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Luiz Carlos Formiga |
Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua
Justiça. (Mateus 6: 25-34)
Bem-aventurados os que têm
puro o coração, porquanto verão a
Deus. Apresentaram-lhe
então algumas crianças, a fim de que Ele as tocasse, e, como seus discípulos
afastassem com palavras ásperas os que lhas apresentavam, Jesus, vendo isso,
zangou-se e lhes disse: “Deixai que venham a mim as criancinhas e não as
impeçais, porquanto o Reino dos Céus é para os que se lhes assemelham.”
A pureza do coração é
inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de
orgulho. Por isso é que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do
mesmo modo que a tomou como o da humildade. (1)
Na história das nações
foram muitos os naufrágios políticos e, nestas horas, atores revelam sua estatura
ética. Recentemente recorremos, mais uma vez, a essa figura do naufrágio para
ilustrar o campo do imponderável e do imaterial. Num naufrágio, mãe e filha única se separam. As ondas afastam a filha. De
repente, outra criança agarra-se à mãe. O que fazer? Salvar a criança, que tem nela a última
chance de sobrevivência ou largá-la e procurar salvar a própria filha? O que você faria? (2)
O meio de
estabelecimento dos valores ético-espíritas é a razão. O domínio cognitivo é
estimulado a galgar degraus mais altos e complexos, quando adquirimos a
capacidade de discernir o bem do mal. Na razão da capacidade de compreender o
bem e o mal há aumento da responsabilidade individual. Na realidade esse
discernimento aclara na medida do progresso intelectual, no entanto a opção de
seguir um ou outro caminho passa pelo desenvolvimento de outro domínio - o
afetivo. Assim pode-se enfatizar que “a pureza do coração é inseparável da simplicidade e da
humildade e exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. (3)
Valor moral é tudo o que contribui para a perfeição integral do
ser e para a realização de seus fins existenciais como pessoa. Nas
ciências jurídicas, pessoa é o valor-fonte de todos os valores e a pessoa é o
maior investimento divino.
Entre nós, há o
entendimento de que o bem é tudo o que é conforme à Lei de Deus e tudo que lhe
é contrário é referido como mal. Neste nível da realidade, a infração, agressão ou desrespeito à Lei
Natural faz desbloquear automaticamente o “sistema de reparação”, elaborado com
base nos valores evolutivos. Nessa oportunidade é avaliada a vontade, a responsabilidade
e o mérito pessoal. Pelo exposto, cabe ao indivíduo complementar o que posso, com o que devo; o que é bom fazer e que
bem promover e preservar?
Na
Ética Espírita uma característica peculiar é a
ampliação da comunidade, uma vez que são considerados os discursos das pessoas já
desencarnadas, espíritos, que participam desta construção, através da técnica
da mediunidade. Assim, são considerados os argumentos trazidos de um ponto de
vista diferente, advindo de um outro estilo de vida.
Como a Ética visa o bem a
ser construído e não apenas ao mal que deve ser evitado, o “sistema de
reparação”, implícito na legislação natural, leva em conta não apenas o mal realizado,
mas também o bem que poderia ter sido realizado, mas foi negligenciado.
Nestes dias de setembro de
2014, estamos tendo a oportunidade de avaliar comportamentos éticos, que se nos
apresentam através dos diversos meios de comunicação social.
Kramer escreve “Demolição
de Valores”, onde faz análise crítica de comportamentos. (4)
Alguns de seus comentários
apontam para o rumo pelo qual enveredou a campanha à Presidência da
República. Mesmo diante das disputas, dos embates políticos, é possível preservar
boas condutas éticas. No entanto, diz Kremer, que o governo decidiu mandar às
favas os escrúpulos e fazer o diabo para tentar vencer as eleições. Assim,
temos um cenário que não guarda a menor relação com troca de argumentos e muito
menos com obediência a qualquer regra. O que se observa, diz a jornalista, é o
uso de “mentiras deslavadamente mentirosas”, sem a preocupação de preservar a
própria biografia ou respeitar a liturgia do cargo.
São deveres da função exercida a compostura, o comedimento e a austeridade. Não se pode fazer o uso
de mentiras, nem ser porta-voz delas. A boa conduta ética não aceita “o dom de
iludir”, mesmo que possamos encontrar os que queiram ser iludidos.
A jornalista afirma que estamos assistindo a uma
completa e definitiva escalada de demolição de valores. E pensar que depois do
período grego surgiu a Ética do Amor, com Jesus, dizendo: “Faça ao outro o que
gostaria que o outro lhe fizesse”.
“Não julgueis
para não serdes julgados, pois com o julgamento que julgais sereis julgados, e
com a medida com que medis, sereis medidos. Por que reparas no cisco do que
está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que está no teu?“ “Sede
misericordiosos, pois com a medida com que medirdes, sereis medido também.”
Somos
julgadores, cobradores, juízes dos outros. Geralmente respondemos: -“É porque
não foi com você!” São os dois pesos e as duas medidas, uma para nós e outra
para os outros. Mas, existe a advertência de que com a mesma
medida que medirmos, seremos medidos.
Isto significa
que se eu for rigoroso, severo, inflexível com os erros alheios, esse padrão de
julgamento estará em mim cristalizado e, no momento do “cair em si”, é esse
padrão que a minha consciência usará para me avaliar. (5)
Jesus lembra a
misericórdia que Deus tem para conosco, dando-nos novas chances de recomeço,
através das várias encarnações, aguardando o nosso amadurecimento para a
reparação dos erros cometidos.
Para aquele que
usa de misericórdia, Jesus oferece a recompensa da “boa medida”, calcada,
sacudida, transbordante! Bênçãos extras, generosas. Para os hipócritas, a
exigência da reforma íntima.
Refletindo com
extensão e profundidade neste texto, tirando a trave do olho, enxergaremos bem
melhor. Podemos ir além e veremos que, na nova condição, teremos chance de, sem
julgar, “tirar o cisco do olho” do nosso companheiro de jornada. Isso se chama
Caridade. (5)
No momento da prisão, Jesus é enfático em
relação à Lei de Causa e Efeito. Pedro pega a espada e decepa a orelha de
Malco, o servo do Sumo Sacerdote. O Mestre lhe diz: “Pedro, embainha a tua espada, pois todos os que pegam na espada, pela
espada perecerão.”
Leitura adicional
eventual
1. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, item 3
2. Formiga, LCD. Justiça Divina. Palestra setembro de 2014.
3. Formiga, LCD.
Valores ético-Espíritas.
4. Kramer, D. Demolição de Valores. Estadão.
Política.
5. Formiga, Sonia B. Estudo do Novo Testamento à luz do
Espiritismo.
UEFFBM. Reunião de 19 de
setembro de 2014. “Não julgar” – Mt.
7:1-5 / Lc. 6: 37, 38; 41, 42.
1 Comentários:
A inversão de valores é tão grande que querem tirar o Direito a Vida com justificativas mentirosas.
Por essa razão participei do Seminário em defesa da Vida Humana formação de multiplicadores e tive contato com diversas informações importantes e com pessoas que não se deixaram contaminar por essa inversão de valores e trabalham por aquilo que acreditam. www.brasilsemaborto.com.br
Por Marcao, às 20 de setembro de 2014 às 04:14
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