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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

AS LUAS DE MARTE e etc.


Nota de esclarecimento: 
“O artigo abaixo trata-se do exercício natural do direito que cada qual tem de pensar por si mesmo e de abraçar os pontos de vista que lhe parecem os melhores. Não me compete censurar opiniões, ainda mesmo que eu, Jorge Hessen, não defenda pessoalmente tais concepções  do texto. 
Assim, deixamos aos leitores do meu blog em O Rebate o encargo de analisar tudo quanto o autor expõe ou sugere a seguir, pois o mesmo direito que tem o articulista de argumentar , temos todos o mesmo direito de refutar , de aceitar, ou não, os seus argumentos.” 


Em uma de minhas rotineiras palestras, num dado instante, um dos participantes, levantando o dedo para participar do tema em questão, esteve a expressar sua opinião sobre o referido, quando, para exemplificar, passou a citar os equívocos de doutrinas paralelas (de escritores e médiuns), e a propalar que o Espiritismo de Kardec é impoluto, isento de defeitos e se sobrepõe a tudo e a todos. 


Após ouvi-lo prudentemente, e até mesmo desviando um tanto do tema que ocasionalmente palestrava, estive, forçosamente, e serenamente, a corrigi-lo, mostrando-lhe que tudo em nosso Mundo, sobretudo no campo científico, da inteligência e da ética terrenas, é ainda imperfeito e necessita de suas correções; e disto, nem mesmo o Espiritismo de Kardec pudera escapar. (Vide: texto: “Onde o Consenso Universal?”, e e.Book: “Análise Crítica da CUEE”, ambos deste autor mesmo).

E lhe estivera mostrando tais possibilidades, o que, a propósito, estarei tratando neste arrazoado, ou seja: de um dos temas mais intrigantes do Espiritismo codificado: das Luas de Marte, que rendera pano pra mangas e deverá render, ainda, ao longo do tempo, muito mais. 

Referido escrito consta do livro “A Gênese” (AK – 1868 - Ide), Capítulo 6, ‘Uranografia Geral’ que, em princípio, trata-se de um capítulo filosófico-científico interessante, sintético e mui belo, reconheço; um capítulo, pois, onde se vê o entrosamento da Ciência espírita com a Ciência convencional, ratificando que o Espiritismo e a Ciência se completam mutuamente. Em seu pé de página nos deparamos com o escrito de que: 

“Este capítulo foi extraído, textualmente, de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título de ‘Estudos Uranográficos’, e assinados por Galileu, médium Sr. C. F.”: que são as iniciais de Camille Flammarion, notável astrônomo na época, e espiritista francês.

Em seu item 26, informa o Espírito comunicante:

“O número e o estado dos satélites de cada planeta variaram segundo as condições especiais nas quais se formaram. Uns não deram nascimento a nenhum astro secundário, tais como Mercúrio, Vênus e Marte, ao passo que outros formaram um ou vários deles, como a Terra, Júpiter, Saturno, etc.”.

Pelo texto, trocando em miúdos: Marte não tem Lua.

Mas façam uma pesquisa na Internet meus queridos, e constatarão que Marte abriga duas Luas: Deimos e Fobos, descobertas em 1877 pelo astrônomo americano Asaph Hall. Na verdade, as especulações e suspeitas de sua existência reportam-se a Kepler que, no século dezesseis, até mesmo previu sua quantidade correta.

Entretanto, se a Espiritualidade vem para nos ensinar, porque o Espírito Galileu, já muito mais ciente de tudo por estar desencarnado e prosseguindo seus estudos astronômicos, e outros mais, não nos fizera menção das tais Luas através do médium Flammarion em 1862 e 1863? Ou será que ele fez tal menção, e, entretanto, Kardec o corrigira (?), uma vez que, tal fato, de modo científico, só se nos mostrara em 1877 com o já citado astrônomo americano?

Por outro lado, Flammarion vivera até 1925, ou seja, em tempo de constatar a descoberta de Asaph Hall, e por que Flammarion, bem como outros estudiosos do Espiritismo, não trataram de corrigir o referido “Uranografia Geral” que ainda hoje consta na “Gênese” (AK – 1868 - Ide): Marte desprovido de Luas?

Um livro interessante sobre o tema: “De Amigos Para Chico Xavier”, (Divaldinho Mattos - Editora Didier), capítulo ‘Entrevistando o Prof. Henrique Rodrigues’, dá conta de que, para Francisco Cândido Xavier: “Flammarion Foi Galileu Reencarnado”, e que durante o transe mediúnico (?) de Flammarion - afiança Henrique Rodrigues logo adiante - que ele (o médium Flammarion) regredia na memória de quando ele fora Galileu, época em que não se sabia dos satélites da Lua.

Mas entendo que isto não esclarece tudo Sr. Henrique!

Ora, assim como Flammarion pudera regredir, ele também poderia, em seu transe (anímico, embaralhado, ao medianímico?), transcender-se a si próprio e recordar os conhecimentos feitos na Espiritualidade, quando desencarnado, e, portanto, transmitir os ensinos corretos e não os equivocados; ora se aqui mesmo, na Terra, podemos fazer tais estudos, quanto mais não o faríamos na Espiritualidade, e de forma muito mais precisa e correta? 

Por outro lado, nós somos assessorados pelos nossos superiores espirituais, e por que eles não se manifestaram num ponto tão relevante da Doutrina – de sua filosofia científica - permitindo que a coisa toda desandasse para a gafe universal que já conta, hoje, com cento e cinqüenta anos de idade, e, pasmem, salvo engano meu: sem a devida correção das muitas editoras que contam com sua licença de divulgação?

São tais coisas que, ao invés de contribuir com a boa imagem da Doutrina que professamos, lhe denigrem e servem de chacota até mesmo para alunos dos primeiros ensinos escolares que constatam a presença de Luas em Marte, quando o Espiritismo codificado, em sua eminência e polpuda seriedade doutrinária, diz, erroneamente, o contrário.

Entretanto, Kardec sabia da possibilidade de erros na constituição doutrinária do Espiritismo. Ora, se as Ciências, de um modo geral, se permitem retificar seus ensinos de quando em quando, por que o Espiritismo, lidando com inteligências fora da matéria, não poderia também errar (por problemas de filtragem mediúnica e etc.), provando, com isso, estar dando seus primeiros passos na observação científica do fenômeno paranormal? Passos, pois, também suscetíveis de seus vacilos, de seus equívocos, o que levou Kardec à declaração de que:

“O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceita”. (Vide: “A Gênese” – A.K. - 1868 – Ide).

Então, pois, o Espiritismo acata o pronunciamento científico do Mundo não só nesta como em outras questões como, por exemplo: de que a Lua terrestre se comporta como um ‘João-teimoso’ ao nos mostrar, perpetuamente, uma só de suas faces ao Mundo terreno, pois que sua parte superior seria formada de fluidos e a parte inferior de elementos sólidos (Vide: mesmo capítulo de “A Gênese”); o que, presentemente, se mostra como inverdade pelos estudos da Nasa, e, o que, mais uma vez, invalida outra das propostas pouco científicas do Espiritismo.

Mais uma vez, pois, destaco que o Espiritismo de Kardec contêm alguns equívocos e desajustes, provando aos mais arraigados à Codificação, que insistem em mostrar os erros doutrinários alheios (de outros escritores e médiuns), se desculpando para os seus mesmos (de Kardec e sua Codificação), quando tudo em nosso Mundo é imperfeito, conquanto caminhe para a Perfeição.

Portanto, tratemos de corrigir nossos erros primeiramente, antes de ficar citando e condenando os erros de outrem; proposta válida não só para o campo doutrinário como também para o campo pessoal, ou seja, de nossa intimidade anímica imortal.

Assim, pois, evidencio, mais uma vez, minha condição de ser um espírita consciente e atuante, progressista e universalista, conquanto realista também, me colocando, pois, como um pensador amadurecido pelo tempo-evolução, o que me tornara um apreciador e crítico sincero da obra de Kardec. 

E, como crítico, o presente autor não articula o endeusamento de Kardec e de quem quer seja; o considera como Homem, tal como se verifica com todos os Seres humanos, e, por isto, vejo-o, acima de tudo, com suas idiossincrasias, virtudes e defeitos cujos equívocos explicitaram sua condição não muito além de nós mesmos, ou seja: em processo de constante aprendizado e evolução; conquanto, no caso dele, não ser desprezível, em tempo algum, sua atribuição missionária que, para mim, fora das mais altas patentes humanísticas, científicas e filosóficas, axiológicas e morais.

Ora, é óbvio que sim, do contrário Kardec não teria sido “convidado”, como o fora, para organizar uma Doutrina tão complexa que, ainda hoje, é a grande novidade do plano mental terreno com suas visões acanhadas de tudo: do Mundo, da Vida e do Universo onde se insere um Deus-Pai que é a Causa Primária de todas as coisas.






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