LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com
São José dos Campos, São Paulo (Brasil)
Fazendo um
estudo comparativo entre o pensamento de Pietro Ubaldi e a Doutrina Espírita,
podemos identificar várias propostas bem como atitudes que denotam
significativa discordância conceitual e/ou metodológica entre seus respectivos
conteúdos. Vejamos alguns tópicos relacionados a essa discussão:
1)
Pietro Ubaldi até quase 50 anos ainda se
considerava um "bom católico", e só passa a se afastar mais
efetivamente da igreja católica quando o vaticano coloca suas obras “A Grande
Síntese” e “Ascese Mística” no Index
Librorum Prohibitorum. José Amaral (amigo pessoal e conhecido biógrafo de
Pietro Ubaldi, em seu respectivo trabalho biográfico sobre Pietro Ubaldi, o
qual encontra-se inserto como anexo na parte final da obra de Pietro Ubaldi
“Grandes Mensagens”, publicado pela FUNDAPU) afirma que “quando A Grande Síntese foi colocada no Librorum Indice Prohibitorum, pela
Igreja, sua dor foi titânica, porque ele amava aquele livro, revelado por Sua Voz. Tão grande fora seu desânimo
que “decidiria quebrar a pena, renunciar
a escrever, renunciar a compreender e, afinal, renunciar a pensar. Mas não
compreendera que sua vontade não bastava e que não é possível, mesmo que se
queira, sufocar o espírito”. Apesar
de tamanha decepção com a igreja católica, Ubaldi ainda vai se considerar um
“franciscano” por toda a sua vida. Primeiramente, denominava-se católico até
quase 50 anos e depois monista e/ou universalista, apesar de “franciscano”.
Pietro Ubaldi nunca se considerou Espírita.
2)
Ubaldi afirmou ter lido Kardec no ano de 1912
(curiosamente, ele comenta isso em palestra proferida em 1951 para público
predominantemente espírita, destacando somente o caráter reencarnacionista do
Espiritismo, como se esse tópico fosse a única informação que a Doutrina
Espírita nos oferece). Todavia, até 1939, Pietro Ubaldi ainda se considerava um
“bom católico”. Assim, a suposta leitura de Kardec não o tornou espírita, pois
continuou católico praticante (inclusive com confessor) durante várias décadas
(vide texto de José Amaral em “Grandes Mensagens”). Se Ubaldi leu Kardec, leu
de forma superficial, ou, por outro lado, não concordou ou não se impressionou
muito. Assim como acontece com muitos católicos no Brasil, Ubaldi teve acesso
ao conteúdo espírita, passando a acreditar na reencarnação, mas sem qualquer
compromisso com o estudo doutrinário espírita. Ubaldi era, no máximo, um
simpatizante de algumas ideias do Espiritismo, e acreditava ter superado, e
muito, a Obra Kardeciana.
3)
Pietro Ubaldi fez um curioso “voto de pobreza”,
em 1927, quando seu pai desencarna. Em primeiro lugar, poderíamos questionar:
“voto de pobreza” é atitude espírita? Em princípio, não. A Doutrina Espírita
está muito mais sintonizada, nesse sentido, com o pensamento do Apóstolo Paulo:
“Fazendo com as mãos o que for bom, para
ter o que repartir com aquele que passa por necessidades”. Ou seja, os
recursos materiais devem ser empregados para gerar obras e produções efetivas
no campo do bem. É interessante registrar que Ubaldi, que nasceu em “berço de
ouro”, não trabalhou de forma efetiva durante um largo intervalo de tempo
(desde sua formatura em Direito em 1910 até ser nomeado professor de inglês na
Sicília em 1931, o único “trabalho” efetivo que ele teve foi como motorista de
veículos durante a Primeira Guerra Mundial, pois ele nunca assumiu, de fato, a
administração das fazendas e demais propriedades e negócios de sua rica família).
Aliás, Ubaldi não se opôs a um casamento de interesses proposto por seus pais
(vide biografia de Ubaldi por José Amaral, “Grandes Mensagens”; vide também
“Para Entender Ubaldi” J. Damas Martins; Júlio Damasceno), no qual juntaram a
sua fortuna com a fortuna de sua futura esposa (6 fazendas de um e mais 6
fazendas do outro). Em segundo lugar, no seu “voto de pobreza”, Ubaldi “abriu
mão” dos seus direitos à herança paterna em benefício de sua esposa (casaram em
regime de comunhão de bens) e dos seus filhos. Portanto, é pertinente um novo
questionamento: Ubaldi realmente abriu mão de seus bens como ele e seus adeptos
defendem?!
4)
Segundo o biógrafo José Amaral, quando comenta
sobre o quarto pessoal de Pietro Ubaldi, “somente
não havia lugar nesse quarto para livros de outros escritores, não havia nem
mesmo uma prateleira destinada a livros que não fossem os seus e Ubaldi era um
homem culto. Sua grande cultura provinha de outras vidas, da juventude e do
período de maturação interior, espiritual. Agora, para escrever, não precisava
mais de biblioteca, porque sabia ler no grande livro da vida e tinha o universo
em suas mãos, através de sua poderosa intuição”. Em outras palavras, Ubaldi
não lia coisa alguma. Como ele e seus adeptos podem achar que existe algo de científico
em alguém que não lê nada, além de suas próprias obras? E, ademais, se ele
fosse minimamente espírita, não teria que estudar com alguma freqüência as
obras de Kardec e outras obras doutrinárias?! Os médiuns espíritas não são
constantemente convocados ao estudo doutrinário, ao estudo de si mesmo, e ao
estudo de outras obras respeitáveis a respeito do Espiritualismo e do
Espiritismo?! Até médiuns que não se consideram espíritas estudam, o que,
aliás, é muito louvável. Como “ele tinha o universo em suas mãos”, não
precisava estudar?! Trata-se de atitude vaidosa e muito infeliz. Qualquer indivíduo
minimamente esclarecido sabe que temos que estudar a vida toda, em um processo
conhecido atualmente como “educação continuada”. Será que alguém com pretensão
apostólica e revolucionária em termos evolutivos não tinha conhecimento disso?
5)
Ubaldi, em toda a sua obra, considera a vida
física na Crosta um verdadeiro “inferno terrestre”. Tal postura contrasta com a
visão positiva que a Doutrina Espírita apresenta a respeito da Reencarnação e
de suas respectivas lutas evolutivas, as quais consistem em mecanismos da Lei
de Progresso atuando em nosso próprio benefício.
6)
Pietro Ubaldi está sempre enfatizando, em todos
os seus 24 livros, que sua vida física foi um terrível “martírio”, vivendo com
intensa “dor”, em todas as fases de sua longa vida de 85 anos e alguns meses. O
que nós, Espíritas, aprendemos com Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne,
Eurípedes Barsanulfo, Chico Xavier, Yvonne Pereira e tantos outros notáveis
autores espíritas é que devemos amar a vida física, aprendendo a não
hipervalorizar os problemas pessoais, sabendo que muitas vezes outros que estão
à nossa volta sofrem muito mais e não comentam suas próprias lutas e dores
(vale a pena ler o texto “O Bem e o Mal Sofrer”, inserto no Capítulo V –
“Bem-Aventurados os Aflitos”, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”).
Enfrentar a luta da vida física com atitude elevada espiritualmente também
significa lamentar menos, sem hipervalorizar seus próprios problemas,
aprendendo a esquecer nossas próprias dores através do trabalho contínuo de
auxílio aos nossos irmãos. Ubaldi só escreve sobre si mesmo e passa a impressão
de ser o indivíduo mais sofredor do mundo. Tamanho nível de conflito íntimo não
parece ser característica espiritual de grandes missionários do bem, ainda mais
se lembrarmos que Ubaldi achava que era a reencarnação do “Apóstolo Simão
Pedro”. Se lermos a obra de André Luiz, perceberemos que excessiva lamentação é
típica de Espíritos que ainda estão longe de serem considerados mentores
espirituais. O próprio André Luiz é por diversas vezes advertido sobre essa
atitude na sua primeira obra “Nosso Lar”. Para encerrar esse tópico, poderíamos
questionar: Chico Xavier costumava reclamar muito de sua vida material? E a
vida de Chico Xavier foi pouco desafiadora em termos de dificuldades e lutas? Não
é a resposta para as duas questões. O modus
vivendi de Pietro Ubaldi é o oposto daquele característico de Chico Xavier.
Quem estaria em coerência com o Evangelho de Jesus? Nesse contexto, vale
lembrar as recomendações do Apóstolo Paulo: “Regozijai-vos
sempre!”; e “Aprendi a não mais ir
ter convosco em tristeza”. Como nos ensina Divaldo Franco (Palestra e
“Pinga-Fogo” desenvolvido no início de 1990 no Centro Espírita Meimei, no ABC
paulista intitulado “A Casa Espírita”) “eu
não posso crer no dia e na noite na mesma situação, no mesmo momento e no mesmo
local. Como eu creio em Kardec, o outro deve estar errado. Porque eu creio em
Kardec por opção pessoal...”.
7) Além de se achar a
reencarnação do “Apóstolo Pedro”, Pietro Ubaldi e seus discípulos consideram
que a obra de Ubaldi veio diretamente de Cristo e que sua missão é a maior da
história humanidade desde Francisco de Assis. Entretanto, o conteúdo das
mensagens de “Sua Voz” (supostamente Jesus de Nazaré) é muito fraco, vaidoso e
repetitivo, sendo inadmissível considerar Jesus ou qualquer Espírito da
“Falange do Espírito da Verdade” seu autor. Erasto na mensagem “Caracteres do
Verdadeiro Profeta”, inserta em “Instruções dos Espíritos” (Capítulo 21 –
“Falsos Cristos e Falsos Profetas” de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”)
ensina-nos:
Outra
consideração a fazer é a de que a maior parte dos verdadeiros missionários de
Deus ignoram que o sejam. Realizam aquilo para que foram chamados, graças
ao poder de seu próprio gênio, secundados pelo poder oculto que os inspira e os
dirige, à sua revelia, e sem que o tivessem premeditado. Numa palavra: os
verdadeiros profetas se revelam pelos seus atos e são descobertos pelos outros,
enquanto os falsos profetas se apresentam por si mesmos como enviados de Deus.
Os primeiros são humildes e modestos; os segundos, orgulhosos e cheios de si,
falam com arrogância, e como todos os mentirosos, parecem sempre receosos de
não serem aceitos. Já se viram desses impostores apresentarem-se como apóstolos
do Cristo, outros como o próprio Cristo, e, para vergonha da humanidade,
encontraram pessoas bastante crédulas para aceitarem as suas imposturas. Uma
observação bem simples, entretanto, bastaria para abrir os olhos aos mais
cegos: se o Cristo reencarnasse na Terra, o faria com todo o seu poder e todas
as virtudes, a menos que se admita, o que seria absurdo, que ele houvesse
degenerado. Ora, da mesma maneira que se tirarmos a Deus um dos seus atributos,
já não teremos Deus, se tirarmos uma só das virtudes do Cristo, não mais o
teremos.
Esses que se
apresentam como o Cristo revelam todas as suas virtudes? Eis a questão.
Observai-os, sondai-lhes os pensamentos e os atos, e verificareis que lhes
faltam sobretudo as qualidades distintivas do Cristo: a humildade e a caridade,
enquanto lhes sobram as que ele não tinha: a cupidez e o orgulho. Notai ainda
que neste momento existem, em diversos países, muitos pretensos cristos, como
há também numerosos e pretensos Elias, supostos São João ou São Pedro, e que
necessariamente não podem ser todos verdadeiros. Podeis estar certos de que aos
exploradores da credulidade, que acham cômodo viver às expensas daqueles que
lhes dão ouvidos”.
8)
Também inserta em “Instruções dos Espíritos”
(Capítulo 21 – “Falsos Cristos e Falsos Profetas” de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”)
em outra mensagem denominada “Os Falsos Profetas da Erraticidade”, Erasto
esclarece-nos: “Os Espíritos da ordem a que eles dizem pertencer,
devem ser não somente muito bons, mas também eminentemente racionais. Pois bem:
passai os seus sistemas pelo crivo da razão e do bom-senso, e vereis o que
restará. Então concordareis comigo em que, sempre que um Espírito indicar, como
remédio para os males da Humanidade, ou como meios de realizar a sua
transformação, medidas utópicas e impraticáveis, pueris e ridículas, ou quando
formula um sistema contraditado pelas mais corriqueiras noções científicas, só
pode ser um Espírito ignorante e mentiroso” (Erasto, Discípulo de Paulo, 1862).
O próprio Codificador do Espiritismo Allan Kardec elaborou um capítulo em “O
Livro dos Médiuns” para comentar sobre mensagens que ele recebera e que eram
indignas de serem da autoria dos supostos mentores espirituais que as
assinaram, alertando-nos quanto aos perigos da mediunidade. Kardec ensina-nos a
avaliar rigorosamente o conteúdo das mensagens de origem mediúnica, hábito não
cultivado por Ubaldi.
9)
Pietro Ubaldi é médium de um Espírito só. Ele só
recebeu mensagens de “Sua Voz” durante toda a sua vida. Isso é muito estranho. Também
no capítulo 21 “Falsos Cristos e Falsos Profetas” de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, entre outros, que essa é uma característica de médiuns que estão
assessorados por Espíritos mistificadores. Se avaliarmos os principais médiuns
do Movimento Espírita, tais como Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Yvonne
do Amaral Pereira, entre outros, identificaremos grande número de Espíritos
comunicantes e com obras com características e propostas bem distintas. Aliás,
mesmo médiuns com tarefas de menor projeção costumam receber diferentes
Espíritos. Ubaldi não apenas recebe comunicações de um único Espírito, como
esse Espírito seria o próprio Jesus. Tal situação pode sugerir fascinação,
segundo a Doutrina Espírita. Divaldo Franco e Júlio César Grandi Ribeiro
comentam sobre a intensa atuação de Chico Xavier em reuniões de desobsessão,
recebendo mensagens psicofônicas de Mentores Espirituais no início e/ou no fim
das reuniões e de grande número de Espíritos obsessores durante o transcurso das
reuniões de intecâmbio com Espíritos sofredores.
10)
O próprio encontro entre Pietro Ubaldi e Chico
Xavier, em 1951, demonstra que Pietro Ubaldi é médium de somente um Espírito:
“Sua Voz”. Na presença de Chico Xavier, no Centro Espírita Luiz Gonzaga, em
Pedro Leopoldo-MG, Ubaldi recebe mensagem psicográfica de “Sua Voz”. Enquanto
isso, Chico Xavier recebe mensagens psicográficas de Francisco de Assis e de
Emmanuel e mensagens através de sua vidência e audiência de grande número de
Espíritos familiares de Pietro Ubaldi que já tinham desencarnado, para surpresa
de autor italiano. Por que Ubaldi não percebeu esses Espíritos? E não notou
nenhuma outra entidade? Isso ocorre porque Ubaldi não era um “médium de ação”,
ou seja, não tinha uma mediunidade significativa, apesar dos seus adeptos
afirmarem ser ele “a maior antena psíquica do século XX”. Portanto, essa
“exclusividade” autoral concernente ao Espírito “Sua Voz” sugere fortemente que
Ubaldi nunca foi um médium ostensivo (o que também fica evidente ao se estudar
outras passagens da vida e da obra de Pietro Ubaldi) e não era cuidadoso na
avaliação do conteúdo da mensagem que ele gerava, pois, caso contrário, ele
deveria ficar surpreso por somente receber mensagens de um único Espírito.
Dessa forma, Ubaldi elaborou uma obra que possui fortíssima componente anímica,
através de grande auto-sugestão, o que pode ser atribuído à sua vontade de ser
médium e à ausência estudo a respeito dos problemas e riscos que o trabalho
mediúnico e/ou espiritual apresenta para aqueles que não se preparam
convenientemente para superá-los.
11)
A mensagem de Emmanuel dirigida a Pietro Ubaldi
no encontro entre Chico Xavier e Ubaldi, em 1951, é um grande alerta a Ubaldi
sobre o significado do Espiritismo para os homens na Terra, como legítima
revivescência do Evangelho de Jesus. Aparentemente, Ubaldi não se sensibilizou
significativamente, preferindo continuar sua “carreira-solo”, desenvolvendo um
trabalho a parte da Doutrina Espírita.
12)
Ubaldi defende o chamado “Monismo”, que seria
uma espécie de panteísmo, no qual matéria e espírito seriam interconversíveis,
estando ambos “mergulhados em Deus”. Do ponto de vista espírita são dois
equívocos: a interconversão entre matéria e espírito; e a visão panteísta de
Deus. A Doutrina Espírita estabelece uma proposta dualista, na qual espírito
(ou princípio espiritual) e matéria (ou princípio material) são realidades
totalmente distintas, embora interagentes. Além disso, “O Livro dos Espíritos”
rejeita categoricamente a idéia panteísta, estabelecendo que Deus (“A
inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”), Espírito e Matéria
são totalmente independentes.
13)
Admitir a Queda Espiritual é rejeitar Allan
Kardec. Entretanto, nossas heranças religiosas associadas à interpretação
literal do “Gênesis” ainda dificultam o entendimento doutrinário. Léon Denis
afirma em “Cristianismo e Espiritismo” que os erros na interpretação do
“Gênesis” constituem causa de uma série de doutrinas equivocadas no
Cristianismo e no Espiritualismo de uma forma geral. Severino Celestino e
Pastor Nehemias Marien também corroboram essa opinião de Denis. Obviamente, as
matrizes católicas na formação dos pseudo-espíritas e semi-espíritas vêm sendo
um problema no movimento espírita. Entretanto, no caso de Ubaldi, a problemática
adquire maiores proporções. De qualquer forma, Ubaldi nunca disse que sua obra
era espírita. Nesse contexto, o erro maior, indiscutivelmente, é dos Espíritas
que tentam “forçar” o reconhecimento da obra de Pietro Ubaldi como “obra
espírita”. De qualquer maneira, apesar de Ubaldi não considerar sua obra
espírita, tem a atitude contraditória de sugerir que os Espíritas incorporem
suas obras no corpo doutrinário espiritista, proposta que foi contundentemente
rejeitada por renomados espíritas, como é o caso do Professor J. Herculano
Pires.
14)
Poderíamos reconhecer algum valor relativo na
obra de Ubaldi, pois o fato de ser obra espiritualista, e não espírita, não retira
do autor italiano eventual mérito que sua obra possa apresentar. Aliás, muitos
autores espiritualistas são respeitados e até mesmo admirados no meio espírita.
Daí, a considerá-lo “autor espírita” e, para alguns, “renovador” e ou
“reformador” de Kardec vai uma grande diferença. De qualquer maneira, para um
autor fornecer contribuição ao Movimento Espírita, sua obra precisa estar em
coerência com os postulados básicos da Doutrina Espírita e ser chancelada pela
“Universalidade do Ensino dos Espíritos”. Isso ocorre porque Espírito Superior
não conta mentira! Espírito Superior comenta aquilo que conhece profundamente.
Se não conhece, não comenta, ou comenta dentro dos limites do seu conhecimento,
pois, afinal, não são levianos, e não vão se arriscar a ensinar algo errado a
seus irmãos. Assim, o médium preparado intelecto-moralmente poderá conseguir
uma boa “filtração” da mensagem dos Espíritos Superiores, contribuindo com a
chegada até nós, encarnados, de conteúdos que verdadeiramente nos iluminem com
a Verdade. Tais conteúdos, por diferentes Espíritos, diferentes médiuns e
diferentes grupos, tendem a se confirmarem mutuamente. Entretanto, a obra de
Ubaldi não é corroborada por outros autores espíritas respeitáveis, encarnados
ou desencarnados.
15)
Pietro Ubaldi não era cuidadoso com o fenômeno
mediúnico e baseava suas conclusões em meras suposições. As ideias de “Queda
Original” e de que nosso Universo é um “Anti-sistema” não apresentam nenhuma
confirmação por autores respeitáveis, sejam eles encarnados ou desencarnados.
16)
Na sua obra final intitulada “Cristo”, Ubaldi
defende que Jesus sofreu na sua Paixão, Crucificação e Morte, pois era um
“Espírito decaído” e só voltou para o Reino dos Céus, o que Ubaldi denomina
“Sistema”, após o sofrimento final do Julgamento, Crucificação e Morte.
Portanto, Jesus sofreu porque estava expiando sua “rebeldia” e como uma espécie
de “anjo decaído”, ainda precisava terminar de pagar por seus erros. Essa
espécie de “pagamento de pecados” só foi completada, segundo Ubaldi (vide sua
obra “Cristo”), após sua morte física na cruz, para que só então Jesus pudesse
voltar ao “Sistema”, isto é, à condição de habitante do “Reino dos Céus”, na
concepção ubaldista. Essa visão a respeito de Jesus discorda fortemente de
todos os autores respeitáveis do Espiritismo, encarnados e/ou desencarnados,
não sendo corroborada por nenhuma obra representativa associada à Doutrina
Espírita. Todos estariam errados e “Sua Voz”/Ubaldi certo?! Provavelmente, não.
Portanto, novamente Ubaldi não possui o respaldo da “Universalidade do Ensino
dos Espíritos”.
17)
Sistematicamente, Ubaldi tenta atribuir um
caráter científico à sua obra, o que não tem nenhum fundamento, pois ele não
aplicou nenhum método de avaliação da mensagem e nenhum tipo de avaliação do
que escrevia. Aliás, considerava isso dispensável, pelo menos no que diz
respeito à obra “A Grande Síntese” (vide seu comentário em “Nova Civilização do
Terceiro Milênio”), a qual, para Ubaldi, era “irretocável”.
Portanto, não
há sustentabilidade doutrinária na tentativa de inserção da obra de Pietro
Ubaldi como obra subsidiária do Movimento Espírita.
4 Comentários:
Que amontoado de absurdos!
Por jcarlos, às 31 de dezembro de 2014 às 14:14
Meu amigo, que a paz de Jesus estaja convosco! Sem querer ofendê-lo, foi preciso apenas uma foleada pelo texto para ver que você não sabe nada sobre Ubaldi ( talvez até sobre o espiritismo). Karde foi um grande universalista e nunca julgou as pessoas. O seu texto é totalmente preconceituoso. O que eu acho engraçado é que muitos espíritas se acham superiores aos outros e defendem o espiritismo da mesma forma que outras religiões sempre fizeram.
Ubaldi foi um grande filósofo universalista e imparcialista e logico que não seria espírita. Não se filiou a nenhum partido, mas sempre deixou claro que os espíritas seriam os que melhor entenderiam sua obra. Se você procurar se informar, grandes seres encarnados e desencarnados exaltaram sua obra, tais como Chico Xavier, Emmanuel, Carlos Pastorino, Bezerra de Menezes e muitos outros.
Só para deixar claro eu nasci em berço espírita
Espero que possas abrir sua mente e seguir o conselho de Paulo de tarso: Examinai tudo, retende o que for bom (ou do bem).
Que Jesus noa ampare hoje e sempre!
Abraços fraternos
Por eu, às 24 de fevereiro de 2015 às 09:01
"PIETRO UBALDI INTERPRETA O PENSAMENTO DE ALTAS ESFERAS ESPIRITUAIS" (Emmanuel).
Por Filosofia do Infinito, às 5 de maio de 2015 às 06:23
Uma lástima ver a quantidade de ditos espíritas menosprezarem a obra de outrem. Espero que reflitam mais sobre os julgamentos e tragam à luz do nosso mestre Jesus tais reprimendas. Sabemos o quão é necessário ouvir-se as vozes de todos, sabemos quantas pessoas são e serão consoladas com as mais diversas obras de vários autores que vieram e que virão. Deus está em tudo e em todos. Não menosprezemos Deus. Aquilo que deixar de ser útil, um dia sairá de circulação e se calará por si só. Como bem disse alguém acima: Examinai tudo e ficai com o que é bom. Paulo de Tarso, 1 Ts: 5,21
Saudações.
Por Unknown, às 8 de maio de 2017 às 13:25
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