O bem-estar coletivo é mais importante do que o
comportamento individual (Jorge Hessen)
Jorge Hessen
jorgehessen@gmail.com
Brasília
Há estudiosos que atestam que o SARS-CoV-2 se
originou através de processos naturais. Os vírus não são organismos vivos,
portanto, não se pode matá-los com antibióticos, apenas se pode
desintegrar sua estrutura com os diversos métodos higiênicos. O SARS-CoV-2 se
expande com muita rapidez entre os humanos, por isso o isolamento social tem
sido a solução admissível. Apesar de a longa quarentena ocasionar múltiplos
efeitos colaterais, com agravos na economia e nos recursos financeiros para
países, empresas e pessoas, até agora, esta é a principal medida exequível
adotada por quase todos os países do planeta.
Obviamente, as estratégias de confinamento não
afiançam que a pandemia não ocorra em algum lugar, porém desacelera seu
processo de expansão, ocasionando uma incidência menos drástica e mais gradual,
permitindo que as instituições de saúde garantam o atendimento médico.
Para o psicólogo e sociólogo Jocelyn Raude,
especialista em doenças infecciosas emergentes e professor da Escola de Altos
Estudos de Saúde Pública de Rennes, na França, o individualismo e o
"otimismo irrealista" em relação aos riscos de contágio dificultaram
o confinamento social para a prevenção ao coronavírus em países ocidentais. É
verdade, por displicência, tanto na Europa quanto nos EUA, onde as sociedades
são bastante individualistas, causou devastadores efeitos diante da Covid-19.
Em países da Ásia, o bem-estar coletivo é mais importante do que o
comportamento individual. Por exemplo, o uso de máscaras é habitual para
proteger os outros quando alguém está contaminado. Isso é algo pouco frequente
no Ocidente, enquanto na Ásia é praticamente corriqueiro.
No Brasil, algumas vezes ocorreram as
displicências das doenças emergentes, decorrentes das diferentes
epidemias dos últimos anos. Atualmente, já bastante afetado pelo novo
coronavírus, o comportamento dos brasileiros está mudando ante o crescente
número de contaminações e óbitos no país.
Em que pese a estatística, a despeito de tudo e
de poucos desajuizados, há os brasileiros "destemidos irrealistas"
que não levam a sério a devastadora pandemia, batizando-a de “gripezinha”. (Pasmem!) Uma “gripezinha” que já matou no Brasil mais
de 7 mil pessoas em menos de 90 dias. Uma “gripezinha” que em menos de 90 dias matou quase 60 mil pessoas nos
Estados Unidos, portanto, mais do que os 58 mil soldados americanos que
morreram no Vietnã durante os 9 anos da guerra.
Para nós, espíritas, o fato de não se temer a
morte não significa que não damos valor à vida física, tanto que Kardec, na RE
de 1865, cita categoricamente que devemos seguir as medidas sanitárias, ou
seja, o espírita segue as diretrizes e as normas das autoridades públicas,
visando prolongar a vida, não por apego, mas por desejo de progredir e ponto!
É mais do que óbvio que o conhecimento espírita
propicia uma força moral capaz de nos preservar de muitas doenças, porquanto
essa força moral repercute no corpo físico, inclusive no sistema imunológico.
Há diversos estudos que correlacionam o binômio fé/saúde, que não se limita, é
claro, apenas na crença espírita.
Urge aqui refletir na questão solidária em que o
bem-estar coletivo é mais importante do que o comportamento individual. A
solidarização é o “sentimento de identificação com os problemas de outrem, o
que leva as pessoas a se ajudarem mutuamente” (1). Mas, ainda vivemos num
ambiente social de ilusões, de sonhos frustrados, de mentes cansadas, numa
sociedade de manchas morais, de “mentes vazias” e atoladas nas futilidades
modernas, isoladas nas teias do “ego” glacial. Vivemos completamente
mergulhados na vida egocêntrica.
A pandemia que hoje aflige a Humanidade é
resultante do orgulho, do egoísmo e da ausência de solidariedade. A eterna
preocupação com o próprio bem-estar é a grande fonte geradora de doenças,
delírios e paixões desajustantes.
O Espiritismo ensina aos homens a grande
solidariedade que deve uni-los como irmãos. Deste modo, “quando o homem
praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na justiça e na
solidariedade” (2). A recomendação do Cristo “que vos ameis uns aos outros como
eu vos amei”(3) assegura-nos o regime da verdadeira solidariedade e garante a
confiança e o entendimento recíproco entre os homens.
Em época de pandemia ou não, a solidariedade na
vida social é como o ar para uma aeronave, pois o avião, com toda tecnologia,
não voa se não tiver o ar.
A prática desse sentimento vivifica e fecunda os
germens que nele existem em estado latente nos corações humanos. A Terra, local
de provação e de exílio, será pacificada por esse fogo sagrado e verá exercido
na sua superfície a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a
abnegação, a resignação e o sacrifício, virtudes todas filhas do amor e da
solidariedade.
Referências bibliográficas:
[1] Cf. Dicionário
Caldas Aulete
[2] KARDEC, Allan.
O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, pergunta 799
[3] Jo 15.12
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