.

quarta-feira, 4 de março de 2015

DA FLORESTA DENSA AOS CAMPOS FLORIDOS

"Há muito tempo comecei uma longa jornada numa floresta bem densa, escura e cheia de feras vorazes e obstáculos imensos, ainda que uma muito tênue chispa divina me incentivasse a ergue-me.
Passei longo período aprisionado nas garras do egoísmo e do orgulho. O mesmo ocorreu ante a violência, a indolência e afins. Tais feras barravam-me, vendavam-me, o caminho para a perfeição.
Depois, inúmeras vezes fiquei paralisado ante as fortes correntezas das emoções desenfreadas. Amei e/ou odiei de modo irracional. Tais sentimentos eram fluxos fortes que me levavam de roldão, pois era fraco, vacilante.
Igualmente estanquei em incontáveis ocasiões ante abismos de preconceitos, abismos estes que eu mesmo erigi nas vãs crenças de superioridade racial, cultural, religiosa, etc. Pratiquei e sofri crimes, até genocídios por tais engodos. Ora espoliando, ora sendo espoliado, escrevi trágicas páginas. Incontáveis vezes pratiquei o sumo contrassenso de guerrear "em nome de Deus".
Enredei-me nas teias dos excessos à mesa, no campo da sexualidade e de várias maneiras entorpeci-me. Ora ávaro, ora gastador, ora materialista, ora fanático, ora alienado, ora fascinado pelo dinheiro e poder.
Encontrei irreais "oásis" de luxo, os quais com o tempo se transformaram em masmorras de ideias bitolantes, alucinantes.
Deparei-me e estanquei ante o cipoal dos hormônios. Quanto mais procurava me desvencilhar, mais preso a eles ficava, pois repito minha disposição para o bem, ainda fraquíssima. Era um fantoche, um reles servo ante minha própria bioquímica.
Outras muralhas bem altas foram as falsas ideologias, os modismos e concepções rasas, que tudo "permitiam" e que me arrastavam feito folha no rio. Sem refletir, seguia a turba ensandecida.
Nesse contexto, de seguir a maré, se não fiz o mal, também abdiquei de fazer o bem me aprisionando em diversões bobas, vãs, sem o menor valor estético, menos ainda ético. Recusei ajuda, refutei guias bem-intencionados. Preferi atalhos, que com o tempo, mostraram-se tortuosos, escuros e cheio de armadilhas. Por longos períodos fiquei grudado no lodo dos vícios de toda espécie. Ficava preso ao solo pela lama dos instintos. E igualmente, fraco que eu era, recaídas foram comuns.
Ora o vento gélido da indiferença alheia fez-me gemer de dor, ora as labaredas de críticas aturdiu-me. Mas não julgo, pois não raro, fiz o mesmo, num grau, quiçá, mais elevado. Vivia no mais intenso breu. Escuridão da vaidade, da indolência, da ira. Minha visão era turvada pelos atavismos, vícios e rivalidade milenares.
Todos esses desafios foram-me altamente complexos quase insuperáveis. Todavia, nenhum deles foi maior que confiar num irmão. Fosse ele pai, irmão, chefe, cônjuge, membro de outra nação e/ou via nele, e somente nele, as causas de minhas frustrações, raivas, taras irrealizadas.
O enxergava como algo semelhante a um polvo que com mil tentáculos com os quais me aprisionava, tolhia-me a livre locomoção. Se eu agia furiosamente era porque ele me provocava. Se enganava e era avarento é porque outrora fora ludibriado e espoliado Se era eu indolente, era porque já sabia ser inútil tentar avançar ante tal poderoso adversário e assim por diante.
Numa insana e ilógica inversão me inocentava-me de tudo, culpando sempre a Deus, governos, parentes, hormônios. Somente quando quis ter a humildade de reconhecer que as raízes dos meus males estavam em mim, e só em mim, tudo começou a clarear. Esta foi a mudança radical que me deu novos rumo. Passei a ver
o outro não como arqui-inimigo, mas como o melhor dos mestres que me ensinava a perdoar, relevar, e entender.
E vi que os antigos "tentáculos", eram na verdade, setas, indicações para a boa senda. Eram colos maternais que me conduziam a luminosas paragens. Daí, com o tempo, de tanto penar, passei a querer, realmente, depura-me. Aquela, outrora tênue chispa celeste, passou a se incandescer. Fortaleci meu desejo de perseverar na senda do bem.
Assim, paulatinamente e com grande esforço, venci feras, transpus vales, rios bravios e paredões. Como reflexo dessa radical mudança íntima, meu exterior, outrora grotesco, embelezou-se.
E desse modo gradual, a densa floresta cedeu lugar a floridos e iluminados campos. O sol e as constelações, que metaforicamente são Jesus e Seus enviados, passaram a ser infalíveis guias.
Hoje sei que tais desafios não tiveram como palco uma floresta (ou ilha, deserto, mar bravio ou qualquer outro habitat), mas foram travados dentro de mim. E igualmente hoje tenho plena consciência que tal monstro, longe de ser outra criatura, era o meu próprio EU e meus enormes vícios (ódios, inveja, agressividade, orgulho).
E agora vejo que os protagonistas desse embate foi uma faceta minha muito primitiva e outra que tencionava enobrecer. E que com o passar do tempo, a segunda se sobrepor-se a primeira.
Evolui sobremaneira, sei disso. Mas tenho plena consciência que minha jornada rumo à perfeição é longa, talvez infinita. Mas não me importo. Estou decido a perseverar na trilha do bem. E como sei que sou eterno e que ser copartícipe no governo do universo é meu destino inexorável, ainda que leve eras e mais eras continuarei a despojar-me de ranços, vícios e afins.
E assim, deixarei de vez a floresta sombria rumos a lindos jardins do SENHOR ".
Amigos, tudo bem? A historieta acima é uma reles tentativa de ampliar a bela e profunda oratória do senhor Jorge Hessen no tocante ao complexo, ao complicado, ao tortuoso trilhar humano rumo à perfeição.
Trilhar essa senda repleta de entraves, avanços e recaídas e no qual inúmeras barreiras aparecem não fora, no mundo exterior, mas no íntimo mais recôndito de cada um de nós.
Mas como sempre também diz-nos outro grande orador, o senhor Osmar, tal jornada sempre tenderá ao pleno êxito no final, leve o tempo que levar.
FIQUEMOS COM DEUS.
A EQUIPE DO G.E.Meimei

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home