Luciano dos Anjos e Newton Boechat, entre outros, fazem parte do grupo de roustainguistas que aceitaram Ubaldi como sucessor de Roustaing, e, constrangidos com a publicação de "Cristo", rejeitaram essa obra de Ubaldi. A obra "Cristo" foi a última das 24 obras escritas por Ubaldi e foi concluída poucos meses antes de sua desencarnação, no início da década de 70. Portanto, para os roustainguistas, não dava mais tempo e nem era oportuno rejeitar Pietro Ubaldi depois de elogiar suas 23 obras anteriores! Só que Luciano dos Anjos, Boechat e outros, pelo menos nesse caso, constataram o óbvio, ou seja, perceberam que a obra ubaldiana "Cristo" é um conjunto de postulados ANTI-ROUSTAINGUISTAS. Situação difícil, não é verdade?! O que fazer?! Luciano e Boechat passaram a repudiar a obra "Cristo" e Luciano chegou a afirmar que " Simão Pedro havia negado Jesus por segunda vez". Essa afirmação é calcada na crença que ubaldistas e roustainguistas compartilham de Pietro Ubaldi ser a reencarnação do Apóstolo Pedro.
Outros roustainguistas/ubaldistas, como J. Damas Martins e Julio Couto Damasceno (autores de "Para Entender Ubaldi"), fazem parte do grupo que aceita integralmente ambos autores, incluindo a obra "Cristo", por mais que essa obra represente uma perfeita antítese de várias propostas roustainguistas. Vale registrar que na obra "Para Entender Ubaldi", os autores J. Damas Martins e J. C. Damasceno incluem a obra "Cristo" no grupo das cinco principais obras de Pietro Ubaldi (que são ao todo 24 obras), ou seja, "Cristo" é parte constituinte da "coluna vertebral" do pensamento ubaldiano (o que também era, aliás, o pensamento do próprio Ubaldi). Tal correlação só é possível com um grande "malabarismo doutrinário", o que quer dizer que a clareza e objetividade Kardeciana são substituídas com ambiguidades, relativismos, hipóteses meramente filosóficas etc. Uma "confusão avançada" que forma uma "colcha de retalhos" doutrinária, denotando esquecimento do ensino de Jesus: "Não se põe remendo de pano novo em vestido velho".
Além da tentativa de difusão de uma "diminuição" da estatura intelecto-moral de Kardec e de sua obra, outra ferramenta que ambos os grupos tem utilizado para introduzir Ubaldi e/ou Roustaing no Movimento Espírita consiste em atacar, ou pelo menos "relativizar"(em interesse próprio, isto é, com um fim direcionado para facilitar a "amarração doutrinária" entre Roustaing, Ubaldi e Kardec) o princípio da "Universalidade do Ensino dos Espíritos". Luciano dos Anjos fez isso e muitos ubaldistas e roustainguistas têm seguido essa linha.
O fato é que nenhum outro autor mediúnico ou supostamente mediúnico, além do próprio Ubaldi, defende os conceitos de "sistema", "anti-sistema", "monismo" etc. Será que todos os outros médiuns respeitáveis espíritas e espiritualistas estão completamente errados e somente Ubaldi/"Sua Voz" está certo?! E, além do mais, tais conceitos não têm nada a ver com as propostas de Roustaing. As semelhanças entre ambos estão concentradas nas explícitas influências católicas de ambos, o que os levou a abraçar a chamada "Queda Espiritual".
No entanto, do ponto de vista da metodologia de elaboração do texto existe uma diferença básica entre as obras de Roustaing e Ubaldi. De fato, o texto de Roustaing foi elaborado, basicamente, através de fenômeno mediúnico, ou seja, a médium Emilie Collignon tinha, a priori, uma mediunidade ostensiva e estava, juntamente com seu mentor J.B. Roustaing, obsediada por espíritos católicos, que queriam destruir o Espiritismo. Já com Ubaldi o processo é diferente, pois ele não possuía uma mediunidade ostensiva. Assim, mesmo que Ubaldi estivesse influenciado pelos mesmos Espíritos autores da obra de Roustaing, a transmissão integral das ideias dos referidos Espíritos não era garantida totalmente, em função das ideias pessoais do próprio Ubaldi (portanto a contribuição consciente e/ou anímica de Ubaldi impediria uma transmissão total das ideias de interesse dos comunicantes). Em vários livros de José Amaral, Clóvis Tavares, e outros biógrafos de Ubaldi (inclusive na própria obra de Pietro Ubaldi, "Noúres"), fica claro que Ubaldi só escrevia, supostamente de forma mediúnica, no seu quarto pessoal, na sua escrivaninha, no mesmo horário (altas horas da noite) e com uma série de condicionamentos e familiaridades que não são necessários, de maneira nenhuma, a verdadeiros médiuns ostensivos! É fácil constatar isso lembrando de Chico Xavier, Yvonne Pereira, Divaldo Franco e tantos outros médiuns ostensivos!
Portanto, Ubaldi publicou "Cristo", um livro profundamente anti-roustainguista, mesmo que esse não fosse o objetivo do autor italiano. Nesse contexto, os roustainguistas, que escolheram Ubaldi como o sucessor de Roustaing, passaram a ter um grande problema! E que permanece até hoje, exigindo dos mesmos várias manobras, tais como a diminuição de Kardec e a flexibilização do controle proposto por Kardec através da "Universalidade do Ensino dos Espíritos".
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