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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

EDUCAÇÃO ESPÍRITA: ARCABOUÇO DA FUTURA GERAÇÃO SAUDÁVEL.




Thylane Lena Rose Blondeau, de 10 anos de idade, fez uma produção fotográfica para a revista Vogue Paris, levantando polêmica devido à roupa ousada, maquiagem e poses provocantes. O ensaio fotográfico está causando indignação em pessoas ligadas a ONGs de proteção à criança. De acordo com a organização “Concerned Women for America”, os pais da criança devem ser responsabilizados por ter permitido à criança realizar aquele trabalho. “Isto é claramente exploração infantil e os progenitores deviam ser processados judicialmente”, segundo Penny Nance, presidente da Organização.
O mundo ingênuo da criança vem sendo explorado pela fúria predadora da erótica irresponsável, aviltando a inocência e dignidade infantis. Como se não bastasse “o caso Thylane”, há outras situações polêmicas na contenda, a exemplo dos cursos para crianças de pole dancing (1), no México, e de funk “carioca”, no Rio de Janeiro. Muitas delas (crianças e adolescentes) têm aderido ao 'sexting', postando fotos sensuais na internet. São meninas e meninos que buscam os espaços virtuais nos sites de relacionamento.
O termo “sexting” é originado da união de duas palavras em inglês: “sex” (sexo) e “texting” (envio de mensagens). Para praticar o “sexting” crianças e adolescentes produzem e enviam fotos sensuais de seus corpos nus ou seminus usando celulares, câmeras fotográficas, contas de e-mail, salas de bate-papo, comunicadores instantâneos e sites de relacionamento. O que estão fazendo com a infância e a juventude atual? Muitas crianças e jovens não têm capacidade crítica, não têm noção do perigo a que estão sujeitos.
A infância é, sem dúvida, o período fértil para a absorção de valores os mais variados. O relacionamento entre pais e filhos deve ser embasado no amor, capaz de suprir as deficiências de ambos. Nossa responsabilidade como pais, educadores e participantes da comunidade, de maneira geral, deve ser voltada ao bom emprego dessa facilidade de assimilação, para a edificação de um mundo mais perfeito.
A criança é o amanhã. E, “com exceção dos espíritos missionários, os homens de agora serão as crianças de amanhã, no processo reencarnacionista.”.(2) A demanda de redenção dos novos tempos que chegam há de principiar na alma da infância, se não quisermos divagar nos cipoais teóricos da fantasia exacerbada. Precisamos perceber no coração infantil o esboço da geração próxima, procurando ampará-lo em todas as direções, pois “a orientação da infância é a profilaxia do futuro.”.(3) Por questão de prudência cristã, não podemos permitir “que as crianças participem de reuniões ou festas que lhes conspurquem os sentimentos em nenhuma oportunidade, porque a criança sofre de maneira profunda a influência do meio.”(4)
Uma legítima educação é aquela em que os poderes espirituais regem a vida social. Antigamente, a pureza das crianças era uma realidade mensurável. Sua perspectiva não ultrapassava os simples livros didáticos, um único humilde caderno e brinquedos baratos. Para repreendê-las e educá-las, às vezes, bastava um olhar firme dos pais. Porém, aquele imaginário infantil, de quietude e sonho ingênuo, desmoronou sob o impacto da era do sensualismo, da violência, do materialismo.
Em nossa análise, concebemos que o mundo fashion, a televisão e a internet, ao invadirem os lares, potencializaram nas crianças o despertar antecipado para uma realidade nua e cruel, o que equivale a afirmar que elas foram arrancadas do seu universo de fantasia e conduzidas para a inversão dos valores morais, estimuladas, também, pela vaidade dos pais. Destarte, o período de inocência e tranquilidade infantil foi diminuindo.
Cada vez mais cedo, e com maior intensidade, as inquietações da adolescência brotam acrescidas pelos múltiplos e desencontrados apelos das revistas obscenas, da mídia eletrônica, das drogas, do consumismo descontrolado, do mau gosto comportamental, da vulgaridade exibida e outras tantas extravagâncias, como reflexos óbvios de pais que vivem alienados, estagnados e desatualizados, enclausurados em seus afazeres diários e que nunca podem permanecer à frente da educação dos próprios rebentos.
Cremos, e isso é a nossa esperança!, que no conjunto de provisão dos Benfeitores Espirituais, a Terceira Revelação assumirá seu espaço na sociedade moderna decididamente. Isso equivale a afiançar que esse arranjo suis generis do Espiritismo permitirá aparelhar a criança atual para uma vivência normal e incorruptível no futuro, desde que os espíritas sejam cautelosos. Jesus prossegue o majestoso e eterno modelo.
Estejamos atentos à verdade de que educar não se resume apenas a providências de abrigo e alimentação do corpo perecível. A educação, por definição, constitui-se na base da formação de uma sociedade saudável. A tarefa que nos cumpre realizar é a da educação das crianças e jovens pelo exemplo de total dignificação moral sob as bênçãos de Deus. Nesse sentido, os postulados Espíritas são antídotos contra todos os venenosos ardis humanos, posto que aqueles que os conhecem têm consciência de que não poderão se eximir das suas responsabilidades sociais, sabendo que o futuro é uma decorrência do presente. Destarte, é urgente identificarmos no coração infantojuvenil o esboço da futura geração saudável.

Jorge Hessen
http://jorgehessen.net

Referências bibliográficas:

(1) Pole dance tem suas raízes na dança exótica, strip-tease e burlesco e têm elementos de apelo sexual e subversão

(2) Xavier, Francisco Cândido. Coletânea do Além, ditado por Espíritos Diversos, São Paulo: FEESP, 1945, Cap. A Criança e o Futuro pelo Espírito Emmanuel

(3) Vieira, Waldo. Conduta Espírita, ditado pelo espírito André Luiz, Rio de Janeiro: Ed FEB, 1997, Cap. 21- Perante a Criança

(4) idem

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