Jorge Hessen
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Recentemente o Museu da Ciência de Londres exibiu um protótipo de “homem biônico”, construído com órgãos e membros artificiais, provindos de várias partes do mundo. Richard Walker, perito em robótica, afiança que diversas próteses empregadas no “homem biônico” passaram por avaliações clínicas e são empregadas na vida real, a fim de aperfeiçoar a vida de deficientes físicos. John Maguire, repórter da BBC, descreve que é possível ouvir as palpitações cardíacas do “homem biônico” e ver seus órgãos funcionando.
Em Barcelona, há três anos, Neil Harbisson criou a Fundação Ciborgue, a fim de auxiliar pessoas a lidar com a incorporação de dispositivos tecnológicos (próteses) no corpo físico. Harbisson crê não haver nada mais humano do que usar tecnologia como parte do corpo. Há dez anos, ele próprio, que só enxerga o mundo em branco e preto, tem usado um "olho eletrônico" (semelhante a uma antena) acoplado à sua cabeça, interligado a um programa de computador que identifica e descreve as cores para o cérebro. (1)
O renomado físico britânico Stephen Hawking foi diagnosticado, em 1963, com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) ou “doença de Charcot”, moléstia degenerativa que paralisa os músculos do corpo. Na década de 1980, foi capaz de usar pequenos movimentos do polegar para mover um cursor de computador de modo a escrever frases. Sua condição piorou mais tarde e teve de mudar para um sistema que detecta o movimento em sua bochecha direita, através de um sensor infravermelho instalado em seus óculos, que mede, por sua vez, mudanças na luz.
Em 2011, Hawking permitiu que analisassem seu cérebro empregando um dispositivo chamado iBrain (2), desenvolvido pela Neurovigil, com sede no Vale do Silício (EUA). Posteriormente, a Intel anunciou que havia começado a trabalhar na criação de um novo sistema de comunicação para Hawking, depois de um pedido do físico ao cofundador da empresa, Gordon Moore. A fabricante de chips desenvolveu um novo software de reconhecimento facial 3D para acelerar a velocidade com que Hawking pode escrever.
Imaginemos um braço ou uma perna biônicos que possam ser conectados inteiramente no sistema nervoso do homem. Isso poderá admitir que o cérebro domine o funcionamento de dispositivos tecnológicos e que seu portador receba impressões detectados por ele, como o calor de uma chama ou a compressão de um aperto de mão. Em verdade, controlar um cursor na tela de um computador usando apenas a mente e as descargas elétricas do cérebro não é nenhuma notícia inédita. Há muitos usos para essa tecnologia, incluindo o desenvolvimento de técnicas para restaurar a comunicação de pacientes que perderam a fala devido a danos cerebrais ou às suas cordas vocais. Os pesquisadores já utilizam os chamados implantes neurais para que pacientes possam "falar" diretamente com o computador.
As interfaces cérebro-computador normalmente usam implantes colocados no córtex motor - os pacientes movem o cursor pensando em mover um braço ou uma perna, por exemplo. Os chips neurais são implantados na superfície do cérebro de pessoas com epilepsia para rastrear a fonte dos disparos neuronais que causam as crises. Se estivéssemos na década de 1960, estaríamos assombrados com a tecnologia atual. Jazeríamos assustados seguramente ante o avanço científico dentro do qual a vida terrestre vai velozmente marchando para um futuro promissor.
"Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir Seus fins. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus.” (3) É evidente que a ciência coeva realiza façanhas surpreendentes em todas as esferas da matéria; contudo, urge que os nossos sentimentos permaneçam plugados com as leis do amor que o Cristo nos deixou. Os legítimos aspectos da evolução científica não serão exclusivamente o de uma automatização da realidade social, porém, principalmente, o de uma sociedade mais fraterna, pacata, em que o bem prepondere e em que todos tenham a probabilidade de desfrutar da tecnologia.
A Doutrina dos Espíritos vem cooperar na deteriorização do materialismo e no aprimoramento moral do homem, seja comprovando a vida espiritual, seja fornecendo conteúdo revolucionário para a instauração de uma sociedade reconstruída nos alicerces do amor ante os novos tempos que já se iniciam.
Agradeçamos as benesses que Deus outorga para aconchego e desenvolvimento material da sociedade, entretanto não negligenciemos a edificação moral, pois somente com esforço e disciplina moral obteremos sustentáculo psicológico e espiritual para resistirmos às requisições desta Nova Era que já bate palmas no portão do Planeta.
Desse modo, é imperioso solidarizar-nos e respeitar-nos uns aos outros, sem o que o avanço tecnológico e a comodidade terrena consistam em matriz de enfado e delito moral, e a conquista científica se erga em esplêndido castelo em que seguiremos padecendo sob o guante da dor e à míngua de amor. Avaliemos a ética com que será feita a escavação científica, as benfeitorias que possam trazer para o homem hoje ou no futuro.
Referências:
(1) Disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2013/07/130723_ciborgue_rp.shtml acesso em 10/08/13
(2) O iBrain é um sistema que se assemelha a um fone de ouvido e registra as ondas cerebrais por meio de leituras de eletroencefalograma (EEG) a partir da atividade elétrica do couro cabeludo do usuário.
(3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Perg. 692, RJ: Ed. FEB. 2001
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