Você que tem “x” anos de movimento espírita é responsável também pelo que está acontecendo. Claro! Não é só Divaldo, Raul Teixeira, Chico, além de outros mais recentes. Você que se orgulha de ter feito parte ou de fazer parte do movimento espírita brasileiro (Unificação, Alteridade, etc e tal...), que auxiliou na propagação da doutrina é responsável também por tudo que está acontecendo. Eu tenho minha parcela de contribuição nesse emaranhado também. Mas não é isso que se vê.
O que se percebe é que houve um boom na divulgação doutrinária em detrimento do seu crescimento em cada um de nós. Observamos divulgadores que se notabilizam pela qualidade do seu aparato tecnológico (filmadoras de primeira geração, qualidade de imagem 4K, notebook Apple, dentre outros), mas com os mesmos pensamentos tacanhos a respeito da doutrina espírita. Percebemos o ciclo se renovando apenas quanto aos formatos de divulgação. Houve um tempo – e novamente recorro a esse tempo para ilustrar –, que as lutas de um Leopoldo Machado, por exemplo, para manter o Espiritismo firme e vigoroso no subúrbio do Rio de Janeiro, eram compatíveis com seus esforços para se tornar um ser humano melhor. E quando alguém, por algum motivo – midiático ou de fato – demonstra interesse em abandonar esse ciclo vicioso em que nos encontramos no movimento espírita, esse cidadão que é conhecido por suas falácias no Youtube é tido à conta de “desertor”.
Existe uma fábula curiosa que se encaixa bem no que temos observado. É a fábula dos macacos e as bananas. Em síntese, essa fábula narra que um grupo de cientistas colocou cinco macacos em uma jaula com um cacho de bananas. Todas as vezes que um desses macacos subia as escadas para pegar uma banana, os outros macacos tomavam um banho de água gelada. Depois de um certo tempo, quando um macaco se aventurava subir as escadas e colher uma banana, os demais macacos cobriam esse aventureiro de pancadas e a briga se instaurava. Passado mais um tempo, nenhum dos macacos subia novamente as escadas. Os cientistas observando, substituíram um dos macacos por outro que, ao ver o cacho de bananas, a primeira coisa que fez foi subir as escadas e rapidamente ser retirado pelos outros de forma agressiva. Todos os macacos foram gradativamente substituídos. Nenhum dos macacos tomou mais nenhum balde de água fria, mas também nenhum dos macacos se aventurou mais em subir as escadas e colher bananas. Se perguntassem a algum deles porque sempre batiam em alguém que tentasse subir as escadas, diriam que “sempre foi assim”.
É o que temos aprendido com tudo isso. Pessoas vaidosas, ainda que não admitam seu grau avançado de vaidade e não percebam o estrago de suas ações, a pretexto de auxiliar os outros, se coloca como uma liderança capaz de fazer aquilo que é preciso para o movimento espírita melhorar. Mas ninguém, ou quase ninguém percebe, que desde o desencarne de Francisco Cândido Xavier, vivemos um momento em que o convite é para as lideranças desenvolverem trabalhos em conjunto e não isolados e encastelados com suas verdades e saberes. O movimento espírita se tornou um campo minado, ou, como na fábula, repleto de grupos de macacos machucados e frustrados que não permitem a adoção de pensamentos contrários ou diferentes aos seus para atender aos gritos lancinantes daqueles que se dirigem ao Espiritismo.
Klaus Schwab, após o Fórum Econômico Mundial de 2015, lançou um livro chamado “A quarta revolução industrial”. Como prognóstico para os próximos 10, 20 anos, as profissões que mais crescerão serão aquelas vinculadas à saúde física e mental, destacando-se a psicologia. A abordagem foi materialista, entretanto, trazendo para o campo do espírito, percebe-se que a tendência do mercado é agravar o grau de insalubridade, transformando o ser humano em um ser mais deprimido e com tendências cada vez mais graves ao suicídio, em todas as idades.
Por tudo isso que observamos e que procuramos alertar em nossas diminutas tarefas nas casas espíritas em que somos convidados a servir, que percebemos ser um momento fértil para a união dos corações em prol de uma doutrina que sem dúvida alguma tem papel decisivo na mudança desse cenário caótico em que vivemos, desde que comecemos a aplicar seu conhecimento em nós mesmos. Um convite à simplicidade e união verdadeira cairia bem.
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