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Luiz Carlos Formigta |
Palavras chave: família, Febre
hemorrágica,
Ebola, educação, valores,
herança bendita.
Na hora de trabalhar com o micróbio, vamos trabalhar
com o micróbio. Hora de trabalhar com a palavra, trabalhar com o aluno. Hora de
trabalhar com a pessoa, trabalhar com valores.
Diante de micróbios patogênicos, os profissionais de
saúde se orientam por princípios filosóficos e bioéticos, que integram os
compromissos vocacionais assumidos, perante eles próprios e a sociedade, a quem
devem servir.
Nestes anos de vida aprendemos muito. Na terceira
idade, aquilo que se apresenta como de maior importância é a herança bendita, deixada
por meu avô. Era um dos meus super-heróis e médium. Sobre mediunidade e
psicopatologia leia uma tese de doutorado, apresentada ao Departamento de
Psiquiatria da Faculdade de Medicina, da USP em 2004 (1).
Como não existe vacina ou tratamento eficaz, meus
heróis hoje são os profissionais de saúde, que enfrentam o vírus Ebola, da
Febre Hemorrágica. Acidentes acontecem e você pode se contaminar até no
laboratório. Em tempos de epidemia, aqueles com maior risco de infecção são os
profissionais de saúde e pessoas que entraram em contato com o sangue,
secreções ou outros fluidos corporais, de doentes e pacientes que morreram. Até
agora, estima-se que já morreram mais de 60 profissionais de saúde.
Remota é a possibilidade do desembarque do vírus num
dos nossos aeroportos preparados para a Copa. Porém, depois do passeio da
Alemanha no Brasil, é melhor não descuidar.
Tendo chegado à Lagos, uma grande cidade da Nigéria,
faz surgir o temor que o vírus se espalhe. Aqui a ordem é acompanhar casos de
viajantes que desembarquem com febre ou diarreia. (2) Todo cuidado é pouco,
pois estamos diante da maior epidemia de Ebola da história.
O Brasil, que já foi show de bola diante do HIV, agora
está amargando a contaminação de jovens. (3, 3b) O que será que o Ministério da
Saúde não fez ou fez de errado? Será que também seremos “bons de Ebola”?
Políticos “da bola” temem “os alemães” na próxima
Copa e querem adequada intervenção
federal. No futebol, não acredito que isso produza algum efeito benéfico. Mas,
saúde é direito da pessoa e obrigação do Estado.
Quando a morte vem por decreto, o micróbio é
competente agente secreto. E depois da morte? O vigarista vai ficar
perguntando, fora do corpo, a alma é imortal? “Serei eu, por acaso, um espírito”?
Vai se torturar, diante da oportunidade perdida e pela herança de si mesmo.
Aprendi que a
morte do corpo não mata a vida e que para merecer à paz de espírito é preciso
dar mais atenção aos valores éticos. Isso se aprende na escola?
O período
infantil é o mais adequado ao aprendizado e à “internalização” de valores. A boa
condição sócio-familiar é de ajuda fundamental, nesta hora. É nessa fase que
aprendemos que é errado comer o dinheiro público, da merenda escolar.
Na hora de trabalhar a “palavra” os responsáveis
pela educação podem ser corruptos ou omissos. Num mundo sem valores as crianças
e os jovens são pouco valorizados e não podia ser diferente. Muitas vezes, na
educação em saúde, pouco se valoriza o aspecto biográfico do doente. Nessa
hora, tanto faz chamá-lo de “leproso” ou “aidético”. Valores éticos não surgem nem como fumaça na
fogueira de vaidades dos gestores egoístas.
Para a educação é fundamental a participação ativa de
pais, que devem ser conscientizados de que a paternidade é, na verdade, uma missão.
Se for possível, que pensem também assim os avós. Talvez por isso a educadora
Anália Franco tenha dito que “a lágrima mais sentida é a do órfão desvalido”. (4)
E a formação dos educadores?
“Eucalíptus
não se transformarão em jequitibás, a menos que em cada eucalíptus haja um
jequitibá adormecido. O que está em jogo não é uma técnica, um currículo, uma
graduação ou pós-graduação. Poetas,
profetas e educadores não podem ser administrados. Não sei como preparar o educador. Talvez que
isso não seja nem necessário e nem possível... É necessário acordá-lo.” (5)
Ao trabalhar com a pessoa, espírito em nova
encarnação, não podemos ignorar os valores éticos, mesmo que ela esteja apenas sendo
representada no laboratório por um tubo de ensaio. (6)
O vírus Ebola assusta, mas se você aprendeu que Deus
existe, é justo e bom, mesmo que permita o nascimento de crianças cegas,
deixará para seus amores, como herança, a “esperança no futuro”. O melhor
período para a educação do espírito encarnado é o infantil.
A inteligência espiritual deverá ser estimulada. No livro
“Obras Póstumas” (7) há uma síntese que é “semente de esperança”. Se o espírito
recém encarnado chegar à idade adulta sabendo que “o princípio inteligente independe da matéria e a alma
individual preexiste e sobrevive ao corpo”, teremos realizado um bom trabalho. Outros
raciocínios o levarão a concluir que “o ponto de partida ou de origem é o mesmo
para todas as almas, sem exceção e que todas as almas, são criadas simples e
ignorantes e sujeitas a progresso indefinido.”
“As
almas ou Espíritos progridem mais ou menos rapidamente, mediante o uso do
livre-arbítrio, pelo trabalho e pela boa vontade. A vida espiritual é a vida
normal.”
“O Espírito progride no
estado corporal e no estado espiritual. O estado corpóreo é necessário ao
Espírito, até que haja galgado certo grau de perfeição.”
Conclui Kardec que “sendo insuficiente uma só
existência corporal para que adquira todas as perfeições, retoma um corpo
tantas vezes quantas lhe forem necessárias e de cada vez encarna com o
progresso que haja realizado em suas existências precedentes e na vida
espiritual.”
“O estado ditoso ou inditoso dos Espíritos é
inerente ao adiantamento moral deles; a punição que sofrem é consequência do
seu endurecimento no mal, de sorte que, com o perseverarem no mal, eles se
punem a si mesmos; mas, a porta do arrependimento nunca se lhes fecha e eles
podem, desde que o queiram, volver ao caminho do bem e efetuar, com o tempo,
todos os progressos.”
“As crianças que morrem
em tenra idade podem ser Espíritos mais ou menos adiantados, porquanto já
tiveram outras existências em que ou praticaram o bem ou cometeram ações más.”
“A alma dos cretinos e dos idiotas é da mesma
natureza que a de qualquer outro encarnado; possuem, muitas vezes, grande
inteligência; sofrem pela deficiência dos meios de que dispõem para entrar em
relação com os seus companheiros de existência, como os mudos sofrem por não
poderem falar. É que abusaram da inteligência em existências pretéritas e
aceitaram voluntariamente a situação de impotência para usar dela, a fim de
expiarem o mal que praticaram.”
O legado de Kardec, seus
pensamentos bem compreendidos e analisados, se transforma no tesouro espiritual,
que ninguém pode roubar.
Essa é a verdadeira herança bendita!
(*) Advertência do autor sobre os links abaixo.
A maioria
deve ser consultado, pois o texto é um pobre telegrama.
2. Arriscam a
vida para salvar outras vidas.
3b. “Do Invólucro Perdido ao DNA Estrangeiro”
4. Livro em
benefício do LAR ANÁLIA FRANCO RJ
Foi
lançado Agenor Diogo da Silva, Lar Anália Franco RJ - Uma História Centenária.
O livro, em benefício da manutenção do Lar, é de autoria do Presidente do
Conselho Superior, Adyr da Silva. Destaca a atuação de Anália Franco; de seu
esposo Francisco Antonio Bastos; de Agenor Diogo da Silva e, ainda, a
importância do Lar Anália Franco na educação infantil.
5. Rubem Alves. O
preparo do Educador
6. Ética na Medicina Laboratorial
7. Allan Kardec. Obras Póstumas
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