DESAPARECIMENTO DO CORPO DE JESUS
Com base no meu pouco conhecimento e certa curiosidade, eu concordo plenamente; acredito realmente que Jesus veio à Terra como um de nós, submetendo-se voluntariamente às nossas limitações físicas para nos mostrar o caminho do amor puro, incondicional pela humanidade.
Espírito perfeito desde a noite dos tempos, ele sublimou-se para se fazer entender, aos poucos, pelos séculos seguintes, em processo que ainda está longe de terminar.
Já li diversos comentários e conversei com alguns amigos espíritas que entendem não ter Jesus se valido de um corpo físico durante os anos de vida terrena, mas de uma espécie de materialização; isso seria perfeitamente possível, não teria nada de extraordinário, mas eu me pergunto para quê.
Seriam então menos “reais” para ele as agruras da difícil vida naqueles tempos e, principalmente, os suplícios enfrentados nos últimos dias de existência terrena, culminando na crucificação ?
Para entender melhor o assunto, li o primeiro volume da obra de Roustaing, e também o livro Elucidações Evangélicas, de Antônio Luiz Sayão, que trilha o mesmo caminho do sábio de Bordeaux.
Não tenho argumentos pessoais suficientemente elaborados, não posso sequer aproximar-me da erudição desses dois autores, mas, sinceramente, não fiquei convencido.
Talvez eu não tenho entendido inteiramente, faltando-me embasamento para a avaliação devidamente aprofundada.
Mas, o fato é que ainda continuo a olhar para Jesus como um dos “nossos”: espírito encarnado como ser humano materialmente similar a todos nós, porém capaz como ninguém mais de praticar a vontade perfeita do Pai Maior.
Grande abraço fraterno, meu irmão.
Kardec analisa a questão dos agêneres no livro a Gênese e obviamente sigo o pensamento dele . Aprendemos com o mestre lionês que Jesus não era um agênere. Ele tinha um molde (perispirito) do corpo físico o mais puro que conhecemos, o seu psicossoma jamais poderia ser igual ao meu, mas quanto ao corpo físico era material numa etapa e fluídico noutra, vejamos:
Para Kardec o desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina. Segundo outra opinião, Jesus não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres, conforme assinala o item 36 do Cap. XIV Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem.
Kardec explica ainda que a estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos.
Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados.
O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de agêneres, não podem ser mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo.
Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.
Por enquanto é o que posso afirmar.
Um abração
Jorge Hessen