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Luiz Carlos Formiga |
Seria
válido formar um grupo espírita na universidade? Como divulgar na academia?
O
Espiritismo ainda é diversamente apreciado, e pouco compreendido em sua
essência pelos adeptos, de modo que lhe possam oferecer um laço forte. Este só existirá
se lhe compreenderem o objetivo moral e o aplicarem a si mesmos.
A
confiança mútua os atrairá, uns para os outros, e surgirá a recíproca
benevolência, que reinará entre todos. Uma Sociedade onde sentimentos nobres se
achassem partilhados por todos, onde os seus componentes se reunissem com o
propósito de se instruírem será não apenas viável, mas também indissolúvel.
Ainda
é grande a dificuldade de reunir um grande número de elementos homogêneos.
Assim, no interesse dos estudos e pelo bem da própria causa, as reuniões
espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à
constituição de grandes aglomerações.
As
grandes assembleias excluem a intimidade; exigem sedes especiais e recursos
pecuniários e, ainda, um aparelho administrativo. Vinte grupos, de quinze a
vinte pessoas, obterão mais e muito mais farão pela divulgação da Doutrina
Espírita, do que uma assembleia de trezentos ou de quatrocentos indivíduos. (1)
No
Livro Obras Póstumas, a
popularização do Espiritismo é recomendada e o Evangelho Segundo o Espiritismo diz que a árvore do Cristianismo deve dar os frutos de
vida, de esperança e da fé.
Para
essa tarefa, Oliveira (2) sugere a criação de grupos pequenos. Diz ele que
“para iniciarmos um processo efetivo de mudança, minha sugestão é
que cada centro espírita forme pelo
menos um grupo de quatro a seis
pessoas para elaborar um projeto sério para divulgar o espiritismo aos
não espíritas.”
Justifica
o número dizendo que “em seus treinamentos nas empresas costuma dizer: quando
você não quiser resolver algo forme um grupo com dez pessoas!".
“Menos
de quatro pessoas não é grupo, é trio ou dupla e um grupo com mais de seis
sacrifica o diálogo.” Se surgirem quinze pessoas interessadas em abraçar a
causa, Alkindar sugere a formação de três grupos de cinco.
Recomenda
ainda, que se evite o debate, discussões emocionais e se privilegie o diálogo,
onde não existem ganhadores ou perdedores.
Jesus trabalhou com mais de dez pessoas no grupo.
No entanto, dispunha de conhecimentos e recursos que nos faltam. Será que Jesus
dividiu seus apóstolos em dois grupos de seis?
Jesus constituiu um grupo e a sua unidade se deu em
torno de um objetivo comum. Cada individualidade foi estimulada no seu
potencial. Apesar de sua grandeza espiritual Ele nunca se colocou superior ao
grupo. A liderança é transparente, aberta a questionamentos e só pode existir e
manter-se pela constante renovação do seu reconhecimento, por parte dos membros
do grupo. (3)
Na
universidade recebemos estímulos para o desenvolvimento da inteligência. No
entanto, a academia parecer insistir sempre em correr pela mesma trilha,
estacionando em determinado degrau.
Os degraus da inteligência correspondem a um só
bloco, com uma única origem espiritual. Temos o degrau do domínio cognitivo
(QI), o afetivo (QE) e o espiritual (QS), o mais avançado.
Na Inteligência espiritual, as ligações neuronais
alcançariam organização mais complexa. Mais aparelhado engloba todos os graus
de inteligência, com pensamentos ordenados, participando das criações
psicológicas em que a intuição representa a mola mestra do processo.
Há um tipo de organização
neural que permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico
(QI - Cognitivo). O QE (inteligência emocional-afetivo) é outro tipo de organização
neural que irá permitir o pensamento associativo. Um terceiro tipo permite o
pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de
regras, QS (espiritual-valorativo). Com essa organização neural é que se
formulam e se reformulam tipos anteriores de pensamentos.
Em face da fenomenologia paranormal, onde a
mediunidade é de grande expressão, as três variedades – QI, QE e QS –
mostrar-se-ão de acordo com os seus diversos graus e alcances. Assim, o
fenômeno mediúnico, por fazer parte dos componentes orgânicos, quando ativado
alcançará e será envolvido por qualquer tipo de inteligência. Diante de tal
fato, compreendemos o teor das mensagens espirituais reveladas no processo
mediúnico, com as características de maior ou menor significado, pela condição
de filtragem que a organização mediúnica oferece. (4)
A
árvore do Cristianismo deve dar os frutos de vida, de esperança e da fé. Aquele
que a plantou convida a cuidá-la com amor. Mas, são muitos os chamados e poucos os escolhidos. Isto porque existem os
monopolizadores, açambarcadores, do pão da vida, como os há do pão material. A
árvore que dá bons frutos deve distribuí-los para todos. O Espiritismo vem multiplicar o número dos chamados, e pela fé que proporciona, multiplicará também o número dos escolhidos. (5)
Inteligência espiritual necessita cultivo, em meio
próprio, devendo ser incubada a temperatura ideal, para ter bom crescimento. Ela
pode ser estimulada nos grupos na universidade discutindo as muitas evidências,
de hoje, oferecidas pelos neurocientistas,
que indicam que a consciência é algo independente do cérebro e que continua
mesmo depois da morte. A sua recusa não é uma atitude científica, mas apenas
algo do domínio da ideologia. (6)
Parece-nos vantajoso que um grupo em formação examine
referências bibliográficas estimuladoras, como o livro Agenda Cristã, do
espírito André Luiz. Nele, Emmanuel
diz que “legiões de companheiros procuram diretrizes. Eles estimariam receber
sugestões diretas, do plano espiritual. Entretanto, individuo algum fugirá à
experiência, cuja função é ensinar e melhorar sempre. O homem renovado para o
bem é a garantia da felicidade humana. Eis por que, antes de tudo, é
imprescindível o engrandecimento do ser, diante da vida e do Universo. Fujamos,
assim, aos velhos propósitos de conseguir veludoso acesso aos benefícios
baratos”.
Apresentando
o livro, Emmanuel informa que a obra é pequeno curso de Espiritualidade. Não é
um presunçoso ementário de recomendações rigoristas, mas sim, mensagem amiga
para companheiros que reclamam diretrizes das entidades espirituais. Nela, se aprende
que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina,
elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio “eu”.
Dele,
selecionamos alguns apontamentos, nos quais nos lembraremos dos antigos ensinos
do Mestre, em novo acondicionamento verbal.
No campo da semeadura: “sua franqueza contundente
receberá frases rudes e sua distinção edificará maneiras corretas naqueles que
o seguem. Diariamente, semeamos e colhemos. A vida é também um solo que recebe
e produz eternamente.”
Não se engane com as aparências: não inveje aquele que administra,
enquanto você obedece. Muitas vezes, o administrador é um torturado. Não
murmure contra os jovens menos responsáveis. Ajude-os, quanto estiver ao seu
alcance, recordando que você já foi leviano para muita gente. Não seja
intolerante em situação alguma.
Nas experiências difíceis: a beleza
física pode provocar tragédias imprevisíveis para a alma, se esta não possui
discernimento. Muito destaque é introdução a queda espetacular, se o homem não
amadureceu o raciocínio.
Na prevenção:
estude sua dor para que não seja revolta. Cultive seu zelo nobre, mas não faça
dele uma cartilha escura de violência.
Na libertação:
Não se prenda à beleza das formas efêmeras. A flor passa breve. Não acredite no
elogio que empresta a você qualidades imaginárias. Vespas cruéis se escondem no
cálice do lírio.
Tire conclusões: a vida física é uma escola abençoada. Mas, se você
não se aproveitar dela a fim de aprender suficientemente as lições que se
destinam ao seu engrandecimento espiritual, em nada lhe valerá o ingresso no
aprendizado humano.
O
leitor poderá argumentar que André Luiz não apresentou novidade. Deverá lembrar
que entre o saber e o fazer existe uma enorme diferença.
Na
faculdade o aluno reprovado fica em “dependência”. As mesmas provas de novo!
A
reencarnação, ESE. Cap. 4: 25, é uma tarefa, como primeira prova do uso que os
espíritos farão de seu livre-arbítrio. Aqueles que cumprem essa tarefa com zelo
vencem mais rapidamente e de maneira menos aflitiva esses primeiros degraus da
iniciação e colhem mais cedo os frutos de seu trabalho. (7)
A missão do Espiritismo é elevada porque com Ele surge enorme estímulo
ao crescimento espiritual do reencarnado. Por isso é para os seus adeptos um
grande desafio, embora prazeroso, a busca dos valores éticos e a sua ampla
divulgação, principalmente entre aqueles que ainda não são simpáticos à
Doutrina dos Espíritos.
O primeiro benefício que o reencarnado adquire é a descoberta do
sentido da vida, como aconteceu com Leda Amaral. e Amazonas Hercules. (8)
Os grupos de estudos espíritas das
faculdades, que compõem um Núcleo Espírita Universitário, podem ser como o de
pesquisas, pequenos, independentes e com diálogo franco e aberto. Enquanto
pequenos podem se orientar pela “Ética dos Semelhantes”, mas na assembleia é diferente. A ética que a norteia é a da
Tolerância/Amor/Fraternidade. (9)
Em “Cisco de Francisco” procuramos refletir sobre o melhor modo de colaborar num grupo, para que a estrutura de poder seja coerente com a busca espiritual.
Inicialmente, acreditar que a força de uma
organização está na clareza e na nobreza de suas metas; na eficiência dos seus
métodos; na intensidade do seu trabalho e na confiança recíproca dos seus membros.
Afastar-se do poder coercitivo, que é mecanismo doentio e privilegiar o poder
solidário, aquele que se organiza para facilitar a ajuda mútua.
Exercitar a capacidade do trabalho em
equipe, procurando se motivar para objetivos e metas do grupo. Libertar-se da
ilusão de possuir grande saber, da infalibilidade e do apego aos cargos.
Perseverar mantendo foco no objetivo da missão pessoal, lembrando que Jesus
lecionou no sentido do atemporal e ilimitado.
Assumir a postura de parceiro, voltado
para a formação de novos líderes. Com o tempo, a liderança se torna cada vez
mais interior e se refere menos aos procedimentos externos, salvo em certos
momentos decisivos.
Lembrar-se que “autoridade” é crédito de
competência, oferecido a quem o merece por direito. (10)
Referencias na WEB
1. Livro dos Médiuns, XXIX, itens 334-5.
8. Matérias versando sobre o tema: Suicídio
9. Diferentes, mas, sobretudo, iguais
1 Comentários:
Concordo com o articulista quando diz que é necessário formar cada vez mais grupos pequenos de diálogo em torno da Boa Nova, pois como disse o Mestre: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não por Mim.
Marcos Fonseca
Por Marcao, às 4 de fevereiro de 2017 às 17:04
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