Leonardo Paixão (*)
02/03/2014 – Campos dos Goytacazes, RJ
As pesquisas científicas do Espiritismo demonstram de forma clara a sobrevivência do Ser, no entanto, poucos são os que se tem dedicado a este mister, em nosso país temos alguns Institutos que se dedicam às pesquisas como o Instituto de Pesquisas Psicobiofíscas (IBPP), iniciado pelo saudoso Hernani Guimarães Andrade, autor de A Teoria Corpuscular do Espírito. Qual seria a razão de, digamos certo desprezo pelo aspecto científico e experimental da Doutrina em nosso país? Uma das possíveis respostas é de que sendo o povo brasileiro muito voltado às questões religiosas, o Espiritismo na Pátria do Evangelho foi desde o seu início compreendido mais em seu aspecto religioso. No entanto, a Espiritualidade Maior não deixou órfão este aspecto da tríade que é a Doutrina Espírita: Ciência, Filosofia e Religião. A notável obra do Espírito André Luiz é um manancial de informações científicas a corroborarem recentes pesquisas, como tão bem mostraram a Dra. Marlene Nobre e o Dr. Décio Iandoli Jr em palestras no III Congresso Espírita Brasileiro.
Pesquisas sobre a glândula pineal e sua relação com os fenômenos mediúnicos; lobo frontal e espiritualidade; meditação; possessão são alguns dos temas estudados por alguns acadêmicos que têm levado seus resultados pelo mundo afora, temas estes encontrados fartamente nas obras de André Luiz. Fica uma pergunta: E as sessões de materialização, por que não são mais realizadas? Seria pelo fato de que a Espiritualidade desejar que o ser busque apenas na luz da razão e não com os olhos a certeza da imortalidade? Estudando o livro do pesquisador Alfred Erny – O Psiquismo Experimental, encontramos o seguinte sobre o assunto:
“(...) Esses fenômenos eram bem conhecidos na antiguidade, ao menos pelos iniciados dos Templos (no Egito, na Caldeia, na Índia, etc) e mesmo pelos membros da Rosa-Cruz e outras sociedades secretas. Há muito pouco tempo, há trinta e cinco anos, foi que se tornou possível a sua reprodução. E por que não antes?
As razões deste fato são muito delicadas, e parece preferível abstermo-nos de explicá-los. Neste momento [século XIX] as condições são favoráveis, mas nada prova que um novo estacionamento não se possa produzir” (p. 103. 4. ed. FEB).
Realmente estamos em um momento desde a 2ª metade do século XX em que os fenômenos de materialização estacioanaram, havendo raras informações isoladas sobre alguns trabalhos, mas nada que represente algo como as materializações ocorridas com a médium Ana Prado, com o médium Peixotinho, com Carmine Mirabelli ou com Eusápia Paladino. No livro Missionários da Luz, o Espírito André Luiz nos dá a resposta sobre este estacionamento neste tipo de fenômenos:
“Se houvesse perfeita compreensão geral, respeito aos dons da vida, e se pudéssemos contar com valores morais espontâneos e legitimamente consolidados no espírito coletivo, essas manifestações seriam as mais naturais possíveis, sem qualquer prejuízo para o médium e assistentes”.
O Espírito Adolfo Bezerra de Menezes em nota ao seguinte trecho do livro A Tragédia de Santa Maria -
“Alguns minutos se passaram entre silêncio augusto e pensamentos unificados em dúlcidas vibrações de fraternidade... Logo após, vimos, respeitosos, algo chocados e muito enternecidos, que, na penumbra que se estabelecera, a mão de Esmeralda, reconhecida por seu próprio pai, como também por mim, oscilou gentilmente sobre a mesa, acariciando as cãs prematuras que ornavam a cabeça do antigo senhor de escravos...”
- escreveu: “Fenômeno como esse, pouco comuns nos dias atuais, eram frequentes outrora, quando a vera dedicação impelia os congregados. Depende destes reaver a possibilidade de obtê-los novamente” (grifo nosso – PEREIRA, Yvonne A. A Tragédia de Santa Maria. Pelo Espírito Adolfo Bezerra de Menezes. 3. ed. FEB, RJ: 1957. P.226).
Depreende-se pelos dizeres e advertências dos Espíritos que é possível a realização dos fenômenos de materialização, desde que nos dediquemos e busquemos uma vida ornada da reta moral. Em relação à dedicação é interessante observarmos o que sobre isto fala o Professor Humberto Vasconcelos:
“(...) Não há, entre os espíritas, postura científica. Os fenômenos ocorrem, ou deixam de ocorrer, sem que ao menos um processo de registro formal seja feito, em franca oposição ao comportamento do codificador e seus seguidores mais próximos, graças a cujo empenho e disciplina temos hoje o monumento notável da obra kardequiana” (VASCONCELOS, Humberto. Materialização do Amor: vida e obra de Peixotinho. 3. ed. revista e atualizada. Recife: Gráfica Barreto, 2011.p. 118).
(*) Leonardo Paixão é Orador espírita, articulista, poeta, tem críticas literárias publicadas no siteorientacaoespirita.org.br e um artigo publicado em Reformador em Agosto de 2010, A Revelação - uma perspectiva histórica. Participa com um grupo de amigos de ideal do GE Semeadores da Paz em Campos dos Goytacazes, RJ, onde exerce direção de estudos e trabalhos na área mediúnica, atuando como médium psicofônico e psicógrafo.
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