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segunda-feira, 13 de outubro de 2014

“Sobre Corações e Efeitos Emocionais”

Luiz Carlos Formiga

Tags: pacto do silêncio, índice de rejeição, tolerância, verdade, fato e versões.

Muitos pregam que o importante é curtir o momento,
que não vale a pena comprometer-se por toda a vida,
uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã.
Peço que vocês sejam revolucionários,
que se rebelem contra a cultura do provisório. (*)

A Cirurgia descrita pelo Dr. Paulo Cesar Fructuoso é fato. Depois acontecem os comentários sobre os atores. Perguntas brotam. Surgem versões, aquelas que se apoiam na arte de distorcer a realidade conforme conveniências ideológicas. “Que são espíritos, não nego. Mas, eles não são de Deus”. São feitos eventuais julgamentos e, finalmente, aparece o pacto do silêncio.
O que era novo, inusitado, já não serve para argumentar contra o aborto, a favor da vida diante da eutanásia, da alma como imortal e sobre as influências que os espíritos exercem em nossas vidas.
O jurista (1) diria que o fato, enquanto evento histórico é imutável. Ele compreende a totalidade dos seus elementos, todos igualmente relevantes e imutáveis. Muda-los implicaria na alteração do passado.
Já a descrição do fato, ou versão, contém apenas alguns dos elementos do fato e se apresenta mutável. Pode-se acrescentar um elemento antes omitido ou omitir outro antes incluído e mesmo inventar circunstâncias falsas, como veremos em alguns exemplos a seguir.
Supõe-se que entre o fato e a versão exista um mínimo de identidade, embora se saiba possível uma fantasia total: uma "versão" que não apresenta nenhum elemento de conexão com o evento histórico.
São versões de um mesmo fato as que apresentam suficientes elementos comuns (elementos de conexão). Múltiplas versões de um mesmo fato se reconhecem por seus elementos de conexão, idênticos em todas. É possível que haja um único elemento de conexão, mas suficiente para que se possa referir duas ou mais versões ao mesmo evento histórico.
Versões que não apresentam suficientes elementos de conexão, entende -se que se referem a eventos diversos.
Na política, Merval Pereira comentando trapalhada do Palácio do Planalto, no artigo “O fato e a versão”, diz que a verdade dos fatos pode não ser a verdade que a pessoa quer ouvir. (2) Diante de um fato contundente alguns costumam sair pela tangente dizendo que não sabiam.
Em pesquisa espírita o mais importante é o fato, diferindo da política. Em política, o que interessa é a versão, não o fato.  Esta clássica observação é de uma astuta e histórica raposa política do antigo PSD de Minas, José Maria Alkimim, também conhecido como “O Homem de Bocaiúva”. Alkimim, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, foi deputado federal por Minas em várias legislaturas
Foi ministro da Fazenda no Governo de Juscelino Kubitschek e criador da política de incentivos fiscais para o desenvolvimento do Nordeste, a SUDENE. Alkimim também ficou conhecido como o “Pai da Zona Franca de Manaus.
 O ilustre mineiro apareceu com destaque no folclore político das Gerais como protagonista de cenas inesquecíveis. Uma delas é a afirmação de que, “em política, o que interessa é a versão, não o fato”. Segundo Alkimim, “os fatos interessam à História; aos políticos só as versões são importantes porque produzem efeitos emocionais na consciência coletiva”. A História confirma que ele tinha razão.

O Fato e a Versão
Uma prova da verdade expressa na filosofia de Alkimim foi o processo que resultou na cassação do mandato do presidente Collor. No jogo político, Collor foi acusado de ter se beneficiado de um saldo de campanha eleitoral, na época sem regulamentação legal. A versão do fato serviu na época para o Congresso cassar-lhe o mandato. O fato não foi levado em consideração pelo Congresso que lhe cassou o mandato. Quem reconheceu a verdadeira natureza daquele fato foi o Supremo Tribunal Federal, que, por não encontrar crime nenhum, absolveu o ex-presidente. No entanto, no processo político, o fato não foi levado em consideração; o que prevaleceu foi a versão. (3)
Vejamos um exemplo recente. A dep. federal Cida Borghetti (Pros), vice-governadora de Beto Richa (PSDB) aparece como “fundadora do Dia Nacional de Combate ao Câncer de Mama”, mas a história não é bem assim, diz A. Rigon.  Em 2005, deputada estadual, ela foi autora do projeto que criou o Dia Estadual de Luta Contra o Câncer de Mama, a ser comemorado em 27 de novembro. Acontece que no mesmo ano, seu marido Ricardo Barros (PP) apresentou o projeto criando o Dia Nacional de Luta contra o Câncer de Mama, que virou lei em 2009. Diz Rigon que os dois “choviam no molhado”, pois a data já existia de forma genérica e era comemorada havia 21 anos. Em política importa mais a versão que o fato.
O Dia Nacional de Combate ao Câncer, comemorado no mesmo 27 de novembro, foi instituído pela portaria nº 707 do Ministério do Saúde, em dezembro de 1988, no governo Sarney. (4)

O Fato e a Foto
Júlio César enviou, aos seus amigos, a fotografia da sua cicatriz (ver no link 5) que surgiu após a incisão cirúrgica, feita com bisturi invisível.
Sobre o médium não espírita encontramos a tese de Mestrado de Inácio Manuel Neves Frade Cruz, “Voador: hibridizações e sincretismos na terapia espiritual de Chico Monteiro.” O autor relata que sua pesquisa fecha o foco em uma possível nova conformação terapêutico religiosa, a partir do Espiritismo, algo que faz conviver o ideário de Allan Kardec com seres extraterrestres. Em suma, um espiritismo à lá Chico Monteiro. (5)

O Fato e as testemunhas idôneas presentes.
Através do médium Gilberto Arruda, o espírito Dr. Frederick von Stein (6) fez uma cirurgia cardíaca, sem hemorragia “significativa” e, ainda, sem utilizar instrumentos cortantes e anestesia convencional.
Dr. Stein troca uma válvula mitral cardíaca, com afecção congênita, por uma nova, “construída” durante o procedimento. Para o leitor ter uma ideia da complexidade do procedimento, vamos dizer que ele “trocou o pneu do carro andando”. O paciente, que também médico, apresentava quadro clínico conhecido como “asma cardíaca”.

Para que não restasse dúvida, o espírito convoca, para junto de si, dois cirurgiões (Ronaldo Luiz Gazzola e Paulo Cesar Fructuoso), um cardiologista (Luiz Augusto de Queiroz) e um anestesista (José Carlos Campos).
O espírito-médico concordou ainda que a peça fosse para exame histopatológico, o que foi realizado por dois patologistas experientes. Os experientes médicos encarnados ainda na Terra atravessaram uma tempestade cerebral.
O comportamento “politicamente correto” dos defensores “radicais” da pureza doutrinária, aqueles que temem a contaminação como se fosse o Ebola, não aceitam, pacificamente, a convivência com os “diferentes”. Pelo menos, aparentemente, isso parece contribuir para o aumento do índice de rejeição ao espírita e, eventualmente, ao Espiritismo, que paradoxalmente tem desfraldada a bandeira da “igualdade, fraternidade e tolerância”.
 Os médiuns não espíritas possuem importante capital argumentativo, mas, pelo fato de não estarem ancorados numa estrutura impecavelmente ortodoxa, dentro de um movimento social consolidado, perdem parte de seu potencial de ação contra a incredulidade, geradora da desesperança e suicídios.
A cirurgia do orador Julio Cesar de Sá Roriz traz elemento complicador, pois, além de ser conhecido orador espírita, é fundador de Centro Espírita, tendo Jesus como modelo e Kardec como base fundamental. Como explicar um eventual silêncio em torno de sua experiência prática? Talvez pela “contaminação” indesejável. (7)
Como acreditar numa psicografia, que não é tão impactante quanto um destes efeitos físicos?
Deveremos acreditar na mensagem onde o espírito Chorão diz que chegou ao quinto dos infernos? (8) E naquela onde foi feito um estudo grafoscópico? (9)
Uma figura estimula a reflexão. Todo cuidado é pouco, mas cuidado para “não jogar fora a criança com a água suja da bacia”. (10)
O leitor pode fazer comentários, logo abaixo. Será publicado se respeitoso, verdadeiro, mesmo que incisivo. Pode até tentar fazer a desconstrução. Jornalista que não é incisivo com o entrevistado vira assessor de imprensa, disse o Bonner, depois de ter apertado a candidata a presidente.
Estou quase certo que se o Dr. Brasílio Marcondes Machado reunisse numa monografia de conclusão de curso de graduação os médiuns Chico Monteiro e Gilberto Arruda; o paciente Júlio Cesar de Sá Roriz e os espíritos Dr. Fritz e Dr Frederick ele seria reprovado, outra vez, diante das ideias preconcebidas. Por certo repetiria: "deste resultado julguem os que me lerem, pois não quero ser juiz em causa própria". "Graças a Deus as fogueiras estão extintas e os Torquemadas fora de moda" "Le monde marche..." (11)

(*) Papa Francisco aos jovens

Leitura adicional
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.  Boletim GEAE Número 478 de 15 de julho de 2004



1 Comentários:

  • Eu pergunto: Até quando vai prevalecer essa teoria?
    “em política, o que interessa é a versão, não o fato”. Segundo Alkimim, “os fatos interessam à História; aos políticos só as versões são importantes porque produzem efeitos emocionais na consciência coletiva”. A História confirma que ele tinha razão.
    Porque isso na verdade é INVERSÃO DE VALORES, enquanto as pessoas se deixarem influenciar por essas mentiras fantasiadas de “versões”, estaremos sujeitos a esses absurdos.
    Mesma coisa ocorre na campanha política, os candidatos deveriam apresentar os seus programas de governo e ao invés disse: O que fazem? Apresentam “versões” sem se importar com os fatos de seus “adversários”. É o que seria concorrente, vira um inimigo. O objetivo que é a melhora da Nação é totalmente esquecido.
    Continuo com a Doutrina Espírita o importante é o fato e o objetivo é a evolução o progresso.
    Vamos em frente.
    Marcos Fonseca

    Por Blogger Marcao, às 13 de outubro de 2014 às 20:26  

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