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sábado, 31 de maio de 2014

UM PÉSSIMO CENTRO ESPÍRITA (Neusa Figueira)

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Aproveitando os dias de folga, decidi conhecer alguns Centros Espíritas em Uberaba que sempre tive vontade de conhecer. Um destes há muito desejava visitar, mas nunca conseguia. Ontem, consegui.
Fui com minha noiva e chegamos um pouco atrasados, por volta das 19h50min. O portão estava fechado e havia uma senhora do lado de fora. Por mim, iria embora, mas minha noiva insistiu para que perguntássemos à senhora se abririam o portão. Ela gentilmente nos informou que sim, pois no momento da prece eles fecham o portão e então esperamos.
Do lado de fora se podia percebe que se tratava de um Centro bem simples, com muro branco e paredes azuis. Logo que o portão foi aberto, um senhor nos cumprimentou e entramos. Havia vários bancos de madeira, estilo Igreja, e o teto era ainda de forro, o que mostrava ser uma construção antiga (o Centro existe há quase 40 anos).
Encontravam-se umas 35 pessoas no local. Observei que do lado esquerdo havia uma espécie de fila de cadeiras que se estendia de uma salinha até a porta de entrada. À frente, uma grande mesa com um pano branco e algumas flores (aqui o motivo de muitos ainda chamarem Centros Espíritas de “Mesa Branca”), e nesta grande mesa um homem na casa dos cinquenta.
A reunião logo se iniciou e esse homem levantando-se, disse: “Hoje seria o estudo “do Evangelho”, mas fulano não está aqui. O que vocês preferem: “O Evangelho” ou O Livro dos Espíritos”? Alguém disse: “O Evangelho!” – ao que ele retrucou: “É melhor O Livro dos Espíritos, não vou entrar na área do fulano”.
De imediato, aquilo que incomodou. Então, até aquele momento, não se sabia o que iríamos estudar durante a reunião? Estranho…
A palestra se iniciou e caminhava tudo relativamente bem. Linguagem simples, boas referências doutrinárias, um errinho daqui, dali, nada muito comprometedor. Típico.
Contudo, ao longo da palestra, algumas pessoas que iam saindo do passe (e, meu Deus, quando é que o pessoal vai aprender que passe + palestra = bagunça na palestra?), simplesmente entravam na frente da mesa (o palestrante estava atrás da mesa) para cumprimentá-lo e se despedirem. Ele interrompeu umas quatro vezes a palestra para cumprimentá-los.
Não demorou muito e havia duas crianças na faixa de oito-dez anos que ficavam correndo por todo o Centro. Sentavam-se à mesa principal, sentavam nos bancos, iam para fora, voltavam. Isso me irritou bastante, pois, a todo momento, minha atenção era cortada (recado aos pais: Centro Espírita não é local para seu filho exercitar atletismo).
Conforme as pessoas saiam do passe, a maioria ia embora. Assim, em vinte minutos o Centro ficou vazio com meia dúzia de pessoas assistindo a palestra. Se não fosse o suficiente, preciso mencionar que havia uma senhora “controlando” a entrada de pessoas na câmara de passe. Essa senhora o tempo todo brincando com uma criança, cochichava com as pessoas da fila, dava gargalhas mal-disfarçada, etc.
De repente, observo que ela faz um sinal com os dedos chamando a mim e minha noiva para o passe. Levantamos. Quando nos sentamos à fila, o palestrante simplesmente fechou o livro e sentou-se ao nosso lado, iniciando uma conversa com uma mulher sobre assuntos quaisquer. A palestra terminou do nada.
Observei que as pessoas ao entrarem na fila, tiravam suas carteiras, chaves, bolsas e relógios e colocavam sobre a mesa, que estava lotada de garrafas pet com água para fluidificar.
Procurei alguém da equipe para poder questionar, mas não encontrei ninguém. Então, obedeci. Ao meu lado esquerdo, estava uma das crianças baderneiras e juntos o que imagino ser seu pai e sua mãe. Algumas vezes, escutava uma gargalhada estranha, pisadas no chão e alguns grunhidos. Pensei que fosse algum vizinho comemorando loucamente a festa pagã que hoje chamamos Natal…  Não dei muita importância e esperei. A porta do passe se abriu e entramos.
A sala era pequena e havia vários passistas em fila. Um deles se aproximou, pôs as mãos sobre minha cabeça e começou a balbuciar alguma prece. Repentinamente, a mulher que imagino ser a mãe daquela criança baderneira se contorce, coloca os braços para trás, começa a pisar forte no chão, a dar gargalhadas e a gritar. Eu me assustei, desconcentrei-me da prece e comecei a olhá-la com o canto do olho.
Foi quando percebi que havia um senhor coordenando aquilo tudo e ele disse, firme: “Você, fora daqui”. Então, uma passista sem fôlego começa a dizer para ela pensar em Jesus, que os espíritos seriam atendidos, que ficasse tranquila – e fazia gestos com a mão como se estivesse tirando alguma coisa da mulher – a própria garotinha que estava ao meu lado não se abalou muito, o que me deu a impressão de que aquilo era mais ou menos comum.
Não consegui me concentrar por nenhum instante. Vários passistas bocejavam, outros gemiam “ai,ai” e o senhor ali com um maestro dando alguma ordem que fazia com que os movimentos dos passistas ora fossem rápidos, lentos ou circulares. Quando tudo terminou, notei que a mulher estava bem cansada.
Saímos. Eu e minha noiva nos olhamos com um misto de espanto e, ao mesmo tempo, com vontade de rir. Logo que a próxima turma entrou na sala, escutamos outros gritos e pisadas no chão. Sai do Centro e do outro lado da rua, onde paramos a moto, ainda escutávamos os gritos dentro da câmara de passes.
Eu poderia enumerar a série de recomendações doutrinárias que este Centro infringia, mas acho que o relato falará por si mesmo. Eu fiquei estarrecido de viver uma experiência assim. Jamais imaginei que em Uberaba poderia haver um Centro tão desestruturado, pois a maioria dos que conheço é seu justo oposto. Sai dali dizendo a mim mesmo que não voltaria mais.
Eu poderia e até sinto vontade de citar o nome deste Centro. Mas, não vou fazê-lo. Eu precisaria ouvir o outro lado, entender sua cultura, para depois ponderar. Não vou perder tempo com isso. Porém, resolvi escrever este alerta para dizer: fuja de lugares assim. Isso não é Espiritismo!

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