Jorge Hessen
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Na Colômbia, após fugir da casa de seus pais e habitar com um homem de 25 anos, uma garota de 12 anos deu à luz a gêmeos em um hospital da cidade de Ibagué. A Justiça colombiana punirá o pai das gêmeas, que deverá responder pelo crime de abuso sexual de uma menor de 14 anos. Contudo, essa ocorrência não é incomum nas periferias das capitais brasileiras, onde o abuso sexual é uma sinistra realidade.
No Brasil há casos em que meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos peculiares bailes funk (ambientes extremamente promíscuos), engravidam. No nordeste há diversos casos de aliciamento de menores, muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Obviamente, uma precoce atividade sexual induz a outros graves problemas: prostituição infantil e juvenil, aborto, lesão da autoestima, escravidão sexual, drogadição.
A gravidez na adolescência é pluricausal e sua etiologia está relacionada a uma série de fatores sociológicos, em face de maior desinformação sobre a sexualidade, desestruturas familiares, carência econômica e ambientes promíscuos. Normalmente, a ausência de apoio e afeto familiar conduz a adolescente para os braços do “sexo”, do péssimo rendimento escolar, da incerteza do futuro, o que pode induzir a busca da maternidade precoce como meio de arranjar um afeto e talvez uma família própria, reafirmando assim o seu papel de mulher, embora que na flor da idade e sob o tacão da imaturidade.
A sociedade está lidando com transformações inquietantes em sua estrutura, inclusive asilando sem constrangimento a liberalidade sexual na adolescência. Jamais a juventude teve tantas notícias quanto hoje. Existem livros, revistas, músicas, televisão, rádio, imprensa, Internet e uma lista imensa de canais de informação. Há espaços exclusivos para os jovens discutirem sobre sexualidade e para receber “orientação”: suplementos de jornais, revistas, programas televisivos ou até mesmo colunas próprias naqueles destinados ao público em geral. Contam-se hoje nas bancas de jornal dezenas de publicações eróticas destinadas ao público jovem.
Estreando mais cedo na prática sexual e estando mais suscetíveis às influências dos adultos, as adolescentes são vítimas das induções psicológicas do momento. É bombardeada pelo mau exemplo dos pais, pela literatura de estímulo à erótica, pelas revistas pornográficas, pelo violento negócio do sexo e da prostituição, pelas festinhas e “baladas” cada dia mais libertinas, pela utilização de drogas e álcool, pela proliferação dos disque-sexo, pelo uso da Internet como busca de fantasia sexual, pelas fitas de vídeo, Cd’s, Dvd’s facilmente locáveis, ao interesse comercial e de exploração da lucrativa faixa de público consumidor dos filmes para “adultos”.
Nessa conjuntura, o trágico é que a educação da adolescente está sendo entregue à mídia e ao consumo. Há extremos apelos e sensualismos, desde filmes (adultos), novelas e programas para adolescentes destacando o sexo sem amor, livros e manuais ensinando técnicas de conquista e prazer, semelhando a livros informando a caçar e cozinhar, com tal frieza e hipocrisia que chega a envergonhar os que valorizam o sentimento e a civilização. Falar em valores da família chega a ser arremedo.
Nas inversões dos valores morais, a prática do sexo inconsequente passou a ser uma compulsão social, e os que buscam pensar e agir diferente do contexto são por vezes discriminados pelos outros jovens. O sexo hoje está envilecido e os valores vigentes assinalam para comportamento sexual irresponsável, prazer sem preço, promiscuidade, institucionalização do coito descompromissado durante o namoro ou no “ficar”, satisfação de fantasias e infidelidade. Tudo isso resvala repetidamente na prostituição feminina, masculina e homossexual.
Uma adolescente que engravida precocemente é, sem dúvida, uma pessoa cujos direitos foram violados e cujo futuro fica comprometido. A gravidez precoce ecoa a indigência e a repressão de cúmplices (família e comunidade). Não obstante esse caótico cenário há muitas adolescentes que têm atividade religiosa oferecendo um conjunto de valores morais que as encoraja a desenvolver comportamento sexual equilibrado. De ordinário, uma adolescente evangelizada, fiel ao Cristo (independente do rótulo religioso que abrace), é, quase sempre, bastante rígida no que diz respeito à abstenção da prática sexual pré-marital.
O Espiritismo esclarece que nos comportamentos humanos há invariavelmente uma legião de espíritos convivendo e participando de cada ação de alguém, seja no júbilo do dever cumprido e da alegria sadia, seja na perversão dos desejos e das atitudes. Se um adolescente faz da sexualidade tão somente instrumento de “delícia”, conectará com espíritos erotizados nas mesmas condições e muitos deles almejando reencarnar, induzindo a adolescente a engravidar precocemente.
Óbvio que de lodaçais pútridos podemos colher belos lírios, como marca da natureza de que nada é maléfico e negativo, se temos no coração o fanal e o encanto do Evangelho. Na condição de pais, sejamos equilibrados, acudindo as fraquezas de nossos filhinhos sem cultivar-lhes a insensatez, marchando com eles na senda da renúncia e do sacrifício para reconstruir-lhes o caminho da jovialidade, sem necessitar espezinhar o jardim do próximo.
Não podemos deixá-los órfãos de educação sexual. Jamais acreditar que tais situações somente ocorre com a filha do vizinho, ou, se achar que pode acontecer com a própria filha, tentar resolver o problema com repressões, violências verbais, brutalidade e até expulsão de casa. A solução está na educação e no exemplo dentro do lar. Os pais não podem abandonar seus filhos ao aprendizado no mundo. Quando mais necessitam de esclarecimento e orientação quanto à própria sexualidade, não devem permitir que eles aprendam tudo na escola, na rua, na mídia, nos livros, com os outros.
Conversar com os filhos desde os quatro anos, sem esperar pelos 12 ou 13 anos. Os frutos plantados na infância serão colhidos na adolescência. E assuntos sobre sexualidade devem começar a ser discutidos desde cedo. Afinal, não será de um dia para o outro que uma criança se tornará adolescente.
Não esqueçamos que recebemos nossos filhos hoje, no mesmo ponto em que os deixamos no passado. Elucidam-nos os Benfeitores que a filha detida nos desregramentos do coração é a jovem que, noutro tempo, induzimos ao desequilíbrio e à crueldade. Mãos à obra! Sem afetação puritana, expliquemos aos filhos que a sexualidade tem que estar a serviço do amor, e o amor jamais tem pressa. Esclareçamos que somos livres para buscar qualquer sensação, porém somos escravos dos seus efeitos.
Empreguemos sempre as orientações espíritas, porém o melhor remédio será sempre o nosso exemplo no lar. Lembremos que pais equilibrados produzem lares equilibrados; lares equilibrados resultam em filhos equilibrados, mesmo que resvalem em algumas compreensíveis falhas humanas. Urge iluminá-los com as normas libertadoras do Evangelho de Jesus. Convidá-los a participar de mocidades espíritas. Jamais proibi-los ou obrigá-los à abstinência ou a prática, porém estimular-lhes a educação, o controle e a responsabilidade, conforme instrui Emmanuel no prefácio do livro “Vida e Sexo”.
Enfim, elucidar-lhes que sexo é energia divina, função criadora, transferência de cargas magnéticas, troca de sentimentos, reencontros, maternidade sagrada, e ressaltar-lhes o valor da oração, que será auxílio constante na direção dos desejos e sentimentos. A energia sexual deve ser administrada com bom senso e maturidade, conscientes dos riscos que acarreta qualquer inobservância das regras do amor. Todavia, se ocorrer a gravidez inesperada da filha adolescente, auxiliá-la, amparando-a para que assuma a obrigação que carreou para si, dando condições para que inicie uma vida a dois e colha os frutos das suas experiências.
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