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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A FACE OCULTA OU INEXPLORADA.



Luiz Caros Formiga


“As pessoas andam tristes. Meus amigos são amigos de ninguém”. (1)


Debruçamo-nos na janela, de Johari, quando queremos ter consciência, de como o outro nos percebe e também lançar luz no processo de dar e receber feedback. Teremos facilitada a sensibilização e poderemos descobrir comportamentos e atitudes que dificultam os nossos relacionamentos interpessoais.
Temos uma área interior propositalmente oculta. O outro não deve conhecê-la. Ocultamos sentimentos, opiniões e percepções, pressionados pelo medo da rejeição. Acresce-se um diretório interior desconhecido ou inexplorado por nós e que podemos adentrar. Chegamos ao mundo das motivações inconscientes. Quem pode acessá-lo, mesmo antes de nós, é o espírito desencarnado nosso protetor e guia (ou adversário).
Emmanuel lembra que ”não convém concentrar em organizações mutáveis do plano carnal todas as nossas esperanças e aspirações. A ciência não é a mesma que servia ao homem, nas horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia no presente. Em vista de semelhante realidade, por que se apaixonar, com tanta veemência, por criaturas falíveis e programas transitórios?”
Vamos lembrar que a Argentina possui prêmio Nobel em Química (1970) e dois em Fisiologia/Medicina (1947-84). A Venezuela também já o conquistou em 1980. E o Brasil?
A maioria de nossas universidades não faz pesquisa.
Para exercer sua função, a universidade exige a produção do saber, a negação de um saber passado para a construção do novo. Surge o binômio indissociável, ensino e pesquisa, movendo o processo de superação.
A atração pela investigação cientifica parece ser uma doença congênita. Muitos se candidatam ao laboratório, terminam o doutorado e fim. Acomodam-se. Talvez porque sentem a perda do poder aquisitivo, da desvalorização social de sua carreira ou a perda da dignidade do papel docente. Possuem baixo nível de resistência à frustração.
Por outro lado, apesar dos entraves institucionais, alguns docentes interiorizam o ethos do trabalho científico.
O Ethos da ciência é um conjunto de crenças acerca do próprio papel do cientista. A internalização de valores e crenças se dá ao longo do processo de socialização. Nos países em desenvolvimento a socialização para a pesquisa ocorre tardiamente, isto porque a ciência não é um valor nesta sociedade, o cientista não goza do prestígio social que lhe é conferido nos países onde o desenvolvimento da pesquisa científica é parte fundamental do projeto global da sociedade. Muitos poderão aprender a metrificar ou fazer versos, mas poucos produzirão poesia.
A influência da pesquisa na renovação do ensino se realiza também pela comunicação dos resultados obtidos, pelo clima de indagação e efervescência intelectual que a pesquisa deve gerar.
Estamos comendo moscas em outros setores. Diante das condições que são oferecidas aos atletas no Brasil, todos são campeões, só pelo fato de competir. O professor universitário, docente-pesquisador brasileiro, também se depara e compete com “atletas” de outros países desenvolvidos. Ele sabe que precisa resistir, porque a colonização intelectual é tão cruel como a econômica. (2)
Sentimos algum desconforto ao ouvir críticas aos congressos espíritas, sobre a ausência da produção do conhecimento. São pertinentes. Mas, se examinarmos o contexto social e cultural, desenvolveremos mais tolerância. Pensar nas críticas da hora é um dever. Não podemos “rejeitá-las” sem refletir.
Nas pesquisas com espíritos, o objeto é passivo e se procura apoio na experimentação ou na analogia. Sempre se parte do fato para se chegar à teoria. O cientista usa a Estatística. O observador deve ser passivo. Aguardará que o fato ocorra, para observar e analisar a reincidência dos fenômenos. Temos um pesquisador encarnado, o espírito desencarnado, agindo e reagindo, racionalmente. Temos ainda o médium e o espírito que se interpenetram, para o efeito da ação conjunta.
O pesquisador é um dos elementos essenciais da pesquisa, não haverá condições para a neutralidade axiológica, como nas “exatas”. A mente do experimentador tem o poder de interferir.
Nas ciências exatas o estado moral não tem a menor interferência, pois um cientista ético e um canalha poderão chegar às mesmas conclusões. No estudo dos fenômenos psíquicos isso não ocorre. É necessário criar um clima adequado, para que funcione a lei de afinidade psíquica.
Hoje na universidade os maiores problemas se concentram nos entraves institucionais, na ausência do ethos científico. Na investigação mediúnica a questão moral é monumental fator limitante. (3) Neste terceiro milênio isso será superado.
Hoje percebemos como está mais difícil trabalhar, ser solidário e tolerante. Na Universidade, dominada pela política materialista, o terreno é difícil de arar e semear. (4) Vamos demorar mais um pouco para compreender a Ética da Tolerância/Amor/Fraternidade, mesmo entre os espíritas universitários. Educação é um processo.
Com reuniões na hora do almoço, num Núcleo Espírita Universitário, obviamente não faremos pesquisa. Mas poderemos socializar as que estão sendo realizadas. As atividades de pesquisa desenvolvidas por professores são percebidas por eles como uma prática que pode ser compreendida como a expressão de um ethos e de visão de mundo, internalizadas através de símbolos e processos socializadores.
A função reprodutora supõe uma postura acrítica e de conformidade, enquanto a função produtora do conhecimento lhe exige uma postura crítica e de liberdade. É preciso reunir um pequeno número de pessoas com interesse comum para que haja a massa crítica necessária.
Depois de muito tempo de trabalho técnico-especializado deixei a informação de que o homem, o paciente, é um ser de natureza espiritual. Isso é importante, pois influenciará a Bioética e o Biodireito. (5) Mas, foi o máximo que consegui e não sei quando será considerada, pelos meus pares.
Numa universidade dominada pela política materialista, como poderemos discutir com as pessoas a sua natureza espiritual? Mesmo depois da morte elas se questionam. “Serei eu, por acaso, um espírito” (6)
Ainda não temos massa crítica na universidade para a discussão do plano espiritual.
É nesse contexto social e cultural que estamos realizando congressos espíritas. Ainda não temos as melhores condições, mas podemos incentivá-las. Aí, o exercício se encontra no capítulo da Ética da Tolerância/Amor/Fraternidade e arar, semear, deixando nosso “grito de alerta”, como o Gonzaguinha.
“Veja bem! Nosso caso é uma porta entreaberta. E eu busquei a palavra mais certa. Vê se entende o meu grito de alerta.” “Veja bem! É o amor agitando o meu coração, há um lado carente dizendo que sim e essa vida dá gente gritando que não.”
Podemos estimular o pensamento científico no movimento espírita.
O horário integral na universidade nos fez pensar em colaborar com os espíritas alunos, funcionários e professores. Precisamos lembrar que é através do processo de socialização que valores e crenças passam a ser entendidas e visualizadas, como referências importantes para o desenvolvimento da ciência e do saber.
Pensamos na criação de Núcleos Espíritas Universitários. Em 1992, foi criado o Núcleo Espírita Universitário do Fundão, situado na Ilha de mesmo nome, local da maioria dos edifícios da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esse grupo foi um foco de contaminação espírita na universidade. Em seguida foi criado virtualmente o NEU-RJ, para o trabalho em conjunto com o auxílio da Internet.
Em dois anos, foram criados outros Núcleos. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade do Rio de Janeiro (UNI-RIO), Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais. (7)
As dificuldades aumentaram nestes governos recentes, onde a corrupção foi um cupim. Muito daquilo que foi realizado, aparentemente, está perdido.
No futuro teremos entre nós congressos onde poderemos receber opinião contrária e usar a “legítima defesa”.
Valho-me, de novo, de uma experiência vivida num congresso extranacional.
Sobre o nosso diagnóstico, uma crítica foi lançada.
Entre tantos pesquisadores, uma única divergência. Ficou um espinho na carne.
De volta ao Brasil, os experimentos foram ampliados e a certeza confirmada.
Anos depois, o espinho extraído rendeu dividendos no exterior (8)
O comportamento da sociedade brasileira, de desvalorização da pesquisa científica na produção do conhecimento, pode explicar ausências e deficiências entre nós?
Para valorizar a crítica, uma transversalidade.
Na ausência da diversidade a menina mofou. (9)

Referencias na WEB

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