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Luz Carlos Formiga |
A narrativa sobre Jesus e a
cura de 10 leprosos dá motivos para reflexões. Essas podem ser ampliadas agora,
que estamos de posse dos postulados da Doutrina dos Espíritos, como Deus,
Jesus, Imortalidade, Reencarnação, Lei de Ação e Reação, Causa e Efeito.
Podemos pensar e obter melhores respostas para “de onde viemos e qual a nossa
destinação”, sobre condutas assumidas após a cura e, ainda, sobre suas
consequências espirituais.
O próprio título - A Cura dos
10 Leprosos - pode sugerir outras e novas leituras com a evolução biomédica. Hoje,
estamos diante dos quimioterápicos, antibióticos e a terminologia médica pode
até ser discutida e alterada.
Agora, a Lepra é vista como um fenômeno
psicossocial. Por isso, este termo foi substituído, nos documentos oficiais, por
Hanseníase, que é enfermidade melhor definida como uma doença infecciosa
relativamente benigna, "pouco contagiosa" e não letal. A mudança foi
introduzida para evitar prejuízos
pedagógicos, com enfoque na Educação para a Saúde. Mesmo assim, a falta
de conhecimento popular sobre a hanseníase faz com que a população, e até alguns
profissionais de saúde, trabalhem com arquétipos ultrapassados ligados à lepra.
O problema é que nesse terreno,
o preconceito começa na linguagem. Da
linguagem se transfere para a atitude, originando níveis de afastamento, gerando
o ato de evitar, pela discriminação, quando finalmente acontece a segregação/exclusão.
(1,2,3,4)
Com as pesquisas de Kardec, podemos questionar o destino
daqueles 10 espíritos hospedados em corpos físicos. Temos certeza que colhemos
conforme a plantação que tenhamos lançado à vida, sem qualquer privilégio na
Justiça Divina e sabemos que “o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente
de caridade – a caridade de sua própria divulgação”. O que dizer do testemunho?
Assim podemos
perguntar e refletir sobre as condutas posteriores daqueles diversos doentes curados
pelo Nazareno. Leproso era qualquer doente que se apresentava com grave alteração
corporal estética, facilmente visível, e, não apenas os que eram hansenianos. Como
foram seus comportamentos posteriores, após a cura da “Lepra” por Jesus?
Que
plantações teriam lançado à vida, depois de distantes da enfermidade cruel?
Permitiram o retorno dos velhos vícios? Recuperaram a ganância pelo ouro?
Perverteram a autoridade? Furtaram a segurança e a felicidade de outros? Atravessaram
as cinzas da morte em desequilíbrio mental? Trocaram o templo do lar, pelas
aventuras da deserção? Voltaram ao
patamar em que estavam antes de se tornarem “leprosos”? Como fazer para
permanecer curado após o chamado “milagre”?
Alguns
procuram o Espiritismo, ou médiuns não espíritas com o dom de curar (5).
Anseiam apenas pela cura de seus corpos perecíveis e sofridos, mas não param
para refletir sobre o que a doença está querendo revelar ou dizer. Alguns, não
fazem reflexão, nem antes nem depois. Seus comportamentos posteriores acabam revelando
a inexistência da cura espiritual, embora haja a dos corpos. Alguns podem ser
até ingratos, quando se negam a “mostrar-se aos sacerdotes, fariseus”.
Falta-lhes ingerir a última e fundamental dose do medicamento, o testemunho,
daí a recidiva mesmo em outra vida (6). O médico recomenda tomar o antibiótico
por 10 dias, mas eles só o usam por uma semana.
No entanto, para
a cura sustentada é necessário adquirir coragem para enfrentar não só os
preconceitos que levam a expulsão. Isto
é, não devemos tomar o medicamento,
o antibiótico, apenas durante a semana
em que estamos passando pelo afastamento
e a discriminação, quando ainda faltam vencer os “micróbios mais
resistentes”, que são os da segregação/expulsão.
No livro onde Allan Kardec discute os
milagres e as predições segundo o Espiritismo, no capítulo XV - Os milagres do
Evangelho, podemos encontrar o caso do cego de nascença,. Luiz Antonio Millecco
dizia que no caso da cegueira o preconceito também começa na linguagem, onde é
voltada para a visão, pois "faca cega" é a que não corta.
Após a cura, e oferecendo o seu
testemunho, um homem simples, que recobrara a visão com auxílio de Jesus, não
se intimidou diante das pressões sofridas.
Vejamos: “ao passar, viu um homem que era
cego desde que nascera. Jesus então cuspiu
no chão e, havendo feito lama com a sua saliva, ungiu com essa lama os olhos do
cego — e lhe disse: Vai lavar-te na piscina de Siloé. Ele foi, lavou-se e
voltou vendo claro. Seus vizinhos perguntaram-lhe então: Como se te abriram os
olhos? — Ele respondeu: Aquele homem que se chama Jesus fez um pouco de lama e
passou nos meus olhos, dizendo: Vai à piscina de Siloé e lava-te. Fui, lavei-me
e vejo. — Disseram-lhe: Onde está ele? Respondeu o homem: Não sei.
Os vizinhos levaram o homem que estivera
cego aos fariseus. — Ora, fora num dia de sábado que Jesus fizera aquela lama e
lhe abrira os olhos. Também os fariseus o interrogaram para saber como
recobrara a vista. Ele lhes disse: Ele me pôs lama nos olhos, eu me lavei e
vejo. — Ao que alguns fariseus retrucaram: Esse homem não é enviado de Deus,
pois que não guarda o sábado. Outros, porém, diziam: Como poderia um homem mau
fazer prodígios tais? Havia, a propósito, dissensão entre eles. Disseram de
novo ao que fora cego: E tu, que dizes desse homem que te abriu os olhos? Ele
respondeu: Digo que é um profeta.
Os fariseus chamaram, pela segunda vez, o
homem que estivera cego e lhe disseram: Glorifica a Deus; sabemos que esse
homem é um pecador. Ele lhes respondeu: Se é um pecador, não sei, tudo o que
sei é que estava cego e agora vejo. — Tornaram a perguntar-lhe: Que te fez ele
e como te abriu os olhos? — Respondeu o homem: Já vo-lo disse e bem o ouvistes;
por que quereis ouvi-lo pela segunda vez? Será que queirais tornar-vos seus
discípulos? — Ao que eles o carregaram de injúrias e lhe disseram: Sê tu seu
discípulo; quanto a nós, somos discípulos de Moisés. — Sabemos que Deus falou a
Moisés, ao passo que este, não sabemos donde saiu.
O homem lhes respondeu: É de espantar que
não saibais donde ele é e que ele me tenha aberto os olhos. — Ora, sabemos que
Deus não elogia os pecadores; mas, àquele que o honre e faça a sua vontade, a
esse Deus engrandece. Desde que o mundo existe jamais se ouviu dizer que alguém
tenha aberto os olhos a um cego de
nascença. Se esse homem não fosse um enviado de Deus, nada poderia fazer de
tudo o que tem feito.
Disseram-lhe os fariseus: Tu és todo
pecado, desde o ventre de tua mãe, e queres ensinar-nos a nós? E o expulsaram. (7)
Dissemos
anteriormente que alguns são até ingratos, quando se negam a “mostrar-se aos
sacerdotes”(6)
Emmanuel diz
que em muitas situações de inexistência de mudança de comportamento, de
esforços para domar inclinações menos éticas, na existência de ingratidão, “a única
terapêutica é a volta aos berços de sombra em que, através da reencarnação
redentora, ressurgem no vaso físico — cela preciosa de tratamento —, na
condição de crianças-problemas em dolorosas perturbações.
O mentor de
Chico Xavier recomenda então que se recebemos no lar anjos tristes, no eclipse
da razão, devemos praticar o aconchego, com paciência e ternura, porquanto são,
quase sempre, laços enfermos de nosso próprio passado, inteligências que
decerto auxiliamos irrefletidamente a se perderem e que, hoje, retornam à
concha de nossos braços, esmolando entendimento e carinho, para que se refaçam para
a bênção da liberdade e para a glória da luz.”(8).
Voltemos à
“Lepra”. O que teria acontecido posteriormente com os 10 leprosos? Qual terá
sido a trajetória do único que voltou para agradecer?
Sobre eles, como
o episódio foi narrado por Lucas (17:12-19) ?
11 A caminho de Jerusalém, Jesus passou pela divisa entre
Samaria e Galileia.
12 Ao entrar num povoado, dez leprosos dirigiram-se a ele.
Ficaram a certa distância
13 e gritaram em alta voz: "Jesus, Mestre, tem piedade de
nós!"
14 Ao vê-los, ele disse: "Vão
mostrar-se aos sacerdotes". Enquanto eles iam, foram purificados.
15 Um deles, quando viu que estava curado, voltou, louvando a Deus em alta voz.
16 Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradeceu. Este era
samaritano.
17 Jesus
perguntou: "Não foram purificados todos os dez? Onde estão os outros nove?
18 Não se achou nenhum que voltasse e desse louvor a Deus, a
não ser este estrangeiro?"
19 Então ele lhe disse: "Levante-se e vá; a sua fé o
salvou".
Por economia de espaço-tempo destacamos: um
dos doentes voltou para agradecer, exatamente um samaritano, que a fé salvou. O
que significam esses três pontos?
O Mestre, no “Plano de Ensino” usou parábolas
como “estratégia” e assim “lecionou” com propriedade.
Com o 1º Fórum Nacional de Paranormalidade e
Mediunidade, realizado em Florianópolis, outubro de 2011,
chegamos à conclusão que o autoconhecimento,
o esforço pessoal permanente e a mudança comportamental são pressupostos
básicos para que o indivíduo possa alcançar a cura e, certamente, são também
fundamentais para nela permaneçer.
“A Ciência propriamente
dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o
conhecimento das leis do princípio espiritual”. Podemos fazer analogias.
O dom de
educar é dom de curar. Educadores são médicos da alma ainda pouco valorizados
na sociedade atual. A Educação Espiritual é tratamento, mas principalmente vacinação.
(5) Como na de aplicação intramuscular, pode produzir na “musculatura mental” a
sensação de dor, durante a fase de conscientização; no momento do testemunho;
durante o exercício de divulgação ao próximo (6). Depois do grande estímulo antigênico
vacinal, colheremos a resposta mental/imunológica, traduzida em saúde sustentada
e paz interior, ainda nessa e em outras encarnações. Por isso o espírito asseverou
que “evangelização é desafio de urgência”. Outro pediu: “Evangelize coopere com
Jesus.”
Referências
(1) O Espiritismo não veio para curar corpos
materiais
(2 )Mancha anestésica social
( 3) O estigma da lepra.
(4) O
Poder das Palavras.
(5) O Dom de Curar
(6) Proselitismo e Divulgação. Onde a Fronteira
(7) As Ciências Biomédicas, os Doutores, o Espiritismo e os Cegos de
Nascença.
(8 )Religião dos Espíritos, Questão nº 373 Emmanuel
& FCXavier, FEB
Palestra relacionada
com o texto
Leitura opcional
(QS*) Inteligência
Espiritual e Chico Xavier
Para a nossa cura
Preconceito, Exclusão
1 Comentários:
Realmente o caminho é a Evangelização e fui buscar no dicionário Aulete e encontrei a seguinte definição:
1 Rel. Ação ou resultado de evangelizar, de pregar o Evangelho.
2 Fig. Ensino ou divulgação de uma doutrina, de um sistema etc.: a evangelização das ideias modernas.
Então o caminho é o ensino ou divulgação dos postulados da Doutrina Espírita para todas as idades e também desencarnados (dialogo na reunião mediúnica) e como fazemos isso?
Estudando a codificação de forma compartilhada com amor e dedicação sem preconceito.
Eu acredito ser o remédio para todos os males atuais: depressão, corrupção, violência, cura das doenças do corpo e da alma.
Assisti a palestra no link e recomendo: http://www.youtube.com/watch?v=qyzWrgNS1lM&feature=plcp&context=C3a75f8fUDOEgsToPDskLQ8je78n7ZNEYZQAvdmCTZ
Vamos em frente.
Marcos
Por Marcao, às 7 de setembro de 2013 às 03:23
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