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Jorge Hessen |
Jorge
Hessen
Brasília.DF
Existem muitos
“confrades” que, declarada ou veladamente homofóbicos, são intolerantes a
homossexualidade e/ou
qualquer sentimento/relacionamento homoafetivo. Obviamente, para um povo
místico, preconceituoso e homofóbico que até hoje vê com esguelha um casal
inter-racial, não seria diferente com a união estável entre homossexuais.
Tragicamente
há “confrades” discriminadores, para os quais a homossexualidade é a maldição
de Deus. Anunciam essas vertentes (sempre generalizando) como se impuras
fossem. Não ignoro que não será de uma hora para outra que esses preconceitos e
aversões serão extirpados do imaginário individual e coletivo.
Vários
jovens foram banidos de seus lares e até assassinados pelos próprios pais, tão
somente porque eles são
homossexuais. Infelizmente as concepções e crenças desses progenitores
consideram a homossexualidade abjeta ou impura; creem que não conseguem
conviver, amar e perdoar o próprio filho.
O
“confrade” homofóbico, discriminador, racista etc. é aquele que ainda não
aprendeu a lidar com as próprias frustrações em relação a si mesmo. Ele
luta cegamente para manter suas ideias deturpadas, porque entende que jaz
“doutrinariamente” puro num mundo “pecaminoso” que já se perdeu. Por
isso, quando o “confrade” preconceituoso se une a outro “confrade”
discriminador, habitualmente eles se tornam impetuosos em defender as suas
ideias porque, sem a lógica KARDEQUIANA, é a agressão que prevalece para IMPOR
uma “verdade” unilateralmente.
Tais
“confrades” com vieses homofóbicos altercam a questão da distorção sexual no
corpo físico pela fonte espiritual deturpada. Invariavelmente sob argumentos
reducionistas afirmam que os núcleos em potenciação sexual mesclada e desarmônica, traduzido na
morfogênese humana, a transmutação sexual redunda numa extensa patologia, em que a homossexualidade
ocupa lugar de destaque.
Os enviesados
pela homofobia asseguram que os casos patológicos acima citados jamais deverão
ser confundidos com “almas femininas” em corpos masculinos ou corpos femininos
com “almas masculinas”. Nas suas impetuosidades afirmam que a homossexualidade
é caso típico de desvio patológico quando os indivíduos procuram atender às
solicitações sexuais com o parceiro do mesmo sexo, em atitudes ativas ou
passivas.
Creem que na
homossexualidade há a prática sexual deformada com todas as sequelas doentias
para o psiquismo, que resvalam para os desvios psicológicos do intersexualismo
e transexualismo que podem oferecer campo propício para deságues patológicos na
organização sexual periférica, com absorção das desarmonias para a estrutura da
alma ou inconsciente.
Sob o guante do viés homofóbico,
“confrades” chegam ao ápice ao ressaltarem que na “grande lei dos desvios
sexuais” há as perversões do sadismo, masoquismo, exibicionismo e violências de
toda ordem. Nesse grupo, a
grande percentagem está na homossexualidade, condição de extenso campo de
avaliação psicológica.
Para tais “confrades” homofóbicos a
personalidade homossexual, em grande número de casos, tem mostrado, ao lado da amabilidade, incontida
egolatria, algumas vezes acompanhando posições narcisistas, contribuindo com
certo grau de hostilidade para ambos os sexos. São pessoas mais tendentes à ansiedade e a outros sintomas
neuróticos, tais como fobias e depressões. Quase sempre são portadoras de esquemas
mentais complicados, tornando-se prolixos e enfadonhos no diálogo.
Certa vez um “confrade” me disse com
todas as letras: “temos o caso do Chico – clássica inversão [sexual] a serviço
do bem”. Mas sempre generalizando com a “autoridade heterossexual”, entende que os homossexuais não
estão satisfeitos com a situação de inversão - são em sua maioria revoltados ou
insatisfeitos – isso por si só denota a situação expiatória imposta.
Para
Emmanuel, na obra Vida e Sexo, a homossexualidade não encontra explicação
fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto em bases
materialistas, mas é perfeitamente compreensível à luz da reencarnação.
Observada a
ocorrência, mais com os preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela
maioria heterossexual do que com as verdades simples da vida, a
homossexualidade vai crescendo de intensidade e de extensão com o próprio
desenvolvimento da Humanidade, e o mundo vê, na atualidade, em todos os países,
extensas comunidades de irmãos em experiência dessa espécie, somando milhões de
homens e mulheres, solicitando atenção e respeito, em pé de igualdade ao
respeito e à atenção devidos às criaturas heterossexuais.
A
coletividade humana aprenderá, gradativamente, a compreender que os conceitos
de normalidade e de anormalidade deixam a desejar quando se trate simplesmente
de sinais morfológicos.
[1]
·
Podemos compreender a
homossexualidade nas três situações seguintes:
Processo de
transição, isto é,
quando o Espirito está em trânsito evolutivo, da experiência feminina para a
masculina ou vice-versa, ao reencarnar demonstrará inevitavelmente os traços
femininos ou masculino em que terá estagiado por muitos séculos, em que pese ao
corpo de formação masculina ou feminina da atual reencarnação.
Processo de regeneração (punitivo),
isto é, quando o Espírito reencarna no corpo feminino ou masculino com
obrigações expiatórias, em face dos desvios das faculdades sexuais de vidas
passadas (homem que abusou sexualmente da mulher e mulher que abusou
sexualmente do homem), por isso é induzido a reencarnar em corpo
morfologicamente contrário ao psiquismo (homem renasce em corpo de mulher e
mulher renasce em corpo de homem), aprendendo, em regime de prisão e inversão,
a reajustar os próprios sentimentos. [2]
Processo de elevação,
isto é, quando os Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas
específicas na elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na
elevação de si próprios, reencarnam em vestimenta carnal oposta à estrutura
psicológica pela qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver
temporariamente ocultos no corpo físico inverso ao psicológico, com o que se
garantem contra arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a
perseverarem, sem maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam. [3]
Em suma, sugerimos aos “confrades”
homofóbicos e discriminadores o seguinte: diante dos homossexuais é forçoso dar-lhes o amparo afetivo e educativo
adequado, tanto quanto se administra educação à maioria heterossexual. E para
que isso se verifique em linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de
hoje para mais alto entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à
frente da vida eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência,
nos domínios do sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de
Justiça e Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e
da vida se especificam na intimidade da consciência de cada um. [4]
Outro
“confrade” assegurou-me através do seu próprio véis homofóbico que “Emmanuel”
aconselha o celibato para os homossexuais. Ora, em verdade eu não sei (e
ninguém sabe) o que vai na intimidade de alguém que opta pela relação
homossexual. A minha natureza psicológica particularmente heterossexual não me
permite invadir a privacidade homossexual de ninguém. Em face disso, quem sou
eu para ajuizar o que é certo ou errado no mundo homoafetivo, considerando o
relacionamento homossexual. Não consigo compreender os “confrades” que
interpretam a intimidade sexual dos outros como supostamente pura ou impura,
sublimada ou animalizada, equilibrada ou destrambelhada!!!
Afinal, quem
tem autoridade para ajuizar a consciência do próximo? NINGUÉM!
Absolutamente NINGUÉM.
Se
há “confrades” que entendem que podem julgar o próximo, “que atirem a primeira pedra!”[5
Referência
bibliográfica:
[1] XAVIER, Francisco Cândido. Vida e sexo,
ditado pelo Espirito Emmanuel, cap. 21, RJ: Ed. FEB. 1977
[2] idem
[3] idem
[4] idem
[5] João 8:1-11
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