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Luiz Carlos Formiga |
Imagine-se entrando num laboratório de Microbiologia Clínica, onde se realizam exames de pacientes com doenças contagiosas. A cada enfermidade corresponde, neste “mundo invisível dos micróbios”, um agente etiológico. São muitos os gêneros e espécies patogênicos (“levianos”, “corruptos”, etc.). Antes era mundo insuspeito, mas passamos a ser videntes, com o uso dos microscópios.
No mundo invisível dos espíritos não seria diferente. Para estudar a mediunidade procuramos uma metodologia que nos aproxime, com a objetiva e a ocular, o mais possível da verdadeira realidade.
Os espíritos são as almas dos homens que "já deixaram a Terra", por isso lidamos com mentes caprichosas, que não estão à nossa disposição na hora que melhor nos convier. No entanto, pesquisadores que se submeteram à observação criteriosa, disciplinada e principalmente sem intenções subalternas, ficaram diante de fenômenos inusitados. Fatos que se repetiram tantas vezes quantas foram necessárias para recolher dados estatísticos ao máximo. O observador comanda as pesquisas físico-químicas até onde as energias podem ser controladas. No campo das ciências sócio-morais o cientista recolhe dados. Estão na mesma classe a Psicologia, a História, o Direito, a Sociologia... O objeto dessas Ciências é o animal racional, o socius, a criatura divina, no uso do livre-arbítrio. Aqui o observador deve ser passivo. Deve aguardar que o fato ocorra para observá-lo. E analisar, no tempo e no espaço, a reincidência dos fenômenos.
Em termos epistemológicos o Espiritismo é um saber novo, ainda não totalmente definido em suas dimensões e consequências sociais e culturais. Allan Kardec o disse “uma ciência” e “uma filosofia científica”, com resultantes morais decorrentes. Os três primeiros volumes das Obras Básicas, O Livros dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e o Evangelho Segundo o Espiritismo, representam, respectivamente, uma visão filosófica, uma metodologia experimental e um compêndio de regras comportamentais, estabelecido a partir de premissas reafirmadas por Jesus. Como lidar com demônios?.(*)
Voltemos ao passado. (2)
Diversos fenômenos estranhos que consistiam em ruídos, batidas e movimento de objetos, sem causa conhecida, chamaram a atenção nos Estados Unidos, por volta de 1848.
O interessante é que aconteciam com frequência, com uma intensidade e persistência singulares. Através da observação atenta notou-se que ocorriam sob a influência de determinadas pessoas, referidas como médiuns. Observou-se também que esses médiuns podiam provocá-los à vontade, o que permitiu repetir as experiências, tantas vezes quantas foram necessárias, para documentar-se o fato, acumulando dados estatísticos.
Para estas experiências usavam-se mesas, por comodidade e porque eram objetos móveis. É mais fácil e natural sentar-se à mesa do que em volta de outro objeto. Os resultados obtidos foram a rotação da mesa, movimentos em todos os sentidos, saltos, flutuações, golpes dados com violência, etc. Desta forma observou-se e discutiu-se o fenômeno designado com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.
Várias hipóteses foram enumeradas para explicar os resultados, como a presença de corrente elétrica ou magnética ou mesmo a ação de uma energia desconhecida. As hipóteses iniciais de Allan kardec não eram espíritas, mas sim materialistas.
Os movimentos obedeciam à vontade; a mesa deslocava-se para a direita ou para a esquerda, em direção a determinada pessoa, obedecia ao comando de ficar sobre um ou dois de seus pés, batia no chão tantas vezes quantas fossem pedidas, etc. Analisando o fenômeno raciocinou-se que " se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente ". Chegou-se a síntese: a causa devia ser uma inteligência, uma vez que esta afirmação era o mais provável e sua negação era altamente improvável. Em pesquisa quando um cientista encontra um resultado encontra também outras duvidas. Restava explicar a natureza dessa inteligência. Surgiram hipóteses: reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes? A hipótese foi inconsistente e logo abandonada.
O plano de pesquisa previa iniciar-se um diálogo com este ser "do mundo invisível". A técnica empregada foi um número convencional de batidas significando “sim ou não” ou designando as letras do alfabeto. Os resultados obtidos com diferentes pesquisadores foram extremamente satisfatórios.
Através do método simples foram obtidas diversas respostas para um sem número de questões que se lhes dirigiam. Por isso o fenômeno foi denominado como "Mesas Falantes". Interrogados sobre a sua natureza eles declararam ser espíritos.
O fenômeno assumiu dimensão racional, científica e doutrinal. "Não foram os fatos que vieram posteriormente confirmar a teoria, mas a teoria é que veio explicar e resumir os fatos". É o próprio fenômeno que revela a sua condição de espírito. O raciocínio não precisa emitir hipótese explicativa, como ocorre nas ciências físicas. Allan kardec vai além e revela a faceta mais bela do Espiritismo que é o seu lado moral. Discute a questão da atitude do homem perante o homem e o mundo, e a projeção dessa atitude como atividade social e histórica.
Vejamos um exemplo da “Experiência do Copo”. Seu relato na WEB (3) foi retirado do livro “De Kennedy ao Homem Artificial”.
Diz a senhora: “ - Imagine o senhor que começamos a fazer a experiência do copo que anda sozinho. Há uma médium muito boa de efeitos físicos e as sessões, lá em casa, têm sido maravilhosas. Tudo Espírito de muita luz, de muita elevação.
Aquela notícia de que tudo era Espírito de luz não chegou descansada em meu coração. O que se sabe, ao contrário, é que, com raríssimas exceções, os Espíritos que se apresentam nesse tipo de reunião são sempre de pouca elevação espiritual. O perigo pode sobrevir até mesmo em clima de boa vontade. Ela adivinhou em meu olhar essa preocupação e afinal fez-me o convite:
- Venha na próxima semana. O senhor vai conversar com eles e verá que beleza!”
O convite foi aceito. E os resultados?
“Feita a prece, a concentração, em 10 minutos o copo estala, treme, bate e logo desliza sobre a mesa. O alfabeto está à volta, e sobre as letras o copo vai dando as suas paradas até ir formando frases inteiras. O método é extremamente primitivo, cansativo e completamente superado.”
Não posso ser acusado de “revelar o final do filme”. Como disse, ele pode ser lido em (3). No mínimo, o leitor vai rapidamente descobrir quais são os dois principais mandamentos do Espiritismo e compreender porque enfatizamos a necessidade do estudo sério. De uma coisa estou certo, aquele que estudar o Espiritismo se comportará, diante da mediunidade e dos espíritos, como aquele que estudou o mundo dos micróbios e está no Laboratório examinando escarros de tuberculosos.
Desconfie, previna-se. Há espíritos marqueteiros, corruptos e levianos, que mistificam até o fim. Apresentam-se como se fossem “santos”, como alguns políticos, na época das eleições. Se você entendeu o perigo no laboratório da mediunidade, não vai ter copo!
Leitura adicional
(1) A ciência do Espírito
(2) Esclarecendo Dúvidas. NEU-Fundão.
De que forma surgiu o Espiritismo? Como explicar
efeitos inteligentes revelados pela experimentação?
(3) A brincadeira do copo
(*) Demônios
1 Comentários:
Esse artigo me fez lembrar um trecho do Epes Sargent – Livro: Bases Científicas do Espiritismo:
“O Espiritismo – diz Alfred R. Wallace – é uma ciência experimental que nos fornece a única base de uma verdadeira filosofia e de uma pura religião. Ele abole os termos sobrenatural e milagre, ampliando a esfera da lei e do domínio da natureza, e, por esse modo, apanha e explica o que há de real nas superstições e supostos milagres de todas as idades. Um conhecimento da natureza humana, que nos faz saber depender o nosso bem-estar, na vida futura, do cultivo e desenvolvimento até o mais alto grau das faculdades intelectuais e morais dessa mesma natureza, e de nenhuma outra coisa mais, é e deve ser o natural inimigo de todas as superstições” – Pag.170
Para nossa reflexão.
Marcos Fonseca
Por Marcao, às 20 de maio de 2014 às 03:58
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