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Luiz Carlos Formiga |
A
preocupação pelas questões morais está inteiramente para ser criada.
são deixadas na poeira acumulada pelos
séculos.
J.J. Rousseau. O Livro dos Médiuns.
O Professor Dr. Carlos T. Rizzini,
Conselho Nacional de Pesquisas, CNPq e Academia Brasileira de Ciências, autor
do livro Evolução para o Terceiro Milênio, (1) explica que os valores morais não têm qualquer significação para o mundo físico.
Quando se examinam as propriedades da matéria nenhuma questão moral entra em
cena. Uma droga poderá ser muito útil ou maléfica, conforme o uso que dela se
faça; não é nem boa nem má, em si mesma. Sendo o homem apenas matéria, a nossa
ciência é ciência da matéria, assim no mundo científico atual é absolutamente
natural que a ética não seja considerada.
Na universidade, percebemos que estamos
num “campo minado”. São professores que leram seus filósofos, escreveram
tratados, fizeram discursos belíssimos, do ponto de vista literário e tanto
consolidaram suas construções, que acabaram acreditando nelas. São estes que constituem
o diálogo mais difícil num Núcleo Espírita Universitário. (2)
Allan Kardec (LE, 932) perguntou: qual a
causa do mal imperar no mundo?
Resposta - “porque os bons são tímidos”. Seria um eufemismo?
Espíritos adversários da evolução
planetária, para perverter e transfigurar os valores da sociedade elaboraram
metas prioritárias. Muitas almas são aliciadas, sem que percebam. Entre elas
encontramos as que se dizem orientadas por Jesus, Guia e Modelo. Um NEU tem
encontro marcado com a indiferença, terá muito trabalho e treinará a resiliência.
O investimento dos seus opositores prospera
porque espíritas iludidos promovem as suas causas, emprestando-lhes um ar de legitimidade, o que nunca teriam se
fossem identificados como cultores da ideologia materialista.
Movimentos sociais são utilizados para
fazer pressões nos governos locais com intenção em mudanças de leis. Procuram
subverter a ordem pública com protestos e convulsões sociais, reivindicando mudanças
"para melhor" atender aos "anseios" do povo.
Tudo aquilo que não conseguiram no
passado, através das armas e violência, hoje estão conseguindo por meios
pacíficos, transfigurando cenários e valores de dentro pra fora.
Aparentemente, parece não existir hoje
nenhuma oposição capacitada com recursos intelectuais e financeiros para resistir
ao planejamento de dominação.
Eles nos dão aulas de organização e
funcionamento. Apenas algumas de suas metas nos dão uma ideia. Vamos citar
algumas “maquiavélicas”.
Desacreditar a Família como uma
instituição. Encorajar e promiscuidade e o divórcio fácil. Enfatizar a
necessidade de criar os filhos longe da negativa influência dos pais.
Desacreditar a espiritualidade, a religiosidade, enfatizando que não há necessidade
de usar “muleta religiosa”.
Eliminar
a prece nas escolas, universidades, alegando que ela viola o princípio da
"separação entre Igreja e Estado". Tomar o controle das escolas,
universidades. Usá-las como meio de transmissão ideológica. Suavizar o
currículo. Tomar o controle das associações de professores. Usar como
camuflagem uma variedade de rótulos como “Forças Democráticas”,
“Progressistas”. Quebrar padrões culturais de moralidade, promovendo a
pornografia em livros, revistas, filmes e televisão. Infiltrar-se na imprensa. Tomar
o controle de postos-chaves no rádio, TV e cinema. Eliminar todas as leis que
regem a obscenidade chamando-as de "censura", e uma violação da
liberdade de expressão e de imprensa. Promover a erotização, apresentando
diversos “tons de cinza” como atividade normal, natural e saudável.
Os bons são tão “tímidos” que existem
poucos Núcleos Espíritas nas universidades.
Para o espírita, depois da colação de grau
tudo fica menos perigoso. Irão agora pertencer a uma entidade definida pela igualdade
de interesses (médicos, psicólogos, advogados e outros), justificando-se a
associação e também os mecanismos de exclusão (voz sem voto, por exemplo).
Para os que permanecem na universidade,
funcionários e professores, fica a provação/expiação de espanar a poeira dos séculos
depositada na Ética da Fraternidade, aquela que nos permite conviver em
coexistência pacifica com os diferentes.
Pensando no enfoque prático, fomos ouvir Bezerra,
numa mensagem de 1982, “Fraternidade em Jesus”.
O
setor de conscientização a que fomos chamados pelos supervisores da construção
do Amanha Melhor, sem dúvida, não é por si e em si uma instituição nos moldes
humanos, quanto à organização e funcionamento. Os Mensageiros do Divino Mestre
não nos induziram a criar um órgão de caráter elitista, com obrigações
convencionais. Somos convidados a formar
um núcleo, no qual se destaque o ensinamento do Mestre Inesquecível. Aliás,
isso é compreensível na fundamentação da Fraternidade.
Conhecimento,
trabalho e conscientização representam as três fases de uma formação única, sem
vinculações com determinados esquemas de serviços.
Anotemos,
sem qualquer ideia de confrontação, as primeiras reuniões para que o clarão da
Boa Nova se expandisse, exceção feita à Divina Palavra do Monte, à frente da
multidão, sempre se efetuou com a presença de poucos. Decididos a efetuar a
própria renovação íntima, se farão esteios espontâneos da tarefa que se nos
confiou, sem que, ao executá-la, venhamos a nos sentir na condição de obreiros
especializados sob uma suposta nomeação dos Altos Escalões da Espiritualidade
Superior.
A
hora atual, com tantos entretenimentos à margem dos caminhos humanos exercendo
sobre as criaturas indesejável fascínio, pede a presença de sementeira e seara.
Doemos quanto se nos faça possível nas áreas de vivência e experiência e o
Senhor fará o resto (3)
No ano seguinte, Bezerra nos oferece
“Itens da Fraternidade em Jesus”. (4) Destacamos ideia-síntese. Cada criatura é um mundo por si, com leis e
movimentos próprios, que nem sempre se harmonizam com os nossos, por isso é
obrigação clara e simples aceitar os outros tais quais são. Exerçamos paciência
sem limites. Atendendo à realidade de que somos psicologicamente diferenciados
no campo geral da existência, vamos respeitar sempre as necessidades ou os problemas
do próximo. Devemos admitir sem discussão o imperativo da tolerância. O
trabalho é nossa escola permanente, de cujos ensinamentos não nos é lícito
desertar.
Nasceu o Núcleo
Espírita universitário. Como seria a “Carta Náutica”? Dias de temporais. Mares
revoltos. Chovia preconceito. Depois, as ideias orientadoras iniciais foram
divulgadas em 2001, na Revista Internacional de Espiritismo. (5)
As decisões foram
orientadas por princípios éticos, como justiça, reciprocidade, igualdade e
respeito pela dignidade do ser humano. Os saberes diversos advindos de pessoas com
formações universitárias diferentes
foram um estímulo à consciência crítica.
Hoje, em plena epidemia
(Polliticum corruptiae), a preocupação pelas questões morais está inteiramente
para ser criada.
(6) O Brasil conquista o prêmio “Maior Escândalo
de Corrupção do Mundo”, com suas “Empresas Campeãs”.
O NEU é embrião-convite. Apelo à vida com fraternidade,
amor em ação. Convite à aceitação da diversidade e ao relacionamento pacífico,
entre os diferentes.
Nem sempre harmônica, a coexistência
pacífica produz o ambiente ecológico favorável ao desenvolvimento do Domínio Cognitivo,
Afetivo e da Inteligência Espiritual (QS). A “Ética do Amor, Fraternidade” é
uma exigência e um desafio no terceiro milênio.
Depois de criar e liderar um grupo de pesquisas
na universidade, (7) observo sua atividade 20 anos depois de estar na inatividade.
Continua produzindo artigos científicos e melhores. (8) Afastei-me fisicamente
do NEU-UERJ, na mesma época e ele continua “trabalhando e resistindo". De insubstituíveis o cemitério está cheio.
Os grupos de estudos espíritas, que
compõem o NEU, podem ser como o de pesquisas. Pequenos, independentes e com diálogo
franco e aberto. Enquanto pequenos podem se orientar pela “Ética dos
Semelhantes”, mas na assembleia é diferente.
Em “Trabalho, Solidariedade e Tolerância”,
do livro “Luz no Caminho”, Emmanuel diz que o trabalho edifica, a segunda
aperfeiçoa, mas é a tolerância quem eleva. No entanto, para tolerar-nos, em
sentido construtivo, é imprescindível amar. E, conclui: vinculada aos fundamentos divinos, a sublime trilogia de Allan Kardec é
plataforma permanente, em nossos círculos doutrinários, constituindo lema
substancial que não pode morrer.
O meio ambiente, universidade, influi no
espírito. Muitas respostas podem ser colhidas nas ciências jurídicas, no
Direito Ambiental. Um meio ambiente ecologicamente equilibrado é imprescindível
para a saúde. O Princípio da Sadia
Qualidade de Vida é direito fundamental e não pode ser abolido por emenda
constitucional.
No deslocamento do Centro de Ciências da
Saúde em direção ao Centro de Ciências Jurídicas tentamos ser didáticos num texto
resumido sobre “Direito Ambiental”. (9) No texto com enfoque espírita,
procuramos pensar na possibilidade de sermos diferentes. Cada
grupo deve ter a liberdade de escolher a prática
que achar adequada. Por esse motivo o
enfoque agora foi o das Ciências Jurídicas. Por outro lado, como “não estamos numa instituição
nos moldes humanos, quanto à organização e funcionamento”, é até impertinente enfatizar que, mesmo num
grupo constituído numa Faculdade de Direito, a resolução de conflitos jamais
poderá passar pela instância judiciária, pois o espaço público de discussão
espírita será o Conselho ou Assembleia.
Há que se implantar a igualdade em termos de possibilidade de se ser diferente.
Estamos na universidade, num NEU,
com sua diversidade. Desta forma, somente uma instituição aberta, protetora da
liberdade, criadora de uma ecologia ambiental fraterna sobreviverá.
Questões complexas,
transdisciplinares, poderão encontrar bons caminhos, sempre facilitados pela
diversidade de enfoques. Abaixo, um exercício suave prático. (10). Avaliar é
verbo que indica alto nível de complexidade do domínio cognitivo. Se no caso
abaixo existe parentesco do leitor com a gestante, deveremos considerar o
domínio afetivo. Se o leitor não é materialista deve abusar da inteligência
espiritual.
Deve-se aceitar o aborto para “salvar a
vida” da gestante, HIV positiva, grávida, pelo estupro?
Um profissional ético diria que se
encontra diante de uma matéria sem resposta definitiva, no relativo à
influência da sorologia positiva no processo gestacional e da própria saúde do
feto. Parece não existir ainda nenhum argumento ético, jurídico ou técnico,
capaz de fundamentar a interrupção de uma gravidez numa mulher soro-convertida
ou já doente de AIDS, a não ser que suas condições de saúde sejam agravadas
pela gestação, que cessada a gravidez cesse o perigo e que não haja outro meio
de salvar-lhe a vida.
A Ética da
Tolerância/Amor/Fraternidade jamais poderia ser instituída por decreto. De nada
adiantaria, como no binômio ensino-pesquisa que é indissociável, não por causa
da lei, mas pela visão de mundo, de docentes pesquisadores. (11)
A Ética da Tolerância é questão
de inteligência espiritual, de educação espiritual, conscientização e não pode
ser regida por um modelo autoritário de fidelidade ideológica.
Somos iguais, mas diferentes e, diferentes, mas, sobretudo, iguais. (12)
Referências
na WEB
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