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sábado, 28 de fevereiro de 2015

"SÃO FRANCISCO DE ASSIS" ( SÍNTESE BIOGRÁFICA VERSIFICADA / ARNALDO ROCHA)

Arnaldo Rocha 


Giovanni di Pietro di Bernardone
Nasceu entre os anos 1181 e 1182,
Em Assis, região da Úmbria na Itália.
E seu pai, algum tempo depois,
Ao voltar de uma viagem,
Decidiu então modificar
O seu nome para Francisco,
E alguns querem acreditar
Que foi em homenagem à França,
País onde seu pai, como comerciante,
Fazia muitos bons negócios
Nesse seu trabalho de viajante.
Seu pai, Pietro di Bernardone,
Foi casado com Monna Pica,
Possivelmente natural de Provença,
Cidade que na França fica.
Segundo Tomás de Celano,
Que primeiramente biografou
A vida de Francisco de Assis
Em seus escritos registrou
Que as primeiras palavras
De ternura e afetividade
Ouvidas pelo menino Francisco
Foram francesas na realidade.
A maioria de seus biógrafos
Afirmou com convicção
Que Francisco de Assis
Recebeu adequada formação
E primorosa educação cristã
Ministradas com dedicação
Pelos padres de São Jorge;
Mas as qualidades do coração
Vieram-lhe de sua mãe
Cristã, meiga e fervorosa,
Toda dedicada à família
Em atitude sempre amorosa.
Seu pai, um rico comerciante
Que com tecidos negociava,
Permitiu-lhe ter, desde a infância,
Muito mais do que ele precisava.

1
Cedo com seu pai aprendeu
A usar a sua inteligência
Na difícil arte do comércio,
O que fazia com proficiência.
Francisco foi um jovem alegre,
Amante de festas e de musicais,
Com muito dinheiro para gastar
Na realização de seus ideais.
Adorava participar de banquetes
E de noitadas de diversão
Cantando serenatas noturnas
Para as damas daquela região.
Nessa época, Francisco,
Com toda a sua vivacidade,
Transformou-se em um ídolo
Para os jovens de sua cidade.
Mas ainda assim ele buscava,
Como todo homem idealista,
Alguma coisa que lhe faltava
Nessa existência imediatista.
Provou de todos os prazeres
Que a sua condição oferecia
E, por mais que não quisesse,
Uma insatisfação ele sentia...
Teve à sua disposição sucesso
E prestígio junto aos seus;
Mas como veremos adiante
Ele preferiu a glória de Deus.
Em 1198 aconteceu em Assis,
Devido à desigualdade social,
Uma grande revolta do povo
Contra os nobres daquele local.
Francisco com muitos jovens
Tomaram assim uma decisão
E partiram em defesa do povo,
Iniciando uma grande rebelião.
Perugia, a cidade vizinha,
Em socorro dos nobres,
Enviou um forte exército
Para lutar contra os pobres.

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Nessa luta sangrenta,
Francisco acabou aprisionado
Junto com seus companheiros
Por esse exército bem armado.
De 1203 ao ano de 1204,
Francisco no cárcere ficou,
E sua libertação só se deu
Porque seu pai por ela pagou.
Doente e muito enfraquecido,
Voltou para a sua cidade natal
E, depois de algum tempo,
Empenhou-se em outro ideal.
A igreja procurava voluntários
Para que pudessem defender
Os seus imensos territórios
Que a mesma estava a perder.
Francisco bastante inspirado
Por histórias emocionantes
De heróis e valentes cavaleiros,
Inscreveu-se naquele instante
E, com a melhor armadura,
Preparou-se para seguir
Rumo ao local da batalha
Que estava preste a ruir.
Logo na primeira noite
Depois de sua partida
Da cidade de Espoleto
Onde a tropa estava reunida,
Francisco, mais uma vez
Com febre, doente ficou
E ouviu o Pai Celestial
Que logo lhe perguntou:
“Francisco, a quem deves servir,
Ao Senhor ou ao servidor?”
E Francisco respondeu
Sem vacilar: Ao Senhor.
E, mais do que imediatamente,
Questionou-lhe o Senhor:
“Então, por que trocas
O Senhor pelo servidor?”

3
Francisco, naquele momento,
Finalmente, compreendeu
Que somente deveria servir
Ao único e bondoso Deus.
Abandonou o seu ideal
De cavaleiro e retornou
Para a cidade de Assis
Aonde humilhado chegou.
Francisco, no seu dia-a-dia,
Foi aos poucos se transformando.
Passava muitas horas sozinho
E à oração foi se habituando.
Quando encontrava um mendigo,
Doava o que tinha no momento,
Consciente de que dessa forma
Estava a aliviar o seu tormento.
Francisco, em sua conversão,
Sofria de dúvidas e fraquezas
Que atingiam os seres humanos
Com todas as asperezas.
Num determinado instante
De dificuldades em sua vida,
Francisco encontrou um leproso
Coberto de purulentas feridas
E, diante do horror das chagas
Que exalavam desagradável odor,
Francisco pensou em fugir;
Mas, movido por grande amor,
Superou todos os obstáculos
E, voltando-se para o leproso,
Ele o abraçou e beijou
Mostrando-se muito caridoso.
Esse acontecimento o marcou,
E foi a experiência primeira
Que entrou em seu testamento
Descrito dessa maneira:
“Pois o que antes era amargo
A partir de agora se converteu
Em doçura da alma e do corpo.”
Foi o que Francisco escreveu.

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Ele dedica-se a dar esmolas
E passa até a ofertar
As roupas que utilizava
Para quem estivesse a precisar;
Passa a ter várias visões
E começa a desprezar
O dinheiro e a vida mundana
Que antes ficava a valorizar.
Em uma outra oportunidade,
Francisco achava-se em oração
Numa capela quase destruída
Na igreja de São Damião
E, quando olhou o crucifixo
E as paredes caídas ao redor,
Compreendeu o pedido de Deus
Dirigido ao servo menor
Que dizia em seu íntimo:
“Francisco reconstrói a minha igreja!”
Era a resposta para a missão
Que ele recebera ali, então.
Para reconstruir a igreja
Francisco usou na ocasião
O dinheiro do próprio pai
Sem que ele lhe desse permissão.
Este, já bastante enfurecido
Pelo que estava acontecendo
E prevendo o grande risco
De seu patrimônio ir perdendo,
Abriu então um processo
Para acusar seu sucessor
Perante o bispo da comarca
De irresponsável e esbanjador.
Diante de todas as acusações
Que ao rosto seu pai lhe lança,
Francisco tomou a decisão
De renunciar à vultosa herança.
Tirou as próprias vestes
E as devolveu ao pai dizendo
Em frente aos que estavam
Reunidos naquele momento:

5
“De hoje em diante,
Tenho um pai somente,
O Pai nosso do céu!”
E logo saiu do ambiente...
Depois da igreja de São Damião,
Francisco também restaurou
A igreja de São Pedro.
E esse trabalho continuou
Na igreja de Santa Maria dos Anjos,
Que era conhecida na ocasião
Como “porciúncula”, ou seja,
Uma pequena porção de chão.
Francisco decidiu, entretanto,
Permanecer naquele lugar
Armando ao lado uma choupana
E por algum tempo ficou por lá.
A partir desse momento
Francisco chegou a conclusão
De restaurar não só igreja de pedra,
Mas sim a igreja de cada coração.
No decorrer de uma missa,
Uma lição evangélica o induz
A compreender e aceitar
Porque os discípulos de Jesus
Não devem possuir ouro,
Nem prata em qualquer porção
Nem duas túnicas, nem sandálias...
Que devem pregar a paz e a conversão.
Logo no dia seguinte,
O povo de Assis o viu chegar
Não mais com roupas de eremita,
Pois ele estava a se trajar
Com uma túnica simples,
Presa por uma corda a sua cintura
E com os pés descalços,
Assumindo uma nova postura.
A todos que encontrava
Ele ia logo falando:
“A paz esteja com vocês!”
E seguia caminhando...

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Nessa sua nova vida,
Francisco passa a pregar
O Evangelho de Jesus
Em Assis e por todo lugar.
Falava e agia com tanta fé
Que aqueles que anteriormente
De sua pessoa zombavam
Agora o ouviam respeitosamente.
As palavras de Francisco
Foram tocando os corações
E assim o quis o bom Deus
Que se iniciassem as conversões.
O primeiro foi Bernardo,
Um nobre rico e seu amigo,
Depois veio Pedro Cattani
Para seguirem juntos consigo.
Estes dois convertidos
Pertencentes a classe dos nobres
Pegaram tudo o que tinham
E doaram para os pobres.
O grupo foi crescendo
E, quando chegou a 12 irmãos,
Francisco decidiu ir a Roma
E pedir ao Papa uma autorização
Para que pudessem viver
Da maneira mais pura
Seguindo o Evangelho de Jesus
E enfrentado toda agrura.
O Papa, na oportunidade,
Fez uma consideração
Dizendo que seria uma vida dura
Porém deu a sua permissão.
E da mesma forma, autorizou
Que eles pudessem propagar
Os ensinamentos de Jesus
A quem os quisesse escutar.
Durante o período da visita,
O Papa Inocêncio III
Teve um sinal profético
E reconheceu naquele companheiro

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O homem que, em seu sonho,
A igreja do Cristo segurava
E como uma forte coluna
Por todos os lados a amparava.
Aprovada no ano de 1210,
Surge a Fraternidade dos Irmãos Menores,
A Primeira Ordem
Movida por sentimentos maiores
E por uma regra breve e singela
Cujas diretrizes principais
Eram a pobreza e a humildade
Abraçadas como ideais.
A Ordem Franciscana foi criada
Como uma ordem de irmãos
Para viver e pregar o evangelho
No dia-a-dia como uma missão.
Não era uma ordem clerical
Como outras que já existiam
Com sacerdócio organizado
Que certamente as mantinham.
Pois que o irmão Francisco
Não tinha essa intenção,
Nem tampouco os primeiros frades
Desejavam essa condição,
Porém, ingressaram na instituição
Durantes aqueles anos
Muitos sacerdotes formados
Desejando ser franciscanos,
Algum tempo depois,
Quando Santo Antônio chegou
E como professor de teologia
Na ordem franciscana entrou,
Começou a ensinar teologia
Aos frades da instituição,
E vários deles passaram
A se ordenar sacerdotes, desde então.
Mais tarde, devido às necessidades
Que a igreja teve que enfrentar
Muitos frades franciscanos
Passaram a se ordenar,

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Mas até os dias de hoje
Dentro dessa instituição,
Frades sacerdotes e não sacerdotes
Convivem como irmãos,
Cada um exercendo a sua função.
Essa condição se consolidou
Como um dos mais belos aspectos
Dessa ordem que Francisco criou.
Essa ordem também se dividiu
Em três ramos ou caminhos:
A Ordem dos Frades Menores,
Dos Conventuais e dos Capuchinhos.
Além da 1ª Ordem Franciscana,
Francisco também fundara
A 2ª Ordem Franciscana
Ou Ordem de Santa Clara,
Abrindo assim a vivência
Dos ideais franciscanos
Para todas as mulheres
Que buscavam os divinos arcanos.
Esse ramo feminino
Foi por uma mulher iniciado
Com o nome de Clara Offreduccio
Que por ele tinha procurado.
Admiradora de Francisco,
Essa jovem de firme atitude
O conhecera bem antes
Como o “Rei da Juventude”
E passou a admirá-lo mais ainda
Quando se tornou um pregador
Da alegria, da paz, da pobreza
E da grandeza do amor do Senhor,
Não só através de palavras
E das emoções sentidas,
Mas dando principalmente
O exemplo da própria vida.
Era isso precisamente
O que a jovem Clara almejava,
Insatisfeita com os esplendores
Da vida nababesca que levava,

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Ela que tinha a sua disposição
Um enlace matrimonial
Encaminhado por seus pais
Com um nobre de família real.
Clara sonhava com uma vida
Cheia de sentido e realização
Que lhe trouxesse felicidade
E bastante satisfação.
Dessa forma, concluiu
Que a maneira de vida
Dos frades franciscanos
Era a sua preferida.
Depois de muitas conversas
Que com Francisco ela entabulou,
No domingo de Ramos de 1212,
Durante a noite, sua casa deixou.
Saindo sorrateiramente,
Seguida de uma amiga querida
E de sua prima Pacífica,
Pretendendo uma nova vida,
Foram ao encontro de Francisco
Que com os frades as aguardaram
Na igreja de Santa Maria dos Anjos,
Para onde se encaminharam.
Estando frente ao altar,
Francisco a jovem chamou,
Pegou uma grande tesoura
E os cabelos dela cortou.
Depois que Francisco
Os cabelos da moça cortara,
Ele cobriu com um véu
A cabeça da jovem Clara.
Era sinal de que a donzela
Fizera a sua consagração
Como esposa de Jesus Cristo
Naquela bendita ocasião.
Nem as lágrimas dos seus pais,
Nem a ira dos parentes
Conseguiram demovê-la
De seus desejos ardentes.

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Poucos dias depois,
Sua irmã Inês também chegou
Para assumir o mesmo ideal
Que Clara naturalmente abraçou.
Alguns anos mais tarde,
Sua mãe de nome Ortulana
E a sua outra irmã Beatriz
Entraram para a ordem franciscana,
Indo morar com Clara
No conventinho de São Damião
Que foi o primeiro domicílio
Dessa mais nova ramificação.
Com o correr dos anos,
Várias rainhas e princesas
Vindas do seio da nobreza
Junto com humildes camponesas
Ingressaram naquele convento
Para viver em conformidade
Com o Evangelho de Jesus,
Em amor e sinceridade.
Muitas vieram a ser tornar
Grandes exemplos de santidade
Não só para toda a igreja
Como para toda a cristandade.
A ordem das Irmãs Clarissas
Adotou um estilo de vida
De contemplação e enclausuramento
Como uma prática preferida.
Elas não têm normalmente
Atividades junto à população,
Dedicando-se ao trabalho do mosteiro,
À oração e à meditação.
Por volta do ano de 1220,
Francisco resolveu criar
A Terceira Ordem, ou
Ordem Franciscana Secular.
Com o objetivo principal,
Previsto em seus postulados,
De receber em suas fileiras
Homens e mulheres casados,

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Os franciscanos seculares
Constituem por sua formação
Uma verdadeira Ordem na Igreja
Reconhecida por sua ação.
Apresentam uma forma de vida
Chamada por todos de Regra,
Que é acolhida em todo mundo
E a grande família franciscana integra.
A Terceira Ordem Franciscana
É constituída em muitos lugares
Por fraternidades abertas
A todos os cristãos seculares.
Nelas há lugar para jovens,
Casados, viúvos, clérigos,
Para homens e mulheres,
Mesmo que sejam leigos,
Pessoas de todas as classes,
Raças e variadas profissões
Que queiram viver o Evangelho
De acordo com as suas lições
E segundo o exemplo de Francisco,
Esse grande servidor
Que fez de Jesus Cristo
O seu Mestre e Senhor.
A Ordem Franciscana Secular
Se articula em fraternidades
De níveis locais, regionais,
Nacionais e internacionais.
E toda fraternidade,
De qualquer que seja o padrão,
Goza de autonomia econômica
E financeira em sua gestão.
Porém as fraternidades,
De uma maneira formal,
São coordenadas e ligadas entre si
Por uma coordenação geral,
Pelo estipulado na Regra,
Nos estatutos e no ritual
Que a instituição franciscana
Estabeleceu de modo natural.

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As relações existentes
Entre a Ordem Franciscana Secular
E a Juventude Franciscana
São marcadas de forma singular
Pelo espírito de comunhão
Recíproca e naturalmente vital
Que as envolvem mutuamente
Na busca do mesmo ideal.
A Juventude Franciscana,
Nesse contexto modular,
Encontra a sua realização natural
Na Ordem Franciscana Secular.
A padroeira da Terceira Ordem
É Santa Isabel da Hungria,
E o trabalho dessa ordem
É motivo de realização e alegria.
A Ordem Franciscana cresceu
E, em 1219, houve grande expansão,
Para o Marrocos, França, Espanha,
E também para a Hungria e Alemanha.
No decorrer desse ano,
Francisco viaja em direção
Aos países do Oriente
Cumprindo com sua missão,
E durante sua ausência,
Algumas regras existentes
Foram modificadas por vigários
Que agiram sub-repticiamente.
Nesse mesmo ano de 1219,
Francisco, ao retornar do Oriente,
Demite-se da direção da Ordem
Por essa atitude incoerente.
Com o crescimento da Ordem,
Que já contava na verdade
Com quase 5.000 frades em 1221,
Foi escrita, nessa oportunidade,
Pelas mãos de Francisco,
Em 29 de novembro de 1223,
Uma nova regra para a Ordem
Que foi aprovada, desta vez,

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Pelo papa Honório
E vigora até os dias atuais.
Seu trabalho devocional
E suas ações fraternais
Ficaram em sua história
Para sempre registrados.
Embora para Francisco
A velhice não tenha chegado,
Com o passar do tempo
O seu corpo frágil se debilitou
Por uma doença nos olhos
Que quase cego o deixou.
Embora muito enfermo,
Esteve sempre em prontidão
Para realizar seu trabalho,
Principalmente o de evangelização.
Em determinados períodos,
O irmão Francisco se isolava
E, nesses momentos especiais,
Ele muito orava e jejuava.
Num desses instantes,
Estando num monte elevado
Com o nome de monte Alverne,
Rochoso e muito escarpado,
O bom Deus quis que ele,
Que tanto buscou se assemelhar
Ao divino Mestre Jesus,
Pudesse assim provar
Do imenso sofrimento
Que o Mestre divino passou
Quando o governo de Roma
Em uma cruz o imolou.
Recebeu em seu próprio corpo
Todos aqueles ferimentos
Que se mantiveram abertos
Até os seus últimos momentos,
Sendo para sua pessoa
Um presente abençoado
Que a divina providência
Havia lhe ofertado.

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Quando desceu do monte,
Ele montou em um burrinho,
Pois estava muito debilitado
Para seguir à pe o seu caminho.
Quando se aproximou da cidade,
As multidões já o esperavam
Composta de pobres e doentes
Que a sua benção aguardavam.
Esse fato aconteceu,
De acordo com os registros,
Em 17 de setembro de 1224
E dessa forma foram descritos.
Os últimos manuscritos
Que o irmão Francisco fez
Foram escritos por ele
Nos anos de 1225 e 1226.
Dentre essas preciosidades,
Temos o Testamento
E o Cântico das Criaturas,
Que a seguir citaremos:
“Louvado seja Deus pela irmã Natureza,
Mãe amorosa de inimitável beleza,
Que sustenta todas as criaturas;
Pelo irmão Sol tão grandioso
Que generoso oferta das alturas,
A energia que para a Terra irradia,
Criando em sua glória – a luz do dia!
Louvado seja Deus pela irmã Lua,
Que encanta a noite com seu luar
E pelas Estrelas que no céu tão belas,
Claras e preciosas estão a cintilar.
Louvado seja Deus pela irmã Nuvem
Que há de dar-nos a chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que ressoa e rola.
Louvado seja Deus pela irmã Água,
Bondosa, casta e de grande utilidade,
Que brota humilde e a todos se oferece
Prestando um bom serviço a humanidade.

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Louvado seja Deus pelo irmão Fogo
Que rebrilha no lume tão ardente,
Tão forte, que alumia a noite escura,
E tão amável, que aquece a gente.
Louvado seja Deus pelos seus primores,
Pela irmã e mãe Terra de esplendores,
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.
Louvado seja Deus pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;
Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.
Louvado seja Deus pela mãe querida,
E pela Natureza que fez bela e forte:
Louvado seja Deus pela irmã Vida;
Louvado seja Deus pela irmã Morte.”
Nos dois últimos anos de vida,
Passa por diversas cirurgias
Desejando ficar bom dos olhos,
Porém não conseguiu o que queria.
Pouco antes de morrer,
De passagem por São Damião
Para despedir-se de Clara e suas irmãs,
Seu estado sofreu uma agravação.
Foi recolhido a uma choupana
Que perto da Porciúncula ficava
E, no dia 3 de outubro de 1226,
O seu último suspiro exalava.
Antes de seu passamento,
Francisco pede a um irmão
Que o dispa naquele instante
E o coloque nu sobre o chão.
Segundo alguns biógrafos,
O Salmo 142 ele foi recitando
Acompanhado pelos irmãos
E deixou o mundo cantando.
De acordo com outros
Que biografaram esse irmão,
Francisco veio a falecer
Ouvindo o Evangelho de João.

16
Morreu no dia 3 de outubro,
Na noite do sábado de 1226,
Aquele que se doou ao Cristo
Vivendo o evangelho por sua vez.
No dia 4 de outubro de 1226,
Francisco foi sepultado
Na Igreja de São Jorge em Assis
E em 1228 ele foi canonizado
Pelo papa Gregório IX.
O dia do seu sepultamento
É o dia de São Francisco,
Como é do conhecimento.
Em 25 de maio de 1230,
Os seus ossos são retirados
Da Igreja de São Jorge
E para uma nova Basílica são levados,
A Basílica de São Francisco,
Que nos tempos atuais
Está sob a responsabilidade
Dos Frades Menores Conventuais.
A história de São Francisco
É repleta de situações
Envolvendo os animais
Nas mais diferentes condições.
Temos a história da cigarra,
Das ativas abelhas, do falcão,
Do terrível lobo de Gúbio,
Dos passarinhos e do faisão.
Mas vamos agora narrar
Uma história acontecida
Numa cidade chamada Gúbio
Que no mundo ficou conhecida.
Na floresta da região
Que circundava a cidade,
Existia um grande lobo
Conhecido por sua ferocidade.
Esse lobo terrível
Que vivia neste lugar
Já tinha matado animais
E alguns homens por lá.

17
Os habitantes dessa cidade,
Já bastante apavorados,
Construíram altas muralhas
E também andavam armados.
Quando Francisco chegou
Para uma visita à cidade,
Percebeu o medo do povo
Em meio a tanta intranquilidade.
Então o irmão Francisco
Ofereceu-se para ajudar
Indo ao encontro do lobo
Que amedrontava aquele lugar.
Foi sozinho e desarmado
Cheio de bondade e simpatia,
Ao encontro desse animal,
E, em plena luz do dia,
O dito lobo de fato
Apareceu nessa ocasião,
Raivoso e de boca aberta
Dirigindo-se a esse irmão.
Ao se aproximar de Francisco,
Percebeu suas boas intenções
E, a partir daquele momento,
Não esboçou mais reações.
Durante algum tempo
O lobo ficou paralisado
Com a bondade daquele homem
Que o tinha procurado.
Segundo dizem, aconteceu
Que o lobo na oportunidade
Levantou a pata da frente
Demonstrando a sua amizade.
Francisco pegou sua pata
E um pacto com o lobo fez
Para que o mesmo abandonasse
Aquela vida de uma vez,
E que não mais atacasse
Nenhum homem ou animal,
Pois que seria alimentado
Pela comunidade local.

18
O lobo seguiu Francisco
Em sua volta à cidade,
Manso e domesticado
Como um cachorro de verdade.
Os citadinos perderam a raiva
E o medo daquele animal
Passando a tratá-lo com respeito,
Protegendo-o de todo mal.
Ainda hoje existe em Gúbio
Um sarcófago de pedra, lavrado,
Onde os ossos desse lobo
Foram então depositados.
E agora para encerrarmos
Esta biografia com emoção
Relembremos a “Oração da Paz”
Atribuída a esse irmão,
Porém de autoria desconhecida,
Surgiu em 1912, pela primeira vez,
Numa revista local da Normandia,
Pertencente ao território francês.
Apesar desta constatação,
Esta prece, através dos anos,
Tem refletido em sua pureza
Todos os ideais franciscanos:
“Senhor,
Fazei-me instrumento de vossa paz!
Onde houver ódio
Que eu leve o amor.
Onde houver ofensa
Que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia
Que eu leve a união.
Onde houver dúvidas
Que eu leve a fé.
Onde houver erro
Que eu leve a verdade.
Onde houver desespero
Que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza
Que eu leve a alegria.
Onde houver trevas
Que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais:
Consolar que ser consolado;

19
Compreender que ser compreendido;
Amar que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive
Para a vida eterna.”


Bibliografia

Referências:
■ http://www.ciofs.org/doc/sf97ptf1.htm
■ http://www.culturalbrasil.pro.br/canticodascriaturas.htm
http://www.fradesmenoresconventuaisrj.locaweb.com.br/novosite/htm/oracoesfrancis
canas.htm
■ http://www.franciscanos.org.br/carisma/tresordens/primeiraordem.php
■ http://www.franciscanos.org.br/noticias/noticias_especiais/francisco_05/01.php
■ http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia.php?c=57
■ http://www.procasp.org.br/capitulo.php?ccapitulo=29

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