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Luiz Caros Formiga |
“As pessoas andam tristes. Meus amigos são amigos de ninguém”. (1)
Debruçamo-nos na janela, de Johari, quando queremos ter consciência, de como o outro nos percebe e também lançar luz no processo de dar e receber feedback. Teremos facilitada a sensibilização e poderemos descobrir comportamentos e atitudes que dificultam os nossos relacionamentos interpessoais.
Temos uma área interior propositalmente oculta. O outro não deve conhecê-la. Ocultamos sentimentos, opiniões e percepções, pressionados pelo medo da rejeição. Acresce-se um diretório interior desconhecido ou inexplorado por nós e que podemos adentrar. Chegamos ao mundo das motivações inconscientes. Quem pode acessá-lo, mesmo antes de nós, é o espírito desencarnado nosso protetor e guia (ou adversário).
Emmanuel lembra que ”não convém concentrar em organizações mutáveis do plano carnal todas
as nossas esperanças e aspirações. A ciência não é a mesma que servia ao homem,
nas horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia
no presente. Em vista de semelhante realidade, por que se
apaixonar, com tanta veemência, por criaturas falíveis e programas transitórios?”
Vamos lembrar que a Argentina possui
prêmio Nobel em Química (1970) e dois em Fisiologia/Medicina (1947-84). A
Venezuela também já o conquistou em 1980. E o Brasil?
A maioria de nossas universidades não faz
pesquisa.
Para exercer sua função, a universidade
exige a produção do saber, a negação de um saber passado para a construção do
novo. Surge o binômio indissociável, ensino e pesquisa, movendo o processo de
superação.
A atração pela investigação cientifica
parece ser uma doença congênita. Muitos se candidatam ao laboratório, terminam
o doutorado e fim. Acomodam-se. Talvez porque sentem a perda do poder
aquisitivo, da desvalorização social de sua carreira ou a perda da dignidade do
papel docente. Possuem baixo nível de resistência à frustração.
Por outro lado,
apesar dos entraves institucionais, alguns docentes interiorizam o ethos do
trabalho científico.
O Ethos da ciência é um conjunto de
crenças acerca do próprio papel do cientista. A internalização de valores e
crenças se dá ao longo do processo de socialização. Nos países em
desenvolvimento a socialização para a pesquisa ocorre tardiamente, isto porque
a ciência não é um valor nesta sociedade, o cientista não goza do prestígio
social que lhe é conferido nos países onde o desenvolvimento da pesquisa
científica é parte fundamental do projeto global da sociedade. Muitos poderão
aprender a metrificar ou fazer versos, mas poucos produzirão poesia.
A influência da pesquisa na renovação do
ensino se realiza também pela comunicação dos resultados obtidos, pelo clima de
indagação e efervescência intelectual que a pesquisa deve gerar.
Estamos comendo moscas em outros setores.
Diante das condições que são oferecidas aos atletas no Brasil, todos são
campeões, só pelo fato de competir. O professor universitário,
docente-pesquisador brasileiro, também se depara e compete com “atletas” de outros
países desenvolvidos. Ele sabe que precisa resistir, porque a colonização
intelectual é tão cruel como a econômica. (2)
Sentimos algum desconforto ao ouvir
críticas aos congressos espíritas, sobre a ausência da produção do conhecimento.
São pertinentes. Mas, se examinarmos o contexto social e cultural, desenvolveremos
mais tolerância. Pensar nas críticas da hora é um dever. Não podemos “rejeitá-las”
sem refletir.
Nas pesquisas com espíritos, o objeto é
passivo e se procura apoio na experimentação ou na analogia. Sempre se parte do
fato para se chegar à teoria. O cientista usa a Estatística. O observador deve
ser passivo. Aguardará que o fato ocorra, para observar e analisar a
reincidência dos fenômenos. Temos um pesquisador encarnado, o espírito
desencarnado, agindo e reagindo, racionalmente. Temos ainda o médium e o
espírito que se interpenetram, para o efeito da ação conjunta.
O pesquisador é um dos elementos
essenciais da pesquisa, não haverá condições para a neutralidade axiológica,
como nas “exatas”. A mente do experimentador tem o poder de interferir.
Nas ciências exatas o estado moral não tem
a menor interferência, pois um cientista ético e um canalha poderão chegar às
mesmas conclusões. No estudo dos fenômenos psíquicos isso não ocorre. É
necessário criar um clima adequado, para que funcione a lei de afinidade
psíquica.
Hoje na universidade os maiores problemas
se concentram nos entraves institucionais, na ausência do ethos científico. Na
investigação mediúnica a questão moral é monumental fator limitante. (3) Neste
terceiro milênio isso será superado.
Hoje percebemos como está mais difícil
trabalhar, ser solidário e tolerante. Na Universidade, dominada pela política materialista,
o terreno é difícil de arar e semear. (4) Vamos demorar mais um pouco para compreender
a Ética da Tolerância/Amor/Fraternidade, mesmo entre os espíritas universitários.
Educação é um processo.
Com reuniões na hora do almoço, num Núcleo
Espírita Universitário, obviamente não faremos pesquisa. Mas poderemos
socializar as que estão sendo realizadas. As atividades de pesquisa
desenvolvidas por professores são percebidas por eles como uma prática que pode
ser compreendida como a expressão de um ethos e de visão de mundo,
internalizadas através de símbolos e processos socializadores.
A função reprodutora supõe uma postura
acrítica e de conformidade, enquanto a função produtora do conhecimento lhe
exige uma postura crítica e de liberdade. É preciso reunir um pequeno número de
pessoas com interesse comum para que haja a massa crítica necessária.
Depois de muito tempo de trabalho técnico-especializado
deixei a informação de que o homem, o paciente, é um ser de natureza espiritual.
Isso é importante, pois influenciará a Bioética e o Biodireito. (5) Mas, foi o
máximo que consegui e não sei quando será considerada, pelos meus pares.
Numa universidade dominada pela política
materialista, como poderemos discutir com as pessoas a sua natureza espiritual?
Mesmo depois da morte elas se questionam. “Serei eu, por acaso, um espírito” (6)
Ainda não temos massa crítica na
universidade para a discussão do plano espiritual.
É nesse contexto social e cultural que estamos
realizando congressos espíritas. Ainda não temos as melhores condições, mas podemos
incentivá-las. Aí, o exercício se encontra no capítulo da Ética da
Tolerância/Amor/Fraternidade e arar, semear, deixando nosso “grito de alerta”,
como o Gonzaguinha.
“Veja bem! Nosso caso é uma porta entreaberta. E eu busquei a palavra mais certa. Vê se entende o meu grito de alerta.” “Veja bem! É o amor agitando o meu coração, há um lado carente dizendo que sim e essa vida dá gente gritando que não.”
Podemos estimular o pensamento científico
no movimento espírita.
O horário integral na universidade nos fez
pensar em colaborar com os espíritas alunos, funcionários e professores.
Precisamos lembrar que é através do processo de socialização que valores e
crenças passam a ser entendidas e visualizadas, como referências importantes
para o desenvolvimento da ciência e do saber.
Pensamos na criação de Núcleos Espíritas
Universitários. Em 1992, foi criado o Núcleo Espírita Universitário do
Fundão, situado na Ilha de mesmo nome, local da maioria dos edifícios da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse grupo foi um foco de contaminação
espírita na universidade. Em seguida foi criado virtualmente o NEU-RJ, para o
trabalho em conjunto com o auxílio da Internet.
Em dois anos, foram criados outros
Núcleos. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade
Universitária Augusto Motta (SUAM), Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Rio de
Janeiro (UNI-RIO), Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. (7)
As dificuldades aumentaram
nestes governos recentes, onde a corrupção foi um cupim. Muito daquilo que foi
realizado, aparentemente, está perdido.
No futuro teremos entre nós congressos
onde poderemos receber opinião contrária e usar a “legítima defesa”.
Valho-me, de novo, de uma experiência
vivida num congresso extranacional.
Sobre o nosso
diagnóstico, uma crítica foi lançada.
Entre tantos
pesquisadores, uma única divergência. Ficou um espinho na carne.
De volta ao Brasil,
os experimentos foram ampliados e a certeza confirmada.
Anos depois, o
espinho extraído rendeu dividendos no exterior (8)
O comportamento da sociedade brasileira, de
desvalorização da pesquisa científica na produção do conhecimento, pode
explicar ausências e deficiências entre nós?
Para valorizar a crítica, uma transversalidade.
Na ausência da diversidade a menina mofou.
(9)
Referencias na WEB
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