Lembras-Te quando eu te conheci?
Caminhavas Jesus pelas areias do deserto preparando-Te para a árdua tarefa de ensinar e de encaminhar os homens para jornadearem na estrada do Bem, quando Te encontrei numa parada junto à fonte de Bethsaida onde fora desejoso de me dessedentar.
E depois de uma passagem maravilhosa Contigo, Bondoso Amigo de todas as horas, não mais Te vi, nem aquele marcante halo luminoso que Te envolvia. Senti-me no escuro, um breu, a escuridão! Quis abrir meus olhos, mas, eles teimavam em ficar fechados. Por fim, depois de um longo esforço, percebi que estava no meu quarto de dormir.
Então, apesar do sentimento de que algo maravilhoso tinha-me acontecido, fiquei confuso, muito confuso: tivera apenas um sonho ou viajara com Jesus pelo espaço infinito?
Lembras-te?
No recôndito do meu quarto, naquele dia, não, não falo da noite de agora, mas, do passado, dos primeiros tempos da cristandade, do meu despertar que me lembrou da inocência e do encantamento da descoberta. Assim, desfiz-me da confusão e deixei-me envolver pela certeza de que não fora um sonho, nem apenas uma viagem recreativa, porque entendi que passara por uma revelação, a mais bela em face da realidade pela qual passei, pela doçura do Bem que me sucedera e pela firmeza de propósitos que assumi comigo mesmo, depois de me surpreender em dívida desde que Te conheci e que me havia relaxado nos pensamentos, deixado de realizar as obras de bem para com meus irmãos e de aprimoramento moral de que deveria estar imbuído a partir daquele Teu contato comigo na Fonte de Bethsaida.
Quantos séculos passei pela Terra apenas bebericando vantagens individuais, alimentando-me de inconsequentes atitudes e desvario de ações nenhum um pouco nobres, esquecendo-me dos deveres cristãos e deixando-me volitar sobre as proezas da vida material, como se elas fossem a única razão de viver.
Ah! Crueldade comigo mesmo! Macerei as vinhas do tempo em tantas decepções espirituais, do vai e volta, pelo desinteresse no comprometimento a cada vez mais compromissado nos preparos para as reencarnações, como se eu fosse o senhor do meu próprio destino. Ah! É verdade que sou responsável pelos pensamentos, cada ato, cada gesto, cada palavra proferida em cada passagem pela Terra, comprometendo, assim, a governança do meu espírito no sentido da Vida Maior, porque sempre me vi embarafustando por caminhos enegrecidos pelo mal que praticara e pela perda de tempo nas ocasiões que Deus me proporcionou nos encontros e desencontros terrenos.
Conflitos interiores corroeram a minha alma como se o mundo inteiro quisesse desabar sobre minha cabeça. Lanças pontiagudas laceraram meu coração ainda empedernido pelos erros que cometera vestido da carne humana. Cada período carnal se entremeara da fruição de gozos efêmeros alternados pela agonia da hora chegada e desperdiçada, muitas vezes com desfaçatez. A cada volta ao Mundo Maior, comprometia-me em modificar minhas atitudes e meu comportamento, tornando-me uma pessoa melhor, mas, bastava retornar para cair no despenhadeiro inglório dos mesmos vícios e equívocos que me levaram à perdição reencarnatória. E tudo recomeçava no ir e vir da imaterialidade para a matéria e vice e versa. Longos períodos de choro e ranger de dentes no espírito e curtíssima vida de gozos transitórios no corpo físico. Iinsensato, infelizmente, deixava-me abater sob minhas incúrias sobrepondo-as a todos os valores espirituais que aprendia quando liberto das amarras terrenas.
Então fiquei confuso de vez! Encasquetado mesmo, pois não conseguia entender se uma vez que Te conhecera a tanto tempo em Bethsaida, como então continuara ofendendo a Deus e a mim próprio quando das minhas andanças pela vastidão do mundo
Mais confusão entrou no meu espírito enublando o pensamento, causando-me os mais estranhos cismares, ora querendo enviar-me, novamente, a Tua Sublime Presença para que me fosse mostrado o tempo certo do nosso encontro, ora para que me esforçasse ao máximo para descobrir em qual momento mesmo tomara eu a resolução de corrigir-me e não mais cometer os reiterados erros de antes aqui na Terra!
Foi então que Te vi diante de mim. Luminoso, Feérico, Esplendoroso, Sorridente, Magnífico, Sereníssimo. Bondosamente dirigiu-Me Seu Olhar Profundo e novamente, penetrou o âmago de minha alma e sem dizer uma só palavra, Acalmou-Me o espírito angustiado, Fazendo-Me compreender que, devagar, mas, continuamente, lutando contra meus erros e imperfeições, com vontade, discernimento, disposição e fé, chegaria à Perfeição, buscando, sem arreceios, escoimar meus desatinos, descalabros e loucuras.
À medida que o meigo olhar de Jesus penetrava-Me o ser e o Seu Encantador Sorriso dulcificava minha alma, que até então, por opção exclusiva, vinha queimando no fogo eterno das atribulações da vida encarnada. Senti-me flutuar e, de novo, em visita a altiplanos, cada vez mais longínquos da Terra, onde a leveza do ser me tornou voante numa velocidade indescritível que nenhum outro objeto, por mais célere que fosse, teria condição de acompanhar-me.
Sentia-me conduzido, pela mão, pelo próprio Jesus.
Sem entender bem o que me acontecia, vi-me adentrando uma colônia onde não se ouvia sequer um gemido e nenhum desespero estampado nas faces dos espíritos que defrontei ali naquelas ruas, nem nos edifícios que me foram mostrados por dentro.
Ali tudo era paz e equilíbrio. Todos sorriam ao nos verem caminhando, deixando entrever a paz, a humildade e a grandeza de cada um. Suave música tocava as fibras mais íntimas do meu coração fazendo serenar os batimentos cardíacos, acalmando, também, os pensamentos turbilhonados pelos vendavais que arrostavam meu espírito indômito ou minha consciência aprisionada, ainda, na carne desairosa.
Na medida em que fui introduzido pelo Mestre num edifício que reconheci ser o palácio do governo da instituição espiritual e pela reverência dos espíritos diante da passagem de Jesus naquele ambiente, senti-me olhado, analisado, perscrutado até o recôndito do meu ser e tive a certeza de que se não fora a companhia do Governador da Terra, eu seria expulso imediatamente da colônia, em face do desequilíbrio das minhas vibrações tão negativas.
Entretanto, não vi rancor, nem inveja, nem desdém em nenhum dos espíritos que ali se encontravam, mas, observei, nos seus olhares, um misto de compaixão e de alegria para comigo e até sorrisos encorajadores que me pareceram dizer: - vai em frente irmão que com Jesus todos nós chegaremos ao desiderato maior que é a Perfeição. Senti-me encorajado e enriquecido pela Nobre Presença do Governador da Terra e, com passos firmes, segui-O até uma sala enorme onde o teto era todo transparente e pude ver, através dele, cenas indescritíveis de luzes multicores e anjos esvoaçantes passando pela abóbada tocados de uma serenidade impressionante, ora tocando uma lira, ora entoando versos de uma canção celeste que não encontra nenhum paradigma na Terra.
A paz e a mansidão eram a tônica daquele Palácio. Então imaginei-me próximo do Paraíso. Mas, o Mestre olhou profundamente nos meus olhos e entendi que ainda estávamos muito longe do Céu de Bem-Aventuranças, apesar de todo o meu deslumbramento.
Então ousei perguntar-Lhe: - Mestre o Paraíso ainda é mais belo e maravilhoso que este Palácio?
Ele sorriu-Me e penetrando meu cérebro carnal, se fez ouvir: - Se te extasias com a visão deste lugar, que é simples e apenas o primeiro passo, então imagina quando tiveres alcançado a Perfeição e fores trabalhar Comigo, ao lado do Pai, na azáfama da Criação dos mundos e dos seres que os habitarão.
O que era um torvelinho em meu peito, desanuviou-se e minha imaginação se fertilizou de flashes que me foram permitidos entrever alguns pequenos detalhes do Mundo dos Mundos que Jesus me proporcionou para que eu pudesse entender a Sua fala.
Nossa! A impressão tão grandiosa e linda afagou-me a alma, desanuviando-a dos estertores em que me debato nos meus horrores terrenos. Mas, ali, tudo era impressionante, grande, maravilhoso, suave, sereno pondo um fim na minha sofreguidão.
Senti-me invadido pela Ternura do Mestre e diante da Sua Complacência, no mesmo instante pedi-Lhe perdão por tantos erros até então cometidos nas minhas encarnações e Ele, abrindo os braços, recolheu-Me no Seu Interior , dulcificando-Me a alma.
Foi então que chorei, um choro convulso de pecador arrependido diante de tanta Bondade.
Ele, secou minhas lágrimas com Sua alva Túnica, apertou-Me, mais uma vez, contra Seu Peito e determinou-Me: - Agora vai, cumpra a tua encarnação e não peques mais.
Então me comprometi tendo como Testemunha o próprio Senhor da Terra e jurei nunca mais enveredar pelos caminhos do erro, mas a trilhar o caminho do Amor Universal, amando a todos os irmãos como Ele nos amou e nos ama eternamente.
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