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Vladimir Alexei
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Belo Horizonte das Minas Gerais,
21 de abril de 2019
Há 162 anos um trabalho gigantesco, de dimensões inimagináveis, tomou forma com a publicação de O Livro dos Espíritos. Surgia uma Doutrina estruturada, com revelações do Mundo Espiritual confirmando aquilo que as humanidades, no Oriente e Ocidente, já comentavam espaçadamente. O materialismo que sufocou a relação com os espíritos durante milênios, se curvou à lógica insofismável de um projeto educativo com bases superiores.
Um homem maduro intelectualmente, seria o protagonista, escolhido pelos Espíritos Superiores para conduzir, no campo dos encarnados, todo trabalho de construção dessa nova Doutrina. Tamanha capacidade só poderia ser reconhecida em figuras como de Allan Kardec. Um Missionário. Foram pouco mais de dois anos, desde a primeira reunião em que ele participou e dialogou com o Espírito “Zéfiro”, para que pudesse compreender, estudar, estruturar e adaptar conhecimentos e teorias, transformando-as em uma Filosofia com a publicação da primeira edição de O Livro dos Espíritos. Tal filosofia resgatou o processo dialético adotado pelos gregos há mais de dois mil anos, como se estivesse fazendo uma correção na rota da educação vigente na humanidade. Não foi à toa que o primeiro espírito superior com que Allan Kardec, então Hippolyte, conversou, manifestou-se com um nome grego (“Zephyros”).
Desde então, a investigação científica se fez presente na personalidade de um homem de pouco mais de cinquenta anos. Usou todo conhecimento possível para reunir informações do mundo espiritual que se avolumavam de forma arquitetada, em diversos pontos do planeta. Para aqueles que não são afeitos aos trabalhos acadêmicos, pode parecer "simples" essa organização, entretanto, sabe-se que a reunião de informações, principalmente depoimentos, documentos não catalogados, sem padrão, torna o trabalho extremamente mais difícil. Agrava-se a complexidade quando a forma de escrever a mesma ideia, ocorre de maneira diferente, de acordo com a cultura em que foi recebida, exigindo ainda mais métodos de trabalho.
Por que o Espiritismo surgiu dessa forma? Porque a Verdade precisava ser revelada de forma estruturada, de acordo com os avanços científicos da época – alguns adotados até hoje como o positivismo –, independentemente da condição humana. Nada ocorreu, porém, sem um propósito superior e nem de forma isolada. De tempos em tempos a humanidade recebe arroubos evolutivos que permitem compreender o quanto ainda se tem a progredir até atingir a perfeição. E esse progresso não se dá apenas em uma perspectiva da vida e sim em várias, se não em todas, o que torna a evolução algo “multíplice”, ou seja, não basta apenas conhecer e saber que existe uma Doutrina com revelações do mundo espiritual, de onde viemos e para onde retornaremos. É preciso compreender melhor o que fazer nesse interregno, aplicando seus ensinamentos no dia-a-dia.
Em Moisés se viu uma das primeiras investidas, no Ocidente, quando se criou critérios que trouxessem justiça para a humanidade se reorganizar. Em seguida, após tentativas frustradas de se diminuir as distâncias entre os homens, o Amor mais genuíno e superior aportou na Terra, traçando novos roteiros, iluminando caminhos em noites de ignorância, perfumando corações com o perdão das ofensas, sublimando sentimentos de forma jamais vista até então. Entretanto, como ocorreu com a revelação de Moisés, a humanidade ainda não estaria preparada para receber ensinamentos tão sublimes.
A primeira revelação foi uma ação específica, com um objetivo claro de primeiro, organizar para, em seguida, crescer e prosperar. Todavia, prosperar na linguagem do homem limitava-se apenas a melhoria da condição material e neste quesito houve franco progresso. Homens abastados conseguiram levar o progresso à sociedade, as custas de outros homens, que, por sua vez, nem sempre aceitaram muito bem a forma como foram tratados, criando um ciclo vicioso de ódios e rancores intermináveis. Aparentemente intermináveis...
Na segunda revelação, o Amor manifestou-se mostrando que esse ciclo aparentemente interminável deveria ser rompido por uma ação fortemente contrária a tudo que estava sendo alimentado até então. Para que o ser humano conseguisse praticar esses ensinamentos, recomendava-se desaprender sobre tudo aquilo que valorizava e causava inquietação para a alma, substituindo por princípios e valores transcendentes, em que a ferrugem e a traça não seriam capazes de aniquilar.
A segunda revelação se faz presente, assim como a primeira. O “espaço tempo” em que ocorreram não significa dizer que não são importantes. Ainda se faz necessário aprimorar o senso de justiça porque, até hoje, há predomínio do egoísmo. Doses intercaladas de Justiça e Amor vem nutrindo a humanidade durante milênios, como o agricultor cuidadoso diante de sua plantação. Alguns brotaram e renderam frutos maravilhosos, outros deixaram seus frutos caírem. Algumas sementes encontram-se ainda submersas, enquanto outras já criaram raízes e romperam o solo em busca de uma nova oportunidade para servir...
A humanidade poderia continuar vivendo sem uma terceira revelação? De certo que sim, porém, seu progresso seria mais lento. Por isso, após diversas investidas em mais de mil e oitocentos anos, uma outra revelação se fez necessária para impulsionar a humanidade convidando-a a uma nova releitura sobre tudo aquilo que havia sido revelado.
Com a Terceira Revelação, nova fase da humanidade passou a vigorar. Quanto mais caminha a humanidade em desenvolvimento intelectual e progresso material, mais se faz necessário calibrar, rever, reexaminar o progresso moral, aquele que se leva para a Vida Maior, que é a vida espiritual.
Como tudo aquilo que é novo, resistências surgiram em diversos campos. Homens cultos e influentes foram sacudidos em suas convicções, como ocorreu com Sir Willian Crookes, descobridor do elemento químico “tálio”, pertencente à Família do Boro, na tabela periódica dos elementos químicos usados até hoje.
Eminente pesquisador, presidiu por diversas vezes a Sociedade Química de Londres, com efeitos extensivos ao campo do conhecimento da Física. Por que notória expressão social, pertencente a um grupo seleto de pesquisadores se viu às voltas com o mundo espiritual? Para que o fenômeno do intercâmbio deixasse de ser algo isolado, apreendido por parábolas e pudesse ser aceito por formadores de opinião, capazes de influenciar outros membros daquele nível social, assim como de outros níveis também.
Pode-se inferir com isso, que, além de validar o fenômeno espiritual, o desenvolvimento intelectual precisava ser reconduzido de forma a não ignorar a influência moral exercida pelo comportamento de seus mais eminentes pesquisadores. Para que um exímio pesquisador alcance resultados expressivos, se faz necessário também que seu comportamento acompanhe tais cometimentos. Diríamos que, compreender a necessidade de se traçar esse paralelo (desenvolvimento profissional e desenvolvimento espiritual) só foi possível a partir do advento da Doutrina Espírita. Se o pesquisador continua desenvolvendo-se de forma acelerada quanto aos rumos de suas pesquisas, é oportuno saber que, no tempo em que ele não está dedicado aos laboratórios, seu convite é para atuar no desenvolvimento da vida familiar e social.
O que ocorre com um pesquisador pode ser estendido a outros campos de atuação do ser humano. Um profissional que se dedica demais ao trabalho, é convidado também a dedicar-se a Família e ao convívio social. Com o espírita não é diferente: de que adianta dedicar-se diuturnamente à divulgação doutrinária se a vida familiar, social e profissional for negligenciada?
É por isso, dentre infinitos outros motivos, que a terceira revelação, classifica-se como “Verdade”. A verdade revelada pelos Espíritos Superiores mostra uma missão muito maior para cada um de nós, do que aquilo que temos feito no dia-a-dia, absorvidos pela rotina de reclamações, lamúrias e queixumes. Apreenda o que puder, administre o que der conta, viva intensamente os momentos que se tem, para aprender a valorizar aquilo que, de fato, é mais importante: viver e auxiliar o próximo a viver superando os obstáculos que cada um se propôs, seja por provas ou expiações.
18 de abril de 1857 foi o início de uma nova trajetória para a humanidade. Um dos pontos relevantes é saber que a Vida Continua. Sendo que a Vida continua, o que é preciso fazer no presente para que o futuro seja melhor? Confiar, amar, aprender, refletir, refazer caminhos, progredir sempre, sabendo que a ordem dos fatores varia de acordo com a necessidade de cada um. Nisso reside a beleza que faz brotar a compreensão, compaixão e a tolerância em dias melhores.
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