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Luiz Carlos Formiga |
No mundo da imaturidade emocional a
morte não possui prestígio. No entanto, a experiência da morte pode conduzir a
pessoa a se perceber único, impulsionando a própria transformação. A pessoa
enquanto angustiada, se singulariza, uma vez que, diante da morte, só ela pode
ser o que ela é. Aconteceu com os apóstolos, angustiados na crucificação.
Lembra o que aconteceu com Pedro?
No velório do meu pai, seu neto, meu filho fez a prece. Sua namorada ficou
encantada e depois, contaminada por sua filosofia de vida, casou com ele.
Espíritas, pensamos
no estilo de vida depois da morte. Encontramos, com frequência, a preocupação
com o estagio obrigatório no Umbral, como o acadêmico das ciências biomédicas no
hospital, tendo que passar pelo laboratório, para aprender a examinar fezes amolecidas
e de cheiro forte. Que coisa desagradável!
No laboratório, podemos extrair lições
diversas, como quando partícipes de um velório. Na realidade nunca nos sentimos
preparados para analisar os diversos tipos de diarreia, morte ou enterros.
Quando
pensamos na própria sorte, morte, achamos que estamos despreparados para a
reflexão. Mesmo com a aparência de "notório saber espírita e reputação
ilibada", na hora do próprio julgamento, no "Supremo Tribunal da
Consciência", como "juízes parciais", tendemos a sentenciar em
causa própria, emergindo o mecanismo "advogado” de defesa, do ego.
O espírita em
geral não teme a morte, mas morre de medo só em pensar no que vem depois dela.
O que
acontece depois da morte?
São muitas as
respostas, mas há decepção quando somos suicidas.
Quem ainda
não pensou na possibilidade da alma ser imortal deve fazer leitura adicional.
(1)
Velórios, enterros,
podem apresentar ocorrências inusitadas.
Eu, por
exemplo, gostaria
de ir ao “meu enterro”. Alguns já foram vistos,
por médiuns videntes, acompanhando o corpo até o cimento que sela a sepultura. Na
cremação não deve ser muito diferente.
Depois do
assassinato consumado de Jesus Tomé ficou atrapalhado.
- Então, no
oitavo dia, portas e janelas fechadas, Jesus novamente apareceu no meio
deles e sua voz ecoou: “A paz seja convosco!”
Tomé vê Jesus
se aproximar e dizer: “Vem, Tomé, introduz aqui o teu dedo e vê as
minhas mãos. Põe a mão do meu lado e não sejas incrédulo, mas crê”.
Tomé cai de
joelhos e clama com todas as suas forças: “Meu Senhor!”
Jesus o
sustenta e, para finalizar o ensinamento, lhe diz: “Porque me viste, creste.
Felizes os que não viram e creram.” A imortalidade da alma foi aula prática de
laboratório, inesquecível. (2)
Diante da
moribunda economia brasileira, ser “profissional do cabelo” pode ser excelente negócio. As crises financeiras
parecem não abalar esses empreendedores, o setor vem apresentando crescimento
constante. Não, não estou fugindo do assunto!
No cemitério,
veja inusitada atuação profissional na divulgação do seu ofício.
O Jornalista S. Nery relatou que no enterro do professor Lineu de Albuquerque, diretor da Faculdade Nacional
de Direito, no cemitério São João Batista, RJ.RJ., falou o reitor da
Universidade do Brasil, Pedro Calmon. No final um desconhecido fez
discurso de arrepiar coveiro. (3)
Acabou
assim: – “Peço desculpas, pois os senhores não me conhecem. Eu era o
barbeiro do professor Albuquerque.”
Na saída, cada
um dos presentes recebia o cartão de um desconhecido, cara modesta, voz tremula.
Era o barbeiro-orador.
Num outro enterro,
o do poeta Augusto Frederico Schmidt, onde falou Manoel Bandeira, da Academia
Brasileira de Letras e também Francisco Parente, jornalista e poeta, ouviu-se o
arrepiante discurso. Era o mesmo profissional do cabelo e barba.
Nery escreveu usando
o título: “O cabeleireiro de Dilma”. Fernando Gabeira fala de outro enterro: “quando
um governo nasce morto é duro aceitar a lei que nos determina um velório de
quatro anos.” (4)
Espíritas,
somos contra a pena de morte. Contra a eutanásia, estamos conscientes de que
mesmo nos últimos momentos, pertinho da morte, a pessoa, o espírito, ainda está
vivendo. Hoje
somos “obrigados” a acompanhar as experiências que oferecem "evidências
científicas sugestivas" da imortalidade da alma e da reencarnação,
para não sermos colocados no grupo dos indigentes culturais.
Próximo
ao assassinato consumado, durante a crucificação, Jesus ainda intermediou a
cura da filha cega e surda de Simão de Cirene.
Em
“Traço de Cirineu”, (5) poesia de Maria Dolores, pelas mão de Francisco Cândido
Xavier, encontramos o relato. Um pequeno
trecho.
O cortejo prossegue... O Cristo, passo em passo,
Por um momento só, exânime, fraqueja:
Ajoelha-se e cai vencido de cansaço.
O povo exige a marcha, excede-se, pragueja...
Nisso, um campônio vem da gleba com que lida.
É Simão de Cirene, homem simples e forte,
Um meirinho lhe pede apoio na subida,
Deve prestar auxílio ao condenado à morte...
-“Como, senhor? Não posso!...”_ exclama o
interpelado,
“Tenho pressa!...” No entanto, o funcionário insano
Grita-lhe em rosto; “- Cão, obedece ao chamado!”
E mostra-lhe o rebenque a gesto desumano...
Calado, o lavrador atende e silencia,
Toma parte da cruz sobre o ombro robusto,
Fita o Mestre cansado, o suor que o cobria...
A turba escala o monte e alcança o topo a custo.
Contemplando Jesus, por fim, deposto o lenho,
Diz-lhe Simão:-“Senhor, achava-me apressado...
a filha cega e muda é o tesouro que eu tenho,
Não queria ferir-te o peito atribulado.
Perdoa, se aleguei a urgência em que me via. (5)
Enfatizo. Já
pensou em participar do próprio velório?
Orem por mim,
para que eu possa "passar batido", isto é, muito rápido, pelo Umbral.
Para relaxar um pouco neste final, vamos pensar, depois de passar pelo
dicionário espírita, em como uma artista plástica desenharia a palavra Umbral
(6).
Não estou querendo ser “chato”,
afinal só lê aquele que o desejar.
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