espírita a ponto de conseguir o encontro de almas e assim sugerir ao outro aquilo que lhe aquece o coração.
É importante não deixar que exemplos de falta de fraternidade, como o ocorrido com essa confreira, ganhem proporções que levem as pessoas a desacreditarem a Doutrina dos Espíritos. O espírita é um espírito vivendo suas “crises de crescimento”. Discursos bonitos inflamam e sensibilizam até certo ponto. Se não forem sustentados por uma prática coerente, em pouco tempo perdem o brilho.
Amai-vos e instruí-vos. Pela ordem, a coerência de um processo educativo esclarecedor. Primeiro a ação (amar) e num “continuum” a instrução, como extensão da ação inicial. Não se instrui verdadeiramente, sem amar. Não se completa o entendimento sobre o amor, sem viver os ensinamentos apreendidos.
Há preocupação exagerada com o estudo, sem, porém, estudo profundo das preocupações quanto ao amar. Seria tão bom se soubesse escrever sobre o Amor! O que é o Amor? O Professor Herculano Pires dedicou-se em pesquisa sobre o tema, em obra que muitos não leem pela complexidade do assunto. Por acaso, amar é fácil? Se fosse viveríamos em um mundo mais harmônico, perfumado, rico pelos aromas encantadores e multifacetados do amor.
Compreender a complexidade dos problemas que se avolumam em um orbe de provas e expiações é possível e um convite que a Doutrina Espírita nos faz. Entretanto, conformarmo-nos com a falta de amor, não. Isso não é doutrinário. Que o amor nos rebele de nós mesmos, desencastelando emoções de fraternidade, criando pontes entre saberes e sabores para que a vida tenha um significado maior para todos que sofrem e ainda não entendem porquê.