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sábado, 6 de junho de 2015

VELÓRIOS, ENTERROS E UMBRAL



Luiz Carlos Formiga

No mundo da imaturidade emocional a morte não possui prestígio. No entanto, a experiência da morte pode conduzir a pessoa a se perceber único, impulsionando a própria transformação. A pessoa enquanto angustiada, se singulariza, uma vez que, diante da morte, só ela pode ser o que ela é. Aconteceu com os apóstolos, angustiados na crucificação. Lembra o que aconteceu com Pedro?
 No velório do meu pai, seu neto, meu filho fez a prece. Sua namorada ficou encantada e depois, contaminada por sua filosofia de vida, casou com ele.
Espíritas, pensamos no estilo de vida depois da morte. Encontramos, com frequência, a preocupação com o estagio obrigatório no Umbral, como o acadêmico das ciências biomédicas no hospital, tendo que passar pelo laboratório, para aprender a examinar fezes amolecidas e de cheiro forte. Que coisa desagradável!
 No laboratório, podemos extrair lições diversas, como quando partícipes de um velório. Na realidade nunca nos sentimos preparados para analisar os diversos tipos de diarreia, morte ou enterros.
Quando pensamos na própria sorte, morte, achamos que estamos despreparados para a reflexão. Mesmo com a aparência de "notório saber espírita e reputação ilibada", na hora do próprio julgamento, no "Supremo Tribunal da Consciência", como "juízes parciais", tendemos a sentenciar em causa própria, emergindo o mecanismo "advogado” de defesa, do ego.
O espírita em geral não teme a morte, mas morre de medo só em pensar no que vem depois dela.
O que acontece depois da morte?
São muitas as respostas, mas há decepção quando somos suicidas.
Quem ainda não pensou na possibilidade da alma ser imortal deve fazer leitura adicional. (1)
Velórios, enterros, podem apresentar ocorrências inusitadas.
Eu, por exemplo, gostaria de ir ao “meu enterro”.  Alguns já foram vistos, por médiuns videntes, acompanhando o corpo até o cimento que sela a sepultura. Na cremação não deve ser muito diferente.
Depois do assassinato consumado de Jesus Tomé ficou atrapalhado.
- Então, no oitavo dia, portas  e janelas fechadas, Jesus novamente apareceu no meio deles e sua voz ecoou: “A paz seja convosco!”
Tomé vê Jesus se aproximar e dizer:  “Vem, Tomé, introduz aqui o teu dedo e vê as minhas mãos. Põe a mão do meu lado e não sejas incrédulo, mas crê”.
Tomé cai de joelhos e clama com todas as suas forças: “Meu Senhor!”
 Jesus o sustenta e, para finalizar o ensinamento, lhe diz: “Porque me viste, creste. Felizes os que não viram e creram.” A imortalidade da alma foi aula prática de laboratório, inesquecível. (2)
Diante da moribunda economia brasileira, ser “profissional do cabelo” pode ser excelente negócio. As crises financeiras parecem não abalar esses empreendedores, o setor vem apresentando crescimento constante. Não, não estou fugindo do assunto!
No cemitério, veja inusitada atuação profissional na divulgação do seu ofício.
O Jornalista S. Nery relatou que no enterro do professor Lineu de Albuquerque, diretor da Faculdade Nacional de Direito, no cemitério São João Batista, RJ.RJ., falou o reitor da Universidade do Brasil, Pedro Calmon. No final um desconhecido fez discurso de arrepiar coveiro. (3)
Acabou assim: – “Peço desculpas, pois os senhores não me conhecem. Eu era o barbeiro do professor Albuquerque.”
Na saída, cada um dos presentes recebia o cartão de um desconhecido, cara modesta, voz tremula. Era o barbeiro-orador.
Num outro enterro, o do poeta Augusto Frederico Schmidt, onde falou Manoel Bandeira, da Academia Brasileira de Letras e também Francisco Parente, jornalista e poeta, ouviu-se o arrepiante discurso. Era o mesmo profissional do cabelo e barba.
Nery escreveu usando o título: “O cabeleireiro de Dilma”. Fernando Gabeira fala de outro enterro: “quando um governo nasce morto é duro aceitar a lei que nos determina um velório de quatro anos.” (4)
Espíritas, somos contra a pena de morte. Contra a eutanásia, estamos conscientes de que mesmo nos últimos momentos, pertinho da morte, a pessoa, o espírito, ainda está vivendo. Hoje somos “obrigados” a acompanhar as experiências que oferecem "evidências científicas sugestivas" da imortalidade da alma e da reencarnação, para não sermos colocados no grupo dos indigentes culturais.
Próximo ao assassinato consumado, durante a crucificação, Jesus ainda intermediou a cura da filha cega e surda de Simão de Cirene.
Em “Traço de Cirineu”, (5) poesia de Maria Dolores, pelas mão de Francisco Cândido Xavier,  encontramos o relato. Um pequeno trecho.

O cortejo prossegue... O Cristo, passo em passo,
Por um momento só, exânime, fraqueja:
Ajoelha-se e cai vencido de cansaço.
O povo exige a marcha, excede-se, pragueja...
Nisso, um campônio vem da gleba com que lida.
É Simão de Cirene, homem simples e forte,
Um meirinho lhe pede apoio na subida,
Deve prestar auxílio ao condenado à morte...
-“Como, senhor? Não posso!...”_ exclama o interpelado,
“Tenho pressa!...” No entanto, o funcionário insano
Grita-lhe em rosto; “- Cão, obedece ao chamado!”
E mostra-lhe o rebenque a gesto desumano...
Calado, o lavrador atende e silencia,
Toma parte da cruz sobre o ombro robusto,
Fita o Mestre cansado, o suor que o cobria...
A turba escala o monte e alcança o topo a custo.
Contemplando Jesus, por fim, deposto o lenho,
Diz-lhe Simão:-“Senhor, achava-me apressado...
a filha cega e muda é o tesouro que eu tenho,
Não queria ferir-te o peito atribulado.
Perdoa, se aleguei a urgência em que me via. (5)

Enfatizo. Já pensou em participar do próprio velório?
Orem por mim, para que eu possa "passar batido", isto é, muito rápido, pelo Umbral. Para relaxar um pouco neste final, vamos pensar, depois de passar pelo dicionário espírita, em como uma artista plástica desenharia a palavra Umbral (6).

Leitura Adicional.
Não estou querendo ser “chato”, afinal só lê aquele que o desejar.









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