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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

UNIVERSIDADE E ESPIRITUALIDADE (Entre Teses das Ciências e a Fé Quotidiana)

Luiz Carlos D. Formiga

Para não perder oportunidades fazemos opções. “Indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa; E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude. E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” Lucas 10: 35-42
Num Núcleo Espírita Universitário (NEU) onde há carência de tempo, qual a opção?
Ocupados com aulas, administração e pesquisas, estamos mais para Marta.
Produzir e/ou examinar resultados experimentais ou privilegiar valores morais, mais difíceis de serem sobrepujados?
“Creio no testemunho dos historiadores - porque não presenciei o que referem... Tenho de crer em quase todas as teses e hipóteses da ciência – porque ultrapassam os horizontes da minha capacidade de compreensão. Creio no testemunho dos historiadores - porque não presenciei o que referem... Creio na palavra dos químicos e físicos – porque admito que não se tenham enganado nem me queiram enganar... Creio em moléculas e átomos, em elétrons e prótons - que nunca vi...
Não te admires de que eu, formado em ciências naturais, creia piamente em tudo isto... Admira-te de que haja quem afirme só admitir o que compreende - depois de tantos atos de fé quotidiana. O que me espanta é que homens que vivem de atos de crença descreiam de Deus - por motivos científicos.
Cinge-me a fronte o laurel de doutor - sou acadêmico... Entretanto - não me iludo... Quase todo o humano saber - é crer... Nossa ciência - é fé... Creio na própria alma - esse mistério dentro do Eu. (1)
Discutir Espiritualidade na universidade não é tarefa fácil. Vamos evocar quem foi instrumento da vontade do Mestre, que tomou sobre si o “pesado encargo de coordenar e publicar os ensinamentos dados pelos Espíritos.” Para isso “foi necessária não pequena dose de energia e coragem moral para arrostar contra a ignorância de uns, contra a indiferença de outros, e, acima de tudo, contra a maldade daqueles a quem a doutrina revelada podia prejudicar.”
Kardec (2) sabia que “seus conselheiros na espiritualidade não o abandonariam e a eles devia, em grande parte, o ter força e vontade para arrostar com todas as campanhas que se lhe moveram.”
“Vós não me escolhestes a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.” João 15: 16.
No NEU estudamos Francisco Cândido Xavier. (3) No livro Pão Nosso cita Paulo: "Cada um contribua, segundo propôs em seu coração; não com tristeza ou por necessidade, porque Deus ama o que dá com alegria." – Paulo II Coríntios, 9:7.
Emmanuel diz que “quando se divulgou a afirmativa de Paulo de que Deus ama o que dá com alegria, muita gente apenas lembrou a esmola material. Naturalmente, todos os gestos de amor entram em linha de conta no reconhecimento divino, mas devemos considerar que o verbo contribuir, na presente lição, aparece em todas a sua grandiosa excelsitude.”
Lembramos de Maria e Marta quando na psicografia diz que “sobrevindo o momento de repouso diuturno, cada coração pode interrogar a si próprio, quanto à qualidade de sua colaboração no serviço, nas palestras, nas relações afetivas, nessa ou naquela preocupação da vida comum”. Enfatiza, na carta de Paulo, a importância do trabalho realizado, não apenas como obrigação. “Mobilizemos nossos recursos com otimismo e não nos esqueçamos de que o Pai ama o filho que contribui com alegria.”
Kardec cita “Francisco Xavier, que sozinho e com humildade, conquistou mais almas para o Cristianismo do que todos os cruzados, com os seus aguerridos exércitos e as sua poderosas armadas.”
Aconselha-nos a orar e vigiar comportamentos que boicotam a obtenção de bons resultados na educação (mediúnica) e diz: “Não há na Terra quem tão limpo esteja dos maus assomos da vaidade e da irritabilidade, que receba sempre, a sangue frio, os golpes vibrados por quem saiba ferir aquelas duas fraquezas espirituais.”
Avisa-nos para tomar cuidado com a tentação de “atualizar” os livros da codificação. Incentiva-nos a buscar no campo especulativo aquilo que ele, enquanto investigador, não pode registrar e que ainda falta.
Kardec sabia “que esta parte experimental era também efêmera. Sendo boa para a conquista, não tinha qualidades de estabilidade e de conservação. Como fenômeno experimentado, entra na ordem das coisas concretas, e para estas coisas, o aperfeiçoamento é mais sensível, porque a natureza delas e mais precária. Uma obra experimental de grande atualidade e verdade hoje, daqui a dez anos será velha, se a não acompanhar, como parte integrante e auxiliar, a feição abstrata e ideal.”
Por outro lado, nos seus livros, “o que existe na parte referente a valores morais ainda não foi nem será facilmente sobrepujado. É que, neste campo, eles estão com a verdade, e a verdade, apresentada sob que aspecto for, é sempre a verdade. É tão nova hoje, como no tempo do Cristo, como no tempo dos profetas, como em qualquer tempo. O que tem de bom, há de ser bom sempre e não será destruído e substituído pelo tempo.”
Kardec faz opção pelo estudo dos valores éticos. O Evangelho Segundo o Espiritismo é o ensinamento moral do Cristo. No NEU escolhemos esta parte, embora nela seja difícil dar exemplo pessoal.
As matérias contidas nos evangelhos podem dividir-se em cinco partes: os atos comuns da vida do cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral. As quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias; a quinta, porém, conservou-se inatacável. (4,5)
A cada capítulo, Kardec cita o ensinamento de Jesus, a fonte de onde foi retirado e procura explicar os fatos à luz dos postulados espíritas, como a imortalidade da alma e a reencarnação. Desta forma os estudiosos poderão encontrar explicações lógicas e racionais de temas que, mantidos até hoje nas sombras dos "mistérios" ou "milagres", permanecem sem solução. Com a chave da reencarnação nos permitimos abrir a porta do entendimento das mensagens de Jesus como a "Estranha Moral".
"A melhor doutrina é aquela que satisfaz ao coração e à razão e que mais elementos possui para conduzir os homens ao bem".
Recentemente fizemos uma palestra, semelhante aos estudos que fazíamos no NEU, no G E Fabiano, que registrou em vídeo (6). Nela ficamos entre as teses e hipóteses das ciências biomédicas e a fé na cura verdadeira, quando internalizamos leis do princípio espiritual.
“Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual.”
No plano de ensino, Jesus usou parábolas como estratégia e lecionou com propriedade. Elas já eram conhecidas no Velho Testamento e nos livros sagrados do Oriente, mas Ele as imortalizou. São histórias simbólicas, comparativas, que embora utilizem reálias, encerram conteúdo moral que precisa ser buscado. O Mestre demonstrou como fazer através da parábola do semeador (Mateus, 13:18-23) e do Joio e do Trigo (Mateus, 13: 36-43).
Há vantagens. Por serem simbólicas, sofreram menos alterações ao longo do tempo, pelas manipulações e ou traduções.
Reálias são usadas pelo homem, no seu afã diário. Esses símbolos podem ser transferidos para qualquer época, daí sua eternidade. Mas, para compreendê-las em toda profundidade, deve-se lembrar da lição: "a letra mata, mas o espírito vivifica." (Paulo, II Coríntios, 3:6).
A avaliação permitiu-nos concluir que no NEU, Maria não agradou a Marta. No entanto, estamos ainda seguindo naquela direção. Outros temas também nos interessam, como referido anteriormente. (8, 9, 11).
No ensino acreditamos que o salto de qualidade será o da informação para a formação. Formação de uma nova consciência. Seremos um profissional ético, com consciência crítica, livre, criativa e responsável, capaz do diálogo.(10).


1. “De Alma Para Alma” – Huberto Rohden .
http://www.forumespirita.net/fe/auto-conhecimento/o-credo-da-ciencia/msg238455/?topicseen#msg238455
2. Do País da Luz - Pelo Espírito Allan Kardec em Portugal
http://entendendooespiritismo.blogspot.com/2010/01/do-pais-da-luz-pelo-espirito-allan.html
3. Por que Considero Inteligente, o Cândido, Francisco Xavier.
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/por-que-considero-inteligente.html
Contribuir. Pão Nosso. Ed.: FEB.
http://www.comunidadeespirita.com.br/livrosespiritas/PAO%20NOSSO/58.htm
4. Esclarecendo Dúvidas
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/esclarecendo-duvidas.html
5. Entrevista
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosLCF/INDICE_ArtigosLCF.html
6. Grupo Espírita Fabiano
http://www.youtube.com/watch?v=qyzwrgns1lm
7. A Gênese, Cap. I, item 16)
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/ge/index.html
8. Universidade e Suicídio
http://www.aeradoespirito.net/ArtigosLCF/UNIVERSIDADE_E_SUICIDIO_LCF.html
9. Educação na Idade Dourada.
http://orebate-jorgehessen.blogspot.com/2011/10/educacao-na-idade-dourada.html
10. Ética, Sociedade e Terceiro Milênio
http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=10&texto=524
11. O Retrato de Bezerra. E a Aristocracia Intelecto-Moral
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/neurj/retrato-de-bezerra.html

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