Os Dois Fundamentos (Mateus, 07:24-27)
Arnaldo Rocha |
Arnaldo Rocha |
Antonio Cesar Perri de Carvalho
Há uns tempos ouvi um interlocutor relatando as críticas que faziam a um conhecido dele. Depois de ouvi-las opinou que o personagem montado pelas críticas nada tinha a haver com a pessoa que ele também conhecia.
Esse fato nos veio à mente ao acompanharmos, recentemente, uma entrevista no programa “Roda Viva” (TV Cultura) com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, atendendo à pergunta sobre as continuadas críticas que recebeu dos governos que o sucederam, comentou que ao analisar as informações verificou que em realidade haviam criado um outro “personagem”. E agora o tempo passou…
O episódio remete a registro do conhecido poeta e escritor argentino Jorge Luís Borges, ao escrever o conto: “Borges y yo”, incluído no livro O fazedor:
“Ao outro, a Borges, é a quem as coisas acontecem. Eu caminho por Buenos Aires e me demoro, acaso já mecanicamente, para olhar para o arco de um vestíbulo e porta interna; de Borges tenho notícias pelo correio e vejo seu nome em uma lista de professores ou num dicionário biográfico”. Comenta as diferenças que ele sente entre o Borges que divulgam e ele próprio. Ao final, encerra o conto: “Eu não sei qual dos dois escreve esta página”.
Realmente, além das críticas há também certos endeusamentos. Por ocasião das evocações do cinquentenário de suas tarefas mediúnicas, Chico Xavier respondeu a uma entrevista: “Sou sempre um Chico Xavier lutando para criar um Chico Xavier renovado em Jesus e, pelo que vejo, está muito longe de aparecer como espero e preciso…”1
A resposta de Chico Xavier é muito coerente com sua maneira simples de ser e também com a assertiva de seu orientador espiritual:
“Sem dúvida, estamos muito longe, infinitamente muito longe da perfeição… Cabe, porém, a nós, aprendizes do Evangelho, a obrigação de confrontar-nos hoje com o que éramos ontem e, a nosso ver, feito isso, cada um de nós pode, sem pretensão parafrasear as palavras do apóstolo Paulo, nos versículos 9 e 10, do capítulo 15, de sua Primeira Epístola aos Coríntios: – ‘Dos servidores do Senhor, sei que sou o menor e o mais endividado perante a Lei, mas com a graça de Deus sou o que sou…”2
Evidente que os relatos em pauta devem merecer reflexões e pautadas na questão 621 de O livro dos espíritos: “Onde está escrita a lei de Deus? – Na consciência”, e, também em O evangelho segundo o espiritismo (Cap. VI. Item 8): “O sentimento do dever cumprido vos dará o repouso do Espírito e a resignação”.
Porém frente às provocações e insinuações – típicas do mundo em que vivemos -, vale a reflexão com base em comentário de Emmanuel:
"Se muitos companheiros estão vigiando os teus gestos procurando o ponto fraco para criticarem, outros muitos estão fixando ansiosamente o caminho em que surgirás, conduzindo até eles a migalha do socorro de que necessitam para sobreviver. É impossível não saibas quais deles formam o grupo de trabalho em que Jesus te espera".3
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Arnaldo Rocha |
Qual dentre os senhores
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Que não tome precauções,
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Que, querendo edificar
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Analisando sem parar
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Uma torre em suas terras,
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Se, com dez mil homens,
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Não se põe a planejar,
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Vinte mil possa enfrentar?
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A fazer todas as contas
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Ou de outra maneira:
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De quanto se vai gastar,
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Enquanto a guerra não se faz,
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Para saber se há condição
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Enviando sua embaixada
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Dessa torre edificar?
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Peça-lhe tratados de paz?
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Pois com isso se evita
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E, assim, qualquer de vós
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Ficar em exposição
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Que não queira renunciar
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Por só ter feito os alicerces
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A tudo quanto possua
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Dessa edificação;
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Meu discípulo não será.
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E, não a podendo terminar,
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O sal é bom; contudo,
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Todos os que a virem
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Se sua força acabar,
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Possam fazer zombaria
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Com que outra coisa
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E dele, então, sorrirem,
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Se haja de temperar?
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Comentando desse jeito:
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Ficará sem serventia
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- Este homem começou
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E para a terra, inutilizado;
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A construir uma torre,
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Nem ao monturo servirá,
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Mas não conseguiu e parou.
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E fora será lançado.
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Ou qual seria o rei que,
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Esses ensinamentos
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Estando para sair
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Jesus deixou para o porvir:
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Em campanha contra outro,
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“Ouça aqueles que têm
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Não se prepararia antes de ir?
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Ouvidos prontos a ouvir”.
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Arnaldo Rocha |
Jane Maiolo |