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Leonardo Paixão (*) |
"E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem toda enfermidade e todo mal" - Lucas, 10:1.
Analisando o termo grego para a expressão "espíritos imundos" da referida citação do versículo evangélico, temos que, em grego, a expressão é akhatarton (espírito não purificado), o que implica na ideia de que os espíritos podem se purificar, assim como a expressão "espíritos imundos" leva-nos a pensar que é possível a estes espíritos se tornarem limpos, o que está conforme a explicação espírita que coloca a respeito da igualdade da Lei de Evolução, de Ação e Reação, de Causa e Efeito para todos os seres da Criação, guardando, óbvio, as dimensões em cada caso.
Conforme esclarecem os Benfeitores da Vida Maior, os Espíritos - almas de homens e mulheres que deixaram a Terra -, a depender de sua condição evolutiva nos influenciam a ações nobres ou nos exacerbam desejos e hábitos viciosos.
"Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio" (KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XIV - Obsessões e Possessões, item 46. 3. edição. Federação Espírita Brasileira: Rio de Janeiro. p. 305).
Vê-se assim que, estando o obsidiado sem ter a sua capacidade de raciocínio alterada pela influência nefasta nele exercida, ele, com o poder da vontade, do querer verdadeiro, estará livre desta influência. É o alcoólatra que se trata e não mais toma a primeira dose; é o maledicente que não mais usa a língua para relatar as faltas alheias; é o sexólatra que se torna continente; é o agressivo que aprende a dialogar; é o apático que passa a se movimentar; é o fumante que não mais dá o primeiro trago; enfim, são várias as situações e também várias em uma só pessoa em que com força de vontade é plenamente possível vencer esta ou aquela má-tendência. A terapêutica espírita é excelente auxílio e nestes casos indica o seguinte:
- Oração;
- Atendimento Fraterno (onde o obsidiado exporá suas dores, dificuldades, etc, e onde receberá as orientações adequadas);
- Assistência às palestras evangélico-doutrinárias;
- Culto do Evangelho no Lar, realizando assim a higienização psíquica de sua casa;
- Tratamento fluídico - recebimento de passes e tomar água fluidificada;
- realizar a reforma íntima; mudar de atitudes por consequência óbvia da mudança de pensamentos.
Nos casos de subjugação e de possessão, onde já não mais tem o obsidiado o seu raciocínio, logo perdendo assim a vontade e o livre-arbítrio, dois os recursos que nos orienta Allan Kardec:
"Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraça-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido com o auxílio de um fluido melhor" (Idem, ibidem).
Neste caso, o tratamento fluídico em reuniões especializadas é essencial. As Casas Espíritas, em sua maioria, oferecem este tipo de tratamento seja presencial ou à distância com pessoal especializado. No entanto, adverte Kardec:
"Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o amigo ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito seja louvado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desperte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito" (Idem, ibidem).
* Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, RJ, colaborando com amigos de Ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz.
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