José Sola
São Paulo
Os artigos antecedentes demonstram a imortalidade do ser, apresentando-nos como fonte originária da vida; Deus.
O acontecer do psiquismo na maturação da substância, a evolução desse psiquismo em sua passagem pelo reino mineral, vegetal, animal, atingindo em fim o reino humanóide; esta caminhada multimilenar realizada pelo eu individualizado, que segue seu curso na eternidade em busca de novas conquistas, firmam a imortalidade.
Estaremos, porém, demonstrando a imortalidade do ser, na condição de espíritos eternos a caminho da luz.
Comprovaremos, através dos fenômenos de materializações, a imortalidade da alma, que conquistou os patrimônios da vida nas experiências muitas por que passou, pelos reinos que a antecederam.
Importa primeiramente, comprovar a veracidade das materializações, pois embora sendo um fenômeno de ordem científico, trata-se de um fato extraordinário, incomum e por isso mesmo de difícil aceitação.
A ciência hodierna, orgulhosa tal como se demora, tem feito alguns ensaios no campo da parapsicologia, no entanto, suas conquistas não passaram da exteriorização do ectoplasma doada da parte do sujet (médium).
O que tem levado a ciência a demorar-se refratária a aceitação dos fenômenos de materializações, é a ojeriza que sentem os cientistas pelas coisas espirituais. Acham estes, ser antiético, estarem a procurar uma causa, onde não haja condições palpáveis, ou seja, onde não haja algo mensurável que lhes permita campo de análise e dedução.
No entanto, a ciência tem feito suas maiores descobertas pelo método intuitivo, para depois demonstrá-las pelas condições analíticas.
Quando da equação da relatividade, Albert Einstein, esteve embrenhado na mata em contato com a natureza, buscando intuitivamente a inspiração que lhe permitiu penetrar o âmago do fenômeno e só então, apresentou a tão afamada fórmula da grande equação.
A astronomia nos apresenta informações, cujos dados não podem ser constatados, pois embora os mundos e sóis, sejam mensuráveis, a distancia que nos separa destes não nos permite a observação precisa dos mesmos.
Ninguém mediu os quilômetros que separam a Terra do Sol, no entanto, sabe-se por métodos dedutivos, que esta distancia é de 150.000.000 Km.
Quando o astrônomo Edmond Halley, no ano de 1742 anunciou que, dezesseis anos depois, em 1758, estaria a acontecer à passagem do cometa que lhe leva o nome “Halley”, não possuía equipamentos científicos apropriados para a observação, enquanto que, com observatórios dotados de telescópios poderosos, como o da Califórnia, no ano de 1985, os astrônomos anunciaram que, o Cometa estaria a se apresentar com uma calda do comprimento de onze luas e seria visto a olho nu, o que não aconteceu.
Não combatemos a ciência, pois a ciência não se demora no estreito empirismo, que pretendem alguns homens retê-la.
Como também, não estão todos os cientistas, amarrados à ponta da corda do materialismo, vivendo o receio de romperem à corda e serem chamados de loucos.
O verdadeiro cientista há que ser antes de tudo, um livre pensador não deve julgar a priori, negando ou confirmando algo que não haja observado.
Felizmente, tivemos e temos livres pensadores, cientistas que romperam e que estão rompendo a corda, sem receio de receberem a pecha de loucos.
Entre os que desejaram a verdade e não se ativeram ao dogma do cientificismo empírico, temos William Crookes, o famoso químico e físico inglês.
As descobertas e feitos científicos de Crookes são notórios; descobriu ele, o quarto estado de matéria, a matéria radiante, que estudada e aperfeiçoada pelo casal Curie, permitiu a Roentgen descobrir os raios X ou raios roentgen.
Crookes, não cooperou apenas com a descoberta dos raios X, que permitem a radiografia utilizada pela medicina no diagnóstico de órgãos internos; descobriu ainda o processo de amalgamação do ouro e da prata. Cooperou também, na descoberta e aperfeiçoamento da fluorescência, que é utilizada para a iluminação; foram estas e muitas outras descobertas de Crookes, que o notabilizaram no meio científico. (1)
No entanto, há outras experiências vividas por William Crookes, que não constam nos anais da Ciência, estas causam ojeriza aos cientistas empíricos, pois fogem aos processos de manipulação e análise comum; as experiências de efeitos físicos e materializações.
Quando o ilustre membro da sociedade real anunciou no Quartely Journal of Science que ia se ocupar dos fenômenos chamados espíritas, a aprovação foi geral.
Estaria o sábio inglês, a explicar os supostos fenômenos, lançando por terra estas crendices e superstições, que como uma epidemia se alastrava, penetrando corações e mentes, não poupando nem mesmo ilustres sábios como: Wallace, Varley, César Lombroso, Charles Richet, Aksakof e muitos outros.
Entretanto, as disposições de Crookes eram as de descobrir a verdade; embora desacreditando da possibilidade de serem verídicos os ditos fenômenos, cauteloso como lhe convinha ser, utilizou-se de instrumentos elétricos, galvanômetros e outros aparatos, iniciando as tão polêmicas pesquisas.
Verificou ele, fenômenos em que objetos pesados foram levitados, entre estes estavam mesas e cadeiras; levitação de corpos humanos; movimento de diversos objetos sem contato; aparições luminosas; aparições de mãos luminosas por si mesmas; escrita direta; etc., a maior parte destas experiências se fizeram através dos médiuns Sr. Home e da Sra. Fox.
Mas, caberia a médium de efeitos físicos Florence Cook, que contava então seus quinze anos de idade, quase menina, o relevante papel de convencer William Crookes, quanto a sobrevivência da alma.
Por intermédio da médium Florence, William Crookes, obteve a materialização de Katie King, que afirmou ter se chamado Annie Owen, dizia-se filha de Henry Owen Morgan, entidade que se comunicava com o nome de John King, fora em uma encarnação passada, Henry Owen Morgan, governador da Jamaica e confirmava haver sido Annie Owen (Katie King), uma sua filha ilegítima.
Quem pense que William Crookes tenha relaxado as pesquisas, descuidando-se do rigor necessário nas experiências que fazia, engana-se.
Auxiliado por Varley e Luxmoore, utilizou-se de galvanômetros e outros aparelhos elétricos; amarrava as mãos de Florence separadamente usando uma corda de linho, em seguida lacrava os nós, depois as ligava com cordas compridas que enrolava do lado de fora da cabina, em um gancho preso a mesa a qual estava sentado, de maneira que a médium não podia mover-se sem transmitir movimentos à corda.
Nestas condições, William Crookes, obteve a materialização de Katie King, por diversas vezes, no entanto, ver o espírito materializado, não foi prova suficiente para convencer o sábio inglês; desejava ele uma prova mais evidente, ver a materialização de Katie King e, a médium ao mesmo tempo.
Vemos que a disposição de Crookes em crer na imortalidade, não era das melhores, pois enquanto Florence estava como vimos impossibilitada de mover-se sem transmitir movimentos a corda; Katie King, fora da cabina, movia os braços, andando, conversando e cumprimentando os assistentes, inclusive o próprio William Crookes.
Não houvesse esta impossibilidade de movimentos da parte da médium, o que deixava evidente a qualquer outro experimentador, não ser o fantasma de Katie uma impostura, havia ainda outros fatores que corroboravam ser o espírito materializado, uma personalidade distinta e independente da médium. Florence usava nas sessões de materialização, roupas de cor escura, e botas de amarrar, enquanto que, Katie King, usava sempre vestes brancas e a maior parte das vezes longas, e apresentava-se sempre descalça.
Às vezes, haviam se transcorrido alguns segundos após o desaparecimento de Katie, as cortinas eram abertas, e todos, inclusive o próprio Crookes, conforme suas próprias afirmativas podiam ver Florence que estava lentamente saindo do transe.
Era impossível que a médium pudesse, em tão curto espaço de tempo, trocar de roupa, calçar-se, esconder os vestidos brancos e flutuantes com o qual aparecera o espírito, e ainda, desfazer o penteado; o mais ágil prestidigitador estaria impossibilitado de realizar esta façanha.
No entanto, William Crookes, não poderia simplesmente aceitar; o compromisso maior de comprovar a verdade se impunha aos sentimentos, era preciso verificar a fundo o âmago do fenômeno, para só então apresentar seu veredicto final, quanto a veracidade ou não dos fatos.
A prova evidente que desejava obter Crookes, que era a de presenciar a médium e o espírito materializado de Katie ao mesmo tempo, lhe foi oferecida.
Em uma sessão realizada na casa de William Crookes, no dia 12 de março de 1874, após haver-se apresentado materializada aos assistentes, Katie entra na cabina onde a médium estava em transe, abre as cortinas, chama Crookes, pedindo que estivesse ajeitando a cabeça da médium, que havia escorregado e tocava o solo.
Para entrar na cabina, Katie que estava de pé junto a mesma, vestida com seu habitual traje branco, teve que dar passagem ao cientista; este entrou, ajeitou a cabeça da médium que se demorava em posição penosa, verificando que a mesma se detinha com seu vestido simples e escuro de veludo; segundo Crookes havia se passado apenas três segundos (2)
Mas, esta não haveria que ser a comprovação única em que Crookes presenciou a médium e o espírito materializado, em muitas outras, entrou na cabina e, presenciou a médium e o espírito ao mesmo tempo.
Além de haver obtido estas provas, William Crookes, obteve a maior prova que se pode obter da comprovação da imortalidade; a fotografia.
Conseguiu o sábio inglês, tirar quarenta e quatro fotos de Katie King materializada, sendo que numa delas aparece Florence e Katie King juntas.
Conseguiu ainda, o cientista inglês verificar a pulsação de Katie, o bater de seu coração, tanto quanto, presenciou a sua desmaterialização junto à luz de um lampião, como se fosse um bloco de neve que se derrete, sem deixar vestígios.
Caberia ainda a Crookes, a ser o último a ver Katie King materializada, quando esta, havendo cumprido sua missão, tinha que partir para esferas mais elevadas.
Nesta oportunidade, se dúvidas houvesse ainda da parte de Crookes, foram dissipadas por completo, pois esteve ele presenciando a despedida de Katie e Florence.
Katie chamou a médium Florence que estava em transe, dizendo-lhe; desperta, é preciso que eu me vá.
Florence despertou, e com lágrimas nos olhos, lhe pede que fique por mais tempo, ao que esta responde: “não posso querida, minha missão está cumprida”.
Ainda por um período de tempo, o diálogo entre as duas se fez demorar, no entanto, Florence, não suportando mais a emoção do momento, irrompe em pranto e perde os sentidos; foi então que Katie King chamou William Crookes, pedindo-lhe que socorresse a médium.
As luzes se acenderam, Florence acordou macambúzia, e a doce Cinderela, que por três anos consecutivos houvera desfilado aos olhos de Crookes, como de muitos outros cientistas, havia desaparecido para sempre do cenário da Terra; no entanto, deixou recordações e comprovações inconfundíveis da imortalidade.
Não fosse o orgulho da parte de alguns cientistas, tanto quanto, o apego ao dogmatismo das religiões, a humanidade estaria melhor informada quanto a sobrevivência do ser.
Cientistas e religiosos ortodoxos alegam que as materializações não passam de uma alucinação coletiva, vivida da parte dos experimentadores e assistentes.
Sabemos que, a alucinação acontece da parte daqueles que tragam a mente predisposta a devaneios ou fantasias, entregando-se a arrebatamentos que os faça ver imagens de objetos e seres inexistentes.
É concebível que, uma pessoa que deseje ardentemente ver, crie na mente imagens alucinatórias inexistentes, no entanto, como acreditar-se na possibilidade de haver William Crookes vivido uma alucinação, quando descria da imortalidade, tanto quanto, das materializações, pois ao iniciar as pesquisas sua intenção era provar o contrário.
Não houvesse ele, comprovado sua idoneidade, em outras variadas pesquisas que fez e, poderíamos admitir a hipótese de o mesmo ter sido ludibriado e sugestionado em suas análises; no entanto vimos com que relutância esteve ele a aceitar os fatos.
Mas, suponhamos que os sentidos de Crookes hajam sido afetados através de uma sugestão que o levou a alucinação vendo este o que não queria ver aquilo que propunha negar; mas, o que dizer da fotografia.
É admissível que a mente humana viva uma alucinação, criando imagens de objetos e seres inexistentes, entretanto, é inadmissível crer-se que uma chapa fotográfica, imprima uma imagem alucinatória, consolidando a presença de um ser materializado que contraria a vontade do experimentador.
Sabe-se que o pensamento é uma energia, energia esta que a ciência denomina de ideoplastia mental, e há a possibilidade de fotografar-se o pensamento, quando o sujet (médium), haja desenvolvido o poder da mente em potencial.
Nos anais da meta psíquica, temos relatos de sujets (médiuns), que fixando a mente em um objeto, plasmaram a idéia de forma a permitir fosse esta fotografada.
Entretanto, como admitir, fosse Katie a resultante de um pensamento plasmado da mente de William Crookes, quando este pensava em oposto à aparição?
Há ainda um outro, porém que elimina esta possibilidade, pois a fotografia do pensamento, não permite aconteçam o movimento do mesmo, a imagem é fixa, enquanto que a imagem de Katie tem movimentos, é independente e se individualiza.
Uma alucinação como o pretende os antagonistas, não poderia ter vontade própria, ser uma individualidade personificada a ponto de propor a Crookes determinadas normas para facilitar sua materialização, muito pelo contrário, teria que ser uma dependência da mente alucinada, sujeita portanto a vontade da mesma.
Uma vez que a percepção da imagem se fez, da parte de olhos que não queriam ver como os de Willian Crookes, e como visto esta imagem têm independência e personalidade próprias, como as de Katie, somando-se a isto tudo as fotografias, podemos afirmar que Katie era real.
Alguns cientistas, no entanto, pretendem explicar as materializações, como sendo fruto de um desdobramento do médium, ou seja, o espírito materializado não passa do duplo exteriorizado do médium.
Haviam como visto, diferenças anatômicas e psicológicas entre Katie e Florence, diferenças estas auscultadas por William Crookes; no entanto, para eliminarmos por completo, a possibilidade de ser Katie o duplo de Florence Cook, relembra-se o momento da despedida. Quando Katie acorda Florence, anunciando-lhe sua despedida, Florence pede a Katie que fique por mais algum tempo, ao que esta responde: “não posso querida, minha missão está cumprida”.
Fosse Katie o duplo desdobrado de Florence e, ao certo haveria concordâncias de idéias, tanto quanto, de vontade.
Por mais criatividade que se possa ter, no campo da psicanálise ou ainda da psicologia, não há como aceitar-se a possibilidade do duplo do médium contrariar a fonte originária, opondo-se a vontade desta.
Consegue-se através da regressão de memória, estar levando o sujet (médium), ao passado, buscando no inconsciente deste, experiências vividas; então quando da manifestação destas experiências altera-se a personalidade, no entanto, a personalidade psíquica sobrepuja a atual, enquanto que uma se manifesta a outra se inibe.
Porém, isto não aconteceu, não houve a inibição da personalidade inconsciente de Florence, para que a de Katie se manifestasse ambas se manifestam o que mais importante uma questionando a outra.
Uma vez que, o duplo de Katie era rebelde, opondo-se ao de Florence, não dá para aceitar fossem Florence e Katie uma única personalidade, vivendo momentos diferentes de ser; para admitirmos a possibilidade de ser Katie o desdobramento de Florence, haveria que existir da parte de ambas, concordância de pensamento e vontade.
Como visto a tese do duplo exteriorizado do médium na tentativa de explicar as materializações dos espíritos, não convence, pois a lógica e a razão não a favorece.
Resta-nos ainda, relembrar o fato de haver-se desmaterializado o fantasma de Katie, a luz de um lampião, como se fosse um bloco de neve, que se derrete ao calor do Sol.
Acreditar fosse à médium Florence que realizava esta façanha é ir longe de mais, pois a médium estava amarrada na cabina e, mesmo que não estivesse, teria que ser ela uma ilusionista de primeira, para estar primeiro: aparecendo com outras características físicas, outras vestes, etc.; segundo: desaparecer aos olhos de Crookes e dos assistentes como desaparece um bloco de neve, volvendo em questão de segundos para a cabina, deixando-se estar ali vestida e amarrada como a houveram deixado.
Por mais argumentem os ateístas, no intento de negar a veracidade destes fatos; fatos são fatos e, perante a evidencia de um fato analisado, constatado à luz da Ciência, como o foi por William Crookes, não pode haver refutação.
Nos propusemos a princípio, comprovar a imortalidade da alma, através das materializações, no entanto, importava primeiro comprovar a veracidade destas, pois embora hajam livros que descrevem estes fenômenos com muita propriedade, tanto quanto, descrevam, relatos dos cientistas diversos que o presenciaram, importava apresentar a nossa argumentação, que embora simples perante as já apresentadas da parte dos grandes vultos da ciência, vem somar junto a estas, a lógica e a razão que as corroboram.
Ao havermos comprovado o fenômeno de materialização, em que o espírito de Katie King, utilizando-se da faculdade de Florence, foi minuciosamente auscultado por William Crookes; comprovamos por conseqüência a imortalidade da alma.
Talvez, a humanidade jamais venha a presenciar um fenômeno como o da materialização de Katie King, provavelmente nenhum outro cientista terá a sublime oportunidade de William Crookes e, muito dificilmente aparecerá outra Florence na Terra, no entanto, o trabalho realizado da parte destes três personagens, imortalizou-se, autorizando-nos a dizer auto e bom som; não existe a morte; a vida continua; nada morre; tudo se modifica e se transforma; dos escombros da matéria, soergue-se a alma imortal para as glórias ascensionais da eterna vida.
Referências:
(1) Citamos apenas as experiências mais destacadas de Willian Crookes; para mais informações veja “Fatos Espíritas”.
(2) Para maiores elucidações e provas da imortalidade ver, o livro Katie King.
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