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sábado, 7 de junho de 2014

SUICÍDIO: PREVENÇÃO E AUXÍLIO ESPIRITUAL


Por Leonardo Paixão(*)
“Da Terra, todavia, não eram raras as vezes que discípulos de Allan Kardec, procurando pautar atitudes por diretrizes cristãs, se congregavam periodicamente em gabinetes secretos, tais como os antigos iniciados no segredo dos santuários; e, respeitosos, obedecendo a impulsos fraternos por amor ao Cristo Divino, emitiam pensamentos caridosos em nosso favor, visitando-nos frequentemente através de correntes mentais vigorosas que a Prece santificava, tornando-as ungidas de ternura e compaixão, as quais caíam no recesso de nossas almas cruciadas e esquecidas, quais fulgores de consoladora esperança!” (YVONNE A. PEREIRA. Memórias de um Suicida/[pelo Espírito Camilo Cândido Botelho, sob a orientação do Espírito Léon Denis]; 7. ed. – 2ª reimpressão – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. p. 105-106).

"Uma pessoa se suicida no mundo a cada 40 segundos aproximadamente, ou seja, mais do que o número combinado das vítimas de guerras e homicídios", informa o relatório da Organização Mundial da Saúde (1).
Estatísticas demonstram que o número de suicídio entre os jovens muito aumentou. “O suicídio é a segunda causa de morte no mundo entre os adolescentes de 15 a 19 anos, mas também alcança taxas elevadas entre pessoas mais velhas” (2). Várias são as causas de suicídio entre os jovens: excesso de estudo com pressão psicológica no campo da competitividade; desemprego, fazendo com que o jovem se sinta um inútil; abuso da sexualidade, especialmente quando ex-namorados fazem circula vídeos íntimos na Internet, levando muitas adolescentes a se decidirem, diante da vergonha perante a sociedade, pelo malfadado gesto; violência sexual; abuso de entorpecentes.
O filósofo russo Léon Tolstoi disse: “A Vida é Deus e amar a Vida é amar a Deus”. Somente uma sólida educação moral, que muito tem faltado na atual realidade humana, é um preventivo do suicídio.
“(...) a prevenção do suicídio envolve uma variedade de atividades, incluindo a boa educação das crianças, aconselhamento familiar, tratamento das perturbações mentais, controle ambiental de fatores de risco, e educação da comunidade. A educação eficaz da comunidade, uma intervenção vital e básica, inclui o entendimento das causas do suicídio, assim como a sua prevenção e tratamento” (Relatório da OMS em Genebra, 2006).

            Esta educação moral começa no núcleo familiar – célula mater da sociedade -, onde desde o nascimento à vida adulta, os responsáveis pelos rebentos de seu lar deverão dar o exemplo de uma vida digna, demonstrando o quanto traz quietação interior uma vivência regrada, honesta, desapegada, não voltada para o sistema consumista que deseja governar o mundo e que infelizmente já governa a vida de milhões de pessoas haja vista os casos e criações de grupos de tratamento para consumistas desenfreados.
            Não podemos deixar de falar sobre a posição religiosa, pois que a fé em Deus – o que representa falar que se crê em Deus – é de importância capital; quando se tem a convicção de que uma Força, uma Lei Maior rege o Universo e que se é manifestação da Vontade desta Força, há de se pensar bem ante qualquer dificuldade que, à primeira vista, pareça insolúvel e que apenas com o findar da existência se alcançaria o fim da problemática. Não. O ser de fé, mas fé verdadeira, não vacilante, sabe que possui um recurso essencial que lhe garante não só a paz íntima como também lhe dá ideias a surgirem “do nada” (processo intuitivo), favorecendo-o na resolução de seus problemas: a prece (3).
            No excerto que colocamos antes de nosso texto, temos amplos assuntos de estudo, desde a figura de Allan Kardec, as reuniões espíritas e o auxílio da prece aos que, frágeis diante das adversidades, escolheram o suicídio como porta de saída de seus sofrimentos e os encontrando muito maiores na Vida pós-morte.
            Que nós, espíritas, discípulos de Allan Kardec e do Amor do Cristo, não nos esqueçamos de, diariamente, enviarmos aos nossos irmãos suicidas o bálsamo reconfortante a levar ternura e compaixão a estas almas de muitos, mesmo de seus familiares, esquecidas. Assim fazendo, também a nós a Misericórdia Divina auxiliará, além de, no Mundo dos Espíritos, granjearmos amigos repletos de gratidão por nosso ato simples, mas de inexcedível valor.
Notas:
(3) – Falamos do ato da prece independente da religião de cada um, o colocamos como recurso, pois, como espírita bem compreendemos a oração como excelente recurso a aliviar nossas angústias e a favorecer a intuição. É interessante observar o seguinte trecho do Relatório da Organização Mundial da Saúde sobre suicídio, Genebra, 2006:
“Durante a gestão do suicídio, é importante que o conselheiro não expresse perspectivas morais, religiosas, ou filosóficas pessoais, pois as mesmas poderiam contribuir para bloquear a comunicação e alienar o indivíduo suicida. Recursos potencialmente úteis, tanto pessoais como da comunidade, necessitam de ser processados com o indivíduo. Isto pode incluir a família, amigos, sacerdotes, curandeiros, ou outras fontes de apoio. Também é importante não fazer promessas a respeito de confidencialidade acerca das intenções suicidas do indivíduo”.

(*) Leonardo Paixão é Orador espírita (que tem viajado por alguns Estados brasileiros, quando possível, na divulgação da Doutrina Espírita), articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no site orientacaoespirita.org.br e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica e tem escrito alguns artigos neste jornal (O Rebate). Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico na desobsessão e como psicógrafo.
          

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