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terça-feira, 20 de agosto de 2013

COLETÂNEAS DOS ARTIGOS DE ROBERTO CURY

Roberto Cury


OS ANIMAIS SÃO IRRACIONAIS?
REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO.     
A VOLTA DE JESUS
JESUS NEGA SER DEUS
REENCARNAÇÃO OU RESSURREIÇÃO
BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO
CONHECER PARA PROGREDIR
SABEDORIA
A PACIÊNCIA
A PARTIDA
A RESIGNAÇÃO
A DÁDIVA
O AMOR UNIVERSAL
OBSESSÃO ESPIRITUAL NA INFÂNCIA
A MÁGOA
A ALEGRIA COMO FORMA DE VIDA
A REFORMA ÍNTIMA
A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA E A JUSTIÇA DIVINA.
DESEQUILÍBRIO
EMPOLGAÇÃO COM A DOUTRINA ESPÍRITA
HÁ QUEM CHEGUE CHORANDO, EU CHEGUEI SORRINDO!
MALEDICÊNCIA E FALSAS ACUSAÇÕES
MILAGRES
POR QUE DEUS É FIEL?
O ABORTO
O medo de morrer nos mata por antecipação
O PODER DO MEDO
O SEXO DESTRUIDOR OU FORÇA CRIADORA
PARA VENCER É PRECISO TER SORTE
PARTIDA DE ENTES QUERIDOS
REFLEXOS
SOFRER É UMA QUESTÃO PESSOAL
VIOLÊNCIAS E PAZ.



OS ANIMAIS SÃO IRRACIONAIS?
Era sexta-feira, dia 17 de maio de 2013, e a reunião de estudos cuidava dos animais perante os homens. Várias histórias sobre animais foram narradas pelos frequentadores da noite, ora sobre a inteligência, ora sobre o instinto e até se eles têm livre arbítrio !
Mas, a grande questão era a de que se os animais têm alma.
Tudo começou quando Kardec perguntou aos espíritos da Codificação: - Pois se os animais têm uma inteligência que lhes dá uma certa liberdade de ação, há neles um princípio independente da matéria? (questão 597).
Secamente, responderam os espíritos: - Sim, e que sobrevive ao corpo.
Novamente Kardec na questão 597-a: - Esse princípio é uma alma semelhante à do homem?
Responderam: - É também uma alma, se o quiserdes; isso depende do sentido em que se tome a palavra, mas é inferior à do homem. E completam: - Há, entre a alma dos animais e a do homem tanta distância quanto entre a alma do homem e Deus.
- Caramba!, assustou-se o jovem Lúcio.
Gabriel Delane, in Evolução Anímica, pág. 63, ensina: "se o animal executar ações inteligentes, é porque é dotado de inteligência, e se esses atos forem da mesma índole que se percebe nas pessoas, evidentemente se conclui que tal inteligência é semelhante à alma do homem, de vez que, na criação, somente a alma é dotada de inteligência".
Esse princípio, segundo Delane, enseja a conclusão de que o princípio inteligente (alma) que habita o corpo do animal é da mesma natureza que a humana, apenas com a diferença do desenvolvimento gradativo (evolução gradativa).
- Caramba!, assustou-se, também, a jovem Eniele, completando: - quer dizer que a alma dos bichos é igualzinha a nossa?
A gargalhada foi estrepitosa na Casa Espírita e isso causou certa apreensão em Claudemiro acostumado noutros centros onde quando muito se permitia sorrir, mas, jamais gargalhar. - Que falta de respeito, pensou com seus botões. Eita povinho mais doido, sô. Onde já viu rir assim a bandeiras despregadas!
- De jeito nenhum, refutou o cinquentão Agostinho; homem é homem, animal é animal. Não acredito que um dia os animais possam virar homens.
Sorrindo, ainda, o coordenador da reunião de estudos contou que na obra citada, Gabriel Delane narra uma história verdadeira contada por um cidadão, que descortinava a paisagem em frente à sua janela, sobre uma raposa que conduzia um ganso como sua presa. Diante de um muro muito alto a raposa estacou e tentou, sem largar do ganso, aprisionado entre os dentes dela, saltar sobre o obstáculo, não conseguindo em nenhuma das três tentativas.
Assentou-se apreciando o muro como se estudasse uma forma de superá-lo. De repente, agarrou o ganso pela cabeça esfregando-a de encontro à parede saltou até alcançar uma reentrância onde enfiou o bico da ave, fixando aquele corpo ali. Depois, firmando-se sobre a ave presa no muro, chegou ao cimo. Jeitosamente, abocanhou novamente a presa atirando-a para o outro lado, saltou sobre o muro, lá agarrou, novamente o ganso e saiu em desabalada carreira planície afora.
Ainda na mesma obra, Delane conta sobre um urso muito inteligente do zoológico de Viena que divisando uma fatia de pão que flutuava na água fora da jaula, teve a idéia engenhosa de revolver a água com sua pata, formando assim uma corrente artificial que trouxe para perto de si o pedaço apetitoso de pão.
Sem sombra de dúvidas que a idéia do urso foi genial.  Das duas histórias contadas por Delane, torna-se fácil compreender que tanto o urso quanto a raposa demonstraram possuir três coisas essenciais ao sucesso de suas empreitadas: 1- idéia de cálculo; 2 - raciocínio; e 3 - decisão.
Certas criaturas humanas não teriam tamanha inteligência demonstrada pela raposa e pelo urso.
Allan Kardec, n'O Livro dos Médiuns, capítulo XXII, páginas202 a 207, edição IDE, referindo-se à inteligência dos animais, ensina: "Não se lhes pode, sem dúvida, recusar uma certa dose de inteligência relativa, mas, seria preciso convir que, em certas circunstâncias, sua perspicácia ultrapassaria de muito a do homem, porque não há pessoa que possa se gabar de fazer o que eles fazem; seria preciso mesmo, para certas experiências, lhes supor um dom de segunda vista superior a dos sonâmbulos mais clarividentes".
Novamente Delane, na mesma obra, porém grande parte buscada na Revista Científica, edição de janeiro de 1879, narra que no Zoológico de Viena, havia uma enorme quantidade de ursos e a direção, receosa da proliferação da espécie em escala descontrolável, resolveu eliminar alguns deles. Assim foram lançados bolos envenenados para dois ursos que mesmo famintos, cheiraram os alimentos e fugiram. Entretanto, mais tarde, atraídos pelo cheiro do ácido prússico, veneno potentíssimo, empurraram os bolos para o fosso de água e ali, manipularam até que a evaporação do tóxico deixou os alimentos livres de qualquer traço perigoso. Só então os famintos ursos devoraram os bolos. Esse comportamento inteligente não se lhes salvou a vida como a direção acabou por perdoá-los.
Prossegue Delane com relatos interessantíssimos, como o da vespa que tentando transportar o cadáver de uma mosca, mas, percebendo que as asas desta lhe dificultavam o voo, inteligentemente, tomou sua decisão: pousando sobre a mosca, cortou-lhe as asas voou, com facilidade, transportando o cadáver do inseto, aprisionado em suas patas.
Sou testemunha de um caso espetacular de inteligência e malícia de um animal selvagem. Na minha chácara no município de Nerópolis, Estado de Goiás, vez ou outra, atraídos pelas galinhas, patos e galinhas de angola, que circulavam livremente pelo terreiro, de vez em quando, gatos do mato só não abocanhavam algum destes animais menores quando os cães, eram cinco, os impediam de conseguirem a presa. Entretanto, no córrego que mais tarde veio a formar o lago da represa, apareceu uma lontra que, espertamente saía da água e sempre levava uma ou outra galinha ou abocanhava um ou outro pato que nadava por ali. Num dia em que a lontra saiu da água para perseguir uma galinha próxima, mas, que conseguiu escapar do seu bote, a cadela Tulipa disparou em cima da caçadora que caiu na água e só ficou com o nariz de fora. Confiante de que pegaria a lontra, Tulipa se atirou na água, foi quando o animal selvagem deu um bote e iniciou o afogamento da cadela. Sêo Geraldo, o caseiro, atirou com a espingarda cartucheira, acertando a cabeça da lontra que assim largou a cadela que foi recolhida viva pelo atirador.
Sem sombra de dúvidas que a lontra utilizou-se de sua invejável inteligência consubstanciada através da malícia atraindo a sua inimiga para afogá-la. Preparou a armadilha e a cadelinha caiu direitinho.
Costelinha é um cão que apareceu na porta da nossa Casa Espírita faminto e sofrido. Sentia-se que ele buscava abrigo e compaixão. Ao final da reunião, Karla, nossa confreira, condoída levou-o para sua residência, onde ele foi acolhido carinhosamente por ela e por seu marido o amigo Carlos. Alimentaram-no, dispensando todo um tratamento que se fazia necessário à recomposição física do animal. A princípio, Costelinha, nome dado por Karla, em face de que quando lá chegou desnutrido, suas costelas estavam à mostra, fazia suas necessidades indiscriminadamente em qualquer lugar. Com o tempo, os seus donos começaram aplaudi-lo toda vez que ele fez suas necessidades no lugar adequado. Ele aprendeu e a cada vez que era aplaudido, tudo indicava, que ele sorria, mostrando sua satisfação, sua felicidade abanando o rabo e olhando com olhos brilhantes os donos entusiasmados.
Assim, a cada vez que ele sentia necessidade, beirava a porta que era liberada. Logo depois, satisfeito e aplaudido, voltava todo feliz.
Pois numa destas noites, com diarréia, defecou no box do banheiro do casal.
Quando Karla percebeu pelo cheiro e pela sujeira, olhou firmemente para o cão que imediatamente escondeu sua cabeça entre as patas dianteiras, não deixando qualquer dúvida de que estava envergonhado do que fizera.
A análise do comportamento do cão pelo grupo espírita, colocados os fatos por Karla, ficou entendido que o cão antes criticado porque fizera em lugares indiscriminados e aplaudido quando defecara em lugares corretos, concluiu que sentira o olhar de Karla como reprovação por ter se aliviado no lugar menos adequado e, portanto, envergonhou-se. Era o amor-próprio ferido pelo olhar reprovativo da dona em face do lugar diferente do correto.
É inquestionável que Costelinha não apenas goza de uma inteligência além do normal nos animais, como tem capacidade de raciocínio, além do sentimento de amor-próprio.
Há tantas passagens com todos os animais domésticos ou selvagens que não mais se surpreendem os homens pela inteligência e pelos sentimentos manifestados por eles, demonstração clara e insofismável que tudo evolui, inclusive os seres considerados irracionais mas, que têm tanto ou mais raciocínio do que certos humanos.


Roberto Cury
REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO.      
Nossa confreira Áurea, uma das pioneiras na fundação do nosso grupo espírita, ainda hoje nos contava sobre as peripécias e capacidades de seu netinho Gabriel, de menos de dois anos e que mostra um conhecimento ímpar e diferenciado das gerações anteriores além de sair-se, sempre que inquirido, com "tiradas" impressionantemente inteligentes capazes de demonstrar, de forma indiscutível, uma vivência anterior na qual a criança tenha se desenvolvido,  portanto, já se encontrando preparado para enfrentar o progresso no caminho da Regeneração do globo terrestre.
Marcos Paterra, anuncia que "a reencarnação de espíritos mais adiantados e preparados faz parte da evolução da Terra" e afirma, sem receio, de que "Não é segredo que as novas gerações que vêm nascendo nos últimos 50 anos, demonstram uma inteligência acima da média; algumas chegam a ser consideradas com "alta habilidade", destacando-se das outras".
 Houve um tempo e há , ainda, pessoas que acreditam no Fim do Mundo e a consequente erradicação dos seres humanos (teoria apocalíptica).
Kardec, em A Gênese, Capítulo XVIII, trata da geração nova, textualmente afirmando: "Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-los avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.
A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.
Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem."  (cópia ipsis litteris da tradução de Guillon Ribeiro - FEB).
Desde o advento de A Gênese, em Paris, em 6 de janeiro de 1868, muita coisa já mudou neste nosso mundão.
Os eventos apocalípticos, ao nosso ver, já aconteceram: as primeira e segunda guerras mundiais em que milhões de vidas foram ceifadas, muitas das quais já não pertencem à esfera terrestre, naturalmente excluídos para mundos inferiores.
É verdade que os conflitos ainda não terminaram, ao revés, fervilham por toda a parte, especialmente no oriente médio, onde a felicidade ainda não chegou e os reajustes reclamam correção, justiça e paz.
Entretanto, são os acertos circunscritos aos patrícios de cada país. Praticamente, não existem mais conflitos envolvendo uma nação contra outra. Eis que divergências de ordem política ou de desencontros verbais, ou, ainda, de rompantes visando a conquista pelo menor esforço, mesmo que ameaçando com bombas ou artefatos de alcance inimaginável, vizinhos creditam-se esperançosos em estender suas fronteiras pela dominação através do medo alheio. E, se o vizinho não se acovarda, mas, também responde no mesmo pé, fortalecido pelo apoio de nações ocidentais, então o empate acontece e cada um recolhe seus arsenais bélicos aos paióis ocultos ou que imaginam desconhecidos.
Mas, os desentendimentos intestinos, todos visando ou o poder pelo poder, ou a conquista de bens necessários ao progresso do país, têm sido mostrado, imediatamente, ao resto do mundo, através da televisão, da internet e das redes sociais. Nada mais fica oculto aos olhos do mundo mais do que um milésimo de segundo nos tempos de agora. Até as manifestações populares da gente ordeira querendo saúde, educação, paz, bem-estar, seriedade no trato da coisa pública, acontecem a todos os instantes exigindo ações imediatas dos governantes. Trata-se da incessante busca da melhoria da qualidade de vida, da alegria e da felicidade tão almejadas pelos encarnados terrenos.
Assim é que, também aqui no Brasil, as populações têm saído às ruas em manifestações pacíficas reclamando a ausência de melhor saúde, melhor educação, melhor segurança e melhores oportunidades na vida em geral.
Tudo se encadeia no Universo, respondem os espíritos  quando tratam da Lei do Progresso inserta em O Livro dos Espíritos. Então entre uma geração e outra, o progresso da humanidade acontece sem solavancos e cada vez mais aceleradamente.
Observamos que vez ou outra, algumas pessoas aderem a sistemas estranhos e, entusiasmadas, tentam introduzir, no Movimento Espírita, conceitos e teorias absurdos, mas, que logo se derrotam naturalmente. Aqui no Brasil, principalmente. A FEB forçou com o Rustenismo e até hoje mantém a venda de "Os Quatro Evangelhos". Em Goiás, "A Corrente Magnética" fez sucesso entre orgulhosos "inovadores", mas, arrefecida, quase desapareceu. As teorias e práticas conhecidas como Cromoterapia, Psicoterapia, Musicoterapia, Hidroterapia, Cristalterapia, Fitoterapia, além de outras terapias, ainda são praticadas em algumas casas espíritas, mesmo nada tendo a ver com a Doutrina Espírita. Do exterior, chegou o livro "Crianças Índigo", editado pela Butterfly Editora, de São Paulo, de autoria de Lee Carrol, de Jan Tober e do Espírito denominado Kryon, cuja história americana considera que as crianças especiais são encarnações de espíritos puros e altamente elevados, de um conhecimento superior que poderiam ser considerados excepcionais seres que teriam vindo para impulsionar, o progresso mundial de forma inusitada e definitiva. Se as denominadas crianças índigo fossem realmente espíritos puros de extrema elevação, como explicar que , quando contrariadas, se enervam e até agridem os que se opõem a elas, ou se evadem através da ausência?
A jornalista e escritora Dora Incontri, autora de vários livros adverte: "O aspecto comprometedor que afasta o movimento espírita do rumo de Kardec é a ausência de criticidade, debates e exame livre das questões".
A reencarnação não é apenas uma questão da Doutrina Espírita, ali colocada por Allan Kardec e que várias denominações cristãs abominam porque desejam permanecer subordinando os seus fiéis aos dogmas criados por elas, para garantirem a sua própria mantença como razão de existência, enquanto a palingenesia coloca o homem diante de si mesmo para, através da liberdade de ação (Lei do Livre Arbítrio), escolher o seu caminho no progresso e no desenvolvimento de sua vida, sem depender de quem quer que seja para dirigir-lhe o destino.
Jorge Luiz Hessen, escritor e articulista espírita de nomeada, profundo conhecedor das questões doutrinárias, escreveu: "Casos de crianças precoces sempre despertaram a atenção dos cientistas, que atribuem esse fenômeno natural a “milagres biogenéticos”.
Mas, quem é  o superdotado? O que faz na Terra? Qual é o seu porvir? Perguntas, essas, que somente podem ser respondidas, tendo a pluralidade das existências como verdade absoluta e mecanismo natural de evolução do Espírito. “O jovem Maiko Silva Pinheiro lia, sem dificuldade alguma, aos 4 anos; aprendeu a fazer contas, aos 5 e, aos 9, era repreendido pela professora, porque fazia as divisões, usando uma lógica própria, diferente do método ensinado na escola. Hoje, estuda economia no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais, sendo bolsista integral. Aos 17 anos, os diretores do Banco Brascan dizem ter se surpreendido com sua capacidade lógico-matemática”.
"O mexicano Maximiliano Arellano começou a desenvolver a extraordinária memória, aos 2 anos de idade; aos 6 anos, Maximiliano diz querer ser médico. “Maximiliano deu uma aula de fisiopatologia e osteoporose com linguajar de um residente, segundo afirmativa do Diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Autônoma do Estado do México, Roberto Camacho”.
" Wolfgang Amadeus Mozart, que, aos dois anos de idade, já executava, com facilidade, diversas peças para piano; dominava três idiomas (alemão, francês e latim) aos três anos; tirava sons maviosos do violino aos quatro anos; apresentou-se ao público pela primeira vez e já compunha minuetos aos cinco anos; e escreveu sua primeira ópera, La finta semplice, em 1768, aos doze anos. John Stuart Mill aprendeu o alfabeto grego aos três anos de idade.
Segundo a Revista Veja, “Os sinais da inteligência, fora do comum, do jovem americano, Gregory Robert Smith, começaram muito cedo. Começou a falar com, apenas, dois meses de idade. Quando completou um ano, já memorizava o conteúdo de livros volumosos – tinha na cabeça a coleção inteira de Júlio Verne. Com 14 meses, resolvia problemas simples de matemática; com 1 ano e 2 meses, ele resolvia problemas de álgebra; aos 2 anos, lia, memorizava e recitava livros, além de corrigir os adultos que cometiam erros gramaticais; três anos depois, no jardim-de-infância, lia Júlio Verne e tentava ensinar os princípios da botânica aos coleguinhas; aos 10,  ingressou na Faculdade de Matemática; aos 13, deve começar a pós-graduação”, pois já terminou a faculdade”. “Smith criou uma fundação internacional e foi indicado para o Nobel da Paz.”
Suas pretensões iam mais além, com planos de fazer carreira na diplomacia internacional e, futuramente, sentar-se na cadeira que, então, pertencia a George W. Bush. Antecipou-se, dizendo: – “Na presidência, poderei trabalhar muito pelo meu país e pelos pobres de todo o mundo”.

  Zélia Ramozzi Chiarottino, que, aos quarenta e seis anos, já integrava o Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, disse: “Nos testes de inteligência, os gênios precoces costumam estar anos à frente dos colegas de classe”. Ela citou como exemplo, Fábio Dias Moreira, aluno que cursava a segunda série do curso médio, do Colégio PH, na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, que, aos 14 anos, conquistou 11 medalhas de ouro em olimpíadas de Matemática, sendo quatro delas em disputas internacionais. Segundo ele, preferia estudar, a ir a festas com os colegas, e não gostava de esportes. Sob nenhuma hipótese trocava os livros de Matemática por uma pelada com os colegas, mas conquistou a simpatia da turma, porque era quem tirava todas as dúvidas dos que apresentavam dificuldades com a matemática".
Ainda Hessen afirma: "Allan Kardec, examinando a questão da genialidade, perguntou aos Benfeitores: – Como entender esse fenômeno? Eles, então, responderam que eram “lembranças do passado; progresso anterior da alma(…)”                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        
Neste primeiro final de semana de julho conheci Pedro, segundo filho de Rafaela e Denis. Rafaela, filha de nossa confreira Vera e do nosso saudoso irmão e um dos construtores da nossa Casa Espírita, Mario. Pedro me surpreendeu, pois apenas com 6 meses, encarou-me com seriedade, prestando atenção em tudo o que lhe disse enquanto brincava com ele. Surpreendeu-me porque mesmo calado, percebi que ele me entendia, sentindo que queria dizer-me algo, como: - eu te conheço, te reconheço. Meu coração pareceu saltar dentro do peito. Senti que Pedro era meu amigo desde sempre. A felicidade inebriou-me então quando Rafaela me disse que ele gungunava mamã, papá esticando o olhar como querendo dizer algo.
Minha saudosa mãe me dissera que levei 2 meses só pra abrir meus olhos. As crianças de hoje chegam, na Terra, já ligados à melhor e mais alta tecnologia, com conhecimentos científicos  e moral muito além da nossa imaginação.
A atuação das nossas crianças, causam-nos estupefação e surpresa pela capacidade que sobrepuja nosso simples entendimento das coisas. Entretanto, não podemos estacionar nem no espanto e muito menos na admiração porque tanto um quanto a outra seriam inibidores das reflexões a que devemos nos guindar, para então entendermos a importância dessas encarnações.
Hessen, novamente, nos socorre: "Os talentos dos superdotados são inatos, sim, uma vez que nasceram com eles, ou melhor, renasceram com eles. Tais possibilidades – e é importante que não se perca de foco – são conquistas dos gênios-mirins, em existências pregressas, pela consubstanciação de conhecimentos." 
A conclusão não deve ser difícil ao cristão que raciocina que Deus, na Sua Bondade Infinita, na equanimidade de Sua Justiça, jamais permitiria que alguns poucos fossem beneficiários de imerecidos "dons", como querem os milagreiros de plantão de algumas denominações cristãs.
Cada um destes iluminados, são detentores de suas conquistas e a surpresa que causam, em nós simples mortais, também são úteis para nos impulsionar na busca de mais conhecimentos através do estudo das ciências, da moral, da responsabilidade que temos com nosso planeta.

Roberto Cury

A VOLTA DE JESUS
Desde que Jesus foi crucificado e morto no Calvário, a humanidade, especialmente, os cristãos esperam a sua volta, eis que ele afirmou: “Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito de Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. – Mas o consolador, que é o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”. – João, XIV:15-17 e 26.
Na Revista Espírita da SPEE, dezembro de 1864, “A Propósito da Imitação do Evangelho”, se lê: “Há dezoito séculos vim, por ordem de meu Pai, trazer a palavra de Deus aos homens de vontade”. Mais a frente: “Há muitas moradas na casa de meu Pai, disse-lhes eu há dezoito séculos”. A mensagem está assinada por “O Espírito de Verdade”. 
No capítulo XXXI, item IX, do Livro dos Médiuns, “Dissertações Espíritas”, “Sou eu que venho, o teu salvador e o teu juiz. Venho como outrora entre os filhos transviados de Israel. Venho trazer a verdade e dissipar as trevas. Ouvi-me”. 
Não há nenhuma dúvida de que Jesus proferira tais palavras, tanto quando entre os homens se encontrava como quando escrevera através da mediunidade do Sr. Rul, no Grupo São João, em Bordéus, em maio de 1864 e só trazido à luz em Dezembro.
Allan Kardec, professor, cientista, meticuloso, mesmo reconhecendo tratar-se de Jesus, emitiu nota ao rodapé da comunicação transcrita na Revista Espírita: “Sabe-se que emprestamos tanto menos responsabilidade aos nomes quanto mais pertencem a seres mais elevados. Não garantimos mais essas assinaturas do que outras: limitamo-nos a entregar tal comunicação à apreciação de cada Espírita esclarecido. Contudo diremos que não é possível desconhecer nela a elevação do pensamento, a nobreza e a simplicidade das expressões, a sobriedade da linguagem, a ausência de superfluidade. Se se a compara às que são dadas na “Imitação do Evangelho” (prefácio e Cap. III: “O Cristo Consolador”), e que levam a mesma assinatura, posto obtidas por médiuns diferentes e em épocas diversas, nota-se entre elas uma analogia marcante de tom, de estilo e de pensamentos, que acusa uma origem única. Para nós, dizemos que pode ser do Espírito de Verdade porque é digna dele; ao passo que temos visto massas assinadas por este nome venerado ou o de Jesus, cuja prolixidade, verbiagem, vulgaridade, por vezes mesmo a trivialidade das idéias, traem a origem apócrifa aos olhos dos menos clarividentes”.
Já após o final da comunicação no Livro dos Médiuns, Kardec anotou: “Esta comunicação, obtida por um dos melhores médiuns da Sociedade Espírita de Paris, foi assinada por um nome que o respeito só nos permitirá reproduzir com certa reserva, tão grande seria a insígne graça de sua autenticidade, e porque já muito se abusou desse nome em comunicações evidentemente apócrifas. Esse nome é o de Jesus de Nazaré. Não duvidamos absolutamente que ele possa manifestar-se. Mas se os Espíritos verdadeiramente superiores só o fazem em circunstâncias excepcionais, a razão nos impede aceitar que o espírito puro por excelência responda a qualquer apelo . Haveria pelo menos profanação em lhe atribuirmos uma linguagem indigna dele. É por essas considerações que temos sempre evitado publicar tudo o que traz o seu nome. ... Na comunicação acima constatamos apenas a incontestável superioridade da linguagem e dos pensamentos, deixando a cada um o cuidado de apreciar se aquele de quem ela traz o nome a rejeitaria ou não”.
Ainda, na mesma página, José Herculano Pires, tradutor da obra, edita a seguinte nota: “Esta comunicação aparece um pouco modificada, no cap. VI, de O Evangelho Segundo o Espiritismo com a assinatura de Espírito de Verdade, datada de Paris, 1861. Sabendo-se que Kardec não tomava decisões dessa importância por seu próprio arbítrio, e que poderia ter deixado de incluir ali a comunicação, é evidente que a assinatura primitiva de ter sido corrigida pelo próprio Espírito comunicante, como sempre acontece quando a imaginação do médium interfere nos ditados. No caso, o conteúdo da mensagem é realmente de valor. Note-se o cuidado seguido por Kardec e por ele recomendado, mas até hoje pouco seguido, no tocante às comunicações assinadas por nomes venerados. É conveniente ler e reler as suas recomendações acima”.
No capítulo VI, item 5 do ESE, Instruções dos Espíritos; “Advento do Espírito de Verdade, lê-se: “Venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis!”...“Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana; e eis que, de além-túmulo, que acreditáveis vazio, vozes vos clamam: Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal; sede os vencedores da impiedade!”
Eis que o Espírito de Verdade e Jesus de Nazaré, o Cristo, são o mesmo Espírito.
Basta a análise comparativa, porém profunda, descobrindo a identidade no teor das palavras ditas por Jesus entre os desgarrados de Israel e dezoito séculos a frente quando veio à luz o Espiritismo, o Espiritismo que será o futuro das religiões.
Assim, conforme afirmara, Jesus retornou, no século XIX, como o Consolador Prometido, como o Espírito Santo, o Espírito de Verdade, que tudo esclarece.
Jesus Cristo voltou através do Consolador Prometido – o Espiritismo. E, voltou para ficar definitivamente entre nós, esclarecendo todas circunstâncias e situações.

Roberto Cury
JESUS NEGA SER DEUS
Não vim de mim mesmo, mas fui enviado por Aquele que é verdadeiro e que vós não conheceis.” - Jesus.
Com o advento de Jesus, já nos primeiros séculos da cristandade, precisamente três séculos depois, debate-se sobre a natureza do Cristo. Até nossos dias ainda há quem creia na natureza divina e quem a negue peremptoriamente.
Kardec, ao seu tempo, já dizia que o debate entre a natureza divina e a natureza humana de Jesus não se achava solucionado. E arrazoava dizendo que a divergência de opiniões sobre essa natureza originou a maioria das seitas que dividiram a Igreja. Nota-se que, no passado, todos os chefes dessas seitas foram bispos ou membros consagrados do clero.
Eram teólogos de nomeada, gente esclarecida, escritores de talento, que não achavam concludentes as razões invocadas em prol do dogma da divindade do Cristo.
Hoje as opiniões não se fundam em fatos, mas, em abstrações e, estas, levam a conclusões firmadas, exclusivamente na fé cega.
Acompanhemos, devagar, a passagem de Jesus sobre o nosso Planeta e ouçamos a Sua Voz (Jesus nada deixou escrito), através dos Apóstolos e dos Evangelistas, sempre que Ele se referiu ao Pai.
Mas, só citaremos algumas de Suas Falas, para não sermos enfadonhos.
Reflitamos, com paciência e discernimento em cada uma das expressões do Mestre, pois assim atingiremos o conhecimento isento das paixões religiosas, conseguindo a paz na consciência e a firmeza nas convicções, pela fé raciocinada.
Eis que Suas afirmações tão formais e múltiplas, nos levam ao caminho claro da Sua natureza, como, por exemplo: Da parte Dele venho. Digo o que vi em meu Pai. Não me cabe a mim dá-lo, senão que será para aqueles a quem os tem preparado o meu Pai. Vou a meu Pai porque meu Pai é maior do que eu. Por que me chamais bom? Só Deus é bom. Não falo de mim mesmo, senão de meu Pai que me enviou. É Ele que indica o que devo dizer. Minha Doutrina não é minha, mas é a Doutrina Daquele que me enviou. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas pertencem ao meu Pai que me enviou. Não faço nada por mim mesmo, digo apenas o que aprendi com meu Pai. Nada posso fazer por mim mesmo. Não busco a minha vontade, mas somente a vontade de Quem me enviou. Tenho lhes dito a verdade que aprendi com Deus. Minha comida consiste em fazer a vontade Daquele que me enviou. Vós que sois o Deus verdadeiro, e Jesus Cristo a quem enviaste. Meu Pai, em Tuas mãos entrego meu Espírito. Meu Pai, se Te é possível, fazei que este cálice se aparte de mim! Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. Subo a meu Pai e a vosso Pai, a meu Deus e a vosso Deus.
Quando folheamos o Evangelho e nos deparamos com semelhantes afirmações de Jesus, concluímos que ninguém pode se dar ao luxo de uma interpretação contrária, nem contestatória do Mestre dos mestres, pois todas são de clareza meridiana.
Eis que o Cristo de Deus se coloca, todo o tempo, subordinado ao Pai. Reconhecendo o Pai como o único Deus verdadeiro.
Foi a doutrina teórica, surgida trezentos anos depois de Jesus, que gerou a polêmica sobre a natureza abstrata do Verbo. De caráter meramente especulativa, só vingou pela pressão de um poder civil absoluto do Clero e do Estado, que se deixou intervir, visando a busca das benesses convencionais geradas de um para o outro e vice-versa.
Quando Jesus esclarece: E vimos a glória Dele, glória como de Unigênito do Pai”; entendemos, sem dificuldade, que o que recebe não pode ser o que dá, e o que dá a glória não pode ser igual ao que a recebe.
Fosse Jesus Deus, possuiria por Si mesmo a glória, não havendo razão para esperá-la de ninguém.
Por outra, se Deus e Jesus são um só ser sob diferentes nomes, não poderia existir entre Eles nem supremacia, nem subordinação.
Assim, desde que não existe paridade absoluta de posição, é porque são dois seres distintos.
Não se nega a qualidade de Messias como se lê em todos os Evangelhos e Enviado que não é de igualdade, porque, de maneira insofismável está ressaltada a posição de subalternidade em relação ao que O envia. E, mais, o que obedece não pode ser igual ao que manda.
João, o Evangelista, estabelece a dualidade de pessoas quando caracteriza a posição secundária do Enviado.
Entretanto, Jesus é o Messias Divino por duas razões inquestionáveis: a de que Sua missão fora recebida de Deus e de que Suas perfeições espirituais O colocavam em relação direta com Deus.
Inúmeras vezes Jesus reconheceu Sua inferioridade perante Deus, não deixando nenhuma margem a dúvidas; como já, surrado, coroado de espinhos, inquirido por Pilatos sobre o conceito de verdade, Ele, humilde, respondeu com firmeza: “A verdade é o Pai que está nos céus.”
Também, quando ele Se chama a Si mesmo de Filho do Homem”, e o fez persistentemente, esclarece que Ele nasceu do homem situação oposta ao que está fora da Humanidade, o Deus, Incriado, Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas.
Algumas poucas vezes Se chama “Filho de Deus” assim como filhos de Deus somos todos nós, porque fomos todos criados por Deus. Por tudo isso, bem como em outras tantas oportunidades, Jesus deu o Seu testemunho de que Ele pertence à Humanidade, negando ser Deus: “Eu estou em meu Pai e vós em Mim e Eu em vós”. João, 14:20, ou, ainda, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida e ninguém chegará ao Pai senão por mim”.
Então, quando Jesus enfatiza: “Não vim de mim mesmo, mas fui enviado por Aquele que é verdadeiro e que vós não conheceis”, expressão tão clara que não deixa margem a nenhuma dúvida mais: se não veio Dele mesmo, mas, foi enviado, e que Verdadeiro é quem O enviou, então Jesus não é Deus.

Roberto Cury
REENCARNAÇÃO OU RESSURREIÇÃO

“A alma do homem é como a Água; vem do céu e sobe para o céu, para depois voltar à Terra, em eterno ir e vir.” Goethe.
Grande parte das religiões e dos religiosos não aceita a reencarnação como um dos requisitos da Justiça de Deus.
Exacerbados radicalismos são opostos contra ela. Daí, colocarem a ressurreição como promessa da recomposição do corpo e do espírito quando do Juízo Final, por vários segmentos religiosos. Esses mesmos segmentos entram em contradição com seus dogmas quando falam da ressurreição de Jesus em carne e espírito, pois, com afirmação da recomposição da carne do Rabi da Galiléia, negam que Jesus é Deus. Porque Deus é Espírito e nunca teve ou terá necessidade  de corpo material, indispensável aos homens na fase evolutiva.
Realmente, reencarnação e ressurreição são temas delicados que merecem um tratamento cuidadoso não apenas quanto à forma, mas, principalmente, em relação aos argumentos utilizados, porque ninguém tem o direito de desrespeitar o livre arbítrio de quem quer que seja.
Outrossim, é necessário, senão indispensável mesmo, que ambos lados estejam desvestidos de preconceitos, que analisem, sem paixões, cada dito e cada fato apresentados para que, ao final, as partes tenham o seu próprio juízo, aferindo com justeza, corrigindo os equívocos e acertando seus detalhes argumentativos.
Apesar da contestação de muitos religiosos, outros entendem que reencarnação e ressurreição se confundem pois, no dizer dos dicionaristas, ambas significam vida nova”. Entretanto, não podem ser confundidas, nem tampouco uma anular a outra.
O Pastor Presbiteriano Nehemias Marien, formado pela Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana em Campinas, e em Jornalismo e Comunicação pela Universidade de Bloomington – EUA; Mestre em Ciências Bíblicas pela Escola Bíblica de Jerusalém e pela Universidade de Nottingham – Inglaterra, desde 1972, no programa “Show Sem Limites”, apresentado por J. Silvestre, e, também, no seu livro “Transcendência e Espiritualidade”, tem declarado:“Até o ano de 553, no segundo Concílio de Constantinopla, a reencarnação fazia parte da Igreja. Depois, por discussões mais administrativas e menos teológicas, foi banida do cânone oficial e hoje a Doutrina Espírita, para a maioria dos pressupostos evangélicos, permanece no índex, interditada àqueles que não concordam com ela. No estudo da Bíblia, as evidências da reencarnação são clamorosas e eu admito ser o Espiritismo a mais caudalosa vertente do Cristianismo. Você encontra tanto no Antigo como no Novo Testamento, evidências claras da reencarnação, isto é, do prosseguir da vida. A morte nunca teve a última palavra.”
Algumas pessoas enganam-se quando acham que a Bíblia trata da reencarnação apenas nas passagens quando Jesus  disse a Nicodemos “que é necessário nascer de novo” e, depois da Transfiguração, quando os Apóstolos perguntaram sobre Elias, o Divino Mestre respondeu: pois que Elias já veio e eles não o conheceram, antes fizeram dele quanto quiseram”. Então os apóstolos compreenderam que Ele lhes falara de João Batista.
Eis outras passagens: “Tu reduzes o homem ao pó, e dizes: tornai, filhos dos homens, pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi” (Salmo 90: 3 e 4). “Porventura não tornarás a vivificar-nos?” (Salmo 85:6);Andarei na presença do Senhor, na Terra dos viventes”. (Salmo 116:9). “Porque somos de ontem e nada sabemos”. (Jó 8:9). “Agora eu era uma boa criança por natureza, e uma boa alma caiu no meu lugar. Sendo eu bom,eu caí num corpo puro”. (Sabedoria 8: 19 e 20). “Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão” (Isaías 26:19). “Na quarta geração tornarão para aqui”. (Gênese, 15:15 e 16). “Viverão  com seus filhos e voltarão”.(Zacarias 10:9). “Eis que abrirei as vossas sepulturas , vos tirarei de dentro delas, vos trarei à terra de Israel”. (Ezequiel 37:12). “Javé é quem faz morrer e viver, quem faz descer à sepultura e de lá retornar”. (I Samuel 2:6).
É preciso compreender que o espírito existe desde sua criação e que só vem a Terra ou a outro planeta quando reúne as condições encarnatórias. Por isso, a preexistência não tem como ser combatida. Rebeca, grávida, está aflita com a rivalidade que percebe entre os dois espíritos cujos corpos estavam sendo gestados no seu ventre. Consultou Jeová que respondeu: ”Duas nações há no teu ventre e dois povos se dividirão de tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro e o mais velho servirá ao mais moço” Gênese 25: 22 a 26. (o mais velho dos gêmeos é quem nasce primeiro).
Modo geral, os defensores da ressurreição em contraposição com a reencarnação, entendem que o ressurgimento se dá no mesmo corpo que um dia morreu, e isto no Juízo Final que não deixa de ser o mesmo que Final dos Tempos, enquanto pela reencarnação a volta do espírito, à vida física, acontece em novo corpo, sucessivamente até que atinja o seu melhor grau evolutivo. E aí a grande diferença. E aí a necessidade do bom senso. E aí só o raciocínio claro e isento pode concluir qual tema é mais consentâneo com a Divina Justiça, ou se ambos foram contemplados nas Imutáveis Leis.
Há muitos milênios, escrituras, Avatares e sábios hindus trataram da reencarnação. Eis o que diz o Bhagavad Gita (livro sagrado dos hindus): “Assim como a alma passa, neste corpo, pela infância, juventude e a fase adulta, de igual maneira ela toma outro corpo. O sábio não estranha tal coisa. (2.13)
Tal como uma pessoa despe a roupa velha e veste outra nova, a alma encarnada saca os corpos gastos e veste outros que sejam novos. (2.22).
Krishna Avatar, 5000 anos A.C. ensinou a verdade da reencarnação.
O Professor católico José Reis Chaves, que, diante das descobertas no estudo de O Livro dos Espíritos, tornou-se espírita, no livro “A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência”, diz: “Muitos acham que ressurreição e reencarnação são duas questões incompatíveis, o que é um grande equívoco. Para sintetizar de vez o assunto, devemos atentar para o fato de que a ressurreição bíblica é na chamada fase escatológica do homem ou no final dos tempos – final dos tempos, e não do mundo –, enquanto que a reencarnação sempre aconteceu, acontece e acontecerá, antes da mencionada fase o homem, como numa espécie de ressurreição provisória, em preparação à ressurreição, propriamente dita, ressurreição essa que não é só bíblica, mas universal, pois consta também das escrituras sagradas de outras grandes religiões”.
Para o Professor José Reis a reencarnação seria a fase intermediária da evolução espiritual do homem; ou seja, enquanto o homem não chega à perfeição há de ir e voltar entre os dois mundos físico e espiritual, servindo-se da reencarnação e que, só ao final dos tempos, que não é o final do mundo, acontecerá a ressurreição bíblica, pois o ser humano não mais necessitará de um corpo físico e sim só do corpo astral, a que dão o nome de fase da glorificação.  Tanto que conclui: “Mas o que é ressurreição? É a libertação do espírito da matéria, isto é do corpo mortal. Por isso ela é também a libertação da morte”.
De uma clareza meridiana, essa explanação do Professor Reis já seria suficiente para por fim a qualquer celeuma. Mas, como a humanidade, ainda tão díspar, contestadora eu diria, coloca oposições as mais complicadas exatamente visando defender os seus dogmas, pois quase todos se acreditam donos da verdade, quando até Jesus negou ser proprietário dela, ao responder a Pilatos que “a Verdade é Deus que está nos céus”.
Sonia Jobim, em notável artigo na revista Visão Espírita, ano 2, nº 24, páginas 18 a 21, ensina que: Não há discrepâncias nem diferenças. A reencarnação e a ressurreição do espírito são verdades, dentro de parâmetros estabelecidos. São etapas de um mesmo ciclo evolutivo. São elas: 1 – Criação do Espírito: o espírito em sua “forma” original é uma energia, criada por Deus. Nessa “forma” ele está num estágio embrionário, onde não está desenvolvido, nem o Bem nem o Mal. Suas potencialidades estão apenas latentes. 2 – Reencarnaçãoetapa em que o espírito “toma” forma material (física) necessária a uma vida planetária (na Terra ou outro orbe). O objetivo é desenvolver todas as suas potencialidades. 3 – Ressurreição: etapa final do espírito, quando completado seu aprendizado retoma sua forma original, que é pura energia, não reencarnando mais. O espírito restabelece o íntimo contato com seu criador e está pronto a empreender missões mais elevadas da Criação. (Todos os grifos são da autora e a transcrição é literal até na pontuação).
Quando Chico Xavier e Waldo Vieira estiveram nos Estados Unidos, Chico recebeu mensagem psicografada em inglês do espírito Ernest O’Brien que afirmou: “ A reencarnação é o retorno da alma à Terra, repetidas vezes, no corpo humano. Somente essa doutrina explica as aparentes injustiças da vida. É a verdade eterna”.
Os espíritos Jésus Gonçalves e Jair Presente, respectivamente, cantaram a reencarnação:
Jésus Gonçalves                                                              Jair Presente       
Uma lei que nunca erra:                                 E acentuou: - meus amigos,
Reencarnação, lei bendita...                             Bendita é a reencarnação,
Cada ser retorna à Terra                                 A lei que nos guia e nos eleva,
Na lição que necessita.                                                Aos cimos da evolução!...
Assim, quando o espírito tiver adquirido o pleno conhecimento do Universo e atingido o ápice da moralidade, não mais necessitará de encarnar-se, encontrando-se pronto para a Ressurreição anunciada na Bíblia. Mas essa Ressurreição dar-se-á apenas quanto ao espírito que transcende as dimensões além da matéria. Onde reina o espírito, não cabe a matéria.
Ou, ainda, em palavras mais simples, o corpo material pertence aos mundos materiais, pois é dali que o espírito retira os elementos para compor a sua forma física.
O corpo, o bendito corpo, serve e muito bem, apenas para propiciar ao espírito suas vivências materiais. Ao desencarnar, o espírito volita para esferas do além imaterial, deixando no mundo material os despojos dali retirados ao nascer.
As sábias palavras de Emmanuel encerram este articulado: Façamos o melhor ao nosso alcance, refletindo o Cristo em nossa própria consciência e, nessa diretriz salvadora, estejamos convictos de que para nós a Divina Ressurreição começará desde hoje”.

Roberto Cury

BEM-AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO
Reunião das quartas-feiras versava sobre a bem-aventurança dos pobres de espírito.
João Rosa, pela primeira vez, acabara de chegar ao Centro Espírita e fora recebido alegremente à porta por Elísio e a primeira dama Eva Tudor.
A princípio ficou um pouco constrangido pois jamais vira qualquer daquelas pessoas que, em recebendo-o, parecia sugerir de que se tratava, desde sempre, de um velho conhecido.
Estranhou, mas não mais do que um segundo.
Dobrou-se diante da festiva recepção. Então, seu sorriso indefinido, deixou transparecer toda a sua alegria de estar ali. Não sabia bem porque, mas, sentia que estava no lugar certo que tanto procurara e que só agora acreditava tivesse encontrado.
E, novamente revelou sua satisfação íntima com novo e encantador sorriso.
O que podemos entender por pobres de espírito? – perguntou o jovem Marcos ao coordenador do Evangelho daquela quarta-feira na Casa Espírita.
O coordenador, como sói acontecer, observando a técnica didática da Maiêutica de Sócrates, transferiu a questão para os freqüentadores presentes, deixando de nominar alguém para responder.
Logo, mãos se elevaram, gesto significativo de que aqueles queriam responder, sem acanhamentos, ou sem forçar respostas adrede ensaiadas, mas, com serenidade. Então, a mão primeira escolhida foi a do Almeida, balconista de uma loja de tecidos da Rua das Pombas, no centro da cidade e que de pronto respondeu: - “O ensinamento do Divino Mestre refere-se às almas simples e singelas, despidas do “espírito de ambição e egoísmo”, desvestidas de qualquer preconceito e que, assim, costumam triunfar nas lutas do mundo”.
Preconceito? Que é que tem o preconceito contra os humildes? Como é isso? - Inquiriu preocupado, Lucas, soldado da PM.
O próprio Almeida aquiescendo à preocupação de Lucas, respondeu: - Os dicionaristas explicam que preconceito é todo e qualquer conceito antecipado e sem fundamento razoável, formado sem reflexão, gerando prejuízo. É também superstição.
No nosso caso, o preconceito é danoso porque sempre prejudica o crescimento do estudioso da Doutrina Espírita, bem como daqueles que buscam consolação para os seus sofrimentos, angústias e frustrações, e até provoca o atraso no desenvolvimento do Espiritismo, como mensagem de fé, de justiça, de caridade e de amor. Em suma, o preconceito é arma das trevas para combater a luz que liga e fortalece os fraternos laços entre todas as criaturas encarnadas, porque visa a desunião entre elas.
Lucas, insistiu : - Por que superstição é preconceito?
Então, quem respondeu foi o Coordenador: - Porque superstição é sentimento fundado no medo e na ignorância, gerando idéias equivocadas de falsos deveres e de estranhos receios de ações sobrenaturais, ou, ainda, leva o ser humano a confiar em coisas ineficazes, às crendices, ao fanatismo, ao preconceito, às mandingas e às simpatias. Tudo isso contraria a Verdade, porque a Verdade não se contradiz é sempre firme e imutável, enquanto que a superstição coloca em cheque a razão que deve sempre presidir os seguidores do Cristo através da Doutrina Espírita que é a doutrina da Razão, tanto que o espírito Erasto, ensinou que "é melhor desacreditar de noventa e nove verdades do que acreditar numa só mentira".
Seguindo a ordem das mãos que se levantaram, o coordenador disse: - é sua vez, Madalena.
Ela então, falou: "Muitas pessoas confundem pobres de espírito com os destituídos de riqueza material, ou seja os pobres em geral ou então com aqueles irmãozinhos que apresentam certa deficiência mental ou com dificuldades de aprendizado. Mas, não é isso. Pobres de espírito são os simples como disse o Almeida, principalmente os humildes que nunca se ofendem".
Eustáquio, afirmou: "O Cristo de Deus, quando perguntado pelos seus discípulos de quem é o maior no Reino dos Céus? respondeu: Na verdade vos digo que se, não vos fizerdes como meninos, não entrareis no Reino dos Céus. Todo aquele que se humilhar e se fizer pequeno como este menino, esse será o maior no Reinos dos Céus. E o que receber em meu nome um menino como este, a mim é que recebe."
- Muito bem, elogiou o coordenador, e completou: Então é preciso sofrer  humilhação?
- Não, redarguiu Eustáquio: - Basta ser humilde, simples, sem afetação.
- Excelente, reforçou mais uma vez o coordenador. Quer dizer então que só é pobre de espírito aquele que não tem orgulho?
Luciana, jovem frequentadora garantiu: "O contraste de pobre de espírito seria "orgulhoso de espírito", auto-suficiente, arrogantemente independente. Há indivíduos com a atitude que diz "não preciso que ninguém me dê qualquer direção na vida. Eu posso passar muito bem sem qualquer padrão moral de uma fonte divina". 
O coordenador sorriu e perguntou: - Quer dizer que só os pequeninos é que entram no Reino dos Céus? Orgulhoso e vaidoso não têm chances?
- Nenhuma, enquanto não se rebaixarem- retorquiu Almeida.
- Rebaixar? confundiu a cabeça de João Rosa. - Como assim? - perguntava insistente aos seus botões o jovem recém chegado.
Foi então, que a luz da intuição brilhou no cérebro do Presidente da Casa que, ao levantar sua mão, teve autorizada a palavra pelo coordenador. -"Rebaixar-se, não significa ser envergonhado ou humilhado diante de ninguém. Rebaixar-se quer dizer tornar-se simples, humilde, sorridente e feliz aceitando com desprendimento tudo aquilo que aos orgulhosos seria ofensa e que para o rebaixado seria o reconhecimento da Bondade de Deus que lhe permite ter aquela característica fundamental de perceber que se é espiritualmente vazio, e que somente confiando em Deus se pode preencher esse vazio. Reconhecendo que é espiritualmente pobre, a pessoa humilde de espírito conhece a sua própria necessidade".
-Nossa, que interessante! Nunca tinha pensado nisso - deixou escapar, em voz alta, João Rosa que até então nada havia dito.
Novamente, o Presidente: - muitas pessoas se julgam inteligentes e cultas e se acreditam superiores ao ponto de se rirem das coisas divinas, chegam a negar a Divindade e até a Sua Justiça por considerarem indignas de sua atenção, tanto as coisas quanto Deus e a Sua Justiça. Na verdade, esses pseudo-sábios têm medo de serem humilhados pela grandeza de Deus, ignorando que o Senhor da Vida jamais submeteu ou submeterá qualquer dos seus filhos à execração, à humilhação, à degradação.
Foi aí que o Coordenador observando que faltavam apenas dois minutos para o encerramento da reunião, resolveu contar que: certa feita, participando de um almoço de confraternização de um outro segmento religioso, convidado que fora por alguns dos fiéis daquele credo, quedou-se estarrecido ao ouvir no discurso do principal daquela seita a expressão determinante: - EU SOU SALVO.
A arrogância e a auto-suficiência claramente demonstradas pelo religioso repugnam o bom senso de qualquer cristão que enxerga, na figura do Mestre Jesus, a humildade perene e a submissão à Suprema Sabedoria e à Bondade Infinita do Pai Celestial.
Imediatamente, se lembrou de alguns pronunciamentos de certos confrades nas várias Casas Espíritas e que se vangloriaram de seu pseudo-conhecimento, ou que se jactaram em disfarçados elogios ao seu alto grau de compreensão das Obras Básicas como se detentores de extrema sabedoria.
Infelizmente, concluiu para si mesmo, que alguns desses maiores do Movimento Espírita têm recebido exalçamentos, nem sempre merecidos, somente porque têm nome conhecido. Outras vezes porque são-lhes atribuídas virtudes que jamais tiveram.
Via de regra, alguns desses maiores são isentados dos seus erros e equívocos pelos seus seguidores ou endeusadores e saem como ferozes vespas apontando seus ferrões contra aqueles que discordam das idéias dos grandiloquentes senhores do Espiritismo.
Diante do silêncio dentro da Casa Espírita, o Coordenador deu por terminadas as discussões, iniciando a prece de encerramento: "aquele que quiser ser o maior, seja o que vos sirva, porque quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado".
Roberto Cury
CONHECER PARA PROGREDIR
Esta é uma história que tem quase tudo a ver comigo. Entretanto, os valores me chegaram através de pessoas maravilhosas que faço questão de ressaltar neste escrito, porquanto, tiveram a ousadia de enfrentar minhas antigas posições religiosas, espirituais e também como ser humano inserido na sociedade, conseguindo me fazer enxergar desconhecidos horizontes novos e romper com tudo o que eu considerava irretocável, trazendo-me para a realidade do ente que descobriu que nada tinha a não ser um grande orgulho e uma vaidade inesgotável por ter nascido no estado paulista, até hoje considerado um país de primeiro mundo dentro do Brasil de 3º estágio, no concerto das nações civilizadas.
E foi aqui em Goiás que meu espírito se libertou das principais amarras que o prendiam na ignorância do verdadeiro bem, abandonando, de vez, as falsas idéias do cristianismo, até então vivido, entrando para o reino do Conhecer para Progredir.
Disse que a história tem quase tudo a ver comigo porque se eu não fosse um dos protagonistas, os demais não teriam importância, porquanto foi a minha teimosia que me manteve durante mais de 32 anos desta encarnação no obscurantismo me imaginando grande, mas, sem objetivos e nem finalidades, até porque não entendia que o que é que eu fazia perdido aqui neste mundão, sem sentido! Lembro-me que aos 16 anos fizera estes pessimistas versos: “Eta!, vida mal dividida, de uma existência perdida!”
Por outro lado, justifico que os outros não teriam importância, não fora pelo fato de que meu errôneo entendimento de uma existência perdida, me deixava totalmente órfão.
Por bondade de Deus, eles se ligaram a mim proporcionando-me investigação dos princípios norteadores da encarnação que eleva pelo descortino da razão. São, pois, os responsáveis pela minha descoberta como ser espiritual, antes de corporal e a utilidade de cada passagem pelos mundos materiais.
Adentremos, sem receios, a história.
Segundo semestre de 1965, só não me lembro em que mês, Álvaro e Natália, pais de Maria Inês, a minha esposa (casáramos em julho daquele ano), mudaram-se de São Paulo para o Sarandi, pequeno lugarejo no município de Itumbiara.
Apesar de recém casados, Maria Inês e eu vínhamos de um estresse muito grande, resultado dos nossos trabalhos na Capital paulista e resolvêramos tirar um descanso na orla paulista curtindo uma praia deserta num prédio onde só nós dois estivemos todos os 15 dias, pelos lados da conhecida Cidade Ocian que nem sei se ainda existe com esse nome. Foi lá que nasceu a idéia maluca. -“Vamos mudar pra Goiás?”, disse eu que nunca antes havia imaginado morar neste estado. Maria Inês respondeu: -“Vamos, mas, primeiro você vai conhecer pra saber se é isso mesmo que você quer”.
Em dezembro vim a Itumbiara, hospedando-me em casa de Julio Menezes e dona Tarsila, tios de Maria Inês. Encantei-me com o Rio Paranaíba e com as possibilidades de pesca eu que tanto adorara pescar e que a anos não o fazia.
Professor, percorri os colégios e recebi promessas de muitas aulas, afinal eu vinha do centro mais avançado à época. Incontinente, aluguei uma casa na Sapolândia (beira rio).
Voltando a São Paulo embalamos móveis e outros utensílios, consegui um caminhão de carroceria simples (ficou mais barato) e logo no começo de janeiro de 1966, cheguei com a mudança recebendo, de chofre, a notícia desagradável de Zé Cheiro, dono da casa, de que não poderíamos morar na mesma porque ela estava à venda.
Reclamei que não tinha onde colocar os móveis e ele permitiu que eu deixasse lá, mas, sem poder armá-los, até que arrumasse um outro local. Logo, consegui um barracão da Dra. Zenaide e passamos a morar com as dificuldades naturais daquela época.
Nem tantas aulas prometidas me foram dadas, mas, logo me chegaram alunos particulares e pude, com isso, manter a casa e cuidar de Maria Inês que logo realizou seu sonho de gravidez. Em outubro, 16 ainda sob a comemoração do dia do professor, chegou Marileila, a primogênita.
Antes, porém, o Instituto Francisco de Assis, orientado e dirigido por um grupo espírita, convidou-me e aceitei muitas aulas de Português nos vários cursos ministrados ali.
Apesar de católico, convivi com muitos espíritas. Vigilato Pereira de Almeida, Presidente do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, pai de Lívia, esposa de Diógenes Mortoza da Cunha, sempre me abordava dizendo: - “Roberto, você ainda vai ser espírita”. Jamais refutei, em consideração à idade e à postura de Vigilato, mas, sorria sempre e interiormente dizia-me: “É nunca!”.
Diógenes trabalhava no Banco do Brasil e apesar de morarmos na mesma rua e próximos um do outro jamais havíamos nos encontrado até um dia em que, saindo do banco, para o almoço, deparei-me com ele. Sentindo uma inexplicável repugnância, pois nunca o vira antes, mudei de calçada.
No final do ano de 1967, alguns alunos do curso comercial, pretendendo fazer vestibular de Direito me convidaram para dar aulas de Português e Espanhol. Silvia, cedeu seu escritório para as aulas. Foi lá que me vi frente a frente com Diógenes e sem mais nem menos começamos a discutir como se nos conhecêssemos de muito virando a discussão apenas questões de idéias entremeadas de um rancor surdo entre nós. Gastamos todo o tempo das aulas em discussão e os alunos nos chamaram à razão dizendo-nos que se fôssemos ficar brigando, eles nos dispensariam pois o que queriam era o aprendizado.
Pacto feito de não mais discutirmos, o resultado das aulas foi sucesso absoluto, pois tanto os alunos quanto eu e Diógenes conquistamos aprovação e iniciamos o curso na Faculdade de Direito de Uberlândia – MG, hoje Universidade Federal.
Do início de 1968 ao fim de 1972, com a desistência de três deles, bacharelamo-nos em Direito.
Em 1973, mudara-me para Santa Helena de Goiás, onde exerci a Procuradoria Jurídica da Prefeitura Municipal e advoguei tanto no cível, quanto no penal.
Transcorria o ano de 1974 e o meu espírito inquieto se assoberbava com certas questões de ordem religiosa, quando numa noite em que estive profundamente preocupado, orei assim: “Jesus, meu amigo e meu irmão (nunca acreditei que Jesus fosse Deus como pregam as igrejas), você sabe que estou muito confuso. Orienta-me e me ilumine para que eu saiba como proceder. Dormi e de nada me lembro, mas acordei eufórico no desejo de ler obras espíritas. Até então nunca lera nada sobre Espiritismo.
Pensei: - “Como fazer. Nunca vi livro espírita nas livrarias de Santa Helena e não conheço nenhum espírita aqui para que eu possa me orientar ou conseguir obras.”
Decidi ir a Itumbiara, pois lá tinha meus conhecidos e apesar de Vigilato já estar desencarnado, tinha seus descendentes, seu genro Diógenes e outros que poderiam me orientar no novo propósito.
Peguei meu fusquinha e me mandei pra lá. Além de “filar” o almoço na casa de Diógenes e Lívia, ainda ganhei “O que é o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, com a recomendação de que lesse o primeiro e só depois estudasse O Livro dos Espíritos.
A leitura dinâmica que possuía à época me permitiu engolir O que é o Espiritismo em meia hora, ficando assustado pois senti que já conhecia praticamente tudo que estava ali. Sim, assustado, pois jamais tinha lido qualquer assunto de espiritismo, como então poderia conhecer?
Entretanto, o que mais me tornou convicto de que agora estava no caminho certo foi descobrir, na primeira questão de O Livro dos Espíritos: O que é Deus? Deus suprema inteligência e causa primária de todas as coisas. Eis o Deus que sempre procurara e nunca antes havia encontrado, pois não aceitava aquele Deus que fizera o Mundo em seis dias e no sétimo teve de descansar, ou o Deus que pediu o sacrifício do primogênito de Abrahão como prova de sua lealdade, ou, ainda, o Deus que teve de fazer Adão dormir para, retirando dele uma costela, criar Eva.
O Deus cruel, falho, terrível, fraco consagrado no Velho Testamento, nunca pude aceitar.
Deus, Suprema Inteligência, Suprema Sabedoria, Causa primária de todas as coisas.
Durante dois anos seguidos, um dos irmãos desencarnados, possivelmente, companheiro de sacerdócio de outras encarnações, não me folgou, nem quando ia ao banheiro, lembrando-me que só a Igreja é que estava certa, que esses negócios de espírito eram coisa do demo, mal sabendo que ele não pertencia ao mundo encarnado e que, apesar de estar me azucrinando todo o tempo, também não era demo, apenas um espírito que ainda não compreendera que a vida de relação é passageira e que a verdadeira vida é a Espiritual que jamais se acaba.
Finalmente, numa noite, encontrando-me em Goiânia, pelos idos de 1976, depois da desencarnação de Maria Inês, participara de um culto do Evangelho no Centro Espírita Amor e Caridade, fui convidado pelo Presidente Amir Salomão David a permanecer para reunião mediúnica e para minha surpresa, o meu obsessor se manifesta na minha mediunidade inconsciente, conta a história da sua desencarnação e com a libertação desenvolveram-se em mim os trabalhos na seara do Cristo com a assistência aos espíritos necessitados.
Passado mais um tempo, em julho de 1979 mudei-me para Goiânia, frequentando um e outro centro sem compromissos maiores até que em 1981, quando já morava no Privê Atlântico, o culto do Evangelho no lar, por sugestão do espírito Padre Clarion, que tanto me obsedara antes,  foi transformado, abrindo-se as portas da residência a quem quisesse participar das reuniões.
Sem que soubéssemos, ali se dava o início do Grupo de Doutrina Espírita Professor Herculano Pires, que hoje está totalmente consolidado, graças a Deus, servindo de amparo e conforto a todos que o procuram e que tem como principal meta CONHECER PARA PROGREDIR.

Roberto Cury
SABEDORIA 
Sabedoria ou sapiência  é o que detém o "sábio". Desta palavra derivam várias outras, como por exemplo, "amor à sabedoria" (filos/sofia).
Há também o termo "Phronesis" - usado por Aristóteles na obra Ética a Nicômaco para descrever a "sabedoria prática", ou a habilidade para agir de maneira acertada".
Desde o início das civilizações, o homem estuda maneiras de se relacionar melhor com o meio social. A sabedoria é de singular importância para a questão do "tratar as pessoas", e por isso o conceito geral é que, sábio é aquele que decide corretamente, sempre respeitando a moral e os costumes. Nos últimos tempos, agir com sabedoria é sinônimo de: 1 - Respeitar o pensamento alheio. 2 - Ser gentil para com as pessoas. 3 - Ser humilde. 4 - Tratar o outro como gostaria de ser tratado.
Todo esse conjunto de idéias identificadas para quem é sábio, ou seja, para quem detém a sabedoria, tem contribuído beneficamente para a evolução moral do ser humano. Grandes conquistas efetuaram-se na segunda metade do século XIX e século XX, como o fim da escravidão, a liberdade de religião, a promulgação dos direitos humanos, a igualdade racial e sexual, etc.
Os orientais são conhecidos por nós, aqui do Ocidente, por sua sabedoria milenar e o caráter profético dos seus ensinamentos. Tanto é verdade que, passados dois milênios, a obra de Confúcio ainda é extremamente atual. Ou vai dizer que você nunca ouviu coisas como: “aquilo que um cavalheiro procura, ele procura dentro de si próprio; aquilo que um homem vulgar procura, ele procura nos outros”.
Muitas vezes procuramos aprender com a sabedoria dos mais velhos, dos mais vividos, não importando a classe social a que pertençam, porque o preconceito ainda é um grande entrave ao desenvolvimento e ao crescimento do homem, em todos os setores da vida, principalmente daqueles que se acham superiores aos outros, ou que se acreditam cientes e sabedores de tudo nessa vida terrena.
Sêo Raimundo era um velho nordestino, analfabeto que sempre em torno das 6 horas da tarde assentava-se na reborda da fonte, de a muito inativa, na pracinha da igreja na cidade de Maurilândia e ali proseava com quem quisesse gastar um dedinho de dizeres, nem que fosse pra jogar conversa fora
Um dia alguém me perguntou: - doutor, o senhor homem culto, porque se senta ao lado do velho Raimundo, todas as tardes, e fica ouvindo aquele analfabeto de pai, mãe, avô, avó, e todo o resto também? Ao que perguntei: - Você já conversou com ele alguma vez?
Ele retrucou: - Eu não, não perco meu tempo com analfabeto.
Então lhe disse: - pois devia se assentar com ele. O homem é um sábio. Sua fala é sempre muito elevada e até hoje a única vez em que dele discordei foi quando ele não aceitou que o homem tivesse ido à lua. Ele achava que era truque cinematográfico.
Brian Weiss, no seu Livro: “A Divina Sabedoria Dos Mestres - Um guia para a felicidade, alegria e paz interior”, leciona essa maravilhosa lição:
“As pessoas andaram convencidas, durante séculos, que a tecnologia desenvolvida ao máximo seria a solução para todos os males que afligem a humanidade; e que a ciência nos iria indicar o caminho para sairmos das cavernas, ou seja, para bem longe da doença, da pobreza e da dor.
Já descobrimos que a tecnologia e a ciência não são capazes por si só de resolver os nossos problemas. A tecnologia tanto pode ser utilizada no bom, como no mau sentido.”
Weiss, psicólogo, doutor em psicoterapia, que se confessara quase ateu, pelo menos agnóstico, acaba descobrindo, através da regressão a vidas passadas quando submeteu pacientes a esse tratamento da mente, a existência dos espíritos e a imortalidade da alma.
Descobriu mais, que o amor é a essência de tudo e portanto, através do amor ocorreriam como ocorreram as curas das doenças que acometiam os seres humanos que se encontravam em lutas psíquicas, ou com medo, ou que se fechavam num mutismo próprio das depressões. A síndrome do pânico encontrou solução exatamente na terapia das sessões de regressão aplicadas por Weiss.
“A tecnologia pode vir verdadeiramente em nosso auxílio, mas só quando é utilizada com sabedoria, com equilíbrio e com clareza. Temos que encontrar o equilíbrio certo. O amor está no centro desse equilíbrio.
Quando as pessoas passam por experiências espirituais intensas, a energia do amor é quase sempre evocada. Esta forma de amor é incondicional, é absoluta e transcendente. É como um pulsar de energia pura, uma energia que também se reveste de características extremamente poderosas, como a sabedoria, a compaixão, a intemporalidade e a consciência do sublime. O amor é a energia mais básica e, ao mesmo tempo, a mais universal. É a essência do nosso ser e do nosso universo. O amor é a pedra angular fundamental da natureza, é aquilo que liga e une todas as coisas, todas as pessoas.
O amor é mais que um objetivo, é mais que um combustível, ultrapassa em muito um ideal.
O amor é a nossa natureza. Nós somos amor. Espero que este livro o ajude a reconhecer o amor, a cultivar e a ampliar a sua experiência do amor (em especial em relação a si próprio e também nas suas relações), e a manifestar e a irradiar o seu amor para com os outros. Ao proceder deste modo, a experiência de mais alegria, saúde e felicidade tornar-se-á inevitável na sua vida.
O amor é o poder supremo da cura. Num futuro não muito distante, proceder-se-á ao estudo científico de algumas das características da sua energia, em particular as características que podem ser quantificadas, medidas e compreendidas. Outras características permanecerão no domínio do mistério, da transcendência e do incomensurável. Felizmente, quando sentimos profundamente a energia do amor, seja ou não possível medi-la ou mesmo compreendê-la, a realidade é que experimentamos sempre os seus efeitos de cura.
Os físicos sabem que tudo é energia. As bombas nucleares são construídas através do recurso a técnicas de transformação e libertação de energia. As medicinas tradicionais e homeopáticas funcionam devido às transformações energéticas induzidas a nível celular. Os resultados são substancialmente diferentes, menos mecanismos subjacentes são exatamente os mesmos: transformações energéticas.
A energia do amor é potencialmente mais poderosa do que qualquer bomba, é mais subtil do que qualquer erva. Nós é que ainda não aprendemos a dominar esta energia pura e fundamental.
Quando o fizermos, a cura poderá ocorrer em todos os níveis, em nível individual e planetário.
Antes de escrever este livro, descrevi a fenomenologia, as características de várias experiências metafísicas: reencarnação, a natureza da alma, curadores e cura, acontecimentos psíquicos e capacidades mediúnicas, Experiências de Quase-Morte e Pós-Morte, e a sabedoria incrível de seres que existem, aparentemente, do "outro lado".
Enquanto Augusto Cury deseja: “Que o “Mestre dos Mestres” lhe ensine que nas falhas e lágrimas se esculpe a sabedoria”; Brian Weiss, lembra: “Temos agora a oportunidade de compreender e experimentar a energia que é comum e que une todas essas experiências, todos esses fenômenos e seres. Quando o fizer, a sua vida conhecerá uma expansão e elevação, e passará a conseguir remover os bloqueios e os obstáculos que o impedem de alcançar a sua paz interior, a alegria e a felicidade.”
O homem busca sempre a felicidade, mesmo o mais pessimista. Como Weiss ensinou acima, a felicidade nasce da alegria. Se você estiver alegre, nada lhe turvará a felicidade.
Entretanto, a alegria nunca chega gratuitamente, nem chega como sopro de brisa fresca, mas, procede das dificuldades e dos embaraços vencidos em luta, muitas vezes, renhida.
Os percalços e empecilhos que surgem à frente do homem são naturais, vindos até para testar a capacidade de enfrentamento.
“Mais do que apontar caminhos exatos, os espíritos superiores nos ensinam a utilizar nosso livre-arbítrio com uma consciência mais plena e generosa.” Emmanuel)
"Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela." Jesus Cristo
"Aquele que sabe limitar seu desejos e vê sem inveja o que está acima de si, poupa-se a muitas decepções desta vida". Livro Dos Espíritos
"As idéias são como as sementes: não podem germinar antes da estação própria, e a não ser em terreno preparado." Evangelho Segundo o Espiritismo
"Para ganhar conhecimento, adicione coisas todos os dias. Para ganhar sabedoria, elimine coisas todos os dias." Lao Tse
"Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro." Confúcio
Quando finalmente você for capaz e maduro mentalmente de criar suas próprias convicções pessoais, você parará imediatamente de criticar as conclusões de outros, posto que você estará seguro das suas próprias e não viverá sob convicções dos outros.
Não estamos aqui para moldar ninguém, convencer ninguém sobre coisa alguma, cada um deve de maneira inteligente colher um dado aqui outro acolá e usando a sua mente elaborar seus próprios pensamentos e verdades pessoais, mesmo que relativas no tempo.
O respeito aos pensamentos, idéias e modos de vida de cada um é o princípio básico da evolução dos seres humanos na sociedade, e isto se fosse levado a efeito de fato tornaria a convivência entre os humanos pacífica, mesmo na total diversidade que é a mola que constrói a evolução, e já teria evitado tantas e tantas lutas e guerras absolutamente “burras” sob o ponto de vista de objetivos da vida em sociedade.
Num momento tão conturbado em que vivemos com tantas incongruências e extremismos, a busca da paz, do equilíbrio, da fraternidade entre os humanos se faz extremamente imprescindível para encontrarmos o caminho da liberdade individual.

A PACIÊNCIA
Roberto Cury
Minha encarnação tem sido de incomparável riqueza de experiências com espíritos de uma luminosidade maravilhosa.
Conto, agora, alguns episódios que marcaram, de forma indizível, a minha vida.
Meu avô Saad Gibran, com seu sorriso, sua doçura e sua filosofia de vida, foi um desses espíritos luminosos e de uma paciência inesgotável, demonstrando uma inteligência invulgar e uma sabedoria infinita.
Corria o ano de 1948. Tinha meus 8 anos e era o neto mais velho do vô Gibran. Entre a casa dele e a casa do meu tio mais velho Abdala, irmão de minha mãe, até hoje encarnado, havia um tipo de jardim de inverno em que as crianças brincavam à noite enquanto as mulheres (a avó, minha mãe e tias) reunidas tricotavam, os homens jogavam canastra, meu avô assentado num banco de madeira com encosto, apreciava, calado e sorridente a reunião familiar de todas as noites, invariavelmente.
Meu tio e padrinho Zé Gibran, tio Luiz e meu pai, mesmo ainda não naturalizado eram influentes políticos nas corrutelas de Clementina e Coroados, no interior paulista.
Certa noite, enquanto brincávamos no espaço entre as duas casas, parou um carro com motor ligado e motorista a postos, no portão que era passagem das casas para a rua. Desceram dois homens armados de carabina. Como neto mais velho, corri para avisar que estavam entrando homens armados. Meu pai e meus tios correram todos para se armarem, as mulheres se emudeceram apavoradas.
Meu avô levantou-se do banco e em passos vagarosos dos seus mais de 80 anos, sorriso nos lábios, rodeado de todos os netos que ali brincavam foi ao encontro dos homens, com eles travando o diálogo: - sejam bem-vindos meus filhos. Vieram visitar minha família, entrem para que minha velha lhes sirva um cafezinho passado na hora.
Os homens estarrecidos com a tranquilidade do velho, surpresos e desarmados pela sua paciência e sabedoria, baixaram as carabinas, e se desculparam: - Não sêo Gibran, obrigado pelo convite, nós estamos indo embora. Voltaram, entraram no carro e dispararam, sumindo na noite.
Quando meu pai e tios, armados, voltaram, meu avô os recebeu com um sorriso nos lábios. Disse-lhes: - bem que os convidei para entrar e tomar um cafezinho conosco, mas, eles estavam apressados e foram-se embora.
Numa outra feita, quando eu tinha 11 anos, meu tio Luiz, mais ou menos com uns 22. Era umas 4 horas da tarde e ele brigara com sua mãe, lá pelos lados da cozinha. Muito nervoso, gritava que iria embora de casa, adentrando seu quarto cuja porta dava pra sala de estar onde meu avô estava assentado numa poltrona conversando placidamente comigo. Minha avó começou a bater na porta pedindo pro meu tio abrir. Ele gritava: que estava arrumando a mala pra deixar a casa fazendo minha avó chorar desesperadamente.
Meu avô, em árabe disse: Fahta (nome de minha avó), deixa o menino. Ela aquietou-se e voltou pra a cozinha.
Meu tio continuava enfurnado no quarto, quando lá pelas seis e meia da tarde, meu avô se levantou e bateu na porta, dizendo: - Luiz, meu filho, abra a porta para o seu pai.
Meu tio: - eu vou embora assim que abrir a porta.
Meu avô, com toda a paciência: - pois é meu filho, abra a porta pra eu poder te abraçar e me despedir de você.
Passados uns longos segundos meu tio abriu a porta, abraçou meu avô e chorando pediu desculpas: - não vou mais embora, não, meu pai.
Muitos espíritos maravilhosamente iluminados e luminosos têm preenchido minha encarnação com a riqueza da sabedoria assentada no bom senso, mas, especialmente na paciência.
Tenho agora 69 anos e, graças a Deus, convivo com uma família maravilhosa cujo esteio é a avozinha Irene Cândida, mãe de Dirce, de César, avó de Lenina, Dra. Irene, Kalininho e da menina Emília, bisavó de Leandro, Lorena, Larissa, Tainara, Artur e mais algumas dezenas de outras criaturas do segmento familiar.
Sua vida sempre foi um exemplo de firmeza, doçura, bondade, e amor universal.
No interiorzão de Goiás, nos tempos mais difíceis, inclusive da guerrilha do Araguaia quando uma filha e um dos genros estiveram envolvidos, a avozinha Irene foi perseguida e nunca deixou de orar por todos, de medicar, fazendo partos de dezenas de mulheres, trazendo à luz goianinhos e goianinhas, hoje pais e avós de tanta gente.
Nos seus 94 anos, depois de uma parada cardiorrespiratória, reanimada pela filha Dirce, foi internada no Hospital do Coração.
Fui visita-la e quase chorei de emoção pela alegria com que recebeu a mim e aos demais que a visitaram naquela meia hora. Sempre alegre, feliz como se nada estivesse acontecendo consigo. Quando sua neta Irene disse-lhe que eu levara o Evangelho, ela sorriu, agradecendo a Deus pela dádiva. E ao colocar o Livro em suas mãos, ela: - Deus me inspire para que eu possa abrir o Evangelho numa lição que seja boa para todos nós. A lição: “Bem-aventurados os puros de coração”. 
Deus nos revelava, mais uma vez, que estávamos diante de um dos bem-aventurados espíritos puros de coração que ainda se encontra na Terra sempre prestos ao serviço do bem.
Áurea, que, também, visitava a avozinha, disse, na saída do hospital: - Pensamos levar conforto e fomos confortados pela candura da avozinha Irene, seu sorriso encantador, sem nenhuma reclamação e agradecendo a Deus pela alegria de nos ter ali, naquele momento.
Assim tem sido sempre. São Bem-aventurados os puros de coração porque descobriram que a compreensão e o discernimento, a pureza e a bondade, o amor e a sabedoria são qualidades advindas da paciência, que caracteriza as grandes almas neste mundão de Deus.

Roberto Cury
A PARTIDA
Partida, quantos significados para esta palavra! Se ficarmos apenas dentro da Doutrina Espírita, ainda assim, consideraremos vários sentidos: partida = ida para algum lugar em busca de algo; partida = saída do Mundo dos espíritos no retorno à Terra através da reencarnação; partida = desencarnação e volta do espírito à Pátria Espiritual.
Falemos da partida no sentido da desencarnação, quando o espírito deixa seu corpo material e retorna às suas origens, ou seja, onde Deus o criou.
Tanta gente tem medo da morte, ou seja da partida de volta!
E por que?
Via de regra, as razões mais variadas, porém, quase todos têm receio do que irão encontrar lá do outro lado, por puro desconhecimento, desinteresse, comodismo além de outros quejandos mais. Tem até aqueles que dizem: “Se a morte é descanso, prefiro viver cansado”.
Em contraposição ao medo, algumas pessoas, por compreenderem que a Vida é a do espírito e que a passagem pela Terra é fugaz e insignificante diante da eternidade, sentem uma alegria incomensurável pela aproximação do seu tempo de retorno. Entretanto, outras, muitas vezes, recolhem-se num processo melancólico que não sabem explicar.
“Melancolia significa o estado de tristeza e apatia sentido continuamente por alguém”, definem os dicionários.
Allan Kardec, compilou, no capítulo V, item 25, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, a mensagem de François de Genéve, passada em Bordeaux, na França, vazada assim: “Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos infelizes.
Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantêm cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.
Quantas vezes já foram ouvidas expressões como essas: “Estou cansado desta vida. Quero ir-me embora de vez.” “Por que Deus ainda não me chamou?” “Já vivi demais e está passando da hora de partir.”
No entanto, felizes são aqueles que compreendem que só a carne morre, o espírito jamais. Felizes daqueles que são senhores dos seus atos, dos seus pensamentos, das suas vontades e, ao final, sentem que cumpriram com sua missão terrena, porque, invade-lhes a alegria com a libertação dos grilhões da carne e então, o espírito esvoaçante, leve, flutuando acima do leito ou do teto, rompe as alturas e se vai, célere na busca da verdadeira morada.
José Luiz, esposo de Lô, a filha caçula de Herculano, foi um dos que atendeu ao chamado de dona Virgínia a “Bi” como Herculano carinhosamente tratava sua esposa e carregando o corpo desfalecido para levá-lo ao Hospital São Paulo, o mais próximo da residência do grande espírita conhecido como “o melhor metro que mediu Kardec no século XX”, quando teve a certeza de ouvir, com clareza e distintamente, a voz do seu sogro dizendo: - deixa disso Zé, eu já era”.
No mesmo instante, na garagem da casa, um grande cômodo que abrigaria, tranquilamente uns 6 carros daqueles “compridões importados  conhecidos “rabo de peixe” por causa do tamanho e da largura da traseira, onde durante anos, mesmo depois da desencarnação de Herculano, ainda funcionou o centro Cairbar Schuttel, cujo homenageado fora amigo de Herculano desde a juventude, desenvolvia-se a reunião mediúnica, sendo que ninguém do recinto sequer sonhara com o acontecimento que, naquele momento, ocorria na parte alta da casa.
Foi então, nessa reunião mediúnica, que duas mensagens psicografadas foram recebidas por um dos médiuns que ali se encontrava. Porém, ninguém deu importância achando que se tratavam de mensagens comuns de espíritos menores uma vez que o médium ainda se encontrava em desenvolvimento e não figurava na primeira linha dos escribas terrenos.
E quando entregues a dona Virgínia, no dia seguinte, ela exclamou descrente: Herculano nem bem desencarnou e já estão trazendo mensagens! Foi quando uma das filhas disse: - vamos ler. Então a grande surpresa: Herculano era o autor de ambas mensagens, reconhecido de pronto pelo palavreado, por sua grafia, mas, especialmente pelas expressões só conhecidas dos familiares e mais intimamente da sua querida “Bi”.
Alguém ousaria dizer: - Ah! Também o Herculano foi um grande espírito. Pra ele era fácil escrever psicograficamente, já que era escritor e jornalista. Mas, nós, pobres coitados ralando nas ribanceiras da vida jamais poderíamos fazer isso.
É verdade. Herculano foi realmente um grande espírita de passagem por aqui difundindo sempre a Verdade doesse ela onde doesse. Eu mesmo, certa feita fui fazer graça com a Igreja, numa das reuniões na garagem, lá pelos idos de 1974 ou 75 e levei um “baita” puxão de orelhas pela falta de respeito para com nossos irmãos católicos.
Mas qualquer de nós pode perfeitamente atingir a condição de escrevinhar logo após a desencarnação. Basta que reunamos méritos próprios, ao longo da encarnação.
Mario Ribeiro, esposo de nossa irmãzinha Vera Lúcia, um dos fundadores da nossa Casa, o Centro Espírita “Professor Herculano Pires”, desencarnou à noite e já no dia seguinte, antes do sepultamento, na hora em que fazia eu a prece de despedida daquele corpo, pude entrever a festa que os espíritos fizeram para a recepção do nosso querido irmão, lá no Mundo Espiritual, de tal sorte que o espírito médico Clóvis, nosso amigo do além, diante de milhares de irmãos festejando a volta do Mario, exclamou sorrindo: - só falta guaraná!
E a vózinha Irene, avó da médica Dra. Irene, da esposa do Presidente da Casa, a psicóloga Lenina, cantou com toda a família, canções lindas até que se calou para este mundo, adentrando o reino, pois lá é o endereço e a morada dos anjos.
A partida é sempre a abertura da prisão libertando o espírito para reassumir a grande Vida, aquela que jamais fenece, que jamais morre.
Busquemos conhecer cada vez mais a doutrina dos espíritos para que, quando chegar nossa hora, a partida seja de alegria e de felicidade pela libertação e pela certeza de que
também seremos recebidos por aqueles que cultivamos com amor, carinho e respeito e uma grande festa será o retorno à Pátria Espiritual.

A RESIGNAÇÃO
Roberto Cury
                                               “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados.”
O homem nasce na Terra para evoluir, para vencer a si mesmo e amealhar virtudes.
A resignação é uma das virtudes difíceis de serem adquiridas e seu exercício é quase sempre incompreendido pois o sofrimento ocorre comumente em nosso mundo.
Apesar dos inumeráveis progressos sociais, milhões de seres sofrem ainda terríveis dores: a miséria provocando intensas agonias; a enfermidade arrastando os seres para os vales do sofrimento e da angústia, de que nem mesmo as classes mais cultas ou abastadas conseguem se isentarem desses males.
Às vezes, u’a melancolia se abate sobre o ser até daquele que habita ambientes onde reina a abundância, um sentimento de desânimo, uma vaga tristeza, às vezes se apodera das almas.
Conheci um tetraplégico que aparentava uma tranquilidade inexprimível, mas, que se enfurecia com seus familiares quando, por sofrer incontinência urinária, molhava o fraldão na frente de gente que o visitava.

Isabel já andava pela casa dos 50 e poucos anos. Morava num barraco de adobe que ela mesma construíra próximo do encontro do Ribeirão Veredão com o Rio dos Bois lá pelas bandas do município de Acreúna.
Quase nunca tinha o que cozinhar para alimentar as 3 pessoas que dividiam o barraco: ela e seus 2 filhos, Genésia debilóide de 35 anos e Fábio, de 22 anos, totalmente dependente pois não falava, andava de quatro como os animais quadrúpedes e que sempre se sujava com seus excrementos.
Apesar de todas as dificuldades, ausência de alimentos, deficiências vitamínicas, Isabel trabalhava lavando roupa pra fora usando uma “quada” de sabão de cinzas que ela mesma fazia até porque não podia comprar os detergentes próprios. E enquanto lavava a roupa, cantarolava alegremente entoando agradecimentos a Deus pela vida e pelos filhos adorados que o Senhor lhe destinara.
Richard Simonetti escreveu “A Receita Para Ser Forte: Incrível! Aquele homem passara cinco dias perdido no deserto, sem água, sem alimentação! E não morrera! Um prodígio de resistência!
No hospital, ainda fraco, mas em franca recuperação, vê-se rodeado por pessoas interessadas em seu segredo. Como pudera sobreviver? Onde encontrara recursos para sustentar-se?
O homem sorriu, bem humorado, e respondeu:
- Muito simples! Eu orava o tempo todo. A oração foi meu sustento, minha tábua de salvação!”

Depois, Simonetti aconselha: “Amigo. Em todas as situações, onde estiver, converse com Deus. Como o filho que procura a ajuda de seu pai, fale de seus anseios e esperanças. Comente suas angústias e problemas. Abra seu coração e Ele o sustentará nas lutas do Mundo, ajudando-o a fazer o melhor.
Tudo será mais fácil se aprendermos a conversar com Deus...”

A dor é o remédio para a correção das nossas imperfeições e, também, para as enfermidades da nossa alma.
No atual estágio de evolução em que nos encontramos, sem ela não é possível o nosso aprimoramento.
Nossos excessos geram as moléstias orgânicas que se abatem sobre nós, assim como nossas faltas passadas são responsáveis pelas provas morais que nos atingem.
Um dia, o resultado de nossos erros e equívocos, fatalmente, recairão sobre nós.
É a lei de justiça agindo no curso de nossas existências.
Saibamos aceitar os seus efeitos como se fossem remédios amargos, operações dolorosas, capazes de restituir nossa saúde.
Embora possamos nos sentir entristecidos pelos desgostos, devemos sempre suportá-los com paciência, alegria e disposição, compreendendo que nós plantamos e agora estamos colhendo os frutos do nosso plantio.

Caminhamos no terceiro milênio, mas, a Terra ainda é um mundo de provas e expiações, em que a dor reina soberana, em virtude de que o mal ainda sobrepuja o bem.
Ainda que estejamos conscientes dessa inegável condição, é nosso dever lutar contra a adversidade, porque sofrer sem reagir aos males da vida seria uma covardia.
Ao percebermos que todos os nossos esforços para superar os sofrimentos, físicos ou morais, se tornam supérfluos, quando tudo se mostra inevitável, é porque é chegado o momento de apelarmos para a resignação.
Toda revolta contra a lei moral que corrige nossas mazelas seria tão insensato quanto querermos resistir à lei da gravidade.

Se fazemos sentir, por toda parte, o peso de nossas amarguras, infelicitamos os que nos amam e até aqueles que nos vêem como exemplos, nos caminhos da vida.
Com raciocínio, o espírito sensato clareia a situação encontrando, na provação, os meios de fortificar suas qualidades.
Só é corajosa a alma que aceita os males, as dificuldades, os obstáculos que encontra pela frente, trabalha os pensamentos, compreende a Justiça Divina como bênção regeneradora, eleva-se acima deles, sorri agradecida, construindo, então, uma escala para atingir a virtude. 

A resignação é uma conquista do Espírito que vence suas paixões para atingir a maturidade. Conseguindo mantermos a alegria e o otimismo, mesmo nas condições mais adversas, ao enfrentarmos com tranquila dignidade nossos infortúnios, preparamo-nos para um futuro venturoso.
Sejamos, pois, alegres e felizes, agradecendo a Deus pela vida.

Roberto Cury
A DÁDIVA
“É quando derdes de vós próprios, que realmente dais.” – Gibran.
Genervino era filho de Salustiana, empregada doméstica, analfabeta, porém de grande postura espiritual, que sempre demonstrou, com sua humildade indiscutível, uma enorme capacidade de superar a dor, o sofrimento de um modo geral através de um lindo sorriso nos lábios. Podemos dizer, sem medo de erro, que Salustiana é um grande espírito de luz, desses que o mundo desconhece porque se esconde na simplicidade e se confunde na multidão sem expressão, além de não ter qualquer reconhecimento social. Ao revés, longe dos holofotes humanos que só projetam luz nos apagados espíritos, mas reconhecidos do mundo, Salustiana jamais exibiu sua luz aos transeuntes da encarnação, mas, sempre foi vista, enxergada, pela sua iluminação interior junto de grandes espíritos, que com ela conviveram nas lutas diárias, na cozinha e na arrumação da casa onde esteve empregada ou onde, até hoje, cumpre o seu desiderato de sobrevivência física, especialmente porque, mesmo envelhecida, ainda tem de trabalhar cada dia, de sol a sol, pois, seus filhos, todos adultos, pela preguiça e pelos maus hábitos, ainda vivem à sua custa e manutenção.
Nunca se ouviu um lamento sequer de Salustiana. Nem nos desatinos que a vida lhe submetera, nem por qualquer injustiça que tenha sofrido. Negra na pele, mãos calejadas e aura luminosa, contrastes que só uns poucos enxergam, mesmo quando olham diretamente para ela.
Três filhos: Genervino, do meio, sendo Pedro, o mais velho e Linda, a caçula.
Pedro, alcoólatra serviu de exemplo negativo para Genervino que acabou assassinado por certeiras facadas desferidas por um outro bêbado que com ele dividia as “cangibrinas “ no boteco da esquina, no bairro da periferia distante na capital do estado goiano onde se situa o barraco da família.
Linda, de muito se perdera nos braços de muita gente, vendendo-se para conseguir alguns trocados sempre ansiosa e obcecada para manter seu terrível vício de consumo de drogas. Linda, inúmeras vezes, voltou, ao barraco dividido com seus irmãos e sua mãe Salustiana, cheia de hematomas, além da corrupção e da brutalidade sexual de que fora pasto de gente tão infeliz quanto ela mesma.
Linda não se emendou nem com a gravidez inesperada que lhe chegou pela vivência na promiscuidade de sempre. Salustiana, desde o princípio até o final da gravidez, cuidou, primeiro, da desregrada filha e depois, do neto que chegara trazendo a sífilis como herança maldita dos descalabros sexuais de sua mãe viciada.
Salustiana, nossa heroína, frequenta uma Casa Espírita, onde tanto os dirigentes, como os trabalhadores e freqüentadores se equiparam na busca do conhecimento mais próximo dos ensinamentos do Cristo de Deus como ele o fez durante Seu trajeto pela Judéia a dois mil anos atrás. Diversos médiuns de vidência da Casa em questão, se encantam com a participação de Salustiana nos debates pois todos a vêem sempre aureolada de intensa luz, característica dos espíritos de escol que habitam a Terra.
Ainda assim é humilde o bastante para sorrir encabulada, , sempre negando ser um grande espírito de passagem pelo globo, em todas as vezes que alguém menciona a sua luminosa aura.
Quando chegou a notícia do assassinato de Genervino, Salustiana sentiu o terrível golpe no seu coração bondoso quase desfalecendo, pela intensidade da dor.
A brancura da palidez que a assaltou fez aparecer os vincos que o escuro de sua pele naturalmente escondia.
Pressurosos, acorreram trabalhadores da Casa Espírita que conviviam com Salustiana no lar onde trabalhava diariamente.
Nem assim, se ouviu um só murmúrio contra Deus, ou um só lamento pela perda do filho. A compreensão de que as existências terrenas são passageiras e que a vida, a verdadeira Vida nunca se acaba, pois é aquela que Deus nos deu quando nos criou, dessa compreensão Salustiana sempre demonstrou ser detentora.
Diante do caixão no qual foram depositados os restos mortais de Genervino, Salustiana, durante todo o velório, permaneceu impassível, serena, triste, mas conformada, até que, no fechamento da tampa para seguir-se ao sepultamento, levantou a voz pedindo que todos orassem com ela.
- Pai de Infinita Bondade e Misericórdia, receba aquele que me destinaste como meu filho Genervino. Ele nunca foi meu, mesmo quando pude cuidar dele. Devolvo-Te o espírito e Te rogo me perdoes os erros que cometi durante os cuidados que devera ter para com ele. E se, em algum momento acertei, Te agradeço a Bondade e a Paciência que sempre tivestes para comigo.
Em tuas Mãos, Pai, entrego o espírito de Genervino. Permita que ele possa se acalmar diante da violência que foi a sua volta ao Mundo Espiritual. Assim seja!
Serenamente, como se tivesse cumprido com fidelidade a tarefa a ela cometida, voltou-se para todos: - podem fechar a tampa.
O féretro seguiu até a cova rasa onde o caixão foi depositado e coberto de terra até formar o característico montinho ali alguém fincou uma pequena cruz de madeira destacada por uma lata na qual constaram o nome do filho de Salustiana e as datas de nascimento e morte do mesmo.
Salustiana é uma dádiva divina para o mundão terreno, porque sempre se dedicou ao bem de todos que com ela conviveram e convivem pois para a felicidade geral ela continua encarnada.
Poderíamos dizer, sem medo de erro, que ela é, também, a verdadeira cristã caridosa, porque não tem como dar bens materiais na sua pobreza econômico-financeira, mas, que sempre deu de si própria, encarnando, perfeitamente o dizer de Gibran definindo A DÁDIVA: “É quando derdes de vós próprios, que realmente dais.”
                                                                              Roberto Cury
O AMOR UNIVERSAL
Amarás teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. Esse o maior e o primeiro mandamento. E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro; Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. – Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.”  Mateus, XXII, 36 a 40.

Quanta confusão já vimos quando se fala do AMOR.
Também tantos já conceituaram tantas vezes o AMOR. O AMOR é... O AMOR é...
O AMOR é a luz do Mundo. Foi com essa expressão maravilhosa que a TV Globo encerrou uma novela das 6 horas.
O AMOR é...
Leandro Pires, no livro O Eu Superior – Nosso Verdadeiro Mestre: O Amor é o sentimento mais difícil de ser explicado. Porque não há palavras que o definam melhor. É um sentimento tão intenso e poderoso, de tão elevadas vibrações, que praticamente impossibilita ao homem explicá-lo melhor, através de simples palavras”.
E quando a gente diz: O AMOR UNIVERSAL, muitos correm pra dizer: ah! Isso é coisa de carola, de beato, de padreco, de espírita sofredor, e vão desfilando impropérios mil sobre esse tal de AMOR UNIVERSAL.
Tem gente que diz: Amor Universal, rima com “sem sal”, e lá vêm mais um mundaréu de outras impropriedades: igrejeiro, catimbozeiro, macumbeiro, e mais um tantão de “eiros”. Caramba! Dá vontade de rir.
Mas, não é de rir, não. É pra chorar, diante da ignorância ou dos interesses com que a humanidade desvia o verdadeiro sentido do segundo mandamento da Lei Divina: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo”. Pois foi aí, nesse ponto crucial da vida, que o Mestre Jesus nos mostrou o que é o AMOR UNIVERSAL.
Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante, no artigo “O mandamento maior” para a Revista Internacional de Espiritismo, Dezembro/2007, pág. 573, escreveu: “Junta em seguida, a este mandamento: “Amarás ao teu próximo, como a ti mesmo. Ele não nos disse para amar o próximo como ele nos ama. O amor de Jesus é um amor sem mescla, sem preconceito. O nosso amor ainda não se expressa com total pureza”.
Caramba! É fácil dizer EU TE AMO. Muito fácil. O negócio mais difícil é realmente amarmos o próximo como a nós mesmos.
Mas será que amamos a nós mesmos?
E nossas tristezas que cultivamos como se fôssemos crianças desamparadas?
E nossos melindres que trabalhamos pra nunca deixar de continuar assassinando mentalmente aqueles que nos “ofenderam”?
E nosso amor próprio ferido, nosso orgulho de homem ou de mulher? De pai dedicado ou de mãe extremada?
E nossas vaidades que ultrapassam qualquer idade e que tanto são exaltadas como se fossem naturais no ser humano?
E nossas esquisitices que guardamos cuidadosa e zelosamente no coração pra só explodir na hora certa, porque somos sistemáticos?
E nossas depressões que, nas horas em que estamos sós, tratamos a “pão de ló” pra que os mais próximos sofram com “nossos terríveis sofrimentos”?
“Coitadinho(a) dele(a)! Não é bom que eles tenham “peninha” da gente? Afinal somos tão sofredores e nem merecemos isso! Somos tão bons que deveríamos estar no lugar dos maiores entre todos os homens da Terra, pois ninguém está à nossa altura.
No budismo, existe a prática da meditação com o objetivo de alcançar o amor incondicional, o AMOR UNIVERSAL.
Então essa técnica milenar de efeitos maravilhosos, senão fantásticos, por conta de que ensina pessoas de qualquer idade, sexo, religião, tem a finalidade de purificar a mente, tornando-a saudável e íntegra. É o primeiro passo para a pessoa amar a si mesma. Por isso, é denominada Meditação Universal.
Eis o procedimento: A prática da Meditação do Amor Universal deve começar pela própria pessoa, porque se alguém não se ama, torna-se impossível estender amor e benevolência a outras pessoas.
Inicia-se com o pensamento: estou limpando minha mente de todas as impurezas, que eu esteja livre de maldades, que eu esteja livre de inimizades, que eu fique livre do sofrimento, que eu me sinta muito feliz, com muito amor e muita paz.
Depois disso com a mente e o coração repletos de amor e paz, o pensamento deve ser dirigido a uma pessoa muito querida, da qual gostamos muito, visualizamos essa pessoa recebendo todo o nosso carinho, toda a paz e todo o amor que estamos sentindo. Em seguida visualizamos uma pessoa que nos é indiferente, um conhecido do qual não gostamos nem deixamos de gostar, e enviamos o mesmo pensamento. Finalmente lembramos de alguém que por algum motivo não gostamos, que nos é desagradável, pelo qual temos algum tipo de rancor, e enviamos em forma de pensamento o nosso perdão, banhando-o com pensamentos de amor, paz e compreensão”.
Ora, quando nos tornamos capazes de amar-nos e passamos a endereçar nossos sentimentos em favor do próximo, podemos dizer que estamos aptos para darmos o primeiro passo do Amor Incondicional.
Depois disso, a prática se consolidará, até que o Amor Incondicional seja o verdadeiro Amor Universal.
Novamente, Leandro Pires, na obra citada: O Amor Universal é a manifestação de um Amor puro, infinito, imparcial e sem distinções.
O Amor Universal não faz distinção entre raças, cor, e credo religioso; não discrimina, não separa, não julga, não prefere, nem escolhe. Mas não é indiferente, tem compaixão, inspira o perdão, tem a sua própria razão, e assim como a Fé, é capaz de mover montanhas”.
É um sentimento agradável, doce, maravilhoso. Uma alegria incomensurável, uma ternura inefável avançam pelo peito a dentro quando praticamos o bem ao nosso próximo. E ao vê-lo feliz pelo amor que lhe doamos sem condições, a felicidade penetra nossa alma e ambos nos tornamos como um foco luminoso – é a irradiação do Amor.
O ser humano então compreenderá que o mandamento Amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento e ao próximo como ama a si mesmo, é o único caminho que leva ao descortino da fé pela razão e, de conseqüência, à felicidade inconteste do mais sublime dos sentimentos – o AMOR.
Nesse instante sublime, não só o nosso coração se encontra emprenhado de vigorosa energia, como sentimos que todo o Universo pulsa no mesmo ritmo.
Ainda há muitos desamores, muitos abalos, muitas ofensas, muitas guerras, muitas escaramuças, muitas brigas menores ou maiores para serem vencidos.
Assim como neste terceiro milênio nosso Orbe terrestre deixará de ser um planeta de provas e expiações, tornando-se um Mundo regenerado, também os homens, num futuro, nem tão distante, descobrirão e sentirão este AMOR UNIVERSAL, vivenciando-o em sua plenitude, escoimando sofrimentos para compartilhar a felicidade em todos os quadrantes da matéria.

OBSESSÃO ESPIRITUAL NA INFÂNCIA
Roberto Cury
Corria o ano de 1974. Vindo do Catolicismo, tinha recém iniciado os estudos da Doutrina Espírita. Maria Inês, minha esposa, ainda encarnada, já estava gravemente enferma por doença que lhe atingiu o sistema nervoso central fazendo-a sofrer terrível cefaléia que a deixava completamente fora de si, inclusive com perda temporária da capacidade racional, causa da sua desencarnação em abril de 1976, um dia após completar 31 anos.
Indicaram-me que a levasse a Palmelo, então conhecida como cidade espírita do nosso Estado goiano, pois, Jerônimo Candinho e Damo, líderes espirituais encarnados, exerciam, com muito sucesso, atividades de cura em geral.
Assim fiz. A viagem de ida transcorreu dificultosamente porque me encontrava transtornado com o sofrimento da esposa, que gemia alto em plena crise.
Tão logo chegados a Palmelo, Maria Inês se mostrou serena como se as dores tivessem cessado. Apesar de pequena cidade, era a primeira vez que estivemos lá. Então me informei onde poderia ver e falar com Jerônimo Candinho. Indicado o local, pra lá rumamos. De imediato atendidos, Jerônimo nos recomendou que ela fosse inscrita no Raio X do meio-dia e que a esposa ficasse internada na pensão de uma senhora cujo nome não me vem à memória. A justificativa foi de que todos que tivessem de passar por tratamento mais longo, lá deveriam ser internados porque era como se fosse um hospital visitado pelo menos duas vezes ao dia pelos médiuns de cura do Centro Espírita Luiz Gonzaga, dirigido por Candinho e por Damo.
Naquele mesmo dia, Maria Inês passou pelo Raio X e por cirurgia espiritual na cabeça, ficando internada na referida pensão.
No dia seguinte, foi internado, juntamente com sua mãe, um menino de 10 anos de idade submetido à terrível subjugação que lhe impunha estar de quatro, berrando como cabrito, sem expressar vocalmente qualquer palavra.
A mãe, garantiu que até os 6 anos de idade era uma criança normal, alegre, risonha e falante. De repente, como se fosse uma maldição, deixou de falar, perdeu o porte ereto e caiu a andar de quatro como um animal quadrúpede e passou a berrar como um caprino. Parecia, também, nada entender da conversa entre pessoas. Nunca mais sorriu. A mãe, desdobrava-se em ternura e carinho por aquele desventurado ser que perdera a identidade humana e agia tal qual um cabrito, saltando, berrando, e dando cabeçada nas pessoas. E aquela criança só tinha 10 anos.
Ainda neófito nas questões espirituais, conhecendo praticamente nada de mediunidade, não entendia, nem mesmo aceitava que Deus pudesse “punir” uma criança inocente, uma vez que sempre acreditei na existência de nosso Pai Celestial, como o Senhor de Bondade e de Misericórdia.
Só depois de algum tempo, quando já havia estudado as obras básicas: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A gênese e O Céu e o Inferno, comecei a compreender que Deus, ao criar a Lei do Livre Arbítrio, nunca puniu, como jamais puniria qualquer dos seus filhos, pela simples razão de que sob a égide dessa Divina Lei, o homem tem sempre o direito da escolha dos seus caminhos, ou, por outras palavras tem liberdade para plantar, mas, a colheita do que plantou também será obrigatória.
No estudo das obsessões aprendi que a primeira coisa que precisamos ter em mente, para melhor compreendermos os mecanismos de ação, utilizados nos processos obsessivos, é que o obsessor está ligado ao seu desafeto por razões emocionais, seja por ódio, por desejo de vingança ou até mesmo por sentir-se desprezado ou traído por este. Assim, tomado pelo ódio, depois de um simples e automático processo de sintonia vibratória, o obsessor se vê atraído, inconscientemente, para junto daquele que é o objeto de suas angústias. Basta isso, ou seja, a presença de um espírito carregado de energias profundamente perturbadoras para prejudicar o obsediado.
Uma vez que ambos os seres estão sintonizados pelo mesmo padrão vibratório, aquele que está mergulhado no corpo de carne começará a captar as emissões de ódio do seu perseguidor e, a depender de sua conduta moral e mental, essa captação poderá trazer desordens graves ao funcionamento de seu organismo físico.
O obsessor é um obstinado perseguidor de sua vítima, muitas vezes, anteriormente seu algoz que permanecendo ou renascido na carne, agora, com as vibrações do encarnado, se encontram no conúbio desastroso da vingança, do revide, da intemperança e da infelicidade tanto para um quanto para o outro, que só agravam seus mútuos débitos.
Então, para obsidiar, basta a simples presença do obsessor junto de sua vítima.
Caramba! diria o leitor estupefato, como pode uma criança de poucos anos ser submetida a uma obsessão?  E o pior, uma subjugação que transforma e mantém a vítima num simulacro de cabrito saltador e berrante!
A priori sabemos que a morte física, infelizmente, nem sempre apaga da lembrança o rancor que perturba o espírito inferior ainda menos esclarecido e que, incapaz de perceber as luzes do Evangelho, curte e resfolega no seu imo a mágoa e o ódio incontroláveis.
No afã do seu ódio, de sua vingança, o obsessor não consegue ver a criança momentaneamente fragilizada e ingênua em nova e recente encarnação, enxergando apenas o espírito imortal responsável pelo delito cometido ou que imagina tenha sido culpado pela mágoa, pela ofensa ou qualquer outra causa de sua desgraça atual.
Muitas vezes os familiares resistem em admitir a hipótese de obsessão da criança, imaginando-a livre do assédio invisível. Quando acontece essa ou qualquer outra situação similar dentro da família do pequeno obsidiado, lamentavelmente, o engano traz seriíssimas repercussões, pois quando mais tempo se passar entre o primeiro ataque do obsessor à constatação do quadro da obsessão, várias e irremediáveis sequelas estarão acontecendo.
 Inúmeras vezes, na experimentação mediúnica, tratamos com espíritos que engendraram investidas contra os pais, ferindo com a obsessão, diretamente, a criança e indiretamente os genitores. O obsessor incide seus fluidos mórbidos negativos que comprometem a saúde física ou mental de um dos filhos comprazendo com o sofrimento dos pais.
A sensibilidade infantil e a aproximação do espírito obsessor, provocam, muitas vezes o choro, a inquietude, a irritabilidade e até erupções cutâneas que fazem o pediatra confundir com quadros clínicos buscando causas no organismo da criança como verminoses, otalgias, erupção dentária e outras mazelas.
Tivemos um caso em que uma nossa confreira que dera a luz a um menino e enquanto bebê foi levado ao centro com frequência e durante sua permanência na nave, chorava o tempo todo, gerando desconforto e sofrimento à mãezinha, só se acalmando quando tomava o passe magnético.
Hoje com 14 anos, o menino ouve vozes, vê e conversa com espíritos sem receio algum.
 Os distúrbios infantis requerem cuidados urgentes dos pais. Primeiramente, os pais devem buscar os procedimentos médicos e só depois de descartadas todas as hipóteses da medicina da Terra é que se deve buscar a Casa Espírita afeita às curas e tratamentos com o auxílio da Espiritualidade.
Mesmo havendo o sustentáculo da Casa Espírita, com os recursos dos passes e da água fluidificada, é importante, também, que o Evangelho seja implantado semanalmente na residência da família, em dia e hora marcados, com a presença inclusive de vizinhos que se manifestarem.
A confiança em Deus por lema e a disposição de servir aos nossos irmãos encarnados e desencarnados com o Amor Universal que une a todos, eis a fórmula para a união fraterna entre todos os povos deste Mundão Terreno.

Roberto Cury
A MÁGOA
Escrevo no primeiro dia do ano. O dia da paz mundial. E há tanta guerra no mundo!
Há quem diga que as guerras, sejam gerais ou particulares, têm como causa a falta de amor. Outros afirmam que está ausente a fraternidade. Tem aqueles que garantem que a culpa reside nas desigualdades sociais e até mesmo nas arbitrariedades dos fortes ou poderosos sobre os mais fracos.
Há os que ferem e quem se ofenda. Quem fere, magoa, e quem é ofendido se sente magoado. Entre as duas pontas, o rancor que origina a mágoa.
Ferimentos leves, via de regra acontecidos nas brincadeiras de mau gosto, também geram rancores surdos pela humilhação causada.
Outras vezes, a ofensa é direta, intencional, destruidora.
A verdade é que a mágoa tem sido a causa dos destemperos humanos.
Todo aquele que pretende dominar alguém ou alguns, magoa seu semelhante, que, então, se sente constrangido, sem liberdade, sem amor, reclama das desigualdades e lamenta da falta de fraternidade.
A mágoa é como o rastilho de pólvora que explode nos mais terríveis ódios, gerando a destruição por séculos, por inumeráveis encarnações, eternizando o atraso e a ignorância da humanidade, retardando o progresso espiritual dos seres e a evolução da Terra.
É muito séria a responsabilidade dos que agem na mágoa, ferindo ou receptando-a, porque além da paralisação do seu crescimento, responde diretamente pelo retardo do desenvolvimento do Globo e, o ofensor, ainda, pelo desvio da trajetória do ofendido.
Por isso, ensinam os espíritos: “Se a mágoa lhe bate à porta, entorpecendo-lhe a cabeça ou paralisando-lhe os braços, fuja dessa intoxicação mental enquanto pode”.
Ante ofensas quaisquer, defende-te, pacifica-te e restaura-te, perdoando sempre. Nas trilhas da vida, somos nós próprios quem acolhe em primeiro lugar e mais intensivamente os resultados da intolerância, quando nos entrincheiramos na dureza de alma”.
         “Dentre os ângulos do perdão, um existe dos mais importantes, que nos cabe salientar: os resultados dele sobre nós mesmos, quando temos a felicidade de desculpar”.
“Urge perceber, no entanto, que, quando conseguimos desculpar o erro ou a provocação de alguém contra nós, exoneramos o mal de qualquer compromisso para conosco, ao mesmo tempo que nos desvencilhamos de todos os laços suscetíveis de apresar-nos a ele”.
Se ofendemos, peçamos perdão. Não há nenhuma humilhação quando reconhecemos nossos erros, nem fraqueza no perdão das ofensas recebidas.
Não vale a pena cultivar mágoas. Veja os versos de Ormando Candelária:
                                      Lança as mágoas ao passado,
                                      Alma cansada e ferida,
                                      Ressentimento guardado
                                      É fogo na própria vida.

Roberto Cury
A ALEGRIA COMO FORMA DE VIDA
Zé Henrique surgiu na Casa Espírita buscando ajuda, segundo os seus dizeres, para solucionar as tantas trombadas que ultimamente vinha recebendo da vida. Nada dava certo, ou melhor, tudo dava errado.
Só de olhar pro Zé Henrique já dava dó. Aparentava um sofrimento inexaurível. Pálido, olhos mortiços, semblante apagado. Era a triste figura de quem não tinha um só momento de tranquilidade e de bem estar. A felicidade, parece, nunca estivera nem ao seu lado quanto mais dentro dele.
Narrou, também, que nos últimos meses nem dormir direito conseguia mais. Via sombras a perseguirem-no. Tinha a impressão que sempre alguém estava às suas costas esperando para desferir-lhe um golpe mortal. Às vezes, tão logo conseguia um soninho, despertava assustado com alguém gritando com ele ou para ele ficar acordado porque estava para sofrer alguma coisa. Ora sentia como se o fôlego faltasse e fosse morrer sufocado, ora, parecia como se alguém lhe agarrasse a garganta tentando esganá-lo.
As piores sensações o acometiam incessantemente.
Uma voz sugeria-lhe orar a Deus e ele, não conseguia proferir nem a primeira frase do Pai Nosso, pois um aturdimento parecia penetrar-lhe pelos ouvidos deixando-o completamente alheio ao sentido da oração universal e nada saia nem de sua boca, muito menos se formava nos seus pensamentos que pudesse colocá-lo em contato com a espiritualidade maior.
Realmente, era algo ruim invadindo-o de tal sorte que o corpo parecia tomado de um torpor que ele nem conseguia respirar direito, nem concatenar idéias que o livrassem daquele estado de coisas.
A família já não mais o suportava nos arroubos amalucados que entremeavam palavras ofensivas com o mau humor constante, ou tiradas incoerentes com falsas acusações de deslealdade dos seus afins.
Depois de tantas desventuras alguém, nem se lembra direito quem, lhe sugerira procurasse a Casa Espírita onde davam atendimento nesses casos que tais.
Chegou cedo, pelas 19 horas, quando a irmã encarregada da abertura do Centro já pusera o molho de chaves na porta de entrada. Ali mesmo ele pediu ajuda pra ela e lhe foi informado que aguardasse a irmã Clotilde que era quem fazia a triagem e o encaminhamento ou para o espírito médico que atendia todas as quartas-feiras ou para os trabalhadores, via de regra um grupo de 3 ou 4 irmãos, que tinham a missão de ouvir e de orientar os encarnados necessitados.
Quando Clotilde ouviu o histórico de sofrimento de Zé Henrique, não teve dúvidas, encaminhou-o à consulta com o espírito médico que certamente haveria de lhe dar medicamento certo para o seu intrincado caso.
O espírito requereu a presença do psicoterapeuta desencarnado Dr. Luiz Antonio que quando encarnado fora médico psiquiatra e psicólogo num hospital de referência no interior paulista.
Luiz Antonio mostrou que a vida pode ser comparada com u’a moeda de duas faces: a face negativa, quando o Universo parece desabar na cabeça da pessoa e a face positiva, quando a pessoa se vê sempre cercada do carinho dos demais, dos negócios que se encaminham mais facilmente, do bem estar que atinge a si e aos familiares e amigos. Mas, que para isso é importante que se ore aos espíritos todas as noites e todas as manhãs, rogando que Deus os ilumine e os abençoe para eles serem felizes. Esse procedimento serve como limpeza dos fluidos deletérios que algum espírito inferior possa ter deixado no ambiente onde a pessoa vive ou trabalha, além de instalar, definitivamente na sua vida, a alegria de viver, a alegria do agradecimento por tudo que lhe foi concedido até aquele instante e por tudo que ainda haveria Deus de lhe proporcionar.
Que tivesse a coragem de romper com os grilhões que o infelicitavam escolhendo a alegria como forma de vida.
Zé Henrique partiu aliviado depois das recomendações do espírito Dr. Luiz Antonio.
Quase um mês depois retornou à Casa Espírita tão alegre como se tivesse ganho o prêmio máximo da loteria anunciada no dia anterior.
E disse alto e bom som: “adotei a alegria como forma de minha vida e tudo já passou. Sinto-me plenamente feliz e desejoso de trabalhar como voluntário em tudo que a Casa Espírita me designar fazer”.
Assim está acontecendo, tal qual já acontecia pois os trabalhadores da Casa Espírita já haviam adotado a ALEGRIA COMO FORMA DE VIDA.

A REFORMA ÍNTIMA
Roberto Cury
João Batista Armani, no seu texto “Reforma Íntima”, publicado no site Portal do Espírito, da cidade de São José do Rio Preto – SP, conta uma pequena história de um doente que padecia de cirrose hepática em consequência da ingestão de bebidas alcoólicas, para, ao final, citar u’a mensagem de Emmanuel: “O pastor conduz o seu rebanho, mas são as ovelhas que andam com as próprias pernas”.
Assim, deve ser a questão da Reforma Íntima. 
Reforma Íntima e Livre Arbítrio, ligam-se entre si, como se a primeira jamais poderia acontecer sem o exercício do Livre Arbítrio.
Como podemos entender o que é Reforma Íntima?
Há quem responda com as mais variadas expressões, todas muito bem colocadas e elucidativas. Algumas são grandiloquências doutrinárias de auto-afirmação do próprio autor, outras singelas palavras de clareza meridiana e de fácil entendimento.
Certa feita, em conversa com o escritor, palestrante, conferencista espírita e professor universitário de Direito Emidio Silva Falcão Brasileiro, que juntamente com sua esposa, também escritora espírita, possuidora de invejável cultura Marislei Espíndula Brasileiro, formam uma dupla em que a alegria é constante, a segurança nos princípios doutrinários são evidentes e irrestrita a confiança em Deus e na Sua Sabedoria Infinita, concluímos Emídio e eu que a Reforma Íntima, nos termos em que vem sendo colocada não acontece.
O que existe, ao nosso ver, é a Transformação Íntima, porque enquanto na Reforma os vícios e erros permanecem reformados apenas através de alguma luta, muitas vezes inglória, contra eles; na Transformação, como afirmou José Herculano Pires, “o Homem Velho é substituído totalmente pelo Homem Novo”, ou seja, arranca-se o homem velho e instala-se o Homem Novo, ou, ainda, elimina-se, totalmente, tudo o que amarfanhava o ser interior, para expor um novo ser, diferente, luminoso e definitivamente no caminho do Bem.
Ora, direis, caro leitor, isso é ilusão. Ninguém se transforma do dia para a noite.
É comum o dito espírita de que a natureza não dá saltos.
Como um homem vicioso, pode se transformar, de uma hora para a outra, em um ser equilibrado e sábio conquistador de virtudes?
As mais das vezes, queremos nos reformar intimamente. Então nos propomos a fumar apenas 19 cigarros quando fumávamos 20 por dia. A beber, uma dose a menos da bebida alcoólica que ingeríamos. A xingar, a maldizer, a vociferar, a reclamar, a murmurar entredentes, só 23 horas quando assim agíamos durante as 24 horas de cada dia. Agindo destarte entendemos que estamos fazendo uma linda e eficiente reforma.
Ainda, na Reforma, nos propomos a enganar menos os nossos semelhantes. Então a traição e a desídia, são contemporizadas porque apenas nos permitimos a olhar cobiçosamente sem exprimir o que pensamos, ou a afirmarmos que estamos somente descansando, quando a indolência e a preguiça, são velhas e conhecidas marcas do nosso caráter leviano.
Sem sombra de dúvidas que há sinceridade em muitos corações que se propõem caminhar para a Reforma Íntima, mas, infelizmente, muitas vezes há hipocrisia e insinceridade como se fosse possível enganar a Deus que tudo vê, tudo sabe, tudo conhece, pois que é a Suprema Inteligência  e Causa Primária de todas as coisas, menos das coisas do mal, porque somente o Bem é Sua Criação enquanto que o mal foi e continua sendo criado, trabalhado e gerido pelo homem.
Ninguém quer se propor em paladino das virtudes, nem em potência capaz de transformar os erros da humanidade em sublimidade dos anjos.
A cada instante nos deparamos em encruzilhadas. De um lado, os erros, de sempre, cometidos e que mantemos, sob a capa da austeridade ou porque nos consideramos sistemáticos, comumente com o objetivo de nos afirmarmos corretos nas atitudes. De outro, o desejo, nem sempre desenvolvido, de caminharmos nas trilhas do Bem.
Busquemos, pois, o auxílio da Lei do Livre Arbítrio, ou das Opções, ou das Escolhas.
Somos produto de nós mesmos.
Somos responsáveis por nossos atos, omissões e pensamentos.
Tudo o que fizermos ou deixarmos de fazer, conta contra ou a nosso favor, dependendo do bem ou do mal, praticado ou omitido.
Se somos viciosos e resolvermos mudar nosso comportamento, não caberá a 
Reforma, mas a transformação. Enquanto a Reforma apenas melhora um aspecto ou outro do caráter, a Transformação muda radicalmente. Plagiando mais uma vez J. Herculano Pires, a Transformação arranca, do ser, o homem velho, instalando, no seu lugar, um homem novo e não renovado.

É verdade que, muitas vezes, o homem não está preparado para a Transformação, preferindo partir para a Reforma de alguns dos aspectos que sabe negativos. Então se propõe a ser apenas um homem renovado.
“Para elevar a própria vida, é necessário gastar muitas emoções, aparar inúmeras arestas da personalidade, reajustar conceitos e combater sistematicamente a ilusão”.
Agora, quem quiser, realmente assumir a mudança, partindo do mal, definitivamente para o Bem, que adote a Transformação Íntima e tudo será diferente, porque sua escolha se faz com base na Lei Universal do Livre Arbítrio e nada, nem ninguém, conseguirá impedi-lo de chegar ao desiderato proposto por Jesus: “SEDE PERFEITOS, COMO PERFEITO É O PAI QUE ESTÁ NOS CÉUS”.
Roberto Cury
A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA E A JUSTIÇA DIVINA.
Trágico fim de semana em Santa Maria, cidade de cerca de 270 mil habitantes do Estado do Rio Grande do Sul, quando jovens estudantes universitários se feriram ou perderam a vida como consequência de um incêndio enquanto, na madrugada do domingo dia 27, assistiam a um show da Banda Gurizada Fandangueira, na boate Kiss, daquela terra gaúcha.
As notícias deste dia 30 de janeiro são de que 235 faleceram e os 143 feridos vêm sendo tratados nos hospitais de Santa Maria e também de Porto Alegre, sendo que os hospitalizados na Capital gaúcha recebem tratamentos especializados em face do estado crítico da mais extrema gravidade em que se encontram, resultado de queimaduras sofridas no incêndio ou por inalação da fumaça tóxica, intoxicação causada pelo gás cianeto, o mesmo usado nas câmaras de gás nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial.
Era, novamente, o princípio ativo do tristemente famoso Zyklon B dos campos de extermínio.
Segundo o pesquisador Anthony Wong, diretor médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) trata-se de um dos venenos mais letais, por sua capacidade de paralisar os mecanismos de produção de energia das células, matando-as.
Pois o cianeto apareceu junto com a fuligem e o monóxido de carbono dentro da Kiss, como consequência da combustão dos materiais usados no revestimento acústico.
"Não tem cheiro nem cor e é capaz de matar em um prazo curtíssimo, de quatro a cinco minutos", explica Wong.
Quando, nos idos de 1960, então, estudante de Química, na Faculdade Oswaldo Cruz, em São Paulo, num dos eventos laboratoriais conheci o ácido cianídrico (HCN), também conhecido como cianeto de hidrogênio, consequência do borbulhamento do gás cianídrico em água, de onde o gás retira o hidrogênio (H) na reação do ácido com esse elemento, resultando num composto fatal. Da mesma forma, se a reação se der na presença de potássio (k), o ácido cianídrico se transforma no temível cianeto de potássio (KCN), um veneno muito potente que interfere na condução do oxigênio às células do organismo.
O ácido cianídrico, gás altamente tóxico, se inalado, mata em 9 ou 10 segundos, o cianeto tem efeito um pouco mais lento.
A capacidade de expansão, altamente vertiginosa, desses gases é inimaginável para os leigos em química. Seus efeitos danosos provocam a intoxicação e a corrosão instantâneas, danificando, irremediavelmente, as vias aéreas, rompendo os brônquios, sangrar os bronquíolos, provocando a interrupção dos batimentos cardíacos e na consequente e irreversível parada cardiorrespiratória. 
Daí para a morte cerebral não resta sequer mais nenhum passo.
O medicamento Hidroxocobalamina serve para combater a intoxicação causada pelo gás cianeto, quando aplicado antes que os efeitos se tornem irreversíveis.
Eventos dessa natureza e da magnitude em que ocorreu, causam impacto indescritível no povo que, ainda que solidário com as pessoas que perderam seus entes queridos, não consegue esconder a dor e o sofrimento, a consternação e as lágrimas que vêm naturalmente.
Entretanto, esse mesmo povo grita por justiça, mas, os gritos, na verdade não são para clamar a apuração dos culpados para que se cumpra a mais perfeita justiça terrena com o respeito aos direitos humanos. Representa na verdade a máscara da mágoa, do ódio, da vingança que a massa deseja como satisfação íntima de sua própria revolta, muitas vezes maior do que a dor dos próprios familiares dos entes que partiram, principalmente, se foram jovens que desencarnaram, eles que representavam o futuro do país, o orgulho dos pais, a esperança e a alegria da família e agora não mais existem.
Todas as grandes tragédias atuais guardam repercussão cada vez maior em face de que a mídia desenrola as notícias, em todo o mundo, em poucos segundos e isso provoca reações, nos povos, na medida da sua capacidade de observação, da sua compreensão e de seu discernimento.
Não raras vezes, as reações são as mais inusitadas.
A comoção popular está diretamente relacionada com a grandeza do evento infausto. Se foram muitas as pessoas vitimadas, a comoção é de um tamanho. Maior se crianças pereceram. Maior ainda se foram jovens universitários como, é o caso que se deu em Santa Maria.
Os efeitos colaterais da tragédia na terra gaúcha são inúmeros. Na segunda-feira, 28, um dia após o acontecimento com tudo e com todos os que nele se envolveram, e foram muitas as pessoas e profissionais que desempenharam inúmeras tarefas na azáfama de salvar queimados e intoxicados pela fumaça venenosa, iniciou-se a “caída da ficha”. Taxistas e coveiros buscaram ajuda psicológica em Santa Maria, porém, muitos psicólogos deixaram de comparecer, esgotados em razão da intensa atividade no dia fatídico.
Acusações aos mais variados setores da sociedade civil e militar vieram a tona e até os bombeiros foram acusados pelo advogado de um dos proprietários da boate, como responsáveis pelo incêndio, eles que sempre se constituíram nos verdadeiros salvadores da humanidade nas situações de perigo. No dizer do advogado, os bombeiros seriam culpados por não terem efetuado a vistoria preventiva obrigatória imediatamente ao requerimento da empresa pertencente daquele estabelecimento.
Atitudes desse jaez são comuns, pois ninguém se sente culpado de nada, principalmente se for possível acusar uma ou outras pessoas.
A transferência da culpabilidade é inerente ao ser humano. Diante da justiça humana, muitas vezes, inocentes pagaram pelos verdadeiros culpados que, ou não apareceram, ou não foram descobertos.
Entretanto, nada acontece por acaso. Tudo tem uma razão de ser.  
Se a justiça humana falha, como muitas vezes falhou em todos os países do Globo Terrestre, a Justiça Divina jamais falha, porquanto perfeita e aplicada pela consciência de cada um no cumprimento exato da Lei de Causa e Efeito. Sim, toda causa tem o seu efeito correspondente, como Jesus mesmo advertiu Simão Pedro que, desembainhando sua espada, decepara a orelha de um dos soldados que aprisionara o Mestre: - Pedro, Pedro quem com ferro fere, com ferro será ferido – enquanto colava a orelha no mesmo lugar de onde tinha sido arrancada.
Todos os grandes desastres, nos quais pereceram ou se feriram muitas pessoas, há sempre histórias daqueles que não chegaram a tempo de embarcarem no veículo sinistrado, ou não entraram ou saíram do prédio incendiado ou desabado, ou permaneceram no lugar de origem onde a onda avassaladora (tsunami) não chegou, ou que se retiraram pouco antes do terremoto atingir aquela região, ou... tantas outras inexplicáveis circunstâncias em que muitos foram tragados pelo abraço da morte e outros sequer foram tocados, mesmo de leve, pelos ventos mortais. Aqueles que não foram atingidos são pessoas que não estavam vinculados ao evento, consequência natural de causa anterior.
Diante da Justiça Divina, ninguém paga pelo erro alheio, como, também, ninguém é passível de julgamento incriminatório se nada deve.
As grandes tragédias, com a retirada de entes humanos, via de regra, são efeitos de outras em que os atuais retirantes foram responsáveis pela retirada de outros irmãos num passado recente ou longínquo.
Quantas tragédias o mundo terreno já presenciou, ou delas se tornou vítima?
Quantos incêndios em florestas dizimaram animais e seres humanos?
Os campos nazistas de extermínio em vários países; a dizimação dos povos conquistados por Átila, rei dos hunos; a arena romana onde leões devoraram cristãos; as batalhas do Peloponeso onde tantos pereceram; as guerras e guerrilhas americanas intervindo em territórios estrangeiros ocasionando um rastro de sangue; a santa inquisição que ceifou a vida de inocentes acusados injustamente, ora na fogueira, ora na decapitação, ora por enforcamento; a noite de São Bartolomeu em que milhares de protestantes foram assassinados pela intolerância religiosa; quantas outras tragédias são as causas das que hoje acontecem?
Vez ou outra, um fenômeno natural se incumbe de ser o braço executor da Justiça Divina, especialmente quando a Natureza tivera sido vilipendiada anteriormente.
Apesar da Justiça Divina pertencer a Deus, nosso Criador, nós, criaturas, somos as causadoras das nossas desgraças, dos nossos sofrimentos, dos nossos horrores. Consequentemente, sofremos os efeitos de nossos próprios atos.
Invariavelmente, porque nos cremos inocentes, as provas a que somos submetidos, muita vez, nos parecem imerecidas ou maiores do que imaginávamos, que nosso sofrimento é único e inquirimos Deus: - Por que Senhor? Por que?
Apesar de responsáveis, não aceitamos nada que nos atinja e mostramos claramente que não acreditamos em Deus ou que n’Ele não confiamos.
Felizes aqueles como Jó que jamais se rebelaram contra o Senhor da Vida: - O Senhor me deu, o Senhor me tirou. Bendito seja o Senhor!
Compreendamos que a dor que nos chega, principalmente aquelas que vieram oriundas de causas que nós provocamos, é a dor que burila o espírito, que nos faz mais compreensivos, que nos torna melhores discípulos da Bondade Divina.
Compartilhemos a dor dos nossos irmãos gaúchos, sejamos misericordiosos com seus sofrimentos, mas, jamais abandonemos a Confiança no Criador de tudo e de todos, pois Ele é o Senhor da Vida, a Fonte Suprema do Amor e que nos Eleva sempre que d’Ele precisamos.
Lembremo-nos de jamais atirarmos pedras em quem quer que seja, pois ainda que sejam muitas e fortes as nossas razões, jamais elas serão maiores do que a Felicidade que podemos viver ou ensejar ao nosso próximo.
Tiremos lições de cada tragédia e agradeçamos a Deus pela oportunidade do raciocínio, da busca da compreensão e vivamos, intensamente, o Bem Incomensurável que nos chega do Pai Celestial.
Roberto Cury
DESEQUILÍBRIO
Claudinei, aparentando estranha expressão física, chegou à Casa Espírita numa quarta-feira por volta das 19,30 horas, surpreendendo Laurenice, a companheira encarregada de abrir o Centro e recepcionar quem ali viesse pela primeira vez.
Parecendo estar desnorteado e sem rumo, falando atropeladamente, quase sem se fazer entender, disse um amontoado de coisas com tanta rapidez que Laurenice ficou parada tentando raciocinar sobre o que aquele moço, bem apessoado, de terno e gravata, cabelos lisos despenteados, rosto pálido como se o sangue tivesse fugido para os pés e estivesse a ponto de desmaiar, estivera dizendo-lhe.
Aquela algaravia desconexa de Claudinei levou a recepcionista a imediatamente ligar seu alarme interior: ele estava momentaneamente desequilibrado por algum acontecimento surpreendente ocorrido naquele dia ou até a poucos momentos atrás.
Então convidou-o a entrar e a se assentar num dos bancos do salão e logo em seguida, disse-lhe: - moço, só um segundinho, vou trazer um copo com água pra você.
Dirigiu-se à sala vizinha, apanhou um copo no armário, encheu-o com água da jarra e levou-o até Claudinei, entregando-lhe nas mãos, dizendo: - beba um pouco da água. Essa água tem fluidos trazidos pelos espíritos e é capaz de tranqüilizar a alma e serenar as preocupações e desanuviar os pensamentos.
Claudinei sorveu uma golada como se a sede fosse intensa. Depois olhando para o copo murmurou baixo, quase entre dentes: - estou desesperado, nada dá certo na minha vida. Os negócios vão de mal a pior, vejo-me cercado de entidades me perseguindo e de vez em quando são animais: cães, ursos, onças, leões.
E, olhando para Laurenice, perguntou: - é verdade que aqui tem consulta com um espírito e que ele atende e responde sobre as questões mais difíceis da vida?
A moça respondeu: - sim, um espírito médico pode ser consultado aqui, mas, antes é preciso passar por uma triagem em face de que o encaminhamento para orientação com o espírito ou então, com os trabalhadores da Casa, especialmente preparados para auxiliar as pessoas consoante os ditames da Doutrina Espírita, dependerá da questão.
Já assentado num dos bancos da Casa Espírita, Claudinei continuou trauteando com seus botões como se mantivesse uma larga conversação com vários companheiros invisíveis.
Assim que Marília, a responsável pelas triagens, chegou foi inteirada por Laurenice sobre Claudinei adiantando-lhe tratar-se de um caso de profunda obsessão, pois o paciente estava matraqueando com um monte espíritos, só interrompendo a conversa quando caía num convulsivo e incontrolável choro. De repente, sem mais , nem menos, alternava o choro com gargalhadas como se acabara de ouvir a mais engraçada piada.
Marília balançou a cabeça de um lado para o outro antes mesmo de se dirigir ao paciente. Sabia que se tratava de um caso grave e media suas forças no caso da necessidade de intervenção se o paciente ou os espíritos resolvessem empreender uma agressão física a ela. Então, pensou: - melhor me prevenir com preces aos bons amigos espirituais para que me protejam se o paciente se tornar agressivo.
Recolheu-se, mentalmente, e orou pedindo proteção.
Ato seguinte, sorridente e delicadamente, convidou-o a adentrar a sala de triagem, mesmo local onde o espírito médico atende os pacientes.
Marília concitou Claudinei a dizer o que sentia e assustou-se com o que viu e ouviu.
Claudinei, falando, parecia um disco furado, ranheta e confuso, não se fazendo entender e nem se importava se era ou não entendido nas suas expressões, tal o grau de excitação em que se encontrava.
Os olhos esgazeados rodopiavam nas órbitas como que desequilibrados e em desconformidade com a firmeza do olhar de uma pessoa normal.
Marília reconheceu, facilmente, a gravíssima obsessão espiritual raiando ao estado de subjugação que se assenhoreara de Claudinei.
Não se tratava, pois, de consulta com o espírito médico, mas, sim ao trabalho inteligente e amoroso dos médiuns da Casa que muito bem sabiam trabalhar com casos de obsessão espiritual.
A triagem nem precisou ir além do primeiro diagnóstico emitido por Marília que recomendou tratamento de desobsessão, encaminhando Claudinei aos trabalhadores preparados para esses casos.
O grupo liderado por Leocádio, Presidente da Casa, marcou o primeiro bate-papo, com o obsediado, para após o passe magnético ao final da reunião pública.
Já no tratamento inicial foi detectado um grupo de desencarnados confusos que, no passado, se comprometeram com o obsediado numa sucessão de erros, quase todos voltados para a ambição desmesurada e as negociações de engodo visando enriquecerem-se à custa de pessoas mais simples e humildes.
O grupo de desobsessão marcou, então, fluidoterapia nas próximas 5 quartas-feiras e evocação espiritual dos obsessores, na ausência do obsediado, todas as quintas-feiras, já a partir do dia seguinte.
Em menos de 2 meses de tratamento, Claudinei já sorria, livre dos problemas que acentuaram a sua chegada na Casa Espírita.
No mês seguinte, engajava-se no trabalho como simples trabalhador  desde a recepção até os bate-papos da TBC (Turma da Boa Conversa) ao final das reuniões públicas.
Claudinei neste ano de 2011, participa, pela primeira vez, do Planejamento Anual da Casa, mostrando-se alegre e feliz como se sempre o fora, ficando a obsessão esquecida no tempo como deve acontecer sempre que obstáculos são superados.
Com a alegria estampada sempre no semblante, os trabalhadores da Casa Espírita demonstram que Jesus ao vencer a impiedade mostrou-lhes que o Bom Combate é aquele que jamais fere quem quer que seja e que o exemplo das virtudes torna o Bem vencedor do Mal.

Roberto Cury
EMPOLGAÇÃO COM A DOUTRINA ESPÍRITA
Eu me lembro que depois de ler uma parte do Livro dos Espíritos, eu que viera do Catolicismo, que entendia tudo, ou pelo menos achava que entendia tudo daquela Doutrina Cristã, quedei-me convencido de que havia descoberto as chaves do Reino dos Céus e que, estando no caminho certo, com a verdadeira doutrina do Amor, pois o Espiritismo redivivo representava a minha salvação definitiva e que tudo iria rolar entre sorrisos de alegria vertidos em consequência das soluções de todas as questões da vida, só encontradas naquela obra básica e o meu comportamento legal diante das Leis de Deus, bastando, para isso, que em amasse todos os meus irmãos e fosse caridoso.
Estava tão empolgado que acreditei que era fácil amar o próximo e também ser caridoso, aliás, me considerava altamente benevolente com as criaturas, praticante da caridade mais pura que era dar esmola a todos que me procurassem em nome de Deus.
Os primeiros esbarrões da realidade serviram para despertar –me daquele sonho pueril.
Certa tarde, no meu escritório profissional, adentrou uma senhora idosa, muito alta, vestido de chita barata, pés grandes, descalços, sujos da poeira daquele município goiano e me pedira uma esmola. Medi-a de alto a baixo e concluí que se tratava de uma pobre velha necessitada de um dinheiro pra poder comer. No alto dos meus escaninhos mentais cataloguei que ela devia estar sem se alimentar bem a uma semana mais ou menos. Assim convencido nos meus botões meti a mão no bolso, sacando uma nota de dez cruzeiros (era uma boa quantia) e sorrindo passei à velha dizendo, Deus te abençoe minha tia.
Ela sequer me agradeceu nem resmungou que Deus me pagasse o feito.
Depois que a velha saiu, minha secretária, que estava na sala de recepção, perguntou-me: - o senhor deu esmola pra velha Prata?
- Quem?
- A velha Prata que acabou de sair daqui.
- Como assim, insisti?
E a secretária, sorrindo, explicou: - doutor, a velha Prata é uma das pessoas mais ricas do Município. Tem fazendas e casas de aluguel na cidade.
- O que? – perguntei assustado.
- É isso mesmo, repetiu.
- Por que ela se veste como maltrapilha e pede esmolas então?
- Porque ela sempre fez isso. É uma pobre miserável que vive desgraçadamente como uma pobretona. Vive esmolando e todos aqueles que não a conhecem dão-lhe esmolas polpudas que ela guarda ou esconde em sua casa que é sede de uma das fazendas.
Fiquei decepcionado porque ao invés de fazer uma caridade, contribuíra para alimentar o desequilíbrio daquela pobre infeliz.
Esse episódio me lembrou um tal Zé Macarrão que habitou um pedaço da minha juventude numa cidade do interior paulista , próxima da minha terra natal e que esmolava pela manhã, sempre pedindo dinheiro pra comprar macarrão pro almoço que ele não tinha o que comer em casa.
De tarde ele sumia.
A sua morte, nos revelou um trágico quadro de sovinice e vida miserável.
Vivia sozinho num casarão vizinho da casa de um tio que me hospedava, pois eu fazia o curso científico no Instituto de Educação numa outra cidade para onde ia todos os dias às 6 horas da manhã, voltando somente pelo meio-dia.
O cadáver começara a cheirar mal e, por isso, comunicada pelos vizinhos, a polícia arrombou a porta da frente e descobriu-o num quarto grande dos fundos, a casa sem nenhuma mobília, fogão a lenha que a muitos anos não fora aceso, rodeado de sacos de notas de todos os valores e ali muitas delas já sem valor econômico pelas muitas transformações do dinheiro.
Segundo a polícia, no loca, em dinheiro com valor ele tinha cerca de 20 mil cruzeiros, pequena fortuna porque o salário-mínimo montava em 80 cruzeiros.
E a surpresa não parou por aí, porque descobriram alguns recibos de depósito nas três agências bancárias da cidade: Banco do Brasil, Banco Bandeirantes e Bradesco. Ao fazer o levantamento, o Zé Macarrão era muito rico pois tinha uma fortuna de mais de 100 mil cruzeiros.
A minha empolgação começou o pique para baixo, diminuindo à medida que fui entendendo que caridade não é só dar esmolas e que nem sempre comprar comida ou alimentar pessoas significam fazer o bem aos nossos irmãos. Descobri que muitas vezes estamos alimentando as loucuras ou os desvios de conduta das pessoas.
Descobri, também, que só fazemos o bem sem olhar a quem quando temos certeza de que o amor que nos liga a essas pessoas é aquele Amor Universal que é capaz de superar todas as diferenças, mas, que é praticado conscientemente, ou seja usando a razão sem nos deixar arrastar pelas emoções ou paixões momentâneas.

Roberto Cury

HÁ QUEM CHEGUE CHORANDO, EU CHEGUEI SORRINDO!
Católico, jamais imaginara um dia ler uma obra espírita. Credo em cruz, ave Maria dizia eu, na certeza de que o Espiritismo era coisa de macumbeiro e outros quejandos mais. Pois não é que também não acreditava nesse negócio de Espiritismo ser uma religião? Baixar espíritos? Como poderia um espírito baixar entrando no corpo de alguém? Isso não cabia na minha cabeça. Não que eu fosse um cético, ou teimoso mesmo. Mas, que eu era ignorante em matéria de Espiritismo, ah! Isso eu era mesmo!
Até então eu me achava inteligente, e do alto do meu acendrado orgulho, achava-me até mesmo o mais inteligente daqueles que conhecia e quando via alguém famoso por suas posições, ficava me perguntando: - Como uma pessoa inteligente e culta como aquela podia ser espírita? Pois não é que eu, intimamente, questionei até o Professor José Herculano Pires, “o melhor metro que mediu Kardec no século XX”: “Como um Professor de Filosofia, Escritor, Jornalista, poderia estar ligado a esse tal de Espiritismo?” Já ouvira que ele era um dos grandes espíritas. Esse fato deu-se na década de 1960, à época do casamento do seu único filho homem Herculaninho com minha irmã carnal Maria Alice, a Lilita.
Tempos depois conheci Heloísa Pires, grande mestra e conferencista espírita, com ensinamentos passados em várias capitais dos estados brasileiros e também no exterior, em França e Portugal, pelo menos.
O velho amigo Vigilato Pereira de Almeida, presidente, por mais de 30 anos, do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, de Itumbiara, desencarnado um dia depois de Dom Veloso, o primeiro bispo diocesano daquela cidade, isso ainda no início de 1970, desde 1966, quando, vindo de São Paulo, me instalei em Goiás, dissera-me inúmeras vezes que eu seria espírita. Respeitosamente, sorri-lhe todas as vezes desse seu dizer, mas, jamais admiti que me tornaria espírita, pois, acreditava tratar-se de ignorância religiosa dele e de quem mais comungasse daquele absurdo.
Eu e Diógenes Mortoza da Cunha, genro de Vigilato e primo de Eurípedes Barsanulfo, o mineiro farmacêutico dos pobres que tantas vezes substituiu o médico que não existia pelas bandas de Sacramento, cursamos a mesma Faculdade de Direito e nos assentamos ao lado um do outro na sala de aula, mantendo-me católico apesar das tantas conversas dele sobre a Doutrina Espírita. Respeitei-lhe as falas, sabendo-o sério e responsável, incapaz de qualquer mentira, mas nunca pusera fé naquilo.
Ninguém pode discutir ou colocar em dúvida a Sabedoria Divina, pois só Deus sabe a hora de cada coisa, ou acontecimento para cada um.
Minha hora, a hora da transformação ainda não era chegada. Acredito que por isso eu ainda permanecia enclausurado na minha crença católica.
Entretanto, a dúvida já massacrava o meu espírito indômito. Meu espírito racional encontrava dificuldade para aceitar certos artigos da fé católica, conforme os dogmas da Igreja. Um deles, o da Trindade, não recebia guarida no meu raciocínio, porquanto contrariava o credo num Deus único, pois o Pai Criador não poderia se desdobrar em Filho e Espírito Santo, pois aí não seria Único, mas três. Como dizia a Igreja “três pessoas e um só Deus. Ora, isso é irracional. Sendo cada pessoa uma individualidade, inadmissível que três individualidades possam se tornar uma só Divindade, em face de que ocorreriam, no mínimo três mandantes, ou três criadores, consequentemente, Deus não seria Único.
Outro item que esquentou minha cabeça e que meu coração jamais aceitou foi o dogma da virgindade de Maria após o parto. O parto natural teria rompido o hímen na expulsão do feto do útero para o tempo, derrubando, assim, a tese propugnada pela Igreja. Por outro lado, a tese da Virgindade de Maria trazia dois outros empecilhos para a aceitação pela minha mente perquisitiva e contestadora: primeiro, se a gravidez fora iniciada por inseminação divina, Deus estaria contrariando a própria Natureza criada por Ele, uma vez que a mulher engravida quando, no período fértil, um dos seus óvulos recebe a penetração de um espermatozóide masculino e o ovo formado desloca-se da trompa de falópio até o útero fixando-se num dos locais desse órgão iniciando a fase de nidação, a partir do que o processo celular vai destacando tecidos diferenciados, até a composição final do feto; e segundo, se ela continuou virgem, sem o rompimento do hímen, então tudo não passara de uma farsa desde a anunciação até a morte do Cristo na cruz, pois Jesus não teria sido homem nem se comportado como tal, assim como todas as fases da vida encarnada: recém nascido, a primeira e a segunda infâncias, a juventude e a maturidade, teriam sido nada mais que um embuste muito bem engendrado para colocá-lo na condição de Deus, junto com o Pai e com o Espírito Santo.  Se fosse assim, Jesus não teria afirmado e reafirmado ser A Verdade porque não passaria de cruel mentira.
Outros dogmas menores, como o da “Infalibilidade Papal”, atazanavam meu espírito. Sempre enxergara, no Papa, homem como qualquer outro, ou como eu mesmo, falível, cometendo equívocos de interpretação e até mesmo erros grosseiros, naturais nos seres humanos. Assim não poderia admitir como jamais admiti que o Comandante da Igreja que combatia a ciência e que discriminava os não católicos fosse um ser infalível.
Por estas e por outras eu já não era um bom católico, pois não poderia rezar a oração do Credo sem cometer perjúrio diante de Deus e de mim próprio.
Aconteceu que, já morando em Santa Helena de Goiás, certa noite do ano de 1973, o mês já não me lembro, perturbado e atazanado com as dúvidas que minha mente assacava contra as convicções católicas até então professadas, orei pedindo: Jesus, meu Amigo e meu Irmão, a minha religião não responde às tantas dúvidas que me sobressaltam. Orienta-me durante o sono para que eu possa decidir o que fazer”.
Dormi preocupado e acordei eufórico com o firme propósito de ler obras espíritas.
Mas, ler o que? Por onde começar?
Não conhecia nenhum espírita dos que habitavam Santa Helena, nem nunca havia visto qualquer livro espírita nas duas livrarias da cidade. Pensei comigo que deveria ir a Itumbiara. Vigilato partira de volta à Pátria do Espírito a quase 4 anos, mas, o meu amigo Diógenes ainda morava lá.
Meu fusquinha levou-me até Itumbiara pela antiga Sul Goiana estrada de terra, hoje a asfaltada rodovia federal BR 452 e cheguei justo na hora do almoço aproveitando para filar a deliciosa comida preparada por Lívia, esposa de Diógenes e minha irmãzinha do coração. 
Quando respondi a Diógenes qual o motivo de minha ida à sua casa, ele sorriu e lascou: “o Vigilato sempre disse que você seria espírita”, ao que retruquei: “Espera aí, não disse que virei espírita. Quero ler obras espíritas, mas, não sei quais, nem por onde começar”.
Foi então que ele me presenteou com dois livros: “O que é o Espiritismo” e “O Livro dos Espíritos”, dizendo-me que lesse o primeiro e só depois, devagar, fosse estudando o segundo.
Em seguida fui visitar o ex-aluno Tarcísio alfaiate, que me presenteou com ”O Livro dos Médiuns”. Hoje Tarcísio é advogado tendo voltado ao seu estado de origem no Nordeste do País.
Finalmente busquei os pães deliciosos da Padaria da Hora, defronte da Rodoviária velha, do meu amigo Allan Kardec Garcia que, assustado ao ver tantos livros espíritas no banco traseiro do fusca, perguntou-me o que era aquilo. Respondi que ia ler obras espíritas. Então disse-me que eu teria 3 dificuldades: primeiro acreditar na existência de espíritos e eu, sorrindo, repliquei: eu creio, pois os vejo desde que era criança. Depois falou da dificuldade que teria em aceitar a reencarnação. Disse-lhe: “Não sei sobre reencarnação, mas, estou aqui pensando no Miguelão (homem alto, um verdadeiro Adônis, de bermudão e pezões descalços, andando pra lá e pra cá atravessando a rua de sua casa, o dia inteiro em face de sua estranha deficiência mental não aparente na primeira vista, mas sua mudez e a sua ausência induziam o perscrutador a pensar que ele não sentia absolutamente nada. Ledo engano, vimos aquele homenzarrão chorando copiosamente a morte de sua mãezinha.). Continuei; Miguelão não cometeu nenhum pecado e como acredito na Justiça Divina, não creio que Deus castigue ninguém muito menos o Miguelão por alguma falta dos seus pais biológicos. Então se Miguelão é diferente deve ser porque ele cometeu algum deslize em outra vida. Kardec, isso é reencarnação? – perguntei.
Ele sorriu e afirmou que sim. A terceira dificuldade ele nunca me disse qual seria.
Voltando ao “O que é o Espiritismo”, minha leitura dinâmica me permitiu ler em meia hora e assustado fiquei porque nunca tinha lido nada, como era então que eu conhecia quase tudo que ali estava escrito?
Curioso e surpreso, não me aguentei. Fui para “O Livro dos Espíritos”, saltando os tais Prolegômenos e me deparei com a primeira pergunta: - O que é Deus? A resposta me fez dar um pulo de alegria: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
Esse era o Deus que eu sempre buscara, pois jamais concordara com o jargão bíblico que O pintara como o velho cansado que fez o mundo em 6 dias e no sétimo descansou. Esse deus idoso, combalido jamais aceitei fosse o Criador, pois era mostrado numa imagem humana e não como divindade lúcida e capaz. O deus que se arrependera de ter criado o homem, nunca seria o Deus Verdadeiro, Justo, Amoroso e Pai.
O Deus suprema Inteligência, Suprema Sabedoria, Causa Primária de todas as coisas, esse sim era e é o Deus de Bondade, o Deus de Verdade que eu busquei e encontrei logo na primeira questão de “O Livro dos Espíritos”.
Daí para a frente fui me surpreendendo cada vez mais na medida em que descobria o tanto de identificação que tinha com as questões desse magnífico livro que a Bondade do Espírito de Verdade que não é outro senão o próprio Jesus, o Cristo de Deus, trouxe a lume para nós. Sim me surpreendendo pois até então jamais lera uma linha sequer de qualquer obra espírita, como poderia então conhecer daquela filosofia, daquela ciência, daquela doutrina?
As surpresas transformaram a criatura atormentada pelas dúvidas e incertezas que eu era num espírito desanuviado, sereno e sorridente.
Via de regra, aqueles que buscam o consolo, o conforto para as suas perdas, as certezas para as suas dúvidas, chegam ao Espiritismo pelas lágrimas ou pelo sofrimento.
Eu não busquei o consolo, nem o conforto, busquei o Deus Perdido nos alfarrábios dos religiosos e nas prédicas dos pastores de plantão e até mesmo nas palestras de estranhos doutrinadores ditos espiritualistas e encontrei-O na resposta sucinta, clara, objetiva e direta do Espírito de Verdade.
O Cristo de Deus é o Senhor da Alegria então a Sua resposta encheu-me de inolvidável alegria e infinita felicidade.
É por isso que posso afirmar, sem medo de errar que eu cheguei ao Espiritismo sorrindo e sorrindo continuo aprendendo cada detalhe do processo evolutivo do ser humano.
Então leitor amigo, se estiveres afim de  eliminar suas dúvidas e embaraços para começar a sorrir, experimente ler obras espíritas.

MALEDICÊNCIA E FALSAS ACUSAÇÕES
Roberto Cury
O jornal on line “A Gazeta Esportiva”, do último dia 5 de junho, publicou a entrevista do jogador de futebol Jean Rolt quando de sua apresentação, no dia anterior, ao seu novo clube, o São Paulo Futebol Clube, da capital paulista.
Da entrevista retiramos apenas a parte que interessa ao nosso estudo a ser desenvolvido neste articulado.
Assim está posta: “Apenas dois meses depois de ser o pivô de uma suspeita de suborno, o zagueiro Jean Rolt vestiu oficialmente nesta quinta-feira a camisa do São Paulo. O atleta foi apresentado no Tricolor com a certeza de que está diante da principal oportunidade de sua carreira, mas acredita que nem mesmo a chance em um grande clube apagará as acusações que sofreu da diretoria da Portuguesa na reta final do Campeonato Paulista.
"Mesmo chegando ao São Paulo, vou ser lembrado por aquilo, apesar de ser mentira o que falaram. Procurei erguer a cabeça e fazer meu trabalho da melhor maneira possível", afirmou o zagueiro, que sabe da responsabilidade no Tricolor. "Não vai faltar vontade, é a grande oportunidade da minha vida".(Os grifos são nossos).
Quantas vezes tivemos oportunidade de falar sobre os malefícios e os prejuízos oriundos da MALEDICÊNCIA e das FALSAS ACUSAÇÕES, em inúmeras Casas Espíritas deste nosso imenso Brasil.
Quantas vezes, também, ouvimos reclamações e enxugamos as lágrimas dos injustamente acusados ou tomamos conhecimento dos danos sofridos pelas vítimas da          maledicência alheia.
Injustamente acusado de suborno, o craque vê sua estrela bruxuleante no firmamento esportivo pela pecha inconcebível do julgamento apressado por falta normal de jogo acontecida nos últimos instantes de uma partida de futebol e que o acusador, Presidente de um outro clube, que se acreditou prejudicado, lançou sobre ele.
Nós brasileiros sempre nos esquecemos das promessas que os políticos fazem nas campanhas eleitorais. Por isso, dizem que temos memória curta. Mas nunca nos esquecemos daquilo que um dia foi imputado a alguém, e, ainda que seja inocente, sobre ele pairará sempre, no mínimo, a suspeita e a desconfiança.
Não bastou ter Jean Rolt provado sua inocência. A todo instante, não falta quem o acuse ou lembre a difamante acusação que submete, injustamente, a sua honra de ser humano, trabalhador, correto, de esportista exemplar.
O processo destrutivo da reputação pode reduzir, sensivelmente, o desempenho das funções laborais do acusado, a condenar, o indigitado sofredor, ao desequilíbrio mental, além de lhe causar, no transcurso, inúmeras outras doenças de fundo psicossomático, como a depressão, as obsessões, a auto-flagelação, a loucura e até mesmo conduzi-lo, às agressões físicas, aos homicídios e às raias do suicídio.
Se, de um lado, a responsabilidade dos desequilíbrios espirituais é inerente ao detentor desses quadros, de outro, não menos responsável será quem causou-lhe tão graves danos por nefandas acusações, verdadeiras ou não, ou que, simplesmente, teceu comentários desairosos, em outras palavras mais singelas, “falou mal” da indigitada pessoa.
No mesmo dia da entrevista, nosso “Diário da Manhã”, publicou artigo da pena do advogado espírita Irani Inácio de Lima, sob o título “O Perdão de Linda”, no qual, o articulista narra que, na gestão de Maguito Vilela no Governo do Estado, trabalhou com a Professora Linda Monteiro, sendo ela presidente da Fundação Cultural Pedro Ludovico Teixeira. Os fatos a seguir são da narrativa dele: “Certa feita, todavia, num momento de extrema fragilidade moral, invigilante e politicamente vencido, recusei-me a aceitar a adversidade temporária, materializada numa natural ocorrência partidária e, irrefletidamente, julguei-me por ela prejudicado. 
Irresignado, insurgi-me em desfavor da notável e culta professora, acionando-a judicialmente, com o ególatra objetivo de auferir recursos pecuniários, para fazer face a possíveis danos morais que julguei ter ela causado a minha pessoa.”

Mais adiante, o artigo mostra: “Com respeito e humildade, reconheço que alguns dos documentos utilizados para instruir o processo suprarreferenciado, embora de domínio público, a ele foram acostados por mim indevidamente.”
Tempos depois, quando a consciência se fez marcante, ei-lo narrando, novamente: “Este fato, fruto indesejável do meu açodado e irrefletido comportamento, passou a fustigar-me a consciência, que sempre recomendou e aconselhou serenidade e paz, diante de toda e qualquer situação.”
“Recorri-me à oração, este infalível remédio para todos os males da humanidade. E eis que encontrei alento na prece, que dulcifica o ser, harmoniza o sentimento e é sempre o grande lenitivo que balsamiza a dor, pacifica o coração e sereniza o pensamento.”
”A reflexão induziu-me, imediatamente, a pedir perdão à amiga que julguei haver causado danos e prejuízos imperdoáveis. Segui formalmente os desígnios da minha consciência.”

O perdão de Linda Monteiro, chegou agora no dia 12 de maio, segundo conta Irani Inácio, singelo, fraterno, suave como a compreensão que norteia os anjos bondosos que aprenderam com Jesus que nada pode ofender aquele que ama aos seus irmãos.
De próprio punho de Linda, eis as palavras textuais: “Sua carta me fez um grande bem e me deixou feliz e sensibilizada. Continuo sua amiga. Que Deus o ilumine e lhe dê forças para enfrentar as adversidades, proporcione-lhe alegria e paz para viver com amor e serenidade junto aos que você ama.”
O perdão das ofensas recebidas tem o condão de abençoar aquele que perdoa e de diminuir a intensidade da culpa do ofensor, propiciando que Deus, nosso Onipotente Pai, oportunize a redescoberta do amor que une universalmente Suas criaturas com o respectivo resgate dos males advindos da maledicência, ou das falsas imputações.

Lembrando o ensinamento do Mestre Jesus diante da mulher adúltera, depois da desistência daqueles que quiseram atirar-lhe pedras pelo adultério cometido: “Mulher, onde estão os que te acusavam? Eles não tem condenaram e eu também não te condeno, mas, vai e não peques mais.”
Então, ainda para seguirmos o ensino de Jesus: “NÃO JULGUEIS PARA NÃO SERDES JULGADOS”.
Roberto Cury
MILAGRES
Recebi um e-mail de um irmão querido assim vazado:” Querido mano Roberto:
Recebi este email de uma ex-aluna, e gostaria de sua opinião: seria possível isto, ou é mais um email fanático? Abração! Netinho.
O mundo ainda duvida de Jesus!
UMA NOTÍCIA QUE ESTÁ ABALANDO O EGITO!
FÉ!
Depois do haitiano que ficou 27 dias nos escombros e disse que uma pessoa lhe deu água, veja outra notícia que vem ao nosso conhecimento.
UMA NOTÍCIA QUE ESTÁ ABALANDO O EGITO...
Um muçulmano egípcio matou sua esposa porque ela estava lendo a Bíblia e então a enterrou com seu bebê nascido há poucos dias e uma filha de 8 anos de idade. 
As crianças foram enterradas vivas!

O pai então disse à polícia que um tio havia matado as crianças.
Quinze dias mais tarde, outra pessoa de sua família morreu. 
Quando foram enterrá-la, encontraram as duas crianças sob a areia! VIVAS! 
O país ficou em choque e o homem será executado...

Perguntaram à menina de 8 anos como ela havia conseguido sobreviver por tanto tempo enterrada ela disse: "Um homem que usava roupas brilhantes e com feridas que sangravam em suas mãos, vinha todos os dias para nos alimentar. Ele sempre acordava minha mãe para dar de mamar à minha irmã".
Ela foi entrevistada no Egito numa TV nacional por uma mulher jornalista que tinha o rosto coberto.
Ela disse na TV pública, 'Foi Jesus quem veio cuidar de nós, porque ninguém mais faz coisas como essas!'
Os muçulmanos acreditam que Isa (Jesus) aparecerá para fazer coisas desse tipo, mas as feridas em Suas mãos dão provas de que Ele realmente foi crucificado e que Ele está vivo!
Também ficou claro que a criança não seria capaz de inventar essa história e não seria possível que essas crianças vivessem sem um 
milagre verdadeiro.

Os líderes muçulmanos terão muita dificuldade em lidar com essa situação e a popularidade do filme 'Paixão de Cristo' não os ajuda! 
Como o Egito está bem no centro da media e da educação do Oriente Médio, você pode ter a certeza de que essa história vai se espalhar rapidamente.

Jesus Cristo ainda está deixando o mundo de pernas pro ar!
Espalhe esta história por todos os lugares.
'O Senhor diz, 'Abençoarei a pessoa que colocar Sua confiança em mim'' (Jeremias 17).
Jesus disse: "Se me negas entre os homens, te negarei diante do Pai” 
De que adianta um homem ganhar o mundo inteiro, se perde a sua alma. (Lucas 9:25)

Bom... agora faça o que seu coração mandar!!!”
 Respondi:
Amigo e irmão.
Há dois mundos: o dos que crêem e o dos que descrêem. E mais uma subdivisão dos que crêem: dos que crêem irracionalmente, e dos que crêem porque raciocinam (usam a razão).
Mas, foi Jesus quem garantiu que ao falar ao povo em parábolas, fazia-o para que "aqueles que têm ser-lhes-á dado em abundância e aos que não têm até o que têm ser-lhes-á tirado". Em palavras mais singelas: "aqueles que têm ouvidos que ouçam, aqueles que têm olhos que vejam, pois há aqueles que tendo ouvidos não ouvem ou não entendem, e que têm olhos mas não vêem". Ou ainda, por palavras mais simples: "os que têm e buscam conhecer a Verdade, a Verdade os libertará (ser-lhes-á dado conhecer muito mais)", ou mais, por palavras singelíssimas: "aqueles que não se importam, até aquele conhecimento superficial que têm ser-lhes-á tirado para suprir outros que têm interesse".
Voltando ao tema proposto, não se trata de duvidar de Jesus, mas, de quem ainda não o conhece ou que crêem em milagres, então encaminham para o sobrenatural e os materialistas riem da crença dos fanáticos e também dos inocentes.
Particularmente, não tenho idéia dos fatos narrados nesse e-mail. Nunca ouvi falar deles, salvo pela internet e muitas vezes a net encaminha coisas irreais ou fantásticas para satisfação dos crédulos e gozo dos incrédulos.
Sinceramente, se verdadeiros, nada vejo de anormal que algum espírito tenha se materializado para servir água àqueles que se encontravam em dificuldades, mas acho irreal, senão ilusório, que alguém soterrado pela areia não haja morrido sufocado ou que a mãe assassinada pelo marido pudesse despertar para amamentar um bebê soterrado com ela.
Com a Doutrina Espírita aprendemos a FÉ RACIOCINADA, isto é, de só acreditarmos naquilo que nossa razão concluir como sendo o correto, o melhor, o verdadeiro, ou por outras palavras, de só crermos no que nosso raciocínio entender como normal. 
Em razão disso o ensinamento do Mestre Jesus que afirmou que o maior dos mandamentos é: "Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento". 
Cada um de nós tem entendimento que nos possibilita manter-nos senhores de nossas próprias razões, ou por outra, capazes de discernir o que aceitamos e o que devemos recusar, na conformidade da Divina Lei do Livre Arbítrio. Então nosso entendimento nos conduz à firmeza de nossas convicções. 
Ou, ainda, por outras palavras, amamos a Deus igualmente com toda a força de nossa razão, o que equivale dizer que ninguém ama a Deus mais ou menos do que ninguém. 
É por aí que Deus na Sua Suprema Inteligência e Suprema Sabedoria não estabelece limites para o nosso amor para com Ele, nem para com o próximo, mas, nos garante que todo o amor que tivermos para com Ele, segundo o nosso entendimento, Ele o recebe com a mesma Bondade.

Um abração.
Roberto.

POR QUE DEUS É FIEL?
Roberto Cury    
                            Este é um tema deveras interessante. Há quem não concorde com os evangélicos que preconizam a fidelidade divina. Os discordantes trazem, como argumento principal, o entendimento de que tratar-se-ia da fidelização do Criador para sua criatura, o que representaria a inversão dos valores. Ou seja de que o Criador estaria submetido aos seus filhos.
Um outro argumento utilizado é de que seria “uma jogada de “marketing” das igrejas visando arrecadar com mais facilidade o dízimo que os fiéis pagam para manutenção dos seus cultos. Repugnamos essa argumentativa, por entendermos que se trata de odioso preconceito, inadmissível aos seguidores do Cristo de Deus, que veio à Terra, ensinando a Doutrina do Amor para conseguirmos nossa salvação.
Os dicionaristas não são objetivos na definição, porquanto a expressão somente surgiu nos tempos modernos buscada no fundo da Bíblia pelos protestantes ou crentes, ou ainda, evangélicos.
Não se observa nenhuma referência ao “Deus é Fiel” no Catolicismo, nem os demais credos cristãos a ele se referem.
Em Deuteronômio 7:9: Saberás, pois, que o SENHOR teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda o concerto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos. 
Nesta citação bíblica algumas igrejas evangélicas entenderam de trocar os termos concerto e misericórdia por “compromisso e aliança”. Compromisso é um dos sentidos de concerto, apesar de que a expressão aramaica se referia mais a “acordo, entendimento”. Ainda, abrindo para maior já nestes tempos, a expressão: que guarda o concerto e a misericórdia... tem o significado “de que desde o Princípio, ou desde a Criação, Deus conserva tudo fiel, imutável, seguindo o curso da vida sem alterações de rumo ou de destinação” e completa: “até mil gerações”.
Mas as mil gerações já vieram e se passaram e tudo está conservado conforme a Criação, conforme o Princípio de tudo. E tudo assim continuará.
Entretanto, seguimentos evangélicos ensinam que a aliança ou pacto não seria substituto de “concerto” mas, sim o significado de Testamento. Tanto que afirmam: “O Antigo testamento é a aliança que Deus fez com o homem quanto à sua salvação, antes de Cristo vir. Aliança da lei.
 O Novo Testamento é o pacto que Deus fez com o homem, quanto à sua salvação, depois de Cristo vir. Aliança da Graça que veio por Jesus Cristo”.(sic).
Assim, entendem que: “Tudo se resume no amor e na justiça de Deus. Amor é compromisso e aliança”.
Explicam citando outras passagens bíblicas:
Somos parte de um plano de Deus.  
Deus sabe quem somos e o quanto somos falhos, mas um dia ele traçou um plano de amor para a humanidade, nos criando a sua imagem e semelhança, nos delegando poder.
E sua justiça testifica na palavra (Biblia).
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.  Gêneses 1:26.
 Então mesmo que o homem falhe , Deus nunca falha, e a sua fidelidade permanece  pra sempre, ele acredita em nós e sua palavra  e promessa permanece em nós.
Justiça pela  palavra.
Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria? Números 23:19
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
A palavra de Deus é Sua própria revelação e o Espirito Santo nos guiará a toda verdade.
Prova de Sua fidelidade
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16.(sic).
Utilizam-se, ainda, do Novo Testamento, quando, pela ordem, sugerem aos crentes e fiéis a aprenderem com Paulo, o Apóstolo dos Gentios, em Gálatas 3 e Romanos 3 e, também, com as parábolas em Lucas 19 e em Mateus 20.
O ensino evangélico é robusto e bem constituído, mas, com todo o respeito e guardadas as reservas naturais de entendimento, está ausente a “razão”, ou o “porque” de que “Deus é Fiel”.
Deus teria feito uma aliança com o homem.......
Nota-se a tentativa de justificar a Fidelidade Divina com exemplos de como o homem deva ser fiel.
Roberto Cury
O ABORTO
O rumoroso caso do aborto terapêutico praticado por equipe médica no Estado de Pernambuco numa menina de 9 anos estuprada desde os 6 anos pelo padrasto e que estava grávida de fetos gêmeos, extrapolou as fronteiras brasileiras, veio de ser comentado em quase todos os países do Mundo, porque um arcebispo da Igreja Católica, inicialmente, com a aprovação do Vaticano, entendeu de aplicar normas do Código Canônico, excomungando a mãe da criança grávida e toda a equipe médica que trabalhou na interrupção da gravidez.
Interessante que a condenação do aborto só veio como mote eclesial fundado no fato de que duas vidas (os fetos são seres vivos) foram tiradas, mesmo que o desiderato natural seria a morte da menininha de 9 anos, que nem ficou sabendo de gravidez pois dela nada entendia, imaginando que as transformações físicas pudessem ser consequência de vermes intestinos.
Mais interessante é que a condenação da Igreja não atingiu o padrasto estuprador.
Entrevistado num programa matutino da TV Globo de grande audiência nacional, o médico responsável pelo procedimento disse que não se arrependeu e que procedeu de acordo com a lei nacional que permite o aborto nos casos de violência por estupro e, no caso, porque a menina tem útero infantil e a gravidez, principalmente dupla, colocava a gestante em sério risco de morte, por pré-eclampse ou mesmo por eclampse e, ainda, porque o órgão da criança, também desnutrida, não suportaria o desenvolvimento dos dois fetos.
O médico, garantiu, que continuará trabalhando na conformidade da legislação.
O mesmo programa de televisão promoveu enquête nacional por telefone tendo a opinião pública apresentado o seguinte resultado: 90% dos ouvintes se declararam a favor do referido aborto e só 10% deram razão à Igreja ou ao Arcebispo.
A Doutrina Espírita cuida do aborto nas questões 357 a 360 de “O Livro dos Espíritos”.
Kardec pergunta e os espíritos respondem que as consequências do aborto para o Espírito é de uma existência nula com recomeço em outra oportunidade.
Inquire, na questão 360, se o respeito que se tem com o corpo de uma criança nascida na Terra deve ser o mesmo para com o feto abortado e os espíritos responderam: “Em tudo isto vede a vontade de Deus e a sua obra, e não trateis levianamente as coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da Criação, que às vezes são incompletas pela vontade do Criador? Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é chamado a julgar.”
Na questão 358,o Codificador inquire se o aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção.
A resposta é elucidativa: “ Há sempre crime, quando se transgride a lei de Deus. A mãe, ou qualquer pessoa, cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.”
Emmanuel, no livro Religião dos Espíritos, edição FEB/1988, página 17, trata, assim do Aborto Delituoso: “Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragédias que agitam a opinião. Homicídios que convulsionam a imprensa e mobilizam largas equipes policiais... Furtos espetaculares que inspiram várias medidas de vigilância... Assassínios, conflitos, ludíbrios e assaltos de todo jaez criam guerra de nervos em toda parte; e, para coibir semelhantes fecundações de ignorância e delinqüência... Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volúpia da crueldade com que é praticado, no silêncio do santuário doméstico ou no regaço da natureza... Crime estarrecedor, porque a vítima não tem voz para suplicar piedade e nem braços robustos com que se confie aos movimentos da reação. Referimo-nos ao aborto delituoso, em que os pais inconscientes determinam a morte dos próprios filhos, asfixiando-lhes a existência, antes que possam sorrir para a bênção da luz...
Homens da Terra, e sobretudo vós, corações maternos chamados à exaltação do amor e da vida, abstende-vos de semelhante ação que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho!
Fugi do satânico propósito de sufocar os rebentos do próprio seio, porque os anjos tenros que rechaçais são mensageiros da Providência, assomantes no lar em vosso próprio socorro...”
Entretanto, a questão 359, enfoca uma situação em que os divinos olhos do Pai se mostram compassivos. Kardec inquire: “No caso em que a vida da mãe estaria em perigo pelo nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?”
Taxativa e objetivamente, responderam os espíritos: “ É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe”.
A gravidez com os dois fetos no ventre da criança de 9 anos não era simplesmente uma gravidez de risco, mas que colocava em perigo imanente e iminente a pequenina mãezinha que nunca se imaginou grávida pois acreditava que era portadora de severa verminose.
Trata-se, portanto, de um caso de aborto, que a Justiça Divina classifica como necessário utilizado unicamente para salvar a vida existente da inocente criança violentada, não por conta do estupro, mas, para garantir continuasse viva a pequenina mãe, permitindo, assim, a extirpação dos dois fetos que ainda não existiam para o Mundo e que, naturalmente, terão oportunidade de renascimento em ventre preparado e apropriado.

Roberto Cury
O medo de morrer nos mata por antecipação
1º) “Eu não sei porque tenho um medo enorme de morrer, não da morte em si, mas sempre que eu penso nisso, eu me vejo sendo enterrada e a terra sendo jogada sobre mim, isso me deixa em pânico, pois eu vejo toda a cena, tenho 41 anos e sei que a morte é uma coisa natural que vai acontecer mais cedo ou mais tarde, por favor alguém me explique porque isso acontece, se tem alguma coisa a ver com vidas passadas, e como posso ser ajudada pois isso me perturba muito.”
2º) “Mesmo sabendo que é a nossa única certeza eu morro de medo de morrer. O que acontecerá, como vai ser quando eu morrer? Fico me perguntando essas coisas.”
3º) “Não tenho medo da morte. Apenas de deixar a vida. Eu sei que quando morre acaba tudo. Todos falam de vida após a morte, que a pessoa volta e tal. Sou filha única e era muito apegada com o meu pai. Ele sempre foi tudo na minha vida. Até que um dia ele se foi dessa vida. Morreu em um assalto. Tenho certeza absoluta de que, se existisse forma de voltar, ou se existisse vida depois da morte, eu saberia. Ele teria voltado, ele me amava demais. Mas não foi o que aconteceu, eu nunca mais o vi. Tenho certeza de que acabou. Então eu não tenho medo da morte porque sei que vou descansar e isso é consequência da vida. O meu medo é saber que vou deixar pessoas aqui que me amam e que vão sentir a minha falta. Amo viver, amo respirar, realizar meus sonhos amo muito tudo isso e tenho medo de tudo simplesmente "acabar". Tenho medo de envelhecer e saber que isso me aproxima cada vez mais do "fim". Mas, infelizmente nada dura para sempre, nem a gente.”

Três depoimentos, inclusive conflitantes um com os outros.
Um amigo muito querido não gosta nadinha quando eu toco no assunto morte. Ele morre de medo de morrer. Da mesma forma uma funcionária da minha esposa me esconjura a cada vez que me refiro ao fenômeno natural, pois, também ela, morre de medo de morrer. Chega a afirmar que jamais morrerá. E quando me rio da ingenuidade, ela fica muito brava.
Joanna de Angelis entende “o Medo como um sentimento natural e necessário para que sejamos prudentes frente a perigos que possam prejudicar nossa vida.” Em várias de suas obras, afirma que “o medo da morte resulta do instinto de conservação que trabalha a favor da manutenção da existência.”
Entretanto, é importante que diferencemos o medo natural, quando moderado, do medo excessivo que se torna patológico porque passa a prejudicar a vida encarnada fazendo com que a pessoa viva mais com medo do que com tranquilidade.
Joanna de Angelis aponta: “que existem pessoas que tem tanto medo do instante da morte, que se matam para não esperá-la. Ou às vezes o medo da morte é de tal grau que a pessoa passa a temer o envelhecimento, recorrendo a todas as formas de tratamentos para manter uma aparência jovem, tentando mostrar aos outros e a ela mesma algo que ela não é.”
Todos nós um dia morreremos. Como reagiremos a esse momento? Isso dependerá da preparação que cada um fez para assegurar durante a sua vida. Afinal preparar-se para a morte não será assim tão esdrúxulo como poderá parecer, perante tantas evidências de que a vida continua além túmulo e ninguém será apenas fantasmas a aparecer ou desaparecer diante de assustados olhos humanos.
Herculano Pires, no livro Educação para a Morte, 2ª Ed. Correio Fraterno, pág. 19 ensina: “A Educação para a Morte, não é nenhuma forma de preparação religiosa para a conquista do Céu. É um processo educacional que tende a ajustar os educandos à realidade da Vida, que não consiste apenas no viver, mas também no existir e no transcender. A vida e a morte constituem os limites da existência. Entre o primeiro grito da criança ao nascer e o último suspiro do velho ao morrer, temos a consciência do ser e do seu destino. A criatura humana é um ser definido, que reflete o mundo na sua consciência e se ajusta a ele, não para nele permanecer, mas para conquistá-lo, tirar dele o suco das experiências possíveis e transcendê-lo, ou seja, passar além dele.”
No mundo turbulento e imediatista de hoje, em que a busca desesperada pelos bens de ordem material prevalece sobre os valores morais, muita gente, pensando apenas num futuro próximo e aqui, porque a morte lhe parece o fim e que é preciso aproveitar intensamente a vida na Terra, age tentando agradar a uns e a outros, procurando esquecer os sentimentos próprios, chegando até a afogar-se nas hesitações entre o desejo e o dever.
Uma terrível sensação de fragilidade e insegurança se abate sobre aqueles que vivem amedrontados diante do que lhes reserva o futuro e principalmente se olham o futuro desaguando no momento da morte. O que me acontecerá? - gemem entre dentes.
Esse desequilíbrio emocional tem contribuído decisivamente para que muitos vivam em constante sobressalto. Alguns choram às escondidas, no recôndito do quarto de dormir, ou nos cantos mais afastados. Outros escancaram a própria choradeira e a preocupação de que a morte dói, ou imaginam que a agonia da morte deve ser tremendamente dolorosa.
Outros, sentindo-se culpados de algum ato mais desairoso ou até mesmo criminoso, temem o momento final porquanto seria visitado por suas vítimas a cobrarem as dívidas contraídas, principalmente pelos que o antecederam no além-túmulo.
Ou então, aqueles que temem o seu desaparecimento no nada, perdendo-se todos os seus feitos terrenos, porque é o nada que enxergam depois da morte.
Estes são os mais infelizes porque não têm a menor consciência da sobrevivência da alma.
Cairbar Schutel, na obra “A Vida no outro Mundo”,6ª edição, Casa Editora O Clarim, pág. 95, define: “Morto o corpo, a individualidade sobrevivente é tomada de um estado psíquico original, dependendo muito esse estado, das crenças do indivíduo, seu modo de agir quando vivia na Terra, sua moralidade, finalmente, seu grau de evolução espiritual.”
Herculano Pires, obra citada, pags. 125/126, encerra: “Todos morremos, mas todos ressuscitamos. Mortal é o corpo material de que nos servimos para – segundo as Filosofias da Existência – nos projetarmos no plano existencial. Na Terra, só existimos quando integramos a humanidade encarnada.” Assim, para Herculano, “Mas, a mais difícil tarefa da Educação para a Morte é precisamente a de quebrar esse condicionamento milenar, integrando os homens numa visão mais realista da vida. Os fatos são de todos os tempos e estão ao alcance de todas as criaturas dotadas de bom senso, não se permitindo criaturas razoavelmente cultas ficarem  amarradas às teorias absurdas de um céu e um inferno, ou ao desaparecimento no nada.”
 Diante de tantas provas da sobrevivência da alma humana e até mesmo dos animais, não há porque temermos a morte que nada mais é que uma passagem de um plano menor para um meio mais amplo e mais completo, o Mundo Espiritual.
Devemos cuidar para que nossa estadia na Terra seja proveitosa pela prática do bem, pela busca incessante de melhoria da qualidade de vida de todos e também do Planeta que nos serve de residência temporária, pois se assim não agirmos, fatalmente, o medo de morrer nos matará por antecipação.
Não viver a vida terrena com alegria, com satisfação, regando-a incansavelmente, com nossos sorrisos e nossos contributos para o progresso de todos, significa que ficaremos devendo e ao voltarmos à Terra teremos de pagar aquilo de errado que fizemos, além de ter de construir um futuro melhor para a humanidade.
Então, até por esperteza, vivamos como se fosse a nossa última vida aqui neste Planeta para que nossa vida definitiva no Mundo do Além seja mais belo, mais rico e mais delicioso de se viver.
Roberto Cury
O PODER DO MEDO
Contaram-me, certa feita, um conto pequenino, mas, extremamente significativo. Vou procurar lembrá-lo integralmente:
“ A Peste dirigia-se para Damasco, na Síria, e passou velozmente junto à tenda do chefe de uma caravana no deserto.
- Aonde vais com tanta pressa? Perguntou-lhe o chefe.
- A Damasco. Penso cobrar um milhar de vidas.
No regresso de Damasco, a Peste passou de novo junto à caravana.
Então, o chefe disse-lhe:
- Eu já sei que cobraste 50 mil vidas, não o milhar que havias dito!
- Não, respondeu-lhe a Peste.
Eu só cobrei mil vidas.
As restantes levou-as o Medo.”
Esse pequeno conto demonstra que o Medo é capaz de levar medrosos à desencarnação.
Muitas vezes o Medo é difundido entre os encarnados através de gente que se põe medrado nesse sentimento por qualquer coisa. E não é só por falta de coragem, mas, por pura insegurança, ou por ignorância, ou ainda por ausência ou preguiça de raciocinar.
Eu me lembro que tive medo e nem dormi uma noite, porque durante o dia, quando passara o féretro de uma pessoa que desencarnara na nossa cidadezinha do interior paulista, as minhas tias católicas carolas e sem se importarem comigo criança, ficaram dizendo que as voltas do corpo extinto que sobraram fora das ripas que formavam a base do caixão pobre coberto de um tecido roxo transparente de tão fino, eram em razão do peso de sua consciência e que, por isso, durante a noite viria ele assombrar os pequeninos. Meus 6 anos balançaram e eu não dormi naquela noite.
Daí em diante, pequeno, ainda, aprendi a usar o raciocínio. Não levei muito tempo para raciocinar que um corpo morto não teria como vir assombrar ninguém jamais.
Nunca mais tive medo de defunto.
Jamais me classifiquei como destemido, mas, depois desse incidente, passei a usar sempre a razão e, por isso, sou destemeroso.
Não brigo, nem gosto de brigas. Também não me envolvo em polêmicas porque as acho desnecessárias e de grande eficiência para gerar ódios, rancores e mágoas.
Entretanto, não me posiciono pusilânime diante de argumentação alguma. Se no meu entender meus argumentos forem razoáveis, defendo-os até à exaustão ou até que sinta que a discussão está chegando ao limiar daquelas confusões que podem causar danos irreparáveis na amizade, no respeito entre os discutidores, ou, ainda, no descambar para os desacertos dos contraditórios.
O que é Medo?
No conceito de Adenauer de Moraes, no livro Psicologia e Espiritualidade, “o medo é a reação natural do organismo diante de uma ameaça real ou imaginária. O próprio instinto de conservação leva o indivíduo a se preservar diante de certos perigos. (Educação dos Sentimentos)”.
Ainda Adenauer: “É uma das 5 emoções básicas (medo, ira, tristeza, alegria e afeto). São elementos psíquicos que se apresentam à consciência pela falta de segurança e equilíbrio interno.”
Portanto, o medo, esse sentimento tão terrível para tanta gente, tem como causa principal, a falta de segurança daquele que o sente. Outras vezes, é fruto de desequilíbrio interno, ou seja, na instabilidade espírito - emocional, ou numa auto-obsessão, ou, ainda na sugestibilidade provocada por pessoas, por espíritos brincalhões ou até de má conduta.
Um escrito de origem desconhecida, provavelmente lusitano, em face do estilo e utilização das palavras, ensina: “O medo é uma emoção básica, que coloca o nosso organismo em sobre - alerta e o prepara para fugir e/ou defender-se perante a percepção de perigo. A generalidade das crianças passará por algum sintoma de medo durante a sua infância, em especial as raparigas (mocinhas) que, no entanto, têm uma maior facilidade em ultrapassá-lo. Esta maior facilidade estará, provavelmente, ligada a uma maior capacidade em exteriorizar sentimentos e emoções que, em consonância com a ajuda dos pais, lhes possibilita uma melhor compreensão dos seus sentimentos, e leva a uma procura mais eficaz de estratégias para lidar com os mesmos.”
Algumas vezes, os cuidados e a necessidade de prevenir-se contra certos perigos, são confundidos com o medo.
Pois bem, se assim entender alguém que se separe esse medo que é o bom medo, o dos cuidados preventivos daquele medo que é destrutivo e sobretudo é importante lembrar-se de que ele, o medo, é inspirado exatamente na falta de confiança em Deus.
Há pais que infundem o medo nos pequeninos por várias razões. Dentre elas, a total ausência de confiança no Criador, o despreparo para a paternidade, a incompreensão dos deveres de orientação sadia, real e verdadeira, a falta de conhecimentos e o desinteresse no aprendizado, a postura egoística de que pai é pai, filho é filho e o pai diz e o filho só tem de ouvir.
Novamente Adenauer, ob. cit. “O medo pode se apresentar em forma de ciúme (filho doentio da insegurança emocional), da inveja (tormento do mesmo conflito de insegurança), do ódio (incapacidade de compreender e de desculpar), do despeito (ausência do critério de valorização). (Conflitos existenciais –Joanna de Angelis)
Circuito do Medo Ruído ou ameaça→Ouvidos→Tronco cerebral → Tálamo→Amígdalas e Hipocampo →Áreas do cérebro ↓ Hormônios Acelera o coração, aumenta a pressão, palidez cutânea, contração muscular, dilatação das pupilas.
Quem aciona estas alterações?
Por que temos medo?
Causas. 
Por que o Espírito tem tanto medo? O medo é gerado devido as faltas cometidas durante várias experiências reencarnatórias.
Ele vem após um insucesso, um erro ou um estado de punição, coerção ou imposição. Ele é o efeito de inúmeras causas que o ligam aos nossos insucessos ou ilusões que causaram danos morais para o Espírito.
É um sentimento gerado a partir da invigilância do pensamento.
Os medos são típicos do ser humano que ainda se encontra em processo de iluminação interior. Eles são muitos e suas causas diversas. Foram em sua maioria, estruturados desde o período em que éramos seres primitivos e habitávamos as cavernas.”
O medo é algo que faz parte da vida dos seres humanos. É ele quem nos dá o alerta de perigo, fazendo com que nossas ações sejam baseadas no bom senso. O medo em excesso pode neutralizar o nosso potencial, por esse motivo é que devemos aprender a lidar com esse sentimento.
Com as crianças isso nem sempre é possível. Pelo fato de se sentirem completamente inseguras e por terem uma imaginação mais fértil do que os adultos, elas apresentam uma maior dificuldade para superar o medo. Os pais precisam orientar seus filhos com relação ao assunto, dando a eles todo o necessário para que possam se sentir mais seguros.
Além disso, é fundamental que eles recebam apoio para enfrentar essa situação. Por exemplo, caso o seu filho tenha medo do escuro, fique com a luz apagada alguns minutos e mostre a ele que não há nada a temer. Aos poucos ele vai adquirindo mais confiança, e com o tempo, saberá encarar os seus problemas sozinho.
Ainda nos valemos dos ensinamentos de Adenauer de Moraes, para encerrar este artigo: “Quando nos encontramos sob o domínio do medo de que algo nos aconteça, mesmo diante de ameaça real da ocorrência de um fato desagradável, é preciso termos em mente o seguinte:
1.Nada me ocorrerá que não seja útil para o meu progresso.
2.Acredito nas possibilidades favoráveis quando enfrento situações adversas.
3.Enfrento , de forma progressiva o objeto causador do medo.
4. O medo que sinto não vem do objeto , mas de meu mundo interior
5.Devo ter consciência das influências espirituais favoráveis ao meu sucesso , como também não devo fixar-me nas desfavoráveis.
6.Diante do medo de qualquer natureza é preciso calma e segurança , a fim de manter a mente em equilíbrio para poder enfrentá-lo.
Por fim, se a situação apresenta-se perversa e sem saída libertadora, considera com alegria, qual o mal que te pode acontecer, se somente ele atingirá o corpo frágil, ensejando que o Espírito imortal avance totalmente livre na direção da Grande Luz!
E não temas nunca!”


Roberto Cury
O SEXO DESTRUIDOR OU FORÇA CRIADORA
“Como distinguiremos o que é bom no prazer do que é mau? Ide, pois, aos vossos campos e pomares e, lá, aprendereis que o prazer da abelha é sugar o mel da flor,mas que o prazer da flor é entregar o mel à abelha. Pois, para a abelha, uma flor é a fonte de vida, e para a flor, uma abelha é uma mensageira de amor. E para ambas, a abelha e a flor, dar e receber o prazer é uma necessidade e um êxtase.” – Gibran.
A imprensa, escrita e televisada, tem noticiado uma inominável série de abusos sexuais contra crianças e incapazes, via de regra, consumadas as agressões pelos padrastos ou simplesmente por companheiros de desventuradas ou desnaturadas mães principalmente através de estupros de meninas ou de meninos menores de dez anos.
Muitas vezes, até mesmo os pais naturais têm mantido relações sexuais com as meninas, engravidando-as inclusive, tornando-se pais e avós dos nascidos dessas excrescentes obscenidades.
Há quem afirme que esses absurdos atos contra indefesos sejam reminiscências ou recrudescências de passadas encarnações em que uns foram amantes dos outros ou morreram ou se mataram ou se deixaram matar por causa do sexo.
Há, também, infelizmente, o homossexualismo, tanto masculino quanto feminino, tido como natural, inclusive aqui no Brasil, em que se oficializou, através de lei, o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Mesmo sexo? Sim, mesmo sexo, porém com a libido com tendências diferentes, masculinas num membro da parceria e femininas no outro.
Nada, entretanto, é capaz de justificar as absurdidades cometidas pelo sexo.
É o desregramento das condutas que demonstra o caráter destruidor de sonhos e de ilusões existentes nas mentes infantis ou de incapazes que tudo confiam naqueles que deveriam ser os responsáveis pela guarda e pela formação dos menores e dos dependentes impossibilitados.
Nelson Moraes, em artigo escrito para a Revista Internacional de Espiritismo – RIE intitulado “O Sexo é sinônimo de felicidade?”, disse: “Estudando a evolução do sexo a partir da infância compreendida do berço até os cinco anos ou um pouco mais, - isso considerando a precocidade das crianças dos tempos atuais -, vamos observar que nesse período não se percebe qualquer comportamento que revele impulsos sexuais, o que indica que a sexualidade no ser humano não é instintiva como nos animais que desde cedo ensaiam o ato sexual.”
Entretanto, conheci, de perto, um caso de um menino de cinco anos de idade, que deitava-se aos pés de uma jovem de quinze anos, assediando-a sexualmente. No dia em que ela percebeu o assédio, empurrou-o, repreendendo-o.
Isso bastou para que ele então ateasse fogo na sala de estar, e mesmo com o firme combate, executado pela família da jovem, o fogo ainda consumiu o carpete e as cortinas da sala.
Mas, seria o sexo apenas o destruidor das virtudes e dos valores morais? Serviria apenas ao repasto dos imorais, dos corruptores de menores, dos vilipendiadores dos bons costumes e dos estupradores? Seriam os escândalos causados pelos desregramentos sexuais a marca da humanidade atual? Valorar-se-iam o descomprometimento com o bem, o desarranjo da harmonia entre os seres, o desrespeito às igualdades impondo apenas a sobreposição dos interesses individuais, mesmo que indignos e malfazejos, sobre o sentimento divino da fraternidade que deveria reger esse mundão de Deus, como regulares e legais normas de conduta dos humanos?
Não é à toa que se espalha como rastilho de pólvora, entre as sociedades, que o bom e o bonito são os que se destacam pelas potencialidades do sexo, aqueles que são distinguidos pelas páginas das revistas modernas depois de focados pelas câmeras nos eventos sociais.
Não, não estava, ainda, falando dos valores potenciais do sexo divino entre os casais buscando primeiro o bem estar de ambos, a concretização do amor que une corpos e almas, e depois a perpetuação das gerações capaz de produzir o burilamento dos costumes, a lapidação das virtudes e a plena realização das tarefas dos seres em evolução.
Falava, ainda, dos destemperos sexuais que levam ao desequilíbrio e à loucura das mentes e à consequente perda das oportunidades reencarnacionistas.
Basta. Vamos cuidar das potencialidades criadoras do sexo.
Através da relação de amor é que o espírito se reencarna, oportunizando, assim, novos rumos para o conserto de erros passados, substituindo o mal pelo bem que possa praticar, especialmente, em favor do outro ou dos outros seres que com ele conviverem.
“Já ultrapassamos os horizontes da animalidade. A união entre um homem e uma mulher não é uma união apenas entre macho e fêmea, semelhante à que ocorre no reino animal, mas sim a união de dois espíritos em evolução que buscam o aprimoramento moral e o equilíbrio das forças psíquicas necessárias ao desenvolvimento do verdadeiro amor.” Nelson Moraes, ob. cit.
Muitas vezes nos surpreendemos com a conceituação de amor que certas pessoas formulam para nortear sua vida encarnada.
Certa feita, discutindo sobre o amor devido aos pais biológicos, alguém questionou afirmando que não concordava que se amasse o pai estuprador, porque o filho do estupro viera pelo sofrimento da mãe violentada.
Foi então que uma lindíssima jovem de cerca de 20 anos levantou-se e disse enfaticamente: - Eu amo minha mãe que mesmo tendo sido violentada não se abateu e manteve toda a gravidez amando-me extremosamente como se eu tivesse sido gerada de uma natural relação de amor. Não conheço meu pai biológico, mas, não o enxergo como estuprador, mas, como aquele que me amou profundamente gerando-me no seio de minha mãezinha. Por isso eu o procuro e o procurarei até encontrá-lo e quando isso acontecer, atirar-me-ei em seus braços dizendo a alto e bom som: - eu te amo meu pai.
Diante desse discurso ninguém mais contestou o amor dos filhos para com seus pais biológicos, sejam eles companheiros da sua mãe, sejam estupradores.
É assim que as almas boas compreendem a encarnação onde estão postas na vivência corporal. Todos devemos nossa presença neste mundão de Deus, que é a Terra, exatamente porque viemos através do sexo criador que nos deu um corpo para revestir nosso indômito espírito, adaptando-o ao cumprimento das tarefas e das missões de desenvolvimento do nosso globo, sempre principiado da reforma dos nossos maus costumes próprios do homem velho até então existente, edificando um novo homem em substituição dentro de nós mesmos.
Não podemos nos esquecer de que nenhum (re)nascimento na Terra ocorre sem que haja um Planejamento no Mundo Espiritual porque nada acontece por acaso. Em tudo há o controle universal do Senhor da Vida que é Deus. O sexo é apenas o veículo através do qual os (re)nascimentos ocorrem na materialidade. O que importa realmente é o amor que une as criaturas.
 Há, ainda, um sem número de considerandos que poderiam ilustrar esta página, não fosse a exiguidade do espaço. Entretanto, não podemos deixar de reconhecer a grandeza e a importância do sexo que nos traz a este Mundo não só criando nossos corpos, mas, principalmente, permitindo que façamos de cada instante da reencarnação, momentos de criações inesquecíveis em favor da evolução e do crescimento dos espíritos voltados para o bem comum e para a felicidade de todos.
Assim é que felicidade e amor verdadeiro entre os espíritos encarnados se eternizam de tal forma que na idade mais avançada, quando o sexo já não tem mais importância, o afeto, a ternura, o carinho tornam-se a tônica da incessante busca de fazer o outro cada vez mais feliz.

PARA VENCER É PRECISO TER SORTE
Roberto Cury
A pedagoga, escritora e conferencista Heloisa Pires, filha de José Herculano Pires, “o melhor metro que mediu Kardec”, no século passado e que, por isso, alguns dizem ter sido ele a reencarnação do grande Mestre de Lion, afirma: “todos nascemos para a vitória”.
Édo Mariani, do Movimento Espírita de Matão – SP: “Fomos criados para sermos felizes”.
Vitória é subjetiva e felicidade, impalpável.
Vitória e felicidade têm de estar juntas para obtenção do sucesso nas empreitadas da vida material e para a conquista das qualidades necessárias para a Vida Espiritual.
E a sorte?
Muitos dizem que não existe sorte e muito menos azar.
Pois eu digo que é preciso ter sorte para a felicidade e para vencer as paradas surgidas em cada encarnação.
- Caramba!, admira-se um dos leitores que conhece muito bem o conceito de que nada existe por acaso e de que tudo acontece por alguma razão.
Azar? Também não acredito nele porque seria fruto do acaso bem como a negação da Existência e da Justiça de Deus, nosso Criador.
Sorte? Sim, sorte.
S = Suor. Tudo neste Mundão de Deus depende do suor dos poros do corpo humano  para a conquista das coisas, garantidoras da sobrevivência da espécie. Nada se consegue ao som de flautas. Todas as ações exigem a firmeza, a constância, o desprendimento, a fortaleza, a coragem, o denodo.
O = Organização. Tudo o que a humanidade faz, deve obedecer a uma ordem natural das coisas. O caos conduz às confusões, às incúrias, às maluquices, às intemperanças, à baderna, ao desequilíbrio. O planejamento, o preparo, o treinamento e a execução são componentes indispensáveis, dessa ordem, para que os objetivos sejam atingidos e os resultados positivos apareçam. E essa organização vitoriosa chega pela moral, pelos bons costumes, pela perseverança nos caminhos do Bem.
R = Resignação. Ninguém chega à vitória no lanço inicial, nem na escaramuça de começo, muito menos na primeira tentativa. Todas as derrotas, as negativas, os fracassos, os insucessos, não podem desanimar aquele que busca conquistar a felicidade de vencer, ou a vitória da felicidade. É preciso resignação e persistência. A resignação relaciona-se com a compreensão e com a submissão à grandeza da vida e a persistência está diretamente ligada à sabedoria e à alegria de jamais desistir das empreitadas até à conquista final da vitória.
T = Trabalho. O trabalho não se resume apenas nos esforços físico e mental despendidos em cada tarefa. O trabalho deve ser digno, envolver a honra, exercido com serenidade, com a certeza de que vale a pena, nutrido na alegria dos bens produzidos e na satisfação da colheita de frutos edificantes e realizadores.
E = Estudo. Suor, Organização, Resignação e Trabalho somente são conseguidos com o Estudo. Ou, por outras palavras, se o homem não busca o Estudo, não terá resignação diante dos erros cometidos, ou frente aos maus resultados. Da mesma forma, jamais o homem poderá se organizar porque não conhece os caminhos e os meandros que compõem as pesquisas nem as missões desejadas pela falta de horizontes que só o Estudo é capaz de fornecer. Se lhe faltam as bases fundadas no Estudo, inútil todo o seu Suor e infeliz o Trabalho despendido que se arrebentará nas dificuldades que o tempo e as circunstâncias se lhe opuseram.
Então é preciso ter SORTE (Suor, Organização, Resignação, Trabalho e Estudo) para vencer a jornada terrena tanto quanto à vida material e principalmente pela conquista dos valores espirituais que elevam o espírito à condição de Vencedor.

Roberto Cury
PARTIDA DE ENTES QUERIDOS
Tinha meus 20 anos, quase 21, morava só, no distante bairro Ferreira, na Capital paulista. Naquele tempo, cursava o 2º ano de Química Industrial na Faculdade “Oswaldo Cruz” e trabalhava em São Caetano do Sul, nas Indústrias Matarazzo.
 Anibal, meu primo, Abdalinha, seu irmão e eu, todas as tardes de sábado, após nossos trabalhos, fazíamos programas malucos próprios de jovens alegres e felizes. Saíamos, os três, para jogar sinuca (éramos todos péssimos jogadores) ríamos um dos outros à medida que o vencedor   “curetava” as grossuras dos outros dois e o segundo “gozava” com a cara do último perdedor.
Depois de muitas partidas “a leite de pato” somente pelo prazer de brincarmos entre nós, nos metíamos nos cinemas, geralmente para ver filmes do faroeste americano, rodando de uma sala de espetáculos para a outra mais próxima, até que, cansados, íamos para o apartamento da família e por lá dormíamos até o domingo, só acordando por volta das 10 horas da manhã.
Vinha um café reforçado que tia Maria (a mãe deles), casada com Youssef, meu tio-avô materno fazia à moda árabe, forte pra caramba e sem coar, botava uma gota de água fria e o pó assentava todinho no fundo do bule. Muitos pães e roscas trazidos quentinhos da padaria da esquina, manteiga de leite da boa, alguns queijos e muitas frutas sazonais, completavam fartamente a mesa.
Reforçados, saíamos novamente para ver os filmes matinais nas casas cinematográficas do Centro, pertinho do apartamento dos pais deles, permanecendo assim até lá pelas 4 da tarde, quando íamos almoçar a deliciosa comida da tia Maria ou da Adla, tia deles, por parte de mãe.
Manhã de segunda-feira, feliz, Anibal dirigia seu carro seminovo adquirido dias antes, quando em sentido contrário um motorista embriagado, no volante de um caminhão, praticamente, passou por cima do carro.
Anibal desencarnara. Partiu o meu amigo, o meu primo. Enquanto percorria as ruas e avenidas paulistanas para avisar parentes e amigos, pois telefone era raríssimo naquele tempo, sentia que Anibal me sussurrava que a gente não perde ninguém, que a morte é apenas transição e que os entes queridos se fixam como estrelas a nos iluminar lá do alto. E que ele, então, já era uma estrela luminosa refulgindo seus raios sobre mim e sobre todos os que ficaram na Terra.
A roda do tempo girou, tornara-me espírita e no dia do aniversário de minha filha mais velha, 16 de outubro de 1974, meu sogro e padrinho dela, deixou-nos. Nunca mais pude pescar os peixes do Rio Meia Ponte com ele como antes fazíamos.
Um ano e meio depois, dia 17 de abril de 1976, minha meiga esposa Maria Inês se juntou ao pai partindo da Terra deixando-nos cheios de saudades eu, e minhas duas filhas pequenas, agora órfãs.
Seis anos depois, em 29 de novembro de 1982, foi a vez da minha caçula enriquecer a abóbada celestial como nova estrela de primeira grandeza emitindo vibrações luminosas de exponencial magnitude.
Sua mãe biológica, abandonada pelo marido, rejeitara o pequeno ser. Assim, ela chegou ao nosso lar através das mãos de um médico amigo que fizera o parto, em 1973.
A doçura da menina e sua sabedoria, apesar de criança, encantou meus alunos de Direito que a foram visitar no Hospital Araújo Jorge. Anelise, de 9 anos, superou a terrível dor do câncer ósseo, impressionando os médicos pois sempre recusou até simples analgésicos dizendo-se mais forte que a dor.
Tinha sempre uma palavra amiga para os outros pacientes, um largo sorriso no rosto infantil e surpreendeu todos os visitantes conversando sobre assuntos das mais elevadas expressões, além de demonstrar uma compreensão da vida muito além da sua pouca idade. Fui agraciado com a visão do desligamento de Anelise por Clovis, mentor amigo, primeiro médico negro do Brasil, passando o espírito liberto para os braços de sua mãezinha Maria Inês,depois para meus avós maternos Gibran e por tantos espíritos amigos que vieram recolher aquela que, mesmo tendo partido em tenra idade, cumprira um intenso programa de luz e de bondade.
Em 1985, meu pai também se foi para o Mundo Maior e em 1997, minha mãe se juntou a ele, em nova convolação de núpcias, eles que tanto se amaram aqui na Terra.
Vários amigos também formam na grande constelação de astros espirituais que brilham na esfera superior da Vida.
Nunca senti houvesse perdido nenhum dos meus entes queridos. Sempre posso alcançá-los através do meu pensamento divisando-os na minha visão espiritual que me trazem a certeza de que no tempo e na hora de minha volta à Pátria do Espírito, eles estarão me esperando lá pra me abraçarem ou até vindo me recolher neste recôndito espaço terreno, onde sempre estive apenas de passagem.
Então, não choro, nem lamento a partida porque sei que se cumpre inexoravelmente, os desígnios divinos que sempre são justos, corretos e indiscutivelmente os melhores que nos podem acontecer.
Roberto Cury
REFLEXOS
Das mulheres, a segunda irmã, logo depois de Lilita (Maria Alice) casada com Herculaninho, filho de José Herculano Pires, aquele que foi reconhecido como o melhor metro que mediu Kardec no século XX; Maria Catarina, carinhosamente apelidada  TOTA, solteira, doutora em pedagogia, dedicada à educação, desde a sua primeira formação em magistério, depois dos 64 anos de vida, partiu de volta ao Mundo dos Espíritos.
Ainda criança, cerca de 4 anos de idade, esteve na porta do Cemitério Saudade, em Birigui, interior de São Paulo, de lá voltando por obra e graça de Deus e da intuição do médico da família Dr. Magalhães, de saudosa memória, porque quando eu tinha 12 anos, retirou-me o apêndice que havia supurado, o doutor que vinha tratando de todos, inclusive tendo participado de partos de nossa mãe.
Disse que Catarina esteve na porta do Cemitério porque, desenganada pelo terrível tétano que a afligira quando já havia enrolado a língua e revirado os olhos, recuperou-se para participar de uma vida material onde fez da atividade contínua a sua tônica, sempre com um sorriso para todos.
Simples, caminhou como a onça pintada (Ibrahim, meu primeiro irmão, apelidara-a de “onça pintada” pela sua natureza cuidadosa e tranquila e pelas sardas do rosto), arrostando os perigos que tanto a assoberbaram, vencendo as escaramuças do destino, nunca deixando se abater diante de nenhuma dificuldade.
Grande mulher! Nunca se casou, pois em três oportunidades viu frustrados os sonhos de ter um companheiro e filhos, naturalmente. Então dedicou seu carinho e seu amor aos sobrinhos e aos sobrinhos netos como se fossem extensão da prole que não teve. Mas, jamais se esqueceu de amar o pai David e a mãe Maria, quando ainda encarnados e aos oito irmãos, três mais velhos inclusive este escriba, o mais velho dos irmãos e cinco mais novos que ela.
Na vida material destacou-se como excelente educadora dirigindo colégios em São Paulo e faculdades em Curitiba, no Paraná e no interior paulista.
Médium, Catarina viu, ouviu e cedeu suas cordas vocálicas aos espíritos de Deus. Não se tornou espírita, e mesmo sem ter lido qualquer obra da Doutrina dos Espíritos, inquestionavelmente demonstrou elevadíssimo grau de espiritualidade em todos os seus atos como ser humano, bem como no carinho e no profundo amor ao próximo.
Jamais sua boca emitiu qualquer xingamento ou dissera palavra ofensiva à moral, aos costumes ou contra quem quer que fosse, bem como nunca se viu colhida em perorações vexatórias ou tergiversara com a verdade, nem com a beleza da vida.
Alegre por natureza, sóbria no comportamento, depois da desencarnação dos pais, foi cúmplice e confidente no amor entre os irmãos mais velhos e amparo, ternura e segurança nos aconselhamentos aos irmãos mais novos, sem exceção.
Teve poucos amigos, mas amou intensamente e com extrema lealdade a todos.
Ao final de seus dias nessa jornada terrena, dedicou-se ao estudo da Bíblia tornando-se evangélica, mantendo acesa a chama das trocas de aprendizado e de ensinamentos com seus irmãos sanguíneos do credo católico e da Doutrina Espírita.
Seu retorno ao Mundo Espiritual foi nimbado de luz, própria daqueles que bem cumpriram suas tarefas e missões terrenas. A alegria incomensurável trazida no abraço de acolhida pelos que a antecederam na grande Vida, inclusive seus avós Gibran, os pais, tios, Anelise, Maria Inês I e Maria Inez II, Elias, Jorge, Heleninha e tantos outros que estiveram ligados por indissolúveis laços de fraternidade corporal e também cristã, marcou o retorno da alma boníssima e querida da Totinha, aos Arrais da Espiritualidade Maior.
Essas demonstrações dos espíritos quando da volta de um encarnado ao Mundo Espiritual, são reflexos das boas conquistas daquele que retorna.
Tota, ou Maria Catarina, ou só Catarina, está já engajada na faina dos discípulos de Cristo que, libertos da matéria, trabalham sem cessar, emitindo seus reflexos pelo bem da humanidade, conforto dos necessitados e segurança dos trabalhadores da última hora.

Roberto Cury
SOFRER É UMA QUESTÃO PESSOAL
Ele chegou pela primeira vez na Casa Espírita. Sorridente, calmo, diria alegre. Parecia que nenhum problema o afetava. Disse que seu nome era Luiz Antonio e que tinha um irmão chamado José Augusto. Logo em seguida, contou essa história interessante.
“Meu pai sempre foi um católico dedicado. Estudioso, leu alguns livros espíritas de fundo filosófico e moral, mas nenhuma obra da Codificação. Assim, não chegou a conhecer os fundamentos básicos da Doutrina dos Espíritos. Desencarnou em 1985, 3 dias após a morte de Tancredo Neves. Em novembro de 1982, ainda se encontrava entre nós e alguns dias antes da desencarnação de Carlinhos, filho de meu irmão, trocava conversa com um grande amigo que até hoje meu irmão considera como um segundo pai e que, também, não é versado na Doutrina Espírita. Perguntou-lhe: - Professor (o amigo de meu irmão foi professor no interior de Goiás), não entendo esse menino meu filho, o Zé Augusto. Aconteceram tantas coisas com ele: morte do sogro, doença prolongada e morte da esposa, agora o filho Carlinhos com essa doença terrível que é o câncer. Mesmo assim, diante de tudo isso, ele está sempre sério. Qualquer um estaria chorando pelos cantos ou vociferando contra Deus. O Zé nunca reclamou de nada, nem de cansaço. Por que será?
O segundo pai respondeu: - Sêo Nicomedes, conheço o Zé Augusto a muitos anos e também nunca ouvi qualquer reclamo dele. Está sempre alegre, sorridente como se o mundo estivesse isento de problemas, com todas as pessoas vivendo em paz e harmonia. Uma vez perguntei-lhe por que ele estava sempre assim, por que eu não o tinha visto chorar nunca. Ele me disse que chorava sim, que era emotivo. Que mais parecia uma manteiga derretida. Então insisti pra ele contar-me porque parecia ver o mundo cor-de-rosa, se ele não sofria com a dor. Ele me respondeu que não sofria. Que tinha compreendido, com o passar dos anos que tudo que aconteceu ou acontecia na vida dele foram e eram bênçãos de Deus pra que ele progredisse na sua encarnação, ficando mais perto dos bons espíritos. Então você é frio? Insensível – insisti. Ele, novamente, “não, sou como qualquer outra pessoa só que não sofro porque compreendo que sofrimento pode ser confundido com egoísmo. Que Deus poderia pensar – dei tantas oportunidades pro Zé Augusto progredir e ele fica choramingando pelos cantos como um bebê abandonado! E completou, sêo Nicomedes – “aprendi que a gente sofre como quer, quanto quer e pelo tempo que quiser”. Então concluí: pra que sofrer?”
Pois foi assim sêo Nicomedes.
Luiz Antonio sorriu e contou que, recentemente, encontrou Zé Augusto e foi logo dizendo que o admirava como seu ídolo, pois era pobre e nunca reclamara de nada, nem de ninguém, estava sempre de alto astral. Zé Antonio, então, comovido, chorou, sereno, enquanto lágrimas escorreram pela face.
Luiz Antonio continua freqüentando a Casa Espírita. É calado, raramente, interrompe os coordenadores das reuniões públicas pra perguntar alguma coisa. Não parece agoniado, mas, sequioso de aprendizado. De vez em quando conta alguma coisa a respeito de Zé Augusto, sempre muito interessante, como se seu irmão nunca demonstrasse sofrimento ou que sofrer seja uma questão pessoal – só sofre quem quer, como quer, quanto quer e durante o tempo que quiser.
Roberto Cury
VIOLÊNCIAS E PAZ.
“Quando o Senhor nos exortou à pureza infantil, como sendo a condição de entrada no plano superior, não nos convidava à insipiência ou à incultura. Recomendava-nos a simplicidade do coração, que se revela sempre disposto a aprender.”Emmanuel.
Os noticiários escritos, falados e televisivos estão repletos de uma enormidade de notícias sobre violências as mais inusitadas.
Manchete de capa do jornal “O Popular”, de Goiânia, do dia 23 de fevereiro: “20 horas de crimes. Assaltos, brigas, tiroteios, bomba e homicídios na Capital. Tudo no mesmo dia.” E, no texto introdutório, ainda na capa, remetendo para a matéria da página 4: “O crime não deu folga ontem (22) aos moradores da Grande Goiânia. Em 20 horas, 13 graves ocorrências. Entre mortos e feridos, nem todos escaparam. O estudante Kelvin Silva foi morto com um tiro na cabeça. Assaltos a farmácia, supermercado, livrarias e joalheria deixaram policiais e empresário feridos.”
Semana passada, a mãe do cantor sertanejo Adriano, foi estrangulada depois de várias pauladas com um taco de “críquete”, na cabeça, pelo namorado, roubada em pertences e, inclusive, nos seus cartões de crédito e demais documentos pessoais, sem que se apontasse qualquer motivo aparente para o crime.
Roger da Silva, menino de 9 anos, sobrevivente da chacina do dia 18, está internado em estado gravíssimo na UTI do Hospital Evangélico de Anápolis. Rogério Lopes dos Santos, de 19 anos, confessou ter matado a enxadadas, além da avó de 75 anos, também dois de seus irmãos um de 13 e outro de 15 anos, onde moravam.
Psicólogos e psicoterapeutas aturdidos, cada vez mais, se surpreendem com as causas apontadas para tanta violência estrugindo no mundo. Buscam, incessante e ininterruptamente, fundamentos de cada causa para compreensão de cada efeito.
Livros, internet, teses, tudo pesquisam, interessados na descoberta do significado e da importância das causas em cada um dos efeitos da violência em geral, para, assim, encontrarem soluções que minorem os sofrimentos das vítimas e fortaleçam a paz e a harmonia nas relações humanas.
A propensão à violência é característica dos Espíritos vinculados ao planeta Terra, variando apenas quanto à intensidade e aos estímulos necessários para desencadear a ação violenta.
Os estudiosos têm apontado vários fatores como causas da tipificação da violência. A cultura, a educação, o lazer, o emprego, a afetividade, sendo que a ausência de um ou de vários destes tipos têm sido considerados como carências dos indivíduos violentos.

Assim, a violência resultaria de um estado interior. Toda pessoa insatisfeita ou carente, interiormente explodiria e isso, certamente, pode acontecer com todos nós. 
Outro fator que vem sendo considerado como causa preponderante para a violência, nos dias atuais, é a da leviandade de muitos mestres e educadores imaturos, sem habilitação moral para tais propósitos, ou seja, para a educação de novos indivíduos que aportam na crosta terrestre, facilitando a disseminação da violência. 
Uma argumentação muito utilizada nestes tempos é que, graças à mídia, agora ficamos sabendo dos fatos violentos tão logo acontecem, pois, no passado, havia coisas muito mais drásticas, só que ninguém sabia, porque inexistiam imprensa, TV, rádio, jornal, muito menos Internet. 
 Lembramos de que os reis, os senhores feudais tinham direito de vida e morte sobre as pessoas, que havia escravidão legalizada, que nos faz entender o quanto a humanidade estava mergulhada na ignorância das violências que a atingiam.

Diante da escala de violência, dá pra acreditar que a Terra está mesmo evoluindo para melhor? 
A humanidade está evoluindo. A Terra já passou de mundo primitivo para mundo de expiações e provas e nessa escala se transformará agora em mundo de regeneração, um lugar onde o bem terá sobrepujado o mal. 
Entretanto, uma das causas, ainda enclausurada no seio da humanidade e responsável por uma enormidade de violências, reside no “espírito de competição”, muitas vezes elogiado e engrandecido nas rodas sociais como sinal de inteligência, na expressão corriqueira de que “o mundo é dos espertos”. Infelizmente, o que se vê destacando são o orgulho e o egoísmo, esses dois defeitos do caráter, verdadeiras chagas que retardam o crescimento do homem e o desenvolvimento do planeta.
No processo regenerativo, os homens deverão se transformar. Então, só aqueles que vencerem seus impulsos violentos, fazendo-se construtores da paz, terão a oportunidade de habitar a Terra em seu período de regeneração.
Os mestres e os educadores referidos serão os próprios pais, que ao receberem os espíritos na condição de filhos, também ficam incumbidos do trabalho de moldagem dos mesmos dentro dos princípios da moralidade e da vivência no bem.
Deus nos confiou as crianças para que, através da educação reta, instruções corretas e formação do seu caráter, estajamos integrados na participação efetiva da transformação do mundo.
Mas, para tanto é preciso que nos atenhamos a princípios básicos, não só na reformulação dos conceitos, mas, principalmente, porque existem razões especiais para que pudéssemos recepcionar essas crianças em nosso lar.
A moral cristã precisa ser ministrada à criança, desde tenra idade, tendo em vista o seu contínuo progresso intelecto-moral. Não basta, portanto, propiciar-lhe instrução, mas, também, a educação que faz homens de bem, favorecendo que alcance êxito na sua programação reencarnatória. A criança é o esteio da Humanidade. Educá-la com instrução e amor é sublimar a causa do progresso evolutivo dos seres, instituída pelas Leis de Deus. (RIE, ano LXXXVII, nº 12, editorial).
A formação e o preparo da criança envolvem hábitos saudáveis e cultivo do esporte, das artes e mais atividades físicas, mentais dentro da moral cristã que se regra pelo amor a Deus, a ela mesma e ao próximo.
A internet e os recursos audiovisuais devem ser orientados para que deles a criança tire o máximo de proveito para sua formação e educação sempre voltadas para o bem pessoal além do benefício coletivo.
Não é com pancadas ou terríveis castigos que ferem a carne que se corrigem defeitos de caráter nos espíritos recém-vindos. Muito menos gritos e elevação de voz para ridicularizar a criança. As palavras chulas, os palavrões, a desídia, nunca conquistaram pontos positivos no espírito infantil, porque jamais a violência conseguirá despertar a paz, enquanto a mansuetude, o respeito, a benevolência, a compreensão e o amor são responsáveis pelo despertamento da bondade além de estabelecerem alegre e feliz cumplicidade entre os pais e as crianças.
Os bons exemplos no lar, são a essência da formação moral da criança. Mostrar-lhe a importância das regras e dos limites, com firme energia e amor, constitui a missão dos pais promovendo o discernimento daquele ser em desenvolvimento na direção do bem.
Ter mansidão é ter fé na providência divina, o que nos dá a tranquilidade íntima, a consciência de que não precisamos agredir, nem em pensamento, quem quer que seja. 
Para que as coisas fiquem bem, não precisamos forçar. Precisamos é agir respeitando o semelhante e as suas diferenças.

Os pais nunca poderão tomar atitudes dúbias, nem demonstrar incertezas nos seus atos, para que as crianças tenham sempre em mente a linha reta da correção, da responsabilidade dos seus atos e da verdade incondicional. Devemos nos pautar como o ensino do Cristo de Deus: “seja o seu dizer e o seu fazer, sim, sim; não, não”.
Não existe este ser encarnado ou desencarnado que não deseje verdadeiramente a felicidade sem mesclas, o amor sem fronteiras, o carinho verdadeiro sem interesse, a bonança da verdade, a paz de espírito, a comunhão com Deus. Para um dia podermos dizer: Eu e o Pai somos um!” ( Injúrias e violências, artigo de Walkiria L. de Araújo Cavalcante, em O Clarim, n 6, ano CVII).
Kardec nos alerta para a lei introduzida por Jesus para que possamos segui-Lo e chegar ao Pai: “Por essas máximas, Jesus faz da doçura, da moderação, da mansuetude, da afabilidade e da paciência uma lei; condena por conseguinte, a violência, a cólera e mesmo toda expressão descortês com respeito ao semelhante.”
Em nossa Casa Espírita, temos recomendado aos pais de crianças problemas que quando do desprendimento durante o sono físico, a criança está na posse plena do seu espírito que não é infantil. Façamos preces e em seguida esclareçamos, com voz calma e tranquila, sobre os efeitos positivos de viver com correção, com atitudes boas, com discernimento do bem e do bom caminho, contando com seus anjos guardiães, assim o espírito encontrará as melhores soluções em cada passo de sua existência corporal, crescendo e se desenvolvendo para um mundo cada vez melhor até pelo seu próprio contributo.
Richard Simonetti nos lembra que "quando a contenção da violência deixar de ser um problema policial e se transformar em questão de disciplina do próprio indivíduo; quando a paz for produto não da imposição das leis humanas, mas da observação coletiva das leis divinas, então viveremos num mundo melhor."
Destarte, os instintos mais bravios, as violências mais ferozes, se amainarão, até que, definitivamente, serão extintas do globo terrestre que, então estará transformado em Mundo Regenerado.
“Bem-aventurados aqueles que agem com brandura porque possuirão a Terra. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.” – Mateus V, 4 e 9

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