.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

QUANDO EU TE CONHECI...

Roberto Cury


Fale conosco: robcury@hotmail.com
Visite nosso blog de artigos espíritas: www.robertocury.blogspot.com


Caminhavas Jesus pelas areias do deserto preparando-Te para a árdua tarefa de ensinar e de encaminhar os homens para jornadearem na estrada do Bem, quando Te encontrei numa parada junto à fonte de Bethsaida onde fora desejoso de me dessedentar. Eu Te vi Luminoso, Belo, Esplendente de tanta luz irradiada que, embevecido, me esqueci da sede corporal e sentindo uma intensa sede espiritual de beber da Fonte da Vida que vi escorrendo dos Teus Olhos Cristalinos de um Azul Celestial incomparável! Então quedei-me absorto olhando-Te. Tu e Tua Luz, nada mais vi então. Foi como se o tempo parasse. Silêncio. Nem pipilar de pássaros, nem trinados de insetos. Nuvens estáticas. Calor do sol amaciado por brisa imperceptível. Na água da fonte vi alguns peixes curiosos, também, olhando para Ti. Foi como se a Natureza inteira se quedasse silente e estacionada diante da majestade maravilhosa do Reino que acabara de se instalar diante de mim.
 
Surpreendido, naquele instante, senti-me exaurido das forças materiais e célere, liberto das amarras terrenas, parecia flutuar num espaço infinito onde a luz diáfana do Universo se misturava e se consumia na intensidade da luz dourada que emanava do Teu Ser Impressionante. Parecia que, também, eu, meu ser espiritual, se confundia naquela transluzente tonalidade menor, atraído, inexoravelmente, para o brilho fulguroso vindo da Tua Aura. Que sensação indescritível e inebriante! Repentinamente é como se nunca tivesse peso algum e aquele imponderável estado me transportava para muito além do ambiente terreno. A fonte não era mais Bethsaida, era o centro de uma grande praça desconhecida na Terra, mas, cercada de muita gente alegre sorrindo sorrisos translúcidos como se cada ser fosse meu conhecido, meu amigo, minha amiga e vivêssemos a mesma vida leve, doce e por que não sublime, desde eras remotíssimas até os dias de hoje, sem que interrupções e como se o passado mais distante tivesse acontecido ainda ontem. Todos beiravam a fonte da praça e alguns colhiam a água iluminada por mil raios coloridos pelo sol fazendo concha com as mãos juntas. Outras dobravam a face para um lado e bebiam diretamente do fluxo da água que saltava do interior da terra através de um tubo invisível, mas que existia porque o canudo do líquido assim sugeria que algo cilíndrico condicionava sua forma cônica.
 
Nem parei para refletir sobre tanta beleza, apesar de que tive a certeza irrefutável de que a Causa de tudo aquilo estar acontecendo eras Tu, Jesus de Nazaré, ou seria do Brasil? Pois eu estava no Brasil, estou no Brasil, no centro do País, aqui na cidade de Goiânia, de Goiás. Meus pensamentos estão tão clarificados que não tive nenhuma dúvida de que Tu, Jesus és brasileiro, como eu, como 200 milhões de outros seres encarnados neste Torrão da Santa Cruz.
 
Então o Teu Sorriso pareceu-me transformar-Se num hino sublime vindo de não sei onde, pois ocupou todos os lugares como se uma enorme e afinada orquestra tocasse notas musicais irrepreensivelmente corretas e ajustadas. Além da suavidade, os sons eram tão sutis que nenhum encarnado um dia conseguiria captar ou reproduzir mesmo os maiores e mais destacados compositores clássicos do passado, do presente ou do futuro. Aquela maviosidade penetrou todo o meu ser, aliviando-me de todas as dores, libertando-me de todas as dificuldades e me fizera volitar acima das nuvens em derredor, ganhando altura, cada vez maior, até desaparecer no interior do azul infinito, muito mais além do imaginável pela criatura encarnada.
 
Inebriado, sentindo sensações inexplicáveis através das palavras por mais rebuscadas fossem elas, deixei-me arrebatar por aquele torvelinho maravilhoso e indescritível que me envolvia como u’a manta em dias de intenso frio, aquecendo-me até os ossos. Mas, surpreso e muito surpreso, imaginei-me desmaterializado, pois não tinha peso algum! Mas, também não era pluma solta ao vento, pois sentia-me direcionado por uma força irresistível que me conduzia cada vez mais alto como se fosse me perder no infinito azul da abóboda celeste.
 
Então, a Teu convite, seguindo-Te os passos, visitei uma colônia, que imaginei ser muito distante e ao mesmo tempo muito perto, onde a azáfama das pessoas, caminhando de um lado para o outro, sempre sérias ou sorridentes me pareceram conscientes e seguras do que faziam nos gestos que detectei em cada uma delas. Nos arredores, percebera o contraste luminoso do verde gramado com florinhas multicoloridas e ao mesmo tempo, diferenciadas no formato, na textura das pétalas, umas mais ásperas, outras aveludadas, todas viçosas e brilhantes cujas cores vivas semelhavam às pinturas de célebre pintor renascentista, que com palheta e cinzel, pintalgara enorme tela que já deixara de ser branca e apresentava um céu azulado com nuvens douradas e róseas pairando bem aquém do infinito que se descortinava por trás delas.
 
No formato, as casas eram similares às da Terra, porém, o material me pareceu diferente pela textura e porque me parecia bem mais leve que as paredes de tijolos. Raramente, se via alguma porta fechada, mesmo nas residências. Tive a impressão de que ninguém pensava em se esconder ou evitar algum assalto ou invasão. As pessoas me pareceram confiantes e tranquilas. Também não demonstravam qualquer tipo de inquietação, dessemelhantes, assim, daquelas da Terra que sempre se mostram com o cenho carregado, preocupadas com alguma coisa. Elas caminhavam em passos rápidos, algumas carregando objetos variados, outras, pastas executivas, outras ainda, de mãos dadas a crianças pareceram-me leva-las a passeio no parque anexo à praça principal onde uma fonte, jorrava água cristalina a uma altura de uns dez metros e que caia em nuvem de gotículas formando um arco-íris espetacular cujas pontas estavam mergulhadas no espelho d’água do chafariz. No parque, o alarido das crianças misturava-se a lindos cânticos que um grupo de jovens reunidos entoava numa espécie de concha acústica, que ampliava o som, permitindo que ele se espraiasse por toda a vastidão aberta e recheada dos mais variegados brinquedos conhecidos e desconhecidos aqui na urbe terrena.
 
O riso cristalino de prazer e de alegria das crianças parecia contagiar os adultos formando um quadro de felicidade inextinguível.
 
A Tua figura, Mestre, era reverenciada, a cada passo e cada pessoa que cruzava o Teu caminho, enquanto me conduzias, Te sorria ou dizia, alegremente, Louvado sejas Senhor.
 
Vi-me observado e investigado por olhos curiosos e perscrutantes como se me perguntassem, em silêncio, quem era esse terráqueo estranho àquelas paragens que vinha sendo conduzido logo pelo Mestre dos Mestres?
 
Invadiu-me uma sensação deliciosa como se estivesse adentrando o gozo dos justos no Plano Espiritual, logo eu que tantas dívidas carrego, ainda, no dorso de várias encarnações!
 
Foi, então, que o Mestre mirou-me nos olhos e penetrando nos meus pensamentos, falou-me, mansa e docemente, mas, com voz firme e clara: - por que te afliges, meu irmão? Encanta-te o meu caminhar contigo? Não te crês merecedor da minha companhia?
 
Eu não sabia o que responder. Estava, sim, encantado compartilhando a caminhada com o Mestre dos Mestres. Estava mais que embevecido, mas, também, me considerava imerecedor de tamanha ventura. Devolvi-lhe um sorriso tímido e mudo que não conseguiu esconder que me encontrava extasiado diante de tanta felicidade, pela companhia do Mestre e também por volitar em tantas alturas vendo e participando das maravilhas do Universo a que estava sendo apresentado.
 
No fundo da alma, sabia que aquilo era só o que a minha evolução e o meu conhecimento me permitiam alcançar. Sabia que as maiores, as mais estupendas maravilhas estavam muito distantes de mim e que, ainda, levaria mais alguns séculos para poder chegar a conhece-las.
 
Então, ousei levantar minha voz e gaguejando, perguntei a Jesus: - Mestre, levarei muito tempo, ainda, para chegar a ser um espírito perfeito e gozar as delícias do Paraíso?
 
Seu sorriso encantador inebriou-me e senti-me envolvido por uma aura de extrema felicidade e sua voz forte e firme, tocou-me docemente: - irmão, o tempo nada significa para os espíritos. Todos querem chegar logo à perfeição, mas, é necessário que cada um cumpra com suas tarefas estudando, buscando compreender a vida e suas nuances, principalmente, amando o Pai que nos criou, mas, esse amor só é verdadeiro quando conseguires amar a teus irmãos como e o tanto que amas a ti mesmo.
 
Foi nesse momento da viagem espiritual que iniciou-se um processo de entorpecimento em todo o meu corpo enquanto a mente principiou a ficar confusa e me senti voltando, vertiginosamente para a Terra.
 
Não mais vi Jesus, nem aquele marcante halo luminoso que o envolvia. Senti-me no escuro, um breu, a escuridão! Quis abrir meus olhos, mas, eles teimavam em ficar fechados. Por fim, depois de um longo esforço, percebi que estava no meu quarto de dormir.
 
Então, apesar do sentimento de que algo maravilhoso tinha-me acontecido, fiquei confuso, muito confuso: tivera apenas um sonho ou viajara com Jesus pelo espaço infinito?

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home