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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

O APÓSTOLO DA PALAVRA VIVA

Por Leonardo Paixão (*)
            Todos os Apóstolos foram divulgadores da Palavra Viva do Cristo, muitos dos que auxiliariam aqueles na tarefa de propagação do Evangelho, devido à sua dedicação incansável, bem mereceram também serem chamados de Apóstolos. Entre estes está Filipe, um judeu “cheio do Espírito e de sabedoria” (Atos, 6: 3), que falava grego; um dos sete homens escolhidos para ajudar no programa de distribuição de alimentos da igreja, tarefa hoje continuada por diversos segmentos cristãos, notadamente as Casas Espíritas, em que uma das tarefas é auxiliar aqueles a que a sociedade chama de excluídos.
            A tarefa de Filipe, que era diácono, foi muito além da administração do programa alimentar. Ele se tornou um evangelista, e diferente da maioria dos evangelistas, Filipe obedeceu à ordem de Jesus de levar a Boa Nova a todas as pessoas. O veremos a pregar em Samaria, região central de Israel.
            Os samaritanos eram considerados mestiços pelos judeus “puros” do Reino do Sul, porque aqueles eram os filhos dos judeus com estrangeiros, resultado do domínio babilônico, onde o rei assírio levou muitos cativos e em Samaria ele deixou apenas as pessoas pobres e os estrangeiros e foram com estes que os judeus se casaram, desta união nasceram os “mestiços”. A divisão não ficou só pela “raça”, mas também na religião. Os judeus “puros” renegavam os samaritanos como hereges, tal como os católicos fizeram aos protestantes; os samaritanos menosprezavam o Templo de Jerusalém, cultuando Deus no seu Templo no monte Garizim. Filipe com o seu verbo eloquente e pelas curas de enfermidades e obsessões que em nome de Jesus fazia, fez com que a mensagem que o Senhor falou à Samaritana se tornasse uma realidade: “a hora vem, e agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que os adorem o adorem em espírito e verdade” (João, 4: 23-24). Filipe conseguiu deste modo irmanar aqueles que viviam separados e que o entendimento do Evangelho do Cristo passou a unir.
            Os feitos de Filipe chamaram a atenção da comunidade cristã de Jerusalém e os Apóstolos Pedro e João foram à Samaria para verificar a veracidade dos fatos narrados, “havia sempre rigorosa vigilância entre os fatos e as ações dos discípulos por aqueles que fossem portadores de maior autoridade” (1). Tudo foi confirmado e “tendo eles, pois, testificado e falado a palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e, em muitas aldeias dos samaritanos, anunciaram o Evangelho” (Atos, 8: 25).
            Filipe era além de excelente médium curador, também médium auditivo, é o que depreendemos do cap. 8, v. 26 do livro de Atos: “Um anjo do Senhor falou a Filipe dizendo: “Levanta-te e vai para o sul, pelo caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserto”. Nesta viagem Filipe foi o instrumento para a conversão ao Cristianismo do mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, era ele o superintendente de todos os tesouros do reino e tinha ido a Jerusalém para adoração (Atos, 8: 27).
            Após Filipe haver batizado o superintendente da rainha Candace, “o Espírito do Senhor se apoderou de Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. Filipe foi encontrado em Azoto e, atravessando [a região], evangelizava todas as cidades até chegar a Cesaréia” (Atos, 8: 39-40). Sobre a seriedade e a responsabilidade de Filipe ante o seu Espírito Guia, diz Yvonne A. Pereira: “Para todos os lugares a que se dirigisse a serviço do Senhor fazia-o obedecendo sempre às instruções do “Espírito”, tal como acontece aos médiuns atuais investidos de graves responsabilidades perante os serviços do Consolador” (1).
            Na viagem de retorno à Jerusalém, o Apóstolo Paulo hospedou-se na casa de Filipe em Cesaréia; Lucas registra (Atos, 21: 8-9) o fato de Filipe ter quatro filhas virgens que profetizavam, isto é, eram médiuns falantes ou, como hoje se chama médiuns de incorporação, fato que deixa claro que a mediunidade não é para privilegiados, pois todos somos servos e servas de Deus (ver Joel, 2: 28-29; Atos, 2, 2: 1-18). Foi em casa de Filipe que o profeta (médium) Ágabo, da Judeia, previu a prisão de Paulo em Jerusalém (Atos, 21: 10-11).
            Filipe, o evangelista, que pelos seus feitos merece o nome de Apóstolo, foi o precursor de Paulo na divulgação do Evangelho entre as gentes.
Nota: (1) – PEREIRA, Yvonne A. Cânticos do Coração. 1ª edição. Rio de Janeiro: CELD, p.33.

 (*) - Leonardo Paixão é Orador espírita (que tem viajado por alguns Estados brasileiros, quando possível, na divulgação da Doutrina Espírita), articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no siteorientacaoespirita.org e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica e tem escrito alguns artigos no jornal eletrônico O Rebate. Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico na desobsessão e como psicógrafo de mensagens esclarecedoras, poesias e cartas consoladoras.

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