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terça-feira, 12 de maio de 2015

PEQUENO ESTUDO SOBRE TÉCNICA DA OBSESSÃO

Leonardo Paixão (*) 
“O estudo das propriedades do períspirito, dos fluidos espirituais e dos atributos fisiológicos da alma abre novos horizontes à Ciência e dá a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então, por falta de conhecimento da lei que os rege – fenômenos negados pelo materialismo, por se prenderem à espiritualidade, e qualificados como milagres ou sortilégios por outras crenças. Tais são, entre muitos, os fenômenos da vista dupla, da visão à distância, do sonambulismo natural e artificial, dos efeitos psíquicos da catalepsia e da letargia, da presciência, dos pressentimentos, das aparições, das transfigurações, da transmissão do pensamento, da fascinação, das curas instantâneas, das obsessões e possessões, etc. Demonstrando que esses fenômenos repousam em leis naturais, como os fenômenos elétricos, e em que condições normais se podem reproduzir, o Espiritismo derroca o império do maravilhoso e do sobrenatural e, conseguintemente, a fonte da maior parte das superstições. Se faz creia na possibilidade de certas coisas consideradas por alguns como quiméricas, também impede que se creia em muitas outras, das quais ele demonstra a impossibilidade e a irracionalidade” (KARDEC, Allan. A Gênese. 37.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. Cap. I, item 40, p.33).
Antes de entrarmos em nosso pequeno estudo sobre técnica da obsessão, falaremos um pouco sobre o períspirito, já que este, como coloca Kardec, é a chave deste fenômeno como de vários outros.
O períspirito, corpo desconhecido de muitos que se afiliam ao Espiritismo, em sua essência, é um corpo semi-material, isso aos nossos olhos, pois se recorrermos à questão 22 de O Livro dos Espíritos, os Benfeitores da Humanidade esclarecem que há matéria em estado que desconhecemos. Com os estudos da Física Teórica e da Física Quântica, desenvolvendo a Teoria da Relatividade Geral de Einstein onde E=m.v² - energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado, nos traz o conceito renovador de matéria, em que esta passa a ser energia condensada ou, como coloca André Luiz em “E a Vida Continua...”: “Matéria é luz coagulada”, então, em assim sendo, nos fica fácil compreender que nas dimensões próximas à esfera física, o períspirito (corpo que reveste o Espírito) possua órgãos e se mantenham certas necessidades próprias do que conhecemos por fisiologia humana, como a alimentação, por exemplo e, até necessidade de cirurgias, conforme nos relata Yvonne Pereira:
“No dia da operação realizada em meu períspirito (foi à noite, pela madrugada, ocasião em que o ambiente terreno apresenta menores dificuldades para a ação dos trabalhadores espirituais), aquela mesma entidade espiritual mostrou-me certo detalhe do mesmo, à altura do coração, e disse, podendo eu, dessa vez, reter as palavras:
- Vê! São fibras luminosas, impressionáveis e delicadas ao inconcebível pelo teu pensamento... e por isso algumas foram rompidas pela intensidade da dor moral que te atingiu... advindo, então, o estado de depressão nervosa, incompatível com o sistema de vibrações necessárias à existência. Em tais condições o períspirito não suportará o contato carnal...(...)
- São, verdadeiramente, órgãos? – pois se referiam ao conjunto do períspirito.
- Órgãos, propriamente, como os do corpo físico humano não são nem poderiam ser. Não possuindo vocábulos para nos fazermos compreender melhor, convenhamos em chamar-lhes órgãos. São, porém, a forma semi-material ideal dos mesmos órgãos humanos, como que baterias, acumuladores de vida intensa, poderosas e sensíveis ao mais alto grau que podereis compreender, formas-sede de energias vibratórias incalculavelmente ricas. Essa vida, aí existente, é constituída pelas várias modificações do magnetismo ultrassensível e da eletricidade, cujos poderes totais o homem ainda não pôde abranger, ao passo que o conjunto é protegido pela camada vibratória da matéria mais rarefeita existente no planeta, a qual tudo reveste, modelando a figura humana ideal. Cada uma de tais baterias, ou órgãos, armazena uma força eletromagnética de grau ou sensibilidade diferente, ativando funções do corpo humano: umas dão vida e energia ao cérebro, pólo de maior importância em ambos os aparelhos, períspirito e físico terreno; outras ao coração, mais outras à circulação do sangue, outras mais às funções gástricas, hepáticas, genitais, etc., etc., enquanto que tudo será como que observado, dirigido ou fiscalizado pelo sistema nervoso, cuja sede, como sabeis, é este mesmo corpo. E assim sendo, as mesmas “baterias” trarão como que o desenho dos órgãos que deverão acionar no corpo humano...” (PEREIRA, Yvonne A. Recordações da Mediunidade. 6.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1989. Cap. 4 – Os Arquivos da Alma, pp. 73,74 e 75).
Após estas breves considerações sobre o períspirito, entremos em nosso estudo.
Nos casos de obsessão, o laço mental que atrai o espírito ao obsidiado, é também fortalecido diante da densidade do períspirito do obsidiado, esta densidade reflete a frequência vibratória em que se encontra o encarnado, isso leva à sintonia vibratória e, logo, ao conúbio entre as mentes.
Diz-nos o Espírito Inácio Ferreira:
“Todos estamos ligados uns aos outros por ondas luminosas que, pela atuação magnética, promoverá antipatias e simpatias e escolhas para realizações próprias neste ou naquele setor da atividade humana.
O pensamento, sendo uma força que se propaga pelo éter universal, é o laço que nos prende às nossas realizações, pois que, através dele, havemos de nos imantar a objetivos que se conjugam em harmonia com o desejo de outras mentes, sejam elas encarnadas ou desencarnadas” (PAIXÂO, Leonardo. Sementes de Paz. Espíritos Diversos. 1.ed. Campos dos Goytacazes, RJ, 2013. Lição 25 – Pensamento e Influência, p. 56).
Vejamos também o que nos traz o Espírito Bezerra de Menezes:
“(...) E até obsessões sexuais, quando o atuante invisível, que tanto poderá ser um Espírito denominado “masculino” como um denominado “feminino”, dominar um homem como uma mulher – valendo-se das tendências dos caracteres inclinados aos arrastamentos primitivos, às complexidades do sexo – induzi-la-á a quedas deploráveis perante si mesma, o próximo e a sociedade, tais como o adultério, a prostituição, a desonra irreparável, pelo simples prazer de, através das vibrações materializadas da sua presa, que lhe concede clima vibratório propício, dar livre curso a apetites inferiores dos quais abusou no estado humano e os quais, degradantemente, conserva como desencarnado, em vista da inferioridade de princípios que gostosamente retém consigo, o que lhe estimula a mente, inibindo-a do desejo de progresso e iluminação espiritual. Geralmente exercida tão-só através da telepatia ou da sugestão mental, é bem certo que o obsessor estabelece uma oculta infiltração vibratória perniciosa, sobre o sistema nervoso do obsidiado, contaminando-lhe a mente, o períspirito, os pensamentos, até ao completo domínio das ações. Tais casos se apresentam dificilmente curáveis, não somente por aprazerem as vítimas conservá-los, como por ser ignorada de todos essa mesma infiltração estranha, e mais particularmente porque o tratamento seria antes moral, com a reeducação mental do enfermo através de princípios elevados, que lhe faltaram, não raro, desde a infância”.
E adverte:
Refutará o leitor, lembrando que, assim sendo, ninguém terá responsabilidades nos erros que sob tais influências cometer.
Acrescentaremos que a responsabilidade permanecerá também com o próprio obsidiado, visto que não só não houve a verdadeira alteração mental como também nenhum homem ou mulher será jamais influenciado ou obsidiado por entidades dessa categoria, se a estas não oferecer campo mental propício à penetração do mal, pois a obsessão, de qualquer natureza, nada mais é que duas forças simpáticas que se chocam e se conjugam numa permuta de afinidades” (PEREIRA, Yvonne. Dramas da Obsessão. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. 4. ed. 3. reimpressão. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. P. 28-29 – grifos nossos).
Destes esclarecimentos do Espírito Bezerra de Menezes depreende-se o seguinte:
1 – A contaminação se dá pela impressão de ideias fixas na mente do obsidiado através de imagens mentais;
2 – Pelo períspirito: mantendo o do encarnado em seu mesmo padrão vibratório, para isso, incentivando os pensamentos licenciosos que derivam das imagens mentais, atuando especialmente através do sono, quando o encarnado, desprendido do corpo físico, é atraído para regiões onde dará vazão aos seus apetites sensuais e, em geral, também lhe são impressas palavras a título de senha que, quando acordado, ao ouvi-las ou captar-lhes as imagens (pode ser o nome de alguém ou a imagem de uma pessoa ou um objeto) lhe aflorarão os desejos...
O que aqui colocamos pode explicar atos impensados como os que ocorrem com pessoas diagnosticadas com Transtorno Bipolar (), como gastos excessivos; comportamento sexual promíscuo onde depois vem o sentimento de culpa; envolvimento em projetos onde todos percebem a sua inviabilidade e, depois, a triste consequência da perca de bens, etc., assim como estados de depressão. Falando sobre a pressão psíquica do obsessor que deseja levar o obsidiado ao suicídio diz Bezerra de Menezes:
“(...) eles veem junto a si antes de efetivado o ato, com impressionante segurança, tais se materializados fossem diante de seus olhos corporais, os quadros mentais que o obsessor fornece através da telepatia ou da sugestão: - um receptáculo de veneno ou substância corrosiva; um revólver engatilhado, que misteriosa mão sustém, oferecendo-lho; uma queda de grande altura, onde eles próprios se veem despenhando; um veículo em movimento, sob o qual se deverá arrojar, etc. Sofrem assim, por vezes, durante meses consecutivos, sem ânimo para confidenciarem com amigos, uma agonia moral extenuante e arrasadora, uma angústia deprimente e inconsolável, que lhes agravam os males que já os infelicitavam, angústia que nenhum vocábulo humano será eficiente para bem traduzir. Notemos, todavia, que tratamos tão-somente da obsessão simples, ou seja, da que se não revela ostensivamente, objetivando alteração das faculdades mentais, mas que, sutilmente, ocultamente, através de sugestões lentas, sistemáticas, solapa as forças morais da vítima, tornando-a, por assim dizer, incapaz de reações salvadoras” (Idem, ibidem. p. 34).
Como se vê, a obsessão simples é mais complexa do que parece, conforme já o indicamos em outro artigo (2), por isso, a importância de que os Centros ou Grupos Espíritas voltem a atenção para o processo desobsessivo, advertindo o obsidiado da necessidade de trabalhar pela própria melhoria, “o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor sem recorrer a terceiros” (O evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, item 81 e A Gênese, cp. XIV, item 46).
“Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraça-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio desta ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela” (Idem, ibidem). 
Aproveitamos para alertar sobre o trabalho de desobsessão nos agrupamentos espíritas, por ser trabalho tão necessário ao reajustamento tanto de obsessores quanto de obsidiados e se tomar cuidados com a fantasia que Espíritos zombeteiros têm promovido nesta ou naquela Casa Espírita de que sua “missão” é socorrer os “dragões, falcões, licantropos e demais zooantropias”, sabemos que pela plasticidade do períspirito, os Espíritos podem tomar diversas formas, que se podem atender a Espíritos zooantropizados, no entanto, é preciso se ter em mente que, independente de como se expresse o Espírito em sua roupagem, ele foi um homem ou uma mulher e como tal deve ser tratado. Fazemos esta observação para que se atente até que ponto o lidar constantemente com tais casos não é o se estar sendo distraído par ao não executar do real objetivo de uma reunião mediúnica de desobsessão que é o lograr a recuperação de um encarnado e um desencarnado.
Vigiemos e oremos, pois a transformação moral e os esforços para domar nossas más tendências (3) e a elevação mental pela prece, são os melhores recursos par a desobsessão, por elevar a frequência vibratória, sintonizando assim o ser com os Bons Espíritos.
Campos dos Goytacazes, RJ
11/05/2015
Notas:
(1) – O Transtorno Bipolar (TB) é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos alternando-se com episódios de euforia (também denominados de mania), em diversos graus de intensidade. É uma condição médica freqüente. O TB tipo I, que se caracteriza pela presença de episódios de depressão e de mania, ocorre em cerca de 1% da população geral. Considerando-se os quadros mais brandos do que hoje se denomina “espectro bipolar”, como o Transtorno Bipolar tipo II (caracterizado pela alternância de depressão e episódios mais leves de euforia - hipomania), a prevalência pode chegar a até 8% da população. Assim, estima-se que cerca de 1,8 a 15 milhões de brasileiros sejam portadores do TB, nas suas diferentes formas de apresentação. (Do site da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar http://www.abtb.org.br/transtorno.php - acesso em 12/05/2015).
(3) – O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XVII, item 4.

(*) Leonardo Paixão é trabalhador espírita em Campos dos Goytacazes, colaborando com um grupo de amigos de ideal no Grupo Espírita Semeadores da Paz.

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