Na AIDS, década de 1980, estávamos diante de uma morte anunciada. Num acidente de avião ela acontece, é uma fatalidade. Betinho emocionou-nos no filme intitulado “Um fim sem sentido”, onde a Universidade do Brasil oferece contribuição para a prevenção da doença.
A produção do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, NUTES/UFRJ, é de 1987, colorido e com duração de 40 minutos. Ele é um musical com fins didáticos, visando esclarecer dúvidas sobre a transmissão do vírus HIV. Nele há a participação de profissionais conhecidos pelo grande público das telenovelas. Artistas e cientistas se unem para a ação em educação em saúde. Tivemos a oportunidade de discuti-lo, naqueles dias, também em várias casas espíritas, trabalhando junto aos grupos jovens. Hoje vamos necessitar de filmes que atinjam a terceira idade e discuta a questão da sexualidade, ressuscitada pelo “Viagra”. No filme “Um fim sem sentido” abriu-se a discussão com os jovens. Nele encontramos a homossexualidade, os preconceitos e o perigo que correm toxicômanos usuários de drogas endovenosas.
Na AIDS um problema importante é a troca leviana de parceiros. Esse comportamento é comentado de forma jocosa, muito antes do HIV adaptar-se ao organismo humano. O romance é cantado assim:
Eram duas caveiras que se amavam e à meia-noite se encontravam. Pelo cemitério os dois passeavam e juras de amor então trocavam. Sentados os dois em riba da lousa fria, a caveira apaixonada assim dizia, que pelo caveiro de amor morria e ele de amores por ela vivia.
Ao longe uma coruja cantava alegre ao ver os dois caveiros assim felizes e quando os dois se davam beijos fúnebres, a coruja batendo as asas, pedia bis.
Mas um dia chegou de pé junto um cadáver novo de um defunto e a caveira pr'ele se apaixonou e o caveiro antigo abandonou. O caveiro tomou uma bebedeira e matou-se de um modo romanesco, por causa dessa ingrata caveira que trocou ele por um defunto fresco.
Tanto o filme, quanto a interpretação de Alvarenga e Ranchinho são imperdíveis. (2) Certamente, neste caso a morte não foi ocasionada pela AIDS, mas, hoje, fica claro que necessitamos de ações que visem o maior acesso da população às informações relacionadas à AIDS. Políticas públicas satisfatórias para os idosos precisam ser pensadas. (3)
Um depoimento de paciente, nesta faixa etária, nos fará lembrar o Betinho e a importância do Ministério da Saúde:
- “Olha, teve uma época que eu já pensei em me envenenar... Eu comprei refrigerante para tomar com chumbinho...” (4)
Será que o leitor lembra o nome do Ministro da Saúde?
Estado inchado é inoperante. Só nos lembramos daquele ministro que foi demitido, mas ainda permanece no cargo. Qual a colaboração que o candidato, em quem o leitor votou, ofereceu ao direito à vida? Um jornalista colecionador de pérolas políticas disse que “os maus governantes são eleitos pelos bons cidadãos que votam mal.” O cidadão vota, cruza os braços e vota quatro anos depois. (5, 6)
Nem com um escândalo de corrupção por semana seremos capazes de mudar a ideologia, depois de lavagem cerebral e mentiras deslavadas no horário eleitoral.
O diagnóstico da AIDS na população idosa é muitas vezes dificultado, porque há uma tendência geral a não cogitar a possibilidade desta doença nessa faixa etária. Considerando que as infecções, nessa idade mais avançada, tendem a se desenvolver com maior velocidade, e o preconceito prejudica o tratamento, devemos estimular o uso de preservativos, que é a única forma de minimizarmos o impacto da AIDS nesta população, diz Mariângela Simão, do PNDST/AIDS. (7)
Mulheres portadoras do vírus em idade fértil não querem engravidar por medo de passar a AIDS para os filhos. (8)
Os extremos se tocam. E quando uma criança é contaminada?
O que significa para uma criança ser portadora do vírus? Os sentimentos de choque, culpa, negação, medo, raiva, tristeza, barganha, aceitação e resignação identificados, pela médica Kubler Ross, em adultos não se aplicam ao caso das crianças.
Mesmo para o adulto, a morte é um verdadeiro tabu. É situação que todos vamos vivenciar e deixamos sempre para pensar depois.
A noção de morte é nebulosa no universo infantil. Para elas o que é assustador é a reação dos adultos à sua volta. A saúde depende também de um ambiente físico, emocional e espiritual equilibrado. Quando o adulto não sabe o que fazer a criança se sente perdida e sua saúde é abalada.
Depois de passar por todas as fases descritas pela médica Kubler Ross a mãe que perdeu uma criança com 9 meses nos ofereceu o seguinte depoimento: "G. teimava em continuar viva, sobrevivendo além do tempo que calculavam que pudesse resistir. Era uma agonia para mim vê-la lutar pelas lufadas de ar. Então, apanhei-a nos braços e conversei com ela, dizendo-lhe que ficaríamos ali sentadas juntas até que partisse. Uma hora e meia se passou e senti finalmente que ala ia embora, senti que deixava de lutar. Cinco minutos depois deu seu último suspiro... vi sua alma subir, flutuando rumo à janela do outro lado do quarto, e senti que ela estava livre... livre enfim da dor e do sofrimento.
Não sei por que nos ensinam a ver a morte de forma tão perturbada e assustadora. Naquela noite de setembro em que G. morreu, senti a morte como um processo mais do que natural e, de certa forma, tranquilo. Pareceu-me que quando deixei de resistir, rendendo-me a ordem natural das coisas, meu bebê pode fazer o mesmo. Senti que a estava ajudando a se libertar do corpo, à qual aprendera a se apegar em apenas nove meses. (9)
Quando alguém morre na idade dourada geralmente não nos rebelamos, mas como compreender a Lei de Justiça de um Deus que permite o nascimento de crianças cegas ou com AIDS? (10, 11, 12)
Uma busca no site Youtube com as palavras - vídeo, prevenção, AIDS, idosos - vai apontar mais de 1300 vídeos. Que critério deveremos utilizar para selecionar aquele filme que atenderá aos nossos propósitos? Que critério o articulista utilizou para selecionar a letra de Alvarenga para falar da troca de parceiros? Considere que o autor estava pensando em, ao mesmo tempo, divulgar a Doutrina Espírita e a prevenção da infecção pelo HIV, acima dos 50 anos de idade. Para ele isso é importante, pois considera a existência de duas formas de caridade, numa única oportunidade.
Como fazer um vídeo para uma campanha intitulada “Sexo não tem idade, proteção também não”? Considere que essa iniciativa está voltada para a prevenção da AIDS, acima dos 60 anos.
O Brasil vem deixando de ser uma nação jovem. O país possui 20 milhões de indivíduos acima de 60 anos. Em 2025 estará na sexta posição quanto a maior população de idosos no mundo. Os casos de AIDS crescem consideravelmente entre pessoas acima dos 50.
Como selecionar os vídeos, sobre Doutrina Espírita, endereçados a essa faixa etária?
Como produzir novos vídeos sobre Justiça Divina para essa faixa etária no ano de 2025?
E os vídeos sobre a prevenção da AIDS, como fazer?
Nesses casos, serão filmes para campanhas e, portanto, voltados para atrair grandes públicos.
Consideremos que o espectador é um sujeito ativo, possuidor de um lugar próprio, que pode ser distinto daquele lugar a partir do qual o vídeo lhe fala. Teremos que assim considerar a metodologia de produção da mensagem; a expectativa da recepção desta população alvo, e, ainda, como os dois eixos se situam no processo comunicativo.
Fácil filmar com celulares ou palestras nos centros espíritas, mas produzir material educativo para colaborar no processo de prevenção, de evangelização espírita, é mais trabalhoso. Por isso muitos vão parar por aqui, até que chegue um novo defunto fresco, produzido por outro articulista. (13)
O cidadão vota, cruza os braços e vota quatro anos depois!
Ainda escuto o Betinho.
“Eu tenho uma péssima notícia para lhes dar!”.
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