.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

VIDA, ESPERANÇA E FÉ, PARA NÃO ESPÍRITAS.

Luiz Carlos Formiga

Seria válido formar um grupo espírita na universidade? Como divulgar na academia?
O Espiritismo ainda é diversamente apreciado, e pouco compreendido em sua essência pelos adeptos, de modo que lhe possam oferecer um laço forte. Este só existirá se lhe compreenderem o objetivo moral e o aplicarem a si mesmos.
A confiança mútua os atrairá, uns para os outros, e surgirá a recíproca benevolência, que reinará entre todos. Uma Sociedade onde sentimentos nobres se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes se reunissem com o propósito de se instruírem será não apenas viável, mas também indissolúvel.
Ainda é grande a dificuldade de reunir um grande número de elementos homogêneos. Assim, no interesse dos estudos e pelo bem da própria causa, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações.
As grandes assembleias excluem a intimidade; exigem sedes especiais e recursos pecuniários e, ainda, um aparelho administrativo. Vinte grupos, de quinze a vinte pessoas, obterão mais e muito mais farão pela divulgação da Doutrina Espírita, do que uma assembleia de trezentos ou de quatrocentos indivíduos. (1)
No Livro Obras Póstumas, a popularização do Espiritismo é recomendada e o Evangelho Segundo o Espiritismo diz que a árvore do Cristianismo deve dar os frutos de vida, de esperança e da fé.
Para essa tarefa, Oliveira (2) sugere a criação de grupos pequenos. Diz ele que “para iniciarmos  um processo  efetivo de mudança, minha sugestão é que cada centro espírita forme pelo menos um grupo de quatro a seis pessoas para elaborar  um projeto sério para divulgar o espiritismo aos não espíritas.”
Justifica o número dizendo que “em seus treinamentos nas empresas costuma dizer: quando você não quiser resolver algo forme um grupo com dez pessoas!".
“Menos de quatro pessoas não é grupo, é trio ou dupla e um grupo com mais de seis sacrifica o diálogo.” Se surgirem quinze pessoas interessadas em abraçar a causa, Alkindar sugere a formação de três grupos de cinco.
Recomenda ainda, que se evite o debate, discussões emocionais e se privilegie o diálogo, onde não existem ganhadores ou perdedores.
Jesus trabalhou com mais de dez pessoas no grupo. No entanto, dispunha de conhecimentos e recursos que nos faltam. Será que Jesus dividiu seus apóstolos em dois grupos de seis?
Jesus constituiu um grupo e a sua unidade se deu em torno de um objetivo comum. Cada individualidade foi estimulada no seu potencial. Apesar de sua grandeza espiritual Ele nunca se colocou superior ao grupo. A liderança é transparente, aberta a questionamentos e só pode existir e manter-se pela constante renovação do seu reconhecimento, por parte dos membros do grupo. (3)
Na universidade recebemos estímulos para o desenvolvimento da inteligência. No entanto, a academia parecer insistir sempre em correr pela mesma trilha, estacionando em determinado degrau.
Os degraus da inteligência correspondem a um só bloco, com uma única origem espiritual. Temos o degrau do domínio cognitivo (QI), o afetivo (QE) e o espiritual (QS), o mais avançado.
Na Inteligência espiritual, as ligações neuronais alcançariam organização mais complexa. Mais aparelhado engloba todos os graus de inteligência, com pensamentos ordenados, participando das criações psicológicas em que a intuição representa a mola mestra do processo.
Há um tipo de organização neural  que permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico (QI - Cognitivo). O QE (inteligência emocional-afetivo) é outro tipo de organização neural que irá permitir o pensamento associativo. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras, QS (espiritual-valorativo). Com essa organização neural é que se formulam e se reformulam tipos anteriores de pensamentos.
Em face da fenomenologia paranormal, onde a mediunidade é de grande expressão, as três variedades – QI, QE e QS – mostrar-se-ão de acordo com os seus diversos graus e alcances. Assim, o fenômeno mediúnico, por fazer parte dos componentes orgânicos, quando ativado alcançará e será envolvido por qualquer tipo de inteligência. Diante de tal fato, compreendemos o teor das mensagens espirituais reveladas no processo mediúnico, com as características de maior ou menor significado, pela condição de filtragem que a organização mediúnica oferece. (4)
A árvore do Cristianismo deve dar os frutos de vida, de esperança e da fé. Aquele que a plantou convida a cuidá-la com amor. Mas, são muitos os chamados e poucos os escolhidos. Isto porque existem os monopolizadores, açambarcadores, do pão da vida, como os há do pão material. A árvore que dá bons frutos deve distribuí-los para todos. O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos. (5)
Inteligência espiritual necessita cultivo, em meio próprio, devendo ser incubada a temperatura ideal, para ter bom crescimento. Ela pode ser estimulada nos grupos na universidade discutindo as muitas evidências, de hoje,  oferecidas pelos neurocientistas, que indicam que a consciência é algo independente do cérebro e que continua mesmo depois da morte. A sua recusa não é uma atitude científica, mas apenas algo do domínio da ideologia. (6)
Parece-nos vantajoso que um grupo em formação examine referências bibliográficas estimuladoras, como o livro Agenda Cristã, do espírito André Luiz. Nele, Emmanuel diz que “legiões de companheiros procuram diretrizes. Eles estimariam receber sugestões diretas, do plano espiritual. Entretanto, individuo algum fugirá à experiência, cuja função é ensinar e melhorar sempre. O homem renovado para o bem é a garantia da felicidade humana. Eis por que, antes de tudo, é imprescindível o engrandecimento do ser, diante da vida e do Universo. Fujamos, assim, aos velhos propósitos de conseguir veludoso acesso aos benefícios baratos”.
Apresentando o livro, Emmanuel informa que a obra é pequeno curso de Espiritualidade. Não é um presunçoso ementário de recomendações rigoristas, mas sim, mensagem amiga para companheiros que reclamam diretrizes das entidades espirituais. Nela, se aprende que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio “eu”.
Dele, selecionamos alguns apontamentos, nos quais nos lembraremos dos antigos ensinos do Mestre, em novo acondicionamento verbal.
No campo da semeadura: “sua franqueza contundente receberá frases rudes e sua distinção edificará maneiras corretas naqueles que o seguem. Diariamente, semeamos e colhemos. A vida é também um solo que recebe e produz eternamente.”
Não se engane com as aparências: não inveje aquele que administra, enquanto você obedece. Muitas vezes, o administrador é um torturado. Não murmure contra os jovens menos responsáveis. Ajude-os, quanto estiver ao seu alcance, recordando que você já foi leviano para muita gente. Não seja intolerante em situação alguma.
 Nas experiências difíceis: a beleza física pode provocar tragédias imprevisíveis para a alma, se esta não possui discernimento. Muito destaque é introdução a queda espetacular, se o homem não amadureceu o raciocínio.
Na prevenção: estude sua dor para que não seja revolta. Cultive seu zelo nobre, mas não faça dele uma cartilha escura de violência.
Na libertação: Não se prenda à beleza das formas efêmeras. A flor passa breve. Não acredite no elogio que empresta a você qualidades imaginárias. Vespas cruéis se escondem no cálice do lírio.
Tire conclusões: a vida física é uma escola abençoada. Mas, se você não se aproveitar dela a fim de aprender suficientemente as lições que se destinam ao seu engrandecimento espiritual, em nada lhe valerá o ingresso no aprendizado humano.
O leitor poderá argumentar que André Luiz não apresentou novidade. Deverá lembrar que entre o saber e o fazer existe uma enorme diferença.
Na faculdade o aluno reprovado fica em “dependência”. As mesmas provas de novo!
A reencarnação, ESE. Cap. 4: 25, é uma tarefa, como primeira prova do uso que os espíritos farão de seu livre-arbítrio. Aqueles que cumprem essa tarefa com zelo vencem mais rapidamente e de maneira menos aflitiva esses primeiros degraus da iniciação e colhem mais cedo os frutos de seu trabalho. (7)
A missão do Espiritismo é elevada porque com Ele surge enorme estímulo ao crescimento espiritual do reencarnado. Por isso é para os seus adeptos um grande desafio, embora prazeroso, a busca dos valores éticos e a sua ampla divulgação, principalmente entre aqueles que ainda não são simpáticos à Doutrina dos Espíritos.
O primeiro benefício que o reencarnado adquire é a descoberta do sentido da vida, como aconteceu com Leda Amaral. e Amazonas Hercules. (8)
Os grupos de estudos espíritas das faculdades, que compõem um Núcleo Espírita Universitário, podem ser como o de pesquisas, pequenos, independentes e com diálogo franco e aberto. Enquanto pequenos podem se orientar pela “Ética dos Semelhantes”, mas na assembleia é diferente. A ética que a norteia é a da Tolerância/Amor/Fraternidade. (9)
          Em “Cisco de Francisco” procuramos refletir sobre o melhor modo de colaborar num grupo, para que a estrutura de poder seja coerente com a busca espiritual.
Inicialmente, acreditar que a força de uma organização está na clareza e na nobreza de suas metas; na eficiência dos seus métodos; na intensidade do seu trabalho e na confiança recíproca dos seus membros. Afastar-se do poder coercitivo, que é mecanismo doentio e privilegiar o poder solidário, aquele que se organiza para facilitar a ajuda mútua.
Exercitar a capacidade do trabalho em equipe, procurando se motivar para objetivos e metas do grupo. Libertar-se da ilusão de possuir grande saber, da infalibilidade e do apego aos cargos. Perseverar mantendo foco no objetivo da missão pessoal, lembrando que Jesus lecionou no sentido do atemporal e ilimitado.
Assumir a postura de parceiro, voltado para a formação de novos líderes. Com o tempo, a liderança se torna cada vez mais interior e se refere menos aos procedimentos externos, salvo em certos momentos decisivos.
Lembrar-se que “autoridade” é crédito de competência, oferecido a quem o merece por direito. (10)



Referencias na WEB


1. Livro dos Médiuns, XXIX, itens 334-5.
8. Matérias versando sobre o tema: Suicídio
9. Diferentes, mas, sobretudo, iguais

1 Comentários:

  • Concordo com o articulista quando diz que é necessário formar cada vez mais grupos pequenos de diálogo em torno da Boa Nova, pois como disse o Mestre: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não por Mim.
    Marcos Fonseca

    Por Blogger Marcao, às 4 de fevereiro de 2017 às 17:04  

Postar um comentário

<< Home